Enfim renovação! DSME inicia conversações para vender um navio-doca multipropósito classe Makassar à Marinha Argentina
Posted by Roberto Lopes
A reunião de terça-feira (19.04) no centro de Buenos Aires; os visitantes Choi e Denegri estão à direita; abaixo, o “Makassar”, da Marinha da Indonésia
Por Roberto Lopes
O Presidente do Estaleiro Río Santiago (ARS na sigla em castelhano), Ernesto Gaspari, recebeu, na última terça-feira (19.04), em seu gabinete, uma comitiva liderada pelo diretor-geral da Daewoo Argentina, Youn-Sam Choi.
Pauta do encontro: a possibilidade de o grupo naval sul-coreano Daewoo Shipbuilding and Marine Engineering (DSME) assistir o Río Santiago na construção de um navio-doca multipropósito (de assalto anfíbio e de socorro a vítimas de desastres naturais) da classe Makassar.
A Marinha peruana encomendou duas dessas unidades à empresa SIMA-Peru, que também trabalha em parceria com a Daewoo. As Marinhas da Indonésia e da Filipinas adquiriram, igualmente, a embarcação.
Os argentinos estão sem uma unidade de desembarque de grande porte desde que, em 1997, deram baixa no ARA Cabo de San Antonio (Q-49) – ex-LST De Soto County da Marinha americana –, de 7.804 toneladas (carregado).
De acordo com o que a coluna INSIDER pôde apurar, a reunião só se realizou depois que Gaspari recebeu um sinal verde do Ministério da Defesa argentino e da Armada de seu país. Tanto que a conversa foi testemunhada pelo ficial de ligação do estaleiro com a Marinha Argentina, Capitán de Navío (equivalente a Capitão-de-Mar-e-Guerra no Brasil) da reserva Carlos Suárez.
O custo estimado do projeto, considerando a necessidade de modernização do estaleiro argentino para sua habilitação ao empreendimento, é de 47 milhões de dólares.
Má fase – A Armada Argentina convive com diversas deficiências.
Sua capacidade de desembarcar fuzileiros navais no mar está limitada aos préstamos do “transporte rápido multipropósito” (antigo destróier) ARA Hércules (B-52).
Dois flagrantes do “transporte rápido multipropósito” “Hércules”, hoje, além de inadequado, um navio já cansado
Há mais de dez anos a corporação não tem um esquadrão de minagem e varredura, e sua capacidade de reconhecimento aéreo está condicionada à disponibilidade de bimotores três P-3A Orion – que, ocasionalmente, também operam como aviões de passageiros.
Os caças navais Super Etendard, recebidos há cerca de 35 anos, raramente decolam, e dos três submarinos sediados na Base Naval de Mar del Plata, apenas o ARA Salta (S-31) – comissionado há 43 anos – opera com restrições, como uma escola para submarinistas.
A força de superfície da Flota de Mar Argentina deixou, há mais de três anos, de realizar exercícios navais de grande porte. Seu treinamento resume-se a manobras de curta duração com as Marinhas do Brasil, do Uruguai e patrulhamentos conjuntos com a Marinha do Chile no extremo sul do continente sul-americano – e, ocasionalmente, com navios da África do Sul e de outras marinhas que cruzem as águas jurisdicionais argentinas (como aconteceu, recentemente com embarcações do Peru e da China).
Trabalho coordenado – Youn-Sam Choi compareceu ao encontro da terça-feira, realizado no escritório do estaleiro no centro de Buenos Aires, acompanhado pelo encarregado da Divisão de Metal e Aço da Daewoo Argentina, Guido Denegri. De seu lado, Gaspari convocou para a conversa o seu gerente geral, Engenheiro Daniel Romano, e o gerente comercial do estaleiro, Engenheiro Julio Martínez.
Oficialmente as partes concordaram em declarar que se reuniam para evaluar las capacidades productivas del ARS para avanzar en la ejecución de diversos proyectos para la industria naval.
Entretanto, mais tarde, o diretor-geral do estaleiro admitiu: “trabalharemos coordenadamente sobre a possibilidade de avançar em um contrato para a construção de um navio multipropósito para a Armada Argentina desenhado pela Daewoo Central, de utilização adaptável a desastres naturais e ao uso militar como barco de transporte de tropas e de desembarque mediante embarcações anfíbias e helicópteros”.
Atualmente o projeto do Makassar argentino se encontra em fase preliminar, sem qualquer autorização para a assinatura de contratos ou o início dos trabalhos de produção do navio.
Perón – O ARS está sediado na cidade de Ensenada, na Província de Buenos Aires, às margens do Rio Santiago.
Fundada em 1953 – durante a Administração do general Juan Domingo Perón –, a empresa conheceu dias de esplendor nessa década de 1950, época em que chegou a ter 8.000 funcionários fabricando não apenas navios, mas também peças pesadas para a indústria mecânica e itens do sistema ferroviário argentino.
Em 2003 o Río Santiago esteve a ponto de fechar as portar, mas a encomenda de dois cargueiros de 47.000 toneladas cada um, fechada por 112 milhões de dólares, garantiu que o estaleiro continuasse a funcionar.
Ficha técnica do navio-doca multipropósito da classe Makassar:
Deslocamento: 7.300 toneladas vazio e 11.394 a plena carga;
Comprimento: 122 m;
Bôca máxima: 22 m;
Calado: 4,9 m;
Propulsão: 2 motores diesel MAN B&W 8L28/32ª que acionam um par de hélices;
Velocidade máxima: 14 nós;
Autonomia operacional: superior a 45 dias;
Tripulação: 126 militares;
Capacidade de transporte de tropas: 218 soldados completamente equipados (ou 518 por tempo limitado);
Capacidade de transporte de veículos: 40 (sobre rodas e lagartas);
Capacidade de operar com aeronaves: Área de hangar apta a acolher até 2 helicópteros de porte médio (10 toneladas), e convés de voo passível de operar, simultaneamente, até três aeronaves;
Armamento: 1 canhão Bofors SAK de 40 mm; dois canhões de tiro rápido Oerlikon de 20 mm e dois lançadores de mísseis antiaéreos de curto alcance MBDA Mistral.
http://www.planobrazil.com/enfim-renova ... argentina/
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