Para onde vai o Brasil?

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Bolovo
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Re: Para onde vai o Brasil?

#61 Mensagem por Bolovo » Sáb Jan 30, 2016 9:30 am

Bourne escreveu:As cidades dos eua que estão lá sofreram são socialmente muito desiguais, decadentes econômica e socialmente: St. louis; detroit; e New Orleas.

Parece que esse é o padrão de problemas das cidades latino-americanas que aparecem na lista. Não estão lá de graça. E nas cidades brasileira é pichuinha, ladrão pé-de-chinelo que vira assassino e bandidão. Quando se vai para outros países percebe como o mundo é calmo. Estou falando de chile e argentina. Não de lousanense na suíça que pode andar as 3 da madruga na rua, mexendo no iphone e levando bagagem que ninguém te rouba.
Mas chega a ser curioso ter nessa lista uma cidade como Baltimore, que é do lado da capital dos EUA, e não ter o Rio de Janeiro ou São Paulo, por exemplo.
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Bourne
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Re: Para onde vai o Brasil?

#62 Mensagem por Bourne » Sáb Jan 30, 2016 9:41 am

São paulo, Rio de janeiro e Belo Horizonte tem mais população e a violência é mais concentrada. O que cria uma anomalia estatística.

Os assassinatos em Baltimore em um mês de 80 ficaram escandalizados. É uma cidade pequena de 1,5 milhão de habitantes. Já Curitiba o "normal" é matar 20 por fim de semana. Fora crimes menores como assalto, droga, roubo de carro, imóveis e outros.

Ano passado um angolano lá na usp ficou chocado quando disse para andar na região depois das 21 horas que é perigoso.
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Re: Para onde vai o Brasil?

#63 Mensagem por Clermont » Sáb Jan 30, 2016 12:28 pm

Bourne escreveu:Os assassinatos em Baltimore em um mês de 80 ficaram escandalizados. É uma cidade pequena de 1,5 milhão de habitantes. Já Curitiba o "normal" é matar 20 por fim de semana. Fora crimes menores como assalto, droga, roubo de carro, imóveis e outros.
Curioso que o estado de Maryland é um dos que possui a legislação mais anti-armas dos Estados Unidos. Como Obama explica isso?
Back in June I reported about the increases in homicides rates in Baltimore. Maryland also has strict gun laws and background checks. Gun owners must keep their guns unloaded and locked up at home, making them useless for self-defense. There were 43 homicides in May of this year, making it the third deadliest month in over 44 years. The majority of the murders involved guns.
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Re: Para onde vai o Brasil?

#64 Mensagem por EduClau » Sáb Jan 30, 2016 12:30 pm

Não sei se notaram mas várias fotos são e tem legendas relacionadas a protestos contra a usina de Belo Monte e a de Manaus é relacionada a índios.

"Amazon Indians from the Xingu, Tapajos, and Teles Pires river basins facing a riot-police officer while invading the main construction site of the Belo Monte hydroelectric dam site in protest against the dam's construction, in Vitoria do Xingu, near Altamira in Para State, in 2013."

"Police officers arriving as members of different Amazonian tribes occupied the headquarters of Brazil's Indian affairs bureau, protesting a court decision to evict them from a nearby plot of land they had been occupying for several weeks, in Manaus in 2013."

Já é pra ir criando aquela opinião a respeito do país...

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Re: Para onde vai o Brasil?

#65 Mensagem por Bolovo » Sáb Jan 30, 2016 1:26 pm

EduClau escreveu:Não sei se notaram mas várias fotos são e tem legendas relacionadas a protestos contra a usina de Belo Monte e a de Manaus é relacionada a índios.

"Amazon Indians from the Xingu, Tapajos, and Teles Pires river basins facing a riot-police officer while invading the main construction site of the Belo Monte hydroelectric dam site in protest against the dam's construction, in Vitoria do Xingu, near Altamira in Para State, in 2013."

"Police officers arriving as members of different Amazonian tribes occupied the headquarters of Brazil's Indian affairs bureau, protesting a court decision to evict them from a nearby plot of land they had been occupying for several weeks, in Manaus in 2013."

Já é pra ir criando aquela opinião a respeito do país...

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Sem conspiração, por favor. O site pegou as imagens mais recentes envolvendo qualquer coisa que haja polícia relacionada com a cidade em questão, vide protestos pelos EUA e Brasil.
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Re: Para onde vai o Brasil?

