A-12

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Re: A-12

#13231 Mensagem por FCarvalho » Ter Fev 21, 2017 9:42 pm

JL escreveu:
FCarvalho escreveu: Peguei apenas esta parte do seu comentário JL porque me parece que o pessoal anda esquecendo uma coisa muito simples aqui nesta discissão toda. A aviação naval de asa fixa, para existir na MB não depende da obrigatoriedade da existência de um Nae...
Deixo esclarecer um detalhe quando digo "navalizar" um Gripen não quero dizer adapta-lo para operar em Nae, mas sim adaptar para operar longas distâncias sobre o mar, em termos de comunicações, transponders de emergência e balsa inflável que funcionem caso o avião caia no mar, tratamento anti corrosão, limpeza de acumulo de sal no para-brisas. aviônicos de navegação para o oceano, radio altímetro para voar rente ao mar. etc. Coisinhas necessárias para voar sobre o mar rasante.
Sim, concordo consigo. É por isso que digo que seria importante que a MB acompanhe o desenvolvimento da versão F do Gripen. A sua marinização seria algo a ser considerada, a guisa de capacidade de pouso e decolagem em Nae.

abs.




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Re: A-12

#13232 Mensagem por FCarvalho » Ter Fev 21, 2017 10:06 pm

Túlio escreveu:
EduClau escreveu:Acompanhando a discussão me surgiu uma pergunta meio ingênua.
Já que a força está nessa situação, não seria melhor ficar pensando em navios já que é a marinha ?
SDS.
FATO! Uma Marinha que está à beira de um "apagão de Escoltas" vai ficar esquentando a cabeça com avião, ainda mais com Gripen Naval, Super Tucano naval & quetales? A meu ver a ingenuidade não é bem de tua parte não... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:
Mas espera aí. A MB agora é apenas navios? Alguma marinha moderna no mundo, digna deste nome, opera apenas navios? Não até onde eu sei. Não desde a GM II.

Uma coisa é o fato de o planejamento feito não ter dado certo, por muitos e muitos fatores diferentes, exógenos ou não a ela, outra é "esquecer" todo um setor para apenas se concentrar em outro, tido como 'natural'. Isso não tem lógica nenhuma. A gestão pública se caracteriza por planejamento de longo prazo e compartimentados.

Não dá para negligenciar todo um setor e simplesmente ignorá-lo porque não existe verba suficiente para tal. Aliás, de quem é a responsabilidade por esta situação que estamos vendo? É apenas da MB? Eu tendo a crer que não. O comando da MB tem muita culpa no cartório pela falência da asa fixa da AN, mas não é possível também deixar de apontar a responsabilidade de quem, por dever de ofício, sempre negligenciou toda e qualquer planejamento público dos últimos anos, inclusive transformados em lei e regulação pública, sem nada acontecer. A lei existe para todos. E se é para todos, temos de dar nomes a todos os bois, também, nesta questão.

A aviação naval é parte integrante, e intocável, da expressão do poder naval da MB, assim como o CFN, a força de submarinos ou a força de minagem e varredura, e a própria esquadra. São peças de um mesmo quebra-cabeça. Se uma faltar, o jogo jamais pode ser considerado completo.

O que precisamos agora é de celeridade em termos de propostas e objetivos claros e alcançáveis dentro da nossa realidade. Para todos os setores da MB. Ou então é melhor mandar fechar a AN e deixar a MB se preocupar apenas com o que flutua. Aí eu acho que ela poderá ser muita coisa, menos uma marinha de guerra.

abs.




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Re: A-12

#13233 Mensagem por FCarvalho » Ter Fev 21, 2017 10:13 pm

P44 escreveu:As casas nao se costumam começar a construir pelo telhado...
Ninguém está fazendo nada disso. O problema da AN asa fixa na MB tem solução no curto, médio e longo prazo. É preciso pensar no que é possível fazer, avaliar as opções e indicar o melhor caminho. Ou o caminho possível. É o que o almirantado aos trancos e barrancos está fazendo.

