BRASIL: cemitério de tecnologias

[LeandroGCard]

O interessante "case" da Companhia Aeronáutica Paulista (CAP), que poderia ter sido uma Embraer, há muito tempo atrás. Essa empresa construiu, entre outras aeronaves de pequeno porte, o popular "Paulistinha" (CAP-4), um sucedâneo do Piper Cub norte-americano:

http://www.centrohistoricoembraer.com.b ... aspx?IDI=7




Wingate

Na mesma época a Companhia Nacional de Navegação Aérea (CNNA) produzia no Rio de Janeiro outra cópia do Piper-Cub, o HL-1:



Por esta época a CNNA já era uma empresa estabelecida, tendo fabricado aviões por 5 anos e até exportado algumas unidades.Mas nenhuma das duas sobreviveu à enxurrada de aviões importados baratos vindos dos EUA ao final da Segunda Guerra Mundial. Ambas já haviam fechado as portas em 1950.

http://www.museutec.org.br/resgatememor ... 2/025.html


Leandro G. Card

[Wingate]

Eu mesmo tenho um testemunho a dar, embora a empresa em questão não se dedicava ao ramo de Defesa, que é o foco central do DB.

Essa empresa (meu primeiro emprego) era a MAXWELL ELETRÔNICA COMERCIAL E INDUSTRIAL LTDA., e um de seus proprietários era o Engenheiro Jorge Edo, que foi responsável, na parte técnica, pela instalação da primeira estação de TV do Brasil, a então TV TUPI, sendo citado na biografia do então mega empresário dos Diários Associados, Assis Chateubriand.

A empresa produzia no Brasil câmaras de TV, transmissores de TV, antenas, câmaras de circuito fechado, mesas de som, mesas de controle de operação de diretor de TV, monitores de vídeo e um número enorme de equipamentos e componentes que compunham uma estação completa de televisão.

A maioria das emissoras brasileiras, de norte a sul, comprava e usava equipamentos MAXWELL. Apenas as câmaras podiam variar, pois as estações mais ricas, digamos assim, usavam as RCA e MARCONI, mas também o equipamento nacional.

Porém, a empresa estancou no tempo, e isso, em qualquer campo da indústria, é fatal. Quando foi adotado o sistema PAL-M em cores, na década de setenta, a empresa entrou em parafuso.

Além disso, problemas de gestão agravaram ainda mais a decadência e fim da empresa nos anos oitenta.

Poucos brasileiros sabem (e/ou lembram) que tínhamos uma empresa desses porte (a torre de transmissão do Pico do Jaraguá, em São Paulo, tinha antenas MAXWELL, na época).

Oportunidades perdidas, desperdício, má gestão, a história de tantas empresas brasileiras...

E assim foi.

Wingate

A imagem abaixo é de uma câmera Fernseh (da Bosch alemã) utilizada pela Rede Globo, já no sistema PAL-M. As câmeras MAXWELL eram semelhantes, mas não acompanharam a nova tecnologia. A GLOBO utilizou também equipamento MAXWELL.

[Juniorbombeiro]

Em relação ao Jean Pierre Marie Chambrin, me desculpem àqueles que acreditam, mais isso aí era um charlatão. O que é vergonhoso é o fato de ter enganado tantas pessoas importantes da república, quando colocaram pessoas com conhecimento técnico para fiscalizá-lo a coisa começou a degringolar. Mas como tudo no Brasil é enrolado, estão até hoje com esse cadáver insepulto.

[Túlio]

Na entrevista, o então Cmt da BM parece discordar de ti, cupincha...

[Juniorbombeiro]

O comandante da BM sequer tem conhecimento técnico do que ele está opinando, a função dele era basicamente fazer a segurança e apoiar a instalação do empreendimento, pode muito bem ter sido enrolado pelo "inventor". Aliás, se isso aí tivesse alguma importância científica, deveria ter sido instalado em uma universidade e não em um quartel. Isso aí foi um espertalhão que enrolou alguns bunda moles gananciosos... segurança nacional??? Hora!!!! Alguns amigos e laranjas de figurões do regime militar lavando dinheiro, isso sim. Onde está a produção científica desse charlatão francês????