#66 Mensagem por Bourne » Dom Jan 31, 2016 4:28 pm

Parece o brasil de hoje, não? [049]
Raízes do Brasil político: Os caminhos de um projeto iliberal
MARCUS ANDRÉ MELO
ILUSTRAÇÃO ANA PRATA
31/01/2016 02h05

RESUMO O texto rebate afirmação do sociólogo Jessé Souza, que destacou, em entrevista à "Ilustríssima", a suposta "demonização" do Estado na sociedade brasileira. O autor argumenta que, pelo contrário, na história do Brasil o poder e o papel do Estado têm sido exaltados, em contraste com a tradição da democracia liberal.

Foto Danilo Verpa/Folhapress

Instigante debate tem sido gerado pela assertiva de Jessé Souza, na "Ilustríssima" (10/1), de que o Estado tem sido, no Brasil, "demonizado como corrupto e ineficiente e o mercado visto como o reino de todas as virtudes". Na realidade, as raízes do Brasil político e institucional passam longe de Sérgio Buarque de Holanda: elas se assentam em solo diverso, na santificação do Estado.

As instituições políticas brasileiras foram moldadas por essa visão iliberal. Ela foi o princípio organizador da ordem social de acesso limitado, para usar o conceito de Douglass C. North e coautores, que caracteriza o Brasil do século 20.

O Brasil monárquico, centralizador e escravagista do século 19 é por excelência o Brasil "Saquarema". Esse Brasil é produto da imaginação política do Visconde do Uruguai e dos líderes do Regresso Conservador: eles que forjaram as instituições fundamentais do país. Como lembra José Murilo de Carvalho, Uruguai é o pai do projeto conservador vitorioso que aposta na intervenção autoritária do Estado para redimir a nação e que marcou o Brasil do século 20.

Esse projeto se assenta no pressuposto de que a sociedade civil e o mercado são viciosos –faccionais, particularistas, locais– e de que o Estado é o ator fundamental nesse reformismo "pelo alto". O Estado demiurgo garantiria a integridade da ordem territorial e social.

Os discípulos diretos dessa visão no século 20 são Alberto Torres e Oliveira Vianna. Ao referir-se ao Brasil "invertebrado" criado pela República, Torres postulava um Estado forte que domasse os interesses privados regionais e patrocinasse o interesse coletivo. Em "Organização Nacional" (1910), Torres apresentou um projeto de reforma constitucional nacionalista e centralizador –e forneceu parte considerável do léxico iliberal que dominou o discurso político no século 20. Nessa chave, as instituições políticas liberais eram consideradas pouco propícias para prosperar no solo brasileiro. Vem de Torres e de pequeno círculo de publicistas com quem mantinha afinidades eletivas a fantasia do espelho de Próspero: a noção de que a democracia era coisa alienígena porque anglo-saxônica.

O nosso "Ocidente" seria outro: Ibérico. Iberismo e democracia, autogoverno, ou governo limitado, seriam incompatíveis. Vem também desse círculo de publicistas o horror aos partidos políticos e à competição política. O "locus" da política eram os Estados –todos os partidos eram estaduais–, daí o horror à federação.

Quando finalmente escreveram uma constituição –para um Estado Novo em folha–, celebraram-na com uma tenebrosa queima de bandeiras estaduais.

Torres também forneceu a chave para a fórmula da disjunção "país legal versus país real". Não adiantava insistir, como seu adversário Rui Barbosa, em fazer cumprir a letra da lei, mas reconhecer o "idealismo da constituição", e superá-lo. Em livro com esse título, Oliveira Vianna sustentou que o remédio para essa disjunção era um Estado forte que asseguraria seus interesses contra os interesses mesquinhos, porque privados, dos clãs familiares. Para isso seria necessário passar por cima da Constituição artificial, porque liberal, ou elaborar uma carta constitucional em que o império da lei fosse uma ficção.

CORPORATIVISMO

Barbosa Lima Sobrinho, em sua biografia de Torres, mostra a influência decisiva dessa agenda na criação das instituições da Era Vargas –cujos principais atores políticos reuniam-se na Sociedade dos Amigos de Alberto Torres, fundada em 1932. Um dos seus membros, Oliveira Vianna, foi artífice de instituições com as quais convivemos até hoje, as estruturas corporativistas que regulam o mercado de trabalho no Brasil: a Justiça do Trabalho, o imposto sindical, a unicidade sindical, o IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), o IBC (Instituto Brasileiro do Café) e outros órgãos do intervencionismo econômico, como o Código de Águas e de Minas –a lista é longa.