O que não pode fazer é dizer simplesmente que a asa fixa acabou e jogar fora 20 anos de planejamento e investimentos feitos nisso. O dinheiro do erário público custa caro. Não dá para ficar fazendo esse tipo de coisa. Ainda mais na defesa.

A aviação naval terá os seus rumos corrigidos. E com um pouco de competência, celeridade e honestidade de ideias e ações, podemos chegar aos objetivos traçados.

Vamos dar tempo ao tempo.

abs.




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Re: A-12

#13234 Mensagem por Carlos Lima » Ter Fev 21, 2017 11:00 pm

P44 escreveu:As casas nao se costumam começar a construir pelo telhado...
Exato.

[]s
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Re: A-12

#13235 Mensagem por Túlio » Ter Fev 21, 2017 11:14 pm

FCarvalho escreveu:
Mas espera aí. A MB agora é apenas navios? Alguma marinha moderna no mundo, digna deste nome, opera apenas navios? Não até onde eu sei. Não desde a GM II.

Uma coisa é o fato de o planejamento feito não ter dado certo, por muitos e muitos fatores diferentes, exógenos ou não a ela, outra é "esquecer" todo um setor para apenas se concentrar em outro, tido como 'natural'. Isso não tem lógica nenhuma. A gestão pública se caracteriza por planejamento de longo prazo e compartimentados.

Não dá para negligenciar todo um setor e simplesmente ignorá-lo porque não existe verba suficiente para tal. Aliás, de quem é a responsabilidade por esta situação que estamos vendo? É apenas da MB? Eu tendo a crer que não. O comando da MB tem muita culpa no cartório pela falência da asa fixa da AN, mas não é possível também deixar de apontar a responsabilidade de quem, por dever de ofício, sempre negligenciou toda e qualquer planejamento público dos últimos anos, inclusive transformados em lei e regulação pública, sem nada acontecer. A lei existe para todos. E se é para todos, temos de dar nomes a todos os bois, também, nesta questão.

A aviação naval é parte integrante, e intocável, da expressão do poder naval da MB, assim como o CFN, a força de submarinos ou a força de minagem e varredura, e a própria esquadra. São peças de um mesmo quebra-cabeça. Se uma faltar, o jogo jamais pode ser considerado completo.

O que precisamos agora é de celeridade em termos de propostas e objetivos claros e alcançáveis dentro da nossa realidade. Para todos os setores da MB. Ou então é melhor mandar fechar a AN e deixar a MB se preocupar apenas com o que flutua. Aí eu acho que ela poderá ser muita coisa, menos uma marinha de guerra.

abs.

Cupincha, a rigor discordamos apenas em alguns poucos pontos. Por exemplo, o que um PAGADOR DE IMPOSTOS (não um de nós mas um da imensa MAIORIA, ou seja, leigo) vai pensar da MB priorizando Aviação de asa fixa e deixando-se ficar sem Escoltas? Sim, porque uma simples dúzia de Gripens "navalizados" sairia bem mais caro do que uma FREMM completinha. Bobear e dava duas! Se for botar Aviação de Patrulha armada com Msls AN e torpedos com aeronaves modernas - não os P-3, portanto - e ainda uns helis de ataque para complementar Super Tucanos "navalizados" em apoio ao CFN, sei lá, mas acho que vinha mais duas FREMM.

E o que o PAGADOR DE IMPOSTOS pensa quando alguém fala a palavra "Marinha de Guerra" perto dele? Pensa em navio de superfície e submarino, não avião.

Assim, e a meu ver, o que necessitamos ainda mais do que planejamentos - não que isso não seja muito importante - é VERBA! E provo: END, PAEMB (Plano de Articulação de Equipamentos da Marinha do Brasil, não PEAMB), PAC Militar & quetales foram direto pro escambau a partir do momento em que o Almirantado finalmente se ligou que o tutu tinha acabado e que não vinha mais.

