Wilders fica abaixo do esperado nas eleições na Holanda
Primeiro-ministro Mark Rutte é o claro vencedor, enquanto o segundo lugar é da extrema-direita. A esquerda tem uma enorme subida e os sociais-democratas uma grande queda
Maria João GuimarãesMaria João Guimarães em Amesterdão
15 de Março de 2017, 21:53 actualizada às 8:02
A descida dos grandes partidos é a principal novidade das eleições na Holanda: o vencedor, do primeiro-ministro Mark Rutte (centro-direita), conseguiu 21% dos votos e apenas 33 deputados num Parlamento de 150. Com 95% dos votos contados, confirma-se que a grande subida da extrema-direita de Geert Wilders acabou por ser menor do que o antecipado: o seu Partido da Liberdade consegue 20 deputados (13% dos votos), apenas mais um lugar do que o CDA (democratas-cristãos) e o D66 (liberal).
Outro partido que se destaca é a Esquerda Verde (GL), do jovem Jesse Klaver, que aos 30 anos consegue levar o partido ao seu melhor resultado – de 4 deputados no Parlamento anterior, o partido de esquerda chegou agora aos 14, um claro quinto lugar.
Para formar Governo o próximo primeiro-ministro precisa de uma maioria de 76 deputados, ou seja, quatro partidos no mínimo mas eventualmente mais, dependendo das possibilidades de harmonização dos programas de cada um e de quanto está disposto a conceder.
Netherlands (95% counted): VVD-ALDE: 21.4% PVV-ENF 13.1% CDA-EPP 12.5% D66-ALDE 12% SP-LEFT 9.7% GL-G/EFA 9%
urante meses, o político de extrema-direita Geert Wilders esteve a liderar as sondagens, com valores que chegaram aos 20% das intenções de voto, graças à descida vertiginosa dos partidos do Governo, o Partido da Liberdade e Democracia, do primeiro-ministro Mark Rutte (centro-direita) e o Partido Trabalhista (PvdA). Mas nas últimas duas semanas Wilders desceu e Rutte subiu, e nas últimas sondagens da véspera das eleições os números eram tão díspares que ninguém se atrevia Wilders reagiu aos resultados no Twitter: "Rutte não se viu ainda livre de mim".
Segundo analistas, a posição de Rutte face à Turquia – recusando a vinda do ministro dos Negócios Estrangeiros para fazer campanha – deu-lhe mais força – assim o partido do primeiro-ministro parece ter-se saído menos mal do que o antecipado. Apesar dessa recuperação, fica com menos oito deputados. A queda que se confirma é a do Partido Trabalhista (PvdA), que conseguiu eleger apenas 9 deputados (de 38 no Parlamento cessante). Parceiros de Rutte no Governo, terão pago a participação no programa de austeridade, contrária aos valores do partido.
Os liberais do D66, cujo líder, Alexander Pechtold, se assumiu como um claro opositor a Wilders, acabam com 19 deputados e 12%. Conseguem mais 7 deputados, enquanto o partido de Wilders obtém apenas mais 5 do que na última votação (e menos do que em 2010, quando chegou a ter 24 deputados). O Partido dos Animais passa de dois para cinco deputados.
https://www.publico.pt/2017/03/15/mundo ... da-1765370