Vianna flertou abertamente com o racismo e o fascismo, mas a maioria dos arquitetos do Brasil contemporâneo não aderiu abertamente a projetos totalitários. A historiografia brasileira criou uma expressão própria para identificar o conteúdo substantivo do programa desses publicistas: "liberais autoritários", por buscarem fortalecer direitos individuais a partir de instrumentos autoritários. Na balança, na realidade, esses direitos pesavam muito menos do que a razão de Estado.

Foto Danilo Verpa/Folhapress

É fundamental enfatizar que Uruguai, Torres e Oliveira Vianna não eram literatos. Não moldaram apenas a visão de mundo dos brasileiros, tal como Sérgio Buarque de Holanda. Uruguai, Torres e Oliveira foram todos membros de cortes superiores e presidentes de província e Estados –além de ministros. Foram homens de Estado, construtores de instituições. Influenciaram gerações de militares golpistas e a esquerda brasileira.

A rejeição ao liberalismo naquele contexto não foi um fenômeno brasileiro –só que no Brasil deitou raízes que permanecem até hoje. As democracias maduras fortaleceram o Poder Executivo e aprofundaram a democracia, extirpando a dimensão iliberal; no Brasil só fizeram a primeira tarefa, não a segunda. Muitas instituições (do mercado de trabalho etc.) continuam intactas até hoje e apresentam patologias desconhecidas no resto do mundo (como a existência de 38 mil sindicatos inorgânicos).

O denominador comum do programa conservador, à esquerda e à direita, era o caráter subordinado que questões relativas à regra da lei, a responsabilização e controle democrático do Estado ocupavam na agenda de mudança. As instituições de controle e os direitos civis e políticos mereceram apenas notas de rodapé.

A emancipação individual via educação não entrou na agenda. A democracia era valor não universal: o ditador foi aclamado pelo queremismo como grande líder. Afinal, matava, mas redistribuía. Não importava se as lideranças de esquerda tivessem apodrecido no calabouço do Estado Novo. Um novo "xibolete" fornecia a defesa contra a denúncia do abuso de poder e da corrupção: a desqualificação como udenismo.

A perda da eficácia simbólica dessa arma retórica no Brasil na atual conjuntura é sinal de mudança na cultura política.

Fortalecer o Poder Executivo na nova era industrial era imperativo, mas, ao mesmo tempo, seria necessário fortalecer os controles democráticos, como insistia Afonso Arinos. Essa agenda só foi enfrentada na Constituição de 1988, quando houve delegação significativa de poder ao Ministério Público, ao Judiciário, aos tribunais de contas. As reformas dos anos 1990 também eliminaram parte do legado varguista.

A República Velha viveu a maior parte do tempo sob estado de sítio e poucas vozes se insurgiam contra o militarismo, o abuso de poder, a falta de competição política, a corrupção. O único a se levantar contra o estado de coisas vigente foi Rui Barbosa. Para ele, o presidente brasileiro havia se convertido no "poder dos poderes, o grande eleitor, o grande nomeador, o grande contratador, o poder da bolsa, o poder dos negócios, e o poder da força. Quanto mais poder tiver menos lhe devemos cogitar na ditadura [...] por todos reconhecida mas tolerada, sustentada, colaborada por todos".

Rui e poucos outros buscaram seis vezes aprovar a Lei de Responsabilidade, sem sucesso: "Ainda não houve presidente nesta democracia republicana que respondesse por nenhum dos seus atos. Ainda nenhum foi achado a cometer um só desses delitos, que tão às escâncaras cometem. A jurisprudência do Congresso Nacional está, pois, mostrando que a Lei de Responsabilidade, nos crimes do chefe do Poder Executivo, não se adotou, senão para não se aplicar absolutamente nunca".

E concluía: " O presidencialismo brasileiro não é senão a ditadura em estado crônico, a irresponsabilidade geral, a irresponsabilidade consolidada, a irresponsabilidade sistemática do Poder Executivo". A lei pedida por Rui só foi aprovada 40 anos depois, e debatida seriamente apenas na atual conjuntura de crise do país.