Por fim, achas que eu GOSTO do que escrevi acima? Bueno, saibas que DETESTO! Mas, gostemos ou não, a realidade está aí, não é nada bonita nem vai mudar tão cedo...




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Re: A-12

#13236 Mensagem por JL » Ter Fev 21, 2017 11:37 pm

Túlio escreveu:
FCarvalho escreveu:
Mas espera aí. A MB agora é apenas navios? Alguma marinha moderna no mundo, digna deste nome, opera apenas navios? Não até onde eu sei. Não desde a GM II.

Uma coisa é o fato de o planejamento feito não ter dado certo, por muitos e muitos fatores diferentes, exógenos ou não a ela, outra é "esquecer" todo um setor para apenas se concentrar em outro, tido como 'natural'. Isso não tem lógica nenhuma. A gestão pública se caracteriza por planejamento de longo prazo e compartimentados.

Não dá para negligenciar todo um setor e simplesmente ignorá-lo porque não existe verba suficiente para tal. Aliás, de quem é a responsabilidade por esta situação que estamos vendo? É apenas da MB? Eu tendo a crer que não. O comando da MB tem muita culpa no cartório pela falência da asa fixa da AN, mas não é possível também deixar de apontar a responsabilidade de quem, por dever de ofício, sempre negligenciou toda e qualquer planejamento público dos últimos anos, inclusive transformados em lei e regulação pública, sem nada acontecer. A lei existe para todos. E se é para todos, temos de dar nomes a todos os bois, também, nesta questão.

A aviação naval é parte integrante, e intocável, da expressão do poder naval da MB, assim como o CFN, a força de submarinos ou a força de minagem e varredura, e a própria esquadra. São peças de um mesmo quebra-cabeça. Se uma faltar, o jogo jamais pode ser considerado completo.

O que precisamos agora é de celeridade em termos de propostas e objetivos claros e alcançáveis dentro da nossa realidade. Para todos os setores da MB. Ou então é melhor mandar fechar a AN e deixar a MB se preocupar apenas com o que flutua. Aí eu acho que ela poderá ser muita coisa, menos uma marinha de guerra.

abs.

Cupincha, a rigor discordamos apenas em alguns poucos pontos. Por exemplo, o que um PAGADOR DE IMPOSTOS (não um de nós mas um da imensa MAIORIA, ou seja, leigo) vai pensar da MB priorizando Aviação de asa fixa e deixando-se ficar sem Escoltas? Sim, porque uma simples dúzia de Gripens "navalizados" sairia bem mais caro do que uma FREMM completinha. Bobear e dava duas! Se for botar Aviação de Patrulha armada com Msls AN e torpedos com aeronaves modernas - não os P-3, portanto - e ainda uns helis de ataque para complementar Super Tucanos "navalizados" em apoio ao CFN, sei lá, mas acho que vinha mais duas FREMM.

E o que o PAGADOR DE IMPOSTOS pensa quando alguém fala a palavra "Marinha de Guerra" perto dele? Pensa em navio de superfície e submarino, não avião.

Assim, e a meu ver, o que necessitamos ainda mais do que planejamentos - não que isso não seja muito importante - é VERBA! E provo: END, PAEMB (Plano de Articulação de Equipamentos da Marinha do Brasil, não PEAMB), PAC Militar & quetales foram direto pro escambau a partir do momento em que o Almirantado finalmente se ligou que o tutu tinha acabado e que não vinha mais.

Por fim, achas que eu GOSTO do que escrevi acima? Bueno, saibas que DETESTO! Mas, gostemos ou não, a realidade está aí, não é nada bonita nem vai mudar tão cedo...
Estava um dia visitando os nossos navios no belo porto de Santos, em uma visitação pública e havia um repórter se preparando para uma reportagem e apontou para um navio de patrulha, daqueles bem pequenos, acho que é classe Grajaú e falou filma aquela "fragata". Para o povão é cinza, tem um canhão na "frente" e um monte de antena girando já é uma fragata. O quero dizer o que importa para o povo uns vão falar que a marinha é gloriosa sempre, são patriotas e também ignoram os fatos outros vão dizer que é sucata, também ignoram os fatos. Agora que um esquadrão de Gripens podendo se deslocar por todos os aeródromos do litoral, armados com Rbs 15 representam um put.... problema para qualquer esquadra há 1000 km do nosso litoral, isto é, uma verdade. Um pequeno núcleo de 04 A 29 doados serviria para manter um embrião de pilotos caçadores para o futuro, além de poderem com limitações serem usados em exercícios com a MB por exemplo rebocando alvos para tiro AA real.




