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Mensagem
por FCarvalho » Dom Fev 26, 2017 5:54 pm
A força aérea venezuelana, em que pese o nosso desconhecimento sobre a sua real situação operacional, tem hoje condições - em tese- lançando mão apenas dos Su-30 que possui, de fazer buracos bem grandes nos 3 centros de controle do SIVAM em Manaus, Belém e Porto Velho. E ao mesmo tempo, vários outros buracos bem grandes nas três bases aéreas que a FAB possui nestas cidades. Restariam ainda as bases aéreas de BV e Cachimbo. Todas ao alcance também dos Flankers.
Como bases de desdobramento a FAB possui SGC e Eirunepé no Amazonas. Também ao alcance dos Flankers da FAV. Há ainda pistas que podem suportar a operação dos F-5/A-1 em Tabatinga, Tefé, Cruzeiro do Sul, Rio Branco, Santarém, Itaituba, Altamira e Macapá.
Os demais aeroportos existentes na região não tem condições, e pistas, para receber aqueles caças em operação de guerra com segurança. No total, são/seriam 12 alvos prioritários da FAV para tentar impedir, cercear e/ou limitar as ações de defesa aérea da FAB na região norte.
Notar que todos estes alvos se encontram à distancias de bases aérea venezuelanas dos Su-30 que variam entre 500 e 1200 mn. Se a FAV, da mesma forma que a FAB, usar pistas de desdobramento na fronteira, ou perto dela, nada na região norte estará seguro em relação a um eventual ataque aéreo surpresa venezuelano. E estes aviões sequer precisariam de Revo dentro do nosso território. Se muito, talvez na volta para casa já dentro da Venezuela.
Notar que hoje, nenhuma base aérea da FAB na região norte possui defesa AAe, seja de ponto ou de área. As de desdobramento ou pistas civis nem se fala. A única defesa hoje existente são os 6 F-5EM do 1o/4o Gav em Manaus. 6 caças para defender os 5,2 milhões de km2 do espaço nacional.
Fato 1 > A FAB não tem como, ou com o quê, se defender de um ataque aéreo na região norte inteira, de qualquer de nossos vizinhos ao lado. Todos eles possuem caças, e aviões revo, que em maior ou menor medida poderiam atingir os três centros do SIVAM, e tirá-lo de circulação em uma primeira onda. Seria como um passeio no parque.
Fato 2 > A base aérea mais próxima da região, Anápolis, hoje dispõe de 4/6 F-5EM, que jamais sairiam de lá em qualquer circunstância. Mesmo que todos os F-5's fossem necessários em operações posteriores. Ademais, eles não possuem alcance suficiente, configurados para defesa aérea, para fazer qualquer coisa fora de um raio de 200 mn de Brasília. Se muito.
Fato 3 > Em um suposto ataque preventivo, a FAV pode hoje em menos de 24 horas simplesmente tirar todas as principais pistas - civis e militares (12) - com possibilidade de operação de nossos caças na região norte. Isto feito, a FAB iria levar não menos que duas semanas para conseguir reparar algumas pistas/bases, e levar insumos de fora para a região, uma vez que toda a sua estrutura logística estaria em frangalhos no curto prazo. Se levarmos em consideração que o SIVAM também estaria fora do ar, e sem os insumos necessários no local para poder voltar a operar, a vigilância aérea e a capacidade AEW da região dependeria novamente dos (raros) radares móveis de que a FAB dispõe e que conseguisse trazer para cá. As prioridades seriam, claro, as cidades de Manaus, Belém e Proto Velho, sedes do SIVAM na região. Provavelmente BV seguiria como segunda opção. em termos de prioridade. As demais teriam de esperar mais tempo até termos capacidade de impor-nos em relação à defesa aérea. E isso também iria demorar bastante.
Fato 4 > A incredulidade e o pânico tomariam conta do país, e principalmente das ruas das cidades atingidas pela ação da FAV. As ações de GLO seriam a primeira missão do EB/CFN na região, além de tentar montar uma defesa AAe minimamente crível, tendo em vista a possibilidade de outras operações de ataque subsequentes.