GRANDE ELEITOR

O monopólio do poder pelos incumbentes e o abuso do cargo estão patentes na falta de competição política: presidentes eleitos com 90% (Rodrigues Alves) ou 99,7% (Washington Luís) dos votos.

Na denúncia de Rui, em 1914, estão apontadas as principais mazelas do Brasil, que surpreendem por sua atualidade: o presidente orwellianamente denominado por Rui de "O Grande Eleitor" exercia e continua a exercer papel decisivo na sobrevivência política dos deputados e senadores na barganha por emendas ao Orçamento e distribuição de cargos na base aliada.

Na República Velha, as eleições eram uma disputa para selecionar quem desfrutaria "o privilégio de ser o aliado do poder central" (Nunes Leal) –padrão que foi decerto muito mitigado com a introdução do multipartidarismo. Como Rui afirmou, os governos eram "pais e senhores das maiorias legislativas". Hoje essas maiorias continuam sendo construídas à sombra do Executivo, mas não ancoradas em arranjos programáticos –e sim em fundos públicos.

O presidente era e continua sendo em graus distintos "O Grande Nomeador", detendo o poder de nomear e demitir milhares de servidores. O presidente também é "O Grande Contratador". Usa e abusa do orçamento público em relações incestuosas com o setor privado. Modernamente manipula o crédito de bancos públicos sob seu controle direto e maneja politicamente os investimentos de fundos de pensão. O presidente encarna, e continua a fazê-lo, o poder da Bolsa, o poder dos negócios. Na ordem social de acesso limitado não há distinção entre empresa e Estado: essas esferas se amalgamam intimamente. A falta de instituições que representem compromissos críveis eleva os custos de transação e cria uma estrutura de incentivos danosa ao desenvolvimento endógeno.

As instituições são a chave para o desenvolvimento, para o chamado novo institucionalismo econômico de North e da nova economia política do desenvolvimento de Daron Acemoglu e coautores. A natureza e a qualidade das instituições explicam em grande medida o sucesso e fracasso das nações.

As "raízes do Brasil"–a chave para a compreensão do dilema brasileiro– são as instituições políticas e econômicas extrativas que foram implantadas ou a ordem social de acesso limitado que caracterizou a sociedade brasileira, para utilizar conceitos dessa literatura. Historicamente o traço distintivo foi a exclusão política e social: do escravo, do analfabeto e das mulheres.

A extensão do sufrágio para as mulheres e a criação da Justiça Eleitoral em 1932 (reduzindo as fraudes) aumentou a inclusão. A introdução da representação proporcional permitiu pela primeira vez na história que incumbentes fossem derrotados, revigorando a participação política e o pluralismo. Mas a exclusão do analfabeto perdurou até a Emenda Constitucional 25 de 1985. Só com a recente redemocratização a participação política se universalizou.

Os três pré-requisitos ("doorstep conditions") –império da lei, controle da violência e instituições impessoais– para a transição à sociedade de acesso aberto, segundo North, só agora parecem ter adquirido alguma materialidade.

Podemos dizer gramscianamente que, enquanto "a velha ordem morre e a nova não nasce, ainda surge uma grande variedade de sintomas mórbidos": sua manifestação é o desfile de descalabros a que os brasileiros têm assistido com perplexidade.

O Brasil de grande parte do século 20 é uma ordem social de acesso limitado. Em contraste com o que North denomina estados naturais frágeis e básicos, a violência aberta, produto da competição interelites, foi em grande parte contida. O império da lei é limitado e emerge em virtude do reconhecimento pelas elites de que permite ganhos recíprocos: surge do conluio rentista. O império da lei para Acemoglu resulta da contenda redistributiva; para North ele é produto de um arranjo intraelite, de seu autointeresse (esta é a principal controvérsia entre eles).

Essa interpretação é mais persuasiva: o império da lei só tem tido alguma efetividade na contenda entre as elites políticas e econômicas. O regramento das disputas entre elites e não elites foi marcado pela impunidade. A teoria prevê que o império da lei expanda o seu escopo do círculo das elites para a sociedade como um todo. A identidade dos atores tem importado cada vez menos, como se pode observar nas decisões da instituições judiciais brasileiras.

Quanto à violência política, ela marcou o século 20, pelo menos até a redemocratização. O início da República foi um episódio militar, e eles foram atores fundamentais em 1922, 1926, 1930, 1937, 1945, 1954, 1964-85. Pela primeira vez na história, a violência parece domada.