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Re: A-12

#13237 Mensagem por Túlio » Ter Fev 21, 2017 11:43 pm

Este "repórter" deve ser um daqueles que escreve "espingarda calibre 12 mm" ou, pior ainda, calibre PONTO DOZE!!!

O que tem disso na mídia não é mole...




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Re: A-12

#13238 Mensagem por tonixerife » Qua Fev 22, 2017 9:03 am

WSANTANA escreveu:Prezados,

Eu a priori não sou nem um pouco a favor de cortar mão de obra. De qualquer forma acho que nossas FFAA tem claros problemas de gestão e racionalidade. Forças mal distribuídas no território nacional, muita gente em áreas administrativas (lá em Brasília tem 03 prédios com os comandos de cada força singular e cada força ainda tem suas instalações de comando - so no DF o EB tem o espaço na esplanada e o Forte Apache). O papo pode ser redundante mas a forma que nossas FFAA têm sido administradas não condizem com nossa realidade. Muitas coisas podem ser feitas sem traumas. A tradição, entretanto, precisa ser subvertida. Além disso, projetos factíveis e sensatos precisam ganhar vez. Do fuzil ao PA, passando por mísseis e blindados, o que se vê é muita exortação patriótica e pouco ou nada de resultados práticos.
O EB já saiu da Esplanada faz tempo, desde 2013. O prédio e o anexo estão com o Ministério da Defesa.




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Re: A-12

#13239 Mensagem por JL » Qua Fev 22, 2017 10:17 am

Um problema sério nas FA é armamento, a FAB foi mas esperta que as outras correu nos israelenses e se abasteceu com um pouco de armas modernas, assim ficou na dianteira das outras, o Exército parece que ainda olha para década de 70, com obuses rebocados de 155 mm antigos, com os Gepard, com os Manpad's que faziam horrores na década de 80 e nem sabe direito o que é um míssil anti carro e por aí vai, a Marinha tirando os torpedos mark 48 e os Penguim também anda meio parada no tempo. O que as três forças tem em comum é muito material humano, tradições, patriotismo e muito pouco armamento atualizado, é desproporcional a quantidade de material de ponta, perdemos para os vizinhos, Peru, Chile por exemplo, a Colômbia também tem bastantes armas modernas, não falo na Venezuela porque é um estado armado mas falido e nem na Argentina que perdeu o rumo. Mas para o nosso porte, não estamos bem na fita. Tem algo errado nas nossas FA.




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Re: A-12

#13240 Mensagem por mmatuso » Qua Fev 22, 2017 10:56 am

JL escreveu:Um problema sério nas FA é armamento, a FAB foi mas esperta que as outras correu nos israelenses e se abasteceu com um pouco de armas modernas, assim ficou na dianteira das outras, o Exército parece que ainda olha para década de 70, com obuses rebocados de 155 mm antigos, com os Gepard, com os Manpad's que faziam horrores na década de 80 e nem sabe direito o que é um míssil anti carro e por aí vai, a Marinha tirando os torpedos mark 48 e os Penguim também anda meio parada no tempo. O que as três forças tem em comum é muito material humano, tradições, patriotismo e muito pouco armamento atualizado, é desproporcional a quantidade de material de ponta, perdemos para os vizinhos, Peru, Chile por exemplo, a Colômbia também tem bastantes armas modernas, não falo na Venezuela porque é um estado armado mas falido e nem na Argentina que perdeu o rumo. Mas para o nosso porte, não estamos bem na fita. Tem algo errado nas nossas FA.
Tipo os derbys e os F5?P3 com problemas nas asas? [003] [003]




