Bob Lopes ataca novamente:
Após concluir que pressupostos originais do PROSUPER já não são mais válidos, Navantia oferece à MB fragata com o deslocamento das classe Niterói
Por Roberto Lopes
Exatos dois anos depois de o então ministro da Defesa, Jacques Wagner, ter admitido, na LAAD 2015, que o governo Dilma Roussef pusera o PROSUPER (Programa de Obtenção de Meios de Superfície) em estado de “hibernação”, o grupo espanhol Navantia, convencido de que os pressupostos originais desse planejamento já não são mais válidos, está oferecendo à Marinha do Brasil um modelo de fragata multipropósito de 3.800 toneladas – o mesmo deslocamento dos navios Vosper Mk.10 classe Niterói que, nos últimos 40 anos, vêm constituindo a espinha dorsal da Esquadra.
O barco Navantia do projeto definido como Alfa 4000 MM, tem comprimento de 113,2 m, boca máxima inusitadamente grande, de 15,6 m, radar multifunção 3D de vigilância e aquisição de alvos de última geração, dotado de quatro antenas fixas, mísseis antiaéreos Sea Ceptor e/ou Aster 30, vetores anti-navio MM-40 Exocet e facilidades para a instalação de um canhão tipo CIWS (Close-in Weapon System).
Outro detalhe de um navio supostamente dedicado às limitações orçamentárias da Marinha brasileira é seu custo.
Enquanto as fragatas polivalentes de 6.000 toneladas preconizadas pela primeira versão do PROSUPER certamente ficariam entre 600 e 800 milhões de dólares, uma Alfa 4000 espanhola poderá sair por 450/500 milhões de dólares – curiosamente o mesmo preço que a MB pensa pagar pela primeira corveta classe Tamandaré, de 2.750 toneladas, prevista para estar pronta por volta do ano de 2024.
Tanto os Requisitos de Estado-maior (REM), como os Requisitos de Alto Nível de Sistemas (RANS) das corvetas classe Tamandare foram definidos. O valor da construção dessas embarcações é que permanece um problema.
Estratagema – Diante do desconforto geral pela divulgação de um custo que mais parece o de uma fragata leve, a Marinha (leia-se diretor de Engenharia Naval almirante EM Ivan Taveira Martins) já começou a falar em um gasto mais modesto na primeira Tamandaré, da ordem de 300 milhões de dólares. Mas um oficial superior da Marinha contou à coluna INSIDER que isso não passa de um estratagema: primeiro diminui-se o custo real, para depois, assinado o contrato de encomenda do navio, aumentar esse valor por meio de “aditivos”.
Eis o depoimento desse oficial que, por motivos óbvios, não pode ser identificado:
“Vou te dar o exemplo do Seahawk (SH-16). A venda dos seis helicópteros foi aprovada em pouco mais de 300 milhões de dólares. Isso foi divulgado e, para todos, o valor da compra foi esse.
Todavia, foram inseridos tantos anexos ao contrato, que o preço final superou os 400 milhões de dólares. Mais de 33% de aumento, sem que ninguém saiba. Para confirmar isso, procure no DOU. A MB é obrigada a publicar valores lá. A desculpa do aumento foi a renegociação de prazos para pagamento”.
A fonte da coluna INSIDER é incisiva:
“A MB precisará arrumar um parceiro para a empreitada [construção das corvetas]. Devido a pressão da mídia sobre os US$ 450 milhões, agora a MB vai anunciar US$ 300 milhões. Quando o contrato estiver assinado, vem o termo aditivo ao contrato, elevando o preço e ninguém fica sabendo”.
fonte -
http://www.planobrazil.com/apos-conclui ... e-niteroi/