Nas sociedades de acesso aberto, a "destruição criadora" leva permanentemente à criação e, pela competição, dissipação de rendas geradas pela inovação. Nas sociedades de acesso limitado, as rendas tendem a ser mais duradouras, embora possa ocorrer volatilidade e circulação nos setores das elites. As rendas são politicamente distribuídas, desencorajando a inovação e engendrando ciclos de "stop and go". Não há componente endógeno no desenvolvimento. As rendas se manifestam das mais variadas formas: crédito subsidiado, direcionado, acesso a contratos governamentais, regras de conteúdo, desonerações. E, para o Estado, a captura do imposto inflacionário.

O abuso de poder e o risco permanente de expropriação de contratos têm sido o traço distintivo no Brasil, e só na quadra atual observa-se pela primeira vez a efetiva punição das elites. Mas, se o chefe do Executivo é iliberal, a mudança sofre retrocessos.

MAJESTADE

Assim, as raízes do Brasil econômico são políticas. A essa mesma conclusão chegou, em 1932, Ernest Hambloch, cônsul britânico no Rio de Janeiro. Para ele o problema do atraso econômico do país resultava de suas instituições políticas e, particularmente, do abuso de poder presidencial. Em seu livro sugestivamente intitulado "Sua Majestade o Presidente do Brasil" (1936), sua crítica centrava-se no poder despótico exercido pelo Executivo e a ausência de "rule of law", o império da lei:

"Quando as coisas continuamente não estão bem em um país com os recursos formidáveis que o Brasil possui, deve haver uma constante que explique o fenômeno. Altas tarifas de importação, impostos de exportação, políticas de valorização com endividamento excessivo, falta de continuidade nas políticas de administração pública, distúrbios sociais e revoluções –todos esses fatores podem ser apontados para explicar as atribulações do comércio e das finanças públicas. Mas esse fatores não são as causas fundamentais e eles próprios não explicam nada!"

E conclui: "As raízes dos problemas brasileiros devem ser buscadas nas deficiências do regime político".

A forte tradição iliberal é a grande vencedora no processo histórico de construção do Estado no país. Sustentar o contrário é perder de vista o essencial: as instituições políticas brasileiras foram forjadas a partir de uma profunda rejeição de uma visão liberal "latu senso". As raízes do Brasil político e econômico não estão fincadas na demonização do Estado: pelo contrário, estão profundamente imbricadas na sua santificação. A transição começou, embora a grande variedade de sintomas mórbidos cause perplexidade.

MARCUS ANDRÉ MELO é professor titular de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco e foi professor visitante nas universidades Yale e MIT.

http://m.folha.uol.com.br/ilustrissima/ ... eral.shtml
O liberal no texto é no sentido de defesa dos direitos individuais como fundamento, os governantes possuem regras, responsabilidade e limites claros, os privilégios por ser amiguinho do estado.
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Re: Para onde vai o Brasil?

#67 Mensagem por Sterrius » Ter Fev 02, 2016 3:24 am

bom texto, reforçando que os problemas do Brasil são centenários.
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Re: Para onde vai o Brasil?

#68 Mensagem por Matheus » Seg Fev 08, 2016 10:47 pm

Algum palpite do rumo q tomará a Petro depois de uma possível multa bilionária da justiça americana?
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Re: Para onde vai o Brasil?

#69 Mensagem por Bourne » Seg Fev 08, 2016 11:15 pm

Acho que o Aldemir Bendine vai ter muito trabalho e que o vídeo abaixo resume bem.



Legal que o presidente da Petrobras enfatiza o número mágico US$ 8 dólares como custo mágico de extração. Só esquece que se incluir todos os custos da empresa, capital, logística, impostos e mais um monte de coisa vai para uns 40 - 50 dólares. Pode até enganar o publico geral, mas não os acionistas, pessoal que faz analise de risco, outras petroleiras e investidores. Ou seja, cria mais instabilidade e não indica soluções.
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Re: Para onde vai o Brasil?