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Re: A-12

#13241 Mensagem por FCarvalho » Qua Fev 22, 2017 12:10 pm

Túlio escreveu:
FCarvalho escreveu: Mas espera aí. A MB agora é apenas navios? Alguma marinha moderna no mundo, digna deste nome, opera apenas navios? Não até onde eu sei. Não desde a GM II...
Cupincha, a rigor discordamos apenas em alguns poucos pontos. Por exemplo, o que um PAGADOR DE IMPOSTOS (não um de nós mas um da imensa MAIORIA, ou seja, leigo) vai pensar da MB priorizando Aviação de asa fixa e deixando-se ficar sem Escoltas? Sim, porque uma simples dúzia de Gripens "navalizados" sairia bem mais caro do que uma FREMM completinha. Bobear e dava duas! Se for botar Aviação de Patrulha armada com Msls AN e torpedos com aeronaves modernas - não os P-3, portanto - e ainda uns helis de ataque para complementar Super Tucanos "navalizados" em apoio ao CFN, sei lá, mas acho que vinha mais duas FREMM.

Túlio, aqui penso que temos de corrigir um engano que está havendo em nossos debates no DB com relação a este tema. A MB não está priorizando a AN, nunca esteve. Nem antes, agora ou depois. O que se estava/está tentando fazer é levar vários projetos a cabo no mesmo tempo. Deu no que deu. Em um país que leva defesa a sério, nada demais isso, mas no Brasil... :roll:
No mais, é preciso continuar esclarecendo o populacho - e o poder público :? - que defesa não é um negócio barato. nunca foi. Isto é um trabalho primário do MD, e das ffaa's. Por outro lado, junto a isso é também obrigação do MD esclarecer quanto aos aspectos positivos em termos de investimento em defesa, e como isso traz benesses à sociedade como um todo. É um dever de casa composto e de longo prazo. Não tem outro jeito. Duas guerras mundiais não conseguiram dar-nos esta consciência, então, só podemos apostar em educação. E educação leva tempo, muito tempo.
Por outro lado, como tenho colocado, é preciso haver planejamento sempre. Dá para manter uma AN de asa fixa meia boca, e investir em outras áreas ao mesmo tempo. Mas é preciso ser realista. Nada dos planos mirabolantes de antes. É fazer uma coisa de cada vez. Devagar e sempre. Pode demorar, mas se chega no fim.Só dá para pensar defesa no Brasil deste jeito. Infelizmente, ou não, sei lá, depois de mais de trinta anos lendo e estudando sobre o assunto, cheguei a esta simples conclusão.


E o que o PAGADOR DE IMPOSTOS pensa quando alguém fala a palavra "Marinha de Guerra" perto dele? Pensa em navio de superfície e submarino, não avião.

Concordo. Mas é como disse acima. É preciso esclarecimento e educação. Isso demora. De qualquer forma, não cabe a MB decidir quais meios deverá abrir mão, priorizar ou planejar em cima da ignorância da imensa maioria do povo brasileiro. Para isso existe o Estado. Se o critério for este, bem, nós nem teríamos uma "marinha de guerra". No máximo uma guarda costeira. Coisa que aliás a MB nem consegue ser direito. Também.

Assim, e a meu ver, o que necessitamos ainda mais do que planejamentos - não que isso não seja muito importante - é VERBA! E provo: END, PAEMB (Plano de Articulação de Equipamentos da Marinha do Brasil, não PEAMB), PAC Militar & quetales foram direto pro escambau a partir do momento em que o Almirantado finalmente se ligou que o tutu tinha acabado e que não vinha mais.