[Marechal-do-ar]

Mitos assim não são exclusividade do Brasil.

Em especial o mito do motor a água (que não possui energia química e por isso não pode ser usado como combustível) existe em diversas versões ao redor do mundo.

[Wingate]

Há mais de 22 anos, surgiram notícias de um motor tipo ELKO, alemão, que funcionava com qualquer tipo de combustível (óleos vegetais, álcool, gasolina, diesel) e que supostamente seria também fabricado no Brasil (houve até reportagem no Fantástico).

Nunca mais se ou viu falar dele. Alguém saberia se é ainda fabricado?

http://www.clubedasmotocas.com/portal/i ... 38&lang=pt








Wingate

[Túlio]

Em relação ao Jean Pierre Marie Chambrin, me desculpem àqueles que acreditam, mais isso aí era um charlatão. O que é vergonhoso é o fato de ter enganado tantas pessoas importantes da república, quando colocaram pessoas com conhecimento técnico para fiscalizá-lo a coisa começou a degringolar. Mas como tudo no Brasil é enrolado, estão até hoje com esse cadáver insepulto.

Voltei a este post: poderias detalhar mais? Porque ou tens conhecimentos que nós não temos a respeito ou é apenas um inferência pessoal tua sobre o texto inicial deste tópico.

Li em outro ponto que o pessoal acha ruim a idéia porque o álcool tem baixo teor calorífico e a água, então...

Mas lembremos do que É água: nos anos 70, tempos do regime militar, era praxe qualquer escola pública ter seu laboratório, onde os alunos das séries finais do então 1º grau e das do 2º aprendiam química não só nas equações mas fazendo experiências práticas. Foi aí que aprendi a decompor a água, numa experiência bem simples: botava-se água da torneira em uma vasilha de vidro; depois, passava-se dois fios de cobre com a ponta desencapada e dobrada para cima para dentro da vasilha; então, encaixava-se dois tubos de ensaio de modo a manter a ponta de cada fio em seu interior e finalmente, com pinças, se depositava cuidadosamente uma pastilha de soda cáustica logo abaixo de cada tubo de ensaio e ligava-se a eletricidade. O que obtínhamos era O2 (oxidante) num deles e H (explosivo) no outro.

Daí fico cá a pensaire se o álcool não estaria fazendo de algum modo o papel da soda cáustica...

Sei lá, deve ser mania minha, mas não descarto uma idéia - ainda mais se for no Brasil - apenas porque não foi para a frente, só a indústria automobilística e a do petróleo (lobbies poderosíssimos) já bastam para matar no nascedouro qualquer boa idéia que lhes cause algum prejuízo, ou a compram e passam a ser os donos (com a opção de fechar). Lembremos do caso da Gurgel (o dono se recusou a vender e ela quebrou) ou, mais recentemente, da Troller (comprada pela Ford) ou, entre as duas, a fábrica de vareta s de fibra de carbono necessárias à indústria nuclear, comprada pelos Alemães que, tão logo se viram proprietários, simplesmente a fecharam.

Nem tudo é preto ou branco, há muitos tons de cinza à nossa volta e nem vemos...

[Wingate]

E se bobearem, o biodiesel vai também cair no esquecimento.

Lembrando o álcool, o Brasil foi o primeiro país do mundo a empregar em grande escala um combustível de origem vegetal (não considerando o carvão vegetal, que foi largamente utilizado no Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial, nos gasogênios, substituindo a gasolina que estava racionada).

Wingate

[Marechal-do-ar]

Mas lembremos do que É água: nos anos 70, tempos do regime militar, era praxe qualquer escola pública ter seu laboratório, onde os alunos das séries finais do então 1º grau e das do 2º aprendiam química não só nas equações mas fazendo experiências práticas. Foi aí que aprendi a decompor a água, numa experiência bem simples: botava-se água da torneira em uma vasilha de vidro; depois, passava-se dois fios de cobre com a ponta desencapada e dobrada para cima para dentro da vasilha; então, encaixava-se dois tubos de ensaio de modo a manter a ponta de cada fio em seu interior e finalmente, com pinças, se depositava cuidadosamente uma pastilha de soda cáustica logo abaixo de cada tubo de ensaio e ligava-se a eletricidade. O que obtínhamos era O2 (oxidante) num deles e H (explosivo) no outro.