#70 Mensagem por JT8D » Dom Fev 14, 2016 12:46 pm

MARK MANSON ESCREVE "UMA CARTA AO BRASIL"

Querido Brasil,

O Carnaval acabou. O “ano novo” finalmente vai começar e eu estou te deixando para voltar para o meu país.
Assim como vários outros gringos, eu também vim para cá pela primeira vez em busca de festas, lindas praias e garotas. O que eu não poderia imaginar é que eu passaria a maior parte dos 4 últimos anos dentro das suas fronteiras. Aprenderia muito sobre a sua cultura, sua língua, seus costumes e que, no final deste ano, eu me casaria com uma de suas garotas.
Não é segredo para ninguém que você está passando por alguns problemas. Existe uma crise política, econômica, problemas constantes em relação à segurança, uma enorme desigualdade social e agora, com uma possível epidemia do Zika vírus, uma crise ainda maior na saúde.
Durante esse tempo em que estive aqui, eu conheci muitos brasileiros que me perguntavam: “Por que? Por que o Brasil é tão ferrado? Por que os países na Europa e América do Norte são prósperos e seguros enquanto o Brasil continua nesses altos e baixos entre crises década sim, década não?”
No passado, eu tinha muitas teorias sobre o sistema de governo, sobre o colonialismo, políticas econômicas, etc. Mas recentemente eu cheguei a uma conclusão. Muita gente provavelmente vai achar essa minha conclusão meio ofensiva, mas depois de trocar várias ideias com alguns dos meus amigos, eles me encorajaram a dividir o que eu acho com todos os outros brasileiros.
Então aí vai: é você.
Você é o problema.
Sim, você mesmo que está lendo esse texto. Você é parte do problema. Eu tenho certeza de não é proposital, mas você não só é parte, como está perpetuando o problema todos os dias.
Não é só culpa da Dilma ou do PT. Não é só culpa dos bancos, da iniciativa privada, do escândalo da Petrobras, do aumento do dólar ou da desvalorização do Real.
O problema é a cultura. São as crenças e a mentalidade que fazem parte da fundação do país e são responsáveis pela forma com que os brasileiros escolhem viver as suas vidas e construir uma sociedade.
O problema é tudo aquilo que você e todo mundo a sua volta decidiu aceitar como parte de “ser brasileiro” mesmo que isso não esteja certo.
Quer um exemplo?
Imagine que você está de carona no carro de um amigo tarde da noite. Vocês passam por uma rua escura e totalmente vazia. O papo está bom e ele não está prestando muita atenção quando, de repente, ele arranca o retrovisor de um carro super caro. Antes que alguém veja, ele acelera e vai embora.
No dia seguinte, você ouve um colega de trabalho que você mal conhece dizendo que deixou o carro estacionado na rua na noite anterior e ele amanheceu sem o retrovisor. Pela descrição, você descobre que é o mesmo carro que seu brother bateu “sem querer”. O que você faz?
A) Fica quieto e finge que não sabe de nada para proteger seu amigo? Ou
B) Diz para o cara que sente muito e força o seu amigo a assumir a responsabilidade pelo erro?