A verba só virá na medida em que tivemos uma mudança de postura do próprio comando das ffaa's, que passe desta subserviência passiva e passional em que se encontra para ações mais proativas em favor da defesa. Há tempos existe projeto(s) no MD para dar cabo deste problema desde a administração do Jobim. O que foi feito disso? Dorme em alguma gaveta no MD ou na casa civil. Enquanto o MD não for um ministério que realmente esteja a serviço da defesa nacional e não dos interesses menores de grupelhos políticos ocupantes sazonais do poder, não veremos avanços concretos neste aspecto. Os militares, quando querem, sabem como tirar as coisas dos políticos. E verba nunca foi, de fato, o nosso maior problema como bem sabes. Dinheiro sempre houve e haverá. O que não temos é vontade, responsabilidade e consciência. Aliás, esta semana o GF liberou mais de 100 milhões para as ffaa's cobrirem despesas com... GLO. :|
Será que verba é realmente o nosso maior problema? Eu creio que não.


Por fim, achas que eu GOSTO do que escrevi acima? Bueno, saibas que DETESTO! Mas, gostemos ou não, a realidade está aí, não é nada bonita nem vai mudar tão cedo...

Nem você, nem eu e ninguém aqui tenho certeza. Mas como bem disseste, a realidade está aí, e temos que trabalhar com ela. É o que vejo o almirantado tentando fazer. Manter o nariz da AN fora d'água, continuar respirando e ver o que acontece mais para frente. Uma hora esse caldo que se está tomando vai ter que passar.
Já paraste para pensar que o investimento em defesa vai contar com todas as verbas do mundo sempre que os políticos encontrarem brechas para ganhar algo com isso? O que o MD, ffaa's, BID e todos que militam ao redor deste mundo está fazendo/pensando sobre isso?

Pra gente refletir. [005]

abs.




Editado pela última vez por FCarvalho em Qua Fev 22, 2017 12:29 pm, em um total de 1 vez.
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Re: A-12

#13242 Mensagem por FCarvalho » Qua Fev 22, 2017 12:18 pm

JL escreveu:
Túlio escreveu: Cupincha, a rigor discordamos apenas em alguns poucos pontos. Por exemplo, o que um PAGADOR DE IMPOSTOS (não um de nós mas um da imensa MAIORIA, ou seja, leigo) vai pensar da MB priorizando Aviação de asa fixa e deixando-se ficar sem Escoltas? Sim, porque uma simples dúzia de Gripens "navalizados" sairia bem mais caro do que uma FREMM completinha. Bobear e dava duas! Se for botar Aviação de Patrulha armada com Msls AN e torpedos com aeronaves modernas - não os P-3, portanto - e ainda uns helis de ataque para complementar Super Tucanos "navalizados" em apoio ao CFN, sei lá, mas acho que vinha mais duas FREMM.
E o que o PAGADOR DE IMPOSTOS pensa quando alguém fala a palavra "Marinha de Guerra" perto dele? Pensa em navio de superfície e submarino, não avião.
Assim, e a meu ver, o que necessitamos ainda mais do que planejamentos - não que isso não seja muito importante - é VERBA! E provo: END, PAEMB (Plano de Articulação de Equipamentos da Marinha do Brasil, não PEAMB), PAC Militar & quetales foram direto pro escambau a partir do momento em que o Almirantado finalmente se ligou que o tutu tinha acabado e que não vinha mais.
Por fim, achas que eu GOSTO do que escrevi acima? Bueno, saibas que DETESTO! Mas, gostemos ou não, a realidade está aí, não é nada bonita nem vai mudar tão cedo...
Estava um dia visitando os nossos navios no belo porto de Santos, em uma visitação pública e havia um repórter se preparando para uma reportagem e apontou para um navio de patrulha, daqueles bem pequenos, acho que é classe Grajaú e falou filma aquela "fragata". Para o povão é cinza, tem um canhão na "frente" e um monte de antena girando já é uma fragata. O quero dizer o que importa para o povo uns vão falar que a marinha é gloriosa sempre, são patriotas e também ignoram os fatos outros vão dizer que é sucata, também ignoram os fatos. Agora que um esquadrão de Gripens podendo se deslocar por todos os aeródromos do litoral, armados com Rbs 15 representam um put.... problema para qualquer esquadra há 1000 km do nosso litoral, isto é, uma verdade. Um pequeno núcleo de 04 A 29 doados serviria para manter um embrião de pilotos caçadores para o futuro, além de poderem com limitações serem usados em exercícios com a MB por exemplo rebocando alvos para tiro AA real.
Vai aqui o mesmo argumento que dei ao Tulio.
No mais, é preciso continuar esclarecendo o populacho - e o poder público :? - que defesa não é um negócio barato. nunca foi. Isto é um trabalho primário do MD, e das ffaa's. Por outro lado, junto a isso é também obrigação do MD esclarecer quanto aos aspectos positivos em termos de investimento em defesa, e como isso traz benesses à sociedade como um todo. É um dever de casa composto e de longo prazo. Não tem outro jeito. Duas guerras mundiais não conseguiram dar-nos esta consciência, então, só podemos apostar em educação. E educação leva tempo, muito tempo.
No mais é preciso procurar investir sempre, claro, dentro da nossa capacidade de apor projetos factíveis de serem encampados pelo poder público, ou de outra forma, no que depender do Brasil e dos brasileiros, as ffaa's serão apenas um grande quebra-galho contra as regulares inconsequências da segurança pública. É isso que queremos?