Ah, mas você esqueceu um detalhe, sabe a parte que ligava a eletricidade? Então, nesse momento você está fornecendo energia para quebrar a molécula de água, e como mandam as leis da termodinâmica, a energia fornecida para quebrar as moléculas de água é a mesma obtida com a formação desta (queima do hidrogênio), em um "motor" que quebrasse a água para depois queimar o hidrogênio a energia no final seria inferior devido a perdas.

Como eu falei antes, não se tira energia da água, água não é combustível, a água até é usada em alguns motores (pense nas locomotivas a vapor, ou se quiser procurar algo mais atual: motores de 6 tempos), mas não como combustível, a água não fornece energia.

Daí fico cá a pensaire se o álcool não estaria fazendo de algum modo o papel da soda cáustica...

A soda só está lá para conduzir a eletricidade, água pura não conduz, para que o experimento funcione é preciso misturar alguma coisa, álcool não serve.

[Juniorbombeiro]

O Marechal já explicou bem...a questão é que para decompor água em oxigênio e hidrogênio, se precisa de energia. Se vc vai usar esses produtos obtidos para produzir CV's (energia) em um motor de combustão, você precisa que a energia gasta na quebra de moléculas, seja inferior a energia obtida para uso no motor, se não não fecha a conta, não tem sentido. Existem, que eu saiba, dois meios de se obter a decomposição da água. Química (eletrólise é uma delas) e térmica (pirólise), que, aquece, se não me engano, acima de 1500 ° C. O que esse espertalhão propôs, pelo pouco que encontrei de material sobre ele, é um híbrido: Aquecer a água com os gases de escape (que saem em torno de 800 ° C e promover depois uma eletrólise através de uma reação catalítica, em um reator de metais nobres (aquela geringonsa que fica embaixo do carburador) com uma determinada corrente elétrica, a uma determinada tensão e uma determinada frequência. No papel uma bela peça para enganar trouxas, na prática, se um dia chegou a funcionar, o espertalhão levou o segredo para o túmulo. Melhor não perder tempo com isso, muita gente já tentou de todas as formas viabilizar esse tipo de coisa e todos falharam. Se esse Francês tivesse descoberto isso, não seria em nossa república de bananas, onde o investimento científico é próximo de zero, que ele iria tentar obter êxito. Para mim, ele justamente tentou "se criar" aqui, por nossa parca tradição científica, e quando o governo militar resolveu colocar um fiscal para vigiá-lo, a casa caiu (talvez não tenham se acertado na propina) e o negócio degringolou. O que se sucedeu depois, é culpa de nossa burocracia bizarra, que deixou o caso chegar a esse ponto, ou por incompetência ou para esconder alguns esqueletos indesejáveis dos holofotes da opinião pública.

[Tikuna]

Amigos, que tal mover esse tópico para assuntos gerais?
Amei ele! e compreende várias áreas!!!

[Tikuna]

E isso gente???????????

Falso, ou não?

[Marechal-do-ar]

Tudo o que foi escrito antes sobre o motor a água, vale para esse vídeo, inclusive, se parece muito com o sistema que o Juniorbombeiro descreveu, e o combustível não é água, mas provavelmente álcool.

Eu nem culpo o inventor pelo sensacionalismo, na reportagem nem ele e nem os estudantes de engenharia falaram, em qualquer momento, que o combustível é a água, alias, só vimos cortes de tudo o que eles devem ter falado, só quem falou essa bobagem de "movido a água" foi a jornalista.

Mas, ele deixou o e-mail, se alguém quiser pode mandar um e-mail perguntado...

[Johan]

Olá pessoal, já há um kit sendo vendido na internet e, na verdade, a água não substitui o combustível por completo e só complementa gerando uma economia no consumo do combustível (álcool ou gasolina) variando entre 20 e 30% (segundo os vendedores, lógico).
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB- ... rognio-_JM