Eu acredito que a maioria dos brasileiros escolheria a alternativa A. Eu também acredito que a maioria dos gringos escolheria a alternativa B.
Nos países mais desenvolvidos o senso de justiça e responsabilidade é mais importante do que qualquer indivíduo. Há uma consciência social onde o todo é mais importante do que o bem-estar de um só. E por ser um dos principais pilares de uma sociedade que funciona, ignorar isso é uma forma de egoísmo.
Eu percebo que vocês brasileiros são solidários, se sacrificam e fazem de tudo por suas famílias e amigos mais próximos e, por isso, não se consideram egoístas.
Mas, infelizmente, eu também acredito que grande parte dos brasileiros seja extremamente egoísta, já que priorizar a família e os amigos mais próximos em detrimento de outros membros da sociedade é uma forma de egoísmo.
Sabe todos aqueles políticos, empresários, policiais e sindicalistas corruptos? Você já parou para pensar por que eles são corruptos? Eu garanto que quase todos eles justificam suas mentiras e falcatruas dizendo: “Eu faço isso pela minha família”. Eles querem dar uma vida melhor para seus parentes, querem que seus filhos estudem em escolas melhores e querem viver com mais segurança.
É curioso ver que quando um brasileiro prejudica outro cidadão para beneficiar sua famílias, ele se acha altruísta. Ele não percebe que altruísmo é abrir mão dos próprios interesses para beneficiar um estranho se for para o bem da sociedade como um todo.
Além disso, seu povo também é muito vaidoso, Brasil. Eu fiquei surpreso quando descobri que dizer que alguém é vaidoso por aqui não é considerado um insulto como é nos Estados Unidos. Esta é uma outra característica particular da sua cultura.
Algumas semanas atrás, eu e minha noiva viajamos para um famoso vilarejo no nordeste. Chegando lá, as praias não eram bonitas como imaginávamos e ainda estavam sujas. Um dos pontos turísticos mais famosos era uma pedra que de perto não tinha nada demais. Foi decepcionante.
Quando contamos para as pessoas sobre a nossa percepção, algumas delas imediatamente disseram: “Ah, pelo menos você pode ver e tirar algumas fotos nos pontos turísticos, né?”
Parece uma frase inocente, mas ela ilustra bem essa questão da vaidade: as pessoas por aqui estão muito mais preocupadas com as aparências do que com quem eles realmente são.
É claro que aqui não é o único lugar no mundo onde isso acontece, mas é muito mais comum do que em qualquer outro país onde eu já estive.
Isso explica porque os brasileiros ricos não se importam em pagar três vezes mais por uma roupa de grife ou uma jóia do que deveriam, ou contratam empregadas e babás para fazerem um trabalho que poderia ser feito por eles. É uma forma de se sentirem especiais e parecerem mais ricos. Também é por isso que brasileiros pagam tudo parcelado. Porque eles querem sentir e mostrar que eles podem ter aquela super TV mesmo quando, na realidade, eles não tenham dinheiro para pagar. No fim das contas, esse é o motivo pelo qual um brasileiro que nasceu pobre e sem oportunidades está disposto a matar por causa de uma motocicleta ou sequestrar alguém por algumas centenas de Reais. Eles também querem parecer bem sucedidos, mesmo que não contribuam com a sociedade para merecer isso.
Muitos gringos acham os brasileiros preguiçosos. Eu não concordo. Pelo contrário, os brasileiros tem mais energia do que muita gente em outros lugares do mundo (vide: Carnaval).
O problema é que muitos focam grande parte da sua energia em vaidade em vez de produtividade. A sensação que se tem é que é mais importante parecer popular ou glamouroso do que fazer algo relevante que traga isso como consequência. É mais importante parecer bem sucedido do que ser bem sucedido de fato.
Vaidade não traz felicidade. Vaidade é uma versão “photoshopada” da felicidade. Parece legal vista de fora, mas não é real e definitivamente não dura muito.
Se você precisa pagar por algo muito mais caro do que deveria custar para se sentir especial, então você não é especial. Se você precisa da aprovação de outras pessoas para se sentir importante, então você não é importante. Se você precisa mentir, puxar o tapete ou trair alguém para se sentir bem sucedido, então você não é bem sucedido. Pode acreditar, os atalhos não funcionam aqui.
E sabe o que é pior? Essa vaidade faz com que seu povo evite bater de frente com os outros. Todo mundo quer ser legal com todo mundo e acaba ou ferrando o outro pelas costas, ou indiretamente só para não gerar confronto.
Por aqui, se alguém está 1h atrasado, todo mundo fica esperando essa pessoa chegar para sair. Se alguém decide ir embora e não esperar, é visto como cuzão. Se alguém na família é irresponsável e fica cheio de dívidas, é meio que esperado que outros membros da família com mais dinheiro ajudem a pessoa a se recuperar. Se alguém num grupo de amigos não quer fazer uma coisa específica, é esperado que todo mundo mude os planos para não deixar esse amigo chateado. Se em uma viagem em grupo alguém decide fazer algo sozinho, este é considerado egoísta.
É sempre mais fácil não confrontar e ser boa praça. Só que onde não existe confronto, não existe progresso.
Como um gringo que geralmente não liga a mínima sobre o que as pessoas pensam de mim, eu acho muito difícil não enxergar tudo isso como uma forma de desrespeito e auto-sabotagem. Em diversas circunstâncias eu acabo assistindo os brasileiros recompensarem as “vítimas” e punirem àqueles que são independentes e bem resolvidos.
Por um lado, quando você recompensa uma pessoa que falhou ou está fazendo algo errado, você está dando a ela um incentivo para nunca precisar melhorar. Na verdade, você faz com que ela fique sempre contando com a boa vontade de alguém em vez de ensina-la a ser responsável.
Por outro lado, quando você pune alguém por ser bem resolvido, você desencoraja pessoas talentosas que poderiam criar o progresso e a inovação que esse país tanto precisa. Você impede que o