Acho que não.

abs.




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Re: A-12

#13243 Mensagem por FCarvalho » Qua Fev 22, 2017 12:27 pm

JL escreveu:Um problema sério nas FA é armamento, a FAB foi mas esperta que as outras correu nos israelenses e se abasteceu com um pouco de armas modernas, assim ficou na dianteira das outras, o Exército parece que ainda olha para década de 70, com obuses rebocados de 155 mm antigos, com os Gepard, com os Manpad's que faziam horrores na década de 80 e nem sabe direito o que é um míssil anti carro e por aí vai, a Marinha tirando os torpedos mark 48 e os Penguim também anda meio parada no tempo. O que as três forças tem em comum é muito material humano, tradições, patriotismo e muito pouco armamento atualizado, é desproporcional a quantidade de material de ponta, perdemos para os vizinhos, Peru, Chile por exemplo, a Colômbia também tem bastantes armas modernas, não falo na Venezuela porque é um estado armado mas falido e nem na Argentina que perdeu o rumo. Mas para o nosso porte, não estamos bem na fita. Tem algo errado nas nossas FA.
Isso se resolve com três sugestões:

1. Investir pesada e prioritariamente na formação, capacitação e qualificação permanente de mão de obra capaz no pais para a BID. Ou seja, educação, educação e mais educação para a defesa. Aliança umbilical entre MD, ffaa's, IES, centros de pesquisa e industria nacional;

2. Investir pesadamente em P&D nacional. Só um processo regular e longevo de pesquisa e produção amparados em orçamentos regulares e indiferentes aos humores da macro-economia poderá dar-nos alguma melhora tão real quanto concreta neste campo;

3. Investir pesadamente em planejamento de curto, médio e longo prazo, a partir da definição das necessidades macro das três forças, procurando interações que possam haver entre elas, como regra básica para o lançamento de produtos e serviços para a defesa.

Dever de casa do MD. Mas alguém por favor pegunta se eles sabem do que isso se trata?

abs.




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Re: A-12

#13244 Mensagem por Túlio » Qua Fev 22, 2017 1:03 pm

FCarvalho escreveu: Isso se resolve com três sugestões:

1. Investir pesada e prioritariamente na formação, capacitação e qualificação permanente de mão de obra capaz no pais para a BID. Ou seja, educação, educação e mais educação para a defesa. Aliança umbilical entre MD, ffaa's, IES, centros de pesquisa e industria nacional;

2. Investir pesadamente em P&D nacional. Só um processo regular e longevo de pesquisa e produção amparados em orçamentos regulares e indiferentes aos humores da macro-economia poderá dar-nos alguma melhora tão real quanto concreta neste campo;

3. Investir pesadamente em planejamento de curto, médio e longo prazo, a partir da definição das necessidades macro das três forças, procurando interações que possam haver entre elas, como regra básica para o lançamento de produtos e serviços para a defesa.