Fato 5 > Os aviões da FAV, no caso os Su-30, equipados com cerca de 10 pontos duros, podem levar em cada missão, munições inteligentes e "burras", de acordo com o perfil de cada missão. Como são aviões grandes, um mix de mísseis SEAD, Ar-Sup, bombas inteligentes e burras, e até foguetes em cada caça maximizariam seu uso. Como a defesa aérea brasileira é praticamente nula na região, apenas 2 misseis ar-ar WVR seria suficientes para auto-defesa. Assim, por exemplo, uma única dupla de Su-30 poderia efetuar um ataque a Belém e destruir tanto os radares, como a pista do aeroporto e o centro regional do Sivam, e/ou outros alvos de oportunidade (como portos, estações de abastecimento, redes elétricas, pontes e pistas, etc...) que aparecessem sem maiores problemas. Perceber que neste exemplo, com apenas 2 caças por cidade, a FAV conseguiria atacar ao mesmo tempo todos os 12 alvos ao mesmo tempo na região norte.
Fato 5 > Mais importante a destacar. Se acrescentarmos aos Su-30, os F-16 e uns poucos K-8 de treinamento, a possibilidade de estragos poderia se muito maior, uma vez que aqueles caças menores poderiam dar conta dos alvos mais próximos da linha de fronteira, deixando assim mais Su-30 livres para atingir alvos mais distantes dos acima listados, ou mesmo outros... como Brasília.
Fato 6 > Com uma defesa AAe praticamente inexistente na região norte, estamos a mercê dos humores, ou a falta deles, em relação aos vizinhos do lado. Sem uma defesa aérea crível, contando apenas 6 caças, ela pode ser considerada basicamente nula. Estes dois fatores levados em conjunto e considerando que não temos AEW na região e mais o SIVAM fora do ar, a defesa da região simplesmente pode entrar em colapso em menos de 24 horas.
Fato 7 > A entrada em operação do Gripen E/F não irá mudar em quase nada este cenário acima traçado. Mesmo que a FAB chega as tais 108 undes. Vamos continuar carecendo de quantidade de caças suficiente para fazer uma defesa aérea da região norte que realmente a defenda, e não apenas faça uma figuração. Na atual proposta para a modernização da estrutura da FAB, apenas a base aérea de Manaus irá contar com um esquadrão de os Gripen E/F. Em que quantidades, só o tempo irá dizer. Da mesma forma, isso pouco ou nada agregará a defesa efetiva da região. Não teremos também AEW em quantidade e qualidade suficiente, já que até hoje, mais de vinte e cinco anos depois da concepção do SIVAM/SIPAM, a FAB continua a dispor apenas dos 5 modelos E-99 do projeto original. E nada além disso foi feito, seja no sentido de ampliar a frota, ou mesmo de atualizá-la ou com novas plataformas ou atualização tecnológica.
Enfim, todo este suposto cenário serve apenas para ilustrar que mesmo que venhamos a dispor de novas plataformas de combate aéreo, e de defesa AAe, que no caso da FAB reflete-se nos Gripen E/F e na aquisição de alguns Manpads russos, de pouco ou nada isso adiantará se quem pensa a defesa aérea do país continuar a seguir a lógica de que podemos continuar fazendo isso de forma compartimentada, pontual e seletiva, como se os brasileiros que vivem fora do eixo Rio-São Paulo tivessem menos direito e/ou necessidade de dispor desta.
Talvez mais do que mudar seus organogramas, a FAB precisa mudar de mentalidade. Os anos da integração nacional já passaram. Mesmo que não estejamos totalmente integrados. É preciso avançar, sair desta mentalidade do CAN, de "missão para o interior do país", de "levar o desenvolvimento à Amazônia... ". Tudo isso foi, e continua a ser muito bonito, mas já passou. Agora é história e que precisa ser muito valorizada. Mas hoje, mais do que KC-390 cheios de remédios, tratores e estagiários do Rondon, precismos de caças, de mísseis, de sistemas AEW/ISR, de radares, de AAe decente, e principalmente, de gente que nos ajude a defender o país a partir daqui, e não de um buraco no chão a 3 mil kms de distância olhando um monte de pontinhos pretos em uma tela de fundo cinza azulado.
abs.
Carpe Diem