#1989
Mensagem
por Clermont » Sáb Mar 05, 2016 4:52 pm
A VINGANÇA DE KHADAFFI?
Eric Margolis - Lewrockwell.com, 5 de março de 2016.
Eu fui até a Líbia em 1987 para entrevistar seu homem-forte, Muammar Khadaffi. Passamos um entardecer conversando em sua colorida tenda beduína fora dos Quartéis Bab al-Azizya em Trípoli que haviam sido bombardeados um ano antes pelos EUA numa tentativa de matar o problemático líder líbio.
Khadaffi previu para mim que se fosse derrubado, a Líbia se dividiria em três partes e cairia novamente como presa da dominação ocidental. Seus esforços para tirar o mundo árabe e a África Ocidental da subserviência e atraso findariam, anteviu ele.
O "líder" líbio estava certo. Hoje, após sua morte, a Líbia se fragmentou em campos beligerantes. Os EUA, França e Egito estão expandindo sua influência na Líbia, ultimamente tendo juntado-se a Itália, anterior governante colonial da Líbia. Eles instalaram o conjunto habitual de serviçais para cumprir suas ordens. Velhos hábitos são difíceis de morrer.
Estaremos ouvindo muito mais sobre a Líbia após as grandes vitórias de Hillary Clinton e Donald Trump nas primárias da última Super Terça.
A ex-secretária de estado Hillary Clinton logo enfrentará o retorno de uma grande ameaça que a persegue desde 2012 - o ataque de jihadistas contra o consulado americano em Trípoli, Líbia e a matança do embaixador americano Christopher Stevens e seus guarda-costas.
Os republicanos vêm tentando jogar a culpa por Benghazi sobre Clinton. Até agora não tem sido bem-sucedidos. Mas o boquirroto Donald Trump com certeza atacará Hillary por Benghazi, seu registro de secretária de estado que fez pouca coisa e os problemas legais dela. E mais, a autêntica história da falsa "libertação" da Líbia pode finalmente vir à tona.
Nem os democratas, nem os republicanos até agora ousaram revelar o que realmente aconteceu em Benghazi. A chamada "revolução popular" de 2011 na Líbia foi um elaborado complô da França, Grã-Bretanha e EUA, ajudados pelos Emirados do Golfo e Egito, para derrubar Khadaffi, homem-forte da Líbia por quatro décadas, e assumir o controle de seu petróleo de alta-qualidade.
A inteligência ocidental e ONGs semi-governamentais utilizaram as mesmas táticas de subversão na Líbia que haviam empregado nas bem-sucedidas "revoluções coloridas" na Geórgia, Ucrânia e Síria, porém fracassado no Irã e Rússia.
Os franceses queriam derrubar Khadaffi pois ele afirmava ter ajudado a financiar a eleição do ex-presidente Nicholas Sarkozy. Este negou a acusação. Os árabes do Golfo queriam Khadaffi morto porque ele continuava acusando-os de roubar a riqueza árabe e serem fantoches das potências ocidentais.
Agentes da inteligência francesa tentaram assassinar Khadaffi nos anos 1980. O MI6 da Grã-Bretanha procurou matar o líder líbio com um maciço carro-bomba em Benghazi.
A operação de mudança de regime pelos EUA, França e Grã-Bretanha começou em 2011 com protestos populares engendrados em Benghazi. Logo foram seguidos por uma operação militar clandestina liderada por forças especiais ocidentais contra o esfarrapado exército de Khadaffi, seguido por pesados ataques aéreos. A mídia ocidental amestrada, de boa vontade fechou os olhos a esta intervenção militar ocidental, saudando a "revolução popular" da Líbia.
Após Khadaffi ter sido derrubado e assassinados (reportadamente por agentes da inteligência francesa), enormes estoques de armas tornaram-se disponíveis. A secretária de estado Clinton, que patrocinara a derrubada de Khadaffi, decidiu armar a mais nova "revolução colorida" do Ocidente, os rebeldes anti-Assad da Síria.
A maioria destas armas líbia estavam estocadas em Benghazi, foram transportadas via aérea para o Líbano ou Jordânia, então contrabandeadas para os rebeldes na Síria. O embaixador americano Stevens estava supervisionando as transferências de armas do consulado em Benghazi. Ele foi morto por jihadistas anti-americanos combatendo a ocupação da Líbia, não por "terroristas".
Hillary Clinton, que é financiada por neocons importantes, arca com a responsabilidade principal por duas calamidades: a derrubada de Khadaffi e a terrível guerra civil da Síria. Khadaffi estava contendo numerosos grupos jihadistas norte-africanos. Depois de sua deposição, eles despejaram-se para o sul, no Sahel e nas regiões subsaarianas, ameaçando os governos dominados pelo Ocidente.
Também descobrimos que o Departamento de Estado de Clinton deu luz verde para mais de $ 150 bilhões em vendas de armas para dezesseis nações repressivas que doaram grandes somas para a Fundação Clinton - uma espécie de governo no exílio para o clã Clinton.
Tudo negócios sórdidos. Não admira que tantos americanos estejam furiosos com sua classe política. Um bocado de munição para Donald Trump.