Dever de casa do MD. Mas alguém por favor pegunta se eles sabem do que isso se trata?

abs.

Como colaboração, eu inseriria um QUARTO fator:

PROPAGANDA & MARKETING! Já reparaste no amadorismo com que as FFAA (sim, não é só a MB) se dirigem ao que ao menos deveria ser seu público-alvo, a população como um todo? É de doer, desde os anos 70 eu assistia aos mesmos filmezitos do tipo "aliste-se" na TV, FFAA que parecem no estado da arte (para um leigo) e muito bem equipadas. Depois vão aos jornais, revistas e outras mídias (inclusive as especializadas) mais direcionadas à classe média e dão uma choradinha BEM básica, acrescentando logo uma falácia com cara de paliativo (a última é esse Mini-Nae, CREDO!).

Eu não sei quais carreiras são aceitas para o Quadro Auxiliar de Oficiais além de Medicina, Psicologia, Odonto, Engenharia e Direito, mas aposto que Propaganda e Marketing não está entre elas...

Mas deveria. Saber se comunicar para obter o que se precisa é o básico do básico, POWS!!!




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Re: A-12

#13245 Mensagem por FCarvalho » Qua Fev 22, 2017 6:07 pm

Túlio escreveu:Como colaboração, eu inseriria um QUARTO fator:
PROPAGANDA & MARKETING! Já reparaste no amadorismo com que as FFAA (sim, não é só a MB) se dirigem ao que ao menos deveria ser seu público-alvo, a população como um todo? É de doer, desde os anos 70 eu assistia aos mesmos filmezitos do tipo "aliste-se" na TV, FFAA que parecem no estado da arte (para um leigo) e muito bem equipadas. Depois vão aos jornais, revistas e outras mídias (inclusive as especializadas) mais direcionadas à classe média e dão uma choradinha BEM básica, acrescentando logo uma falácia com cara de paliativo (a última é esse Mini-Nae, CREDO!).
Eu não sei quais carreiras são aceitas para o Quadro Auxiliar de Oficiais além de Medicina, Psicologia, Odonto, Engenharia e Direito, mas aposto que Propaganda e Marketing não está entre elas...
Mas deveria. Saber se comunicar para obter o que se precisa é o básico do básico, POWS!!!
A de Administração é uma delas Túlio. E já faz tempo. A de comunicação social e jornalismo também.
O que não falta nas ffaa's hoje é gente com formação, e supõe-se, competência para fomentar o setor de comunicação social das ffaa's e MD.
Mas há alguns poréns...
Na seara pública a forma de comunicação sofre todo tipo de regulação, interna e externa, seja ela de caráter legal ou institucional. Existem mais limitações e impeditivos do que pode e do que não pode fazer do que na área privada.
Resumindo, propaganda oficial só pode ter caráter informativo, educativo e esclarecedor.
Tudo bem que isso não significa necessariamente colocar umas peças de campanha que mais parecem propaganda política do que outra coisa, mas o que se faz nas ffaa's/MD realmente beira o ridículo. Mais parece a versão da voz do Brasil para a mídia televisiva e internet.
Mas nem tudo está perdido. É preciso avançar neste campo também. Mas aí a mudança também de mentalidades seria algo que deveria passar por análise. Até conversando com militares fora da caserna se nota que ao falar sobre assuntos de sua área, ou qualquer outra coisa menos importante, o pessoal mais parece estar fazendo um relatório de campanha ou discutindo uma tese do que em uma conversa leiga.
Isso se transfere também para os meios de comunicação e as formas como são usados.
O caminho é longo. Podiam começar vendo a propaganda na área militar com quem mais entende do negócio: as ffaa's americanas.
Já seria um bom começo.

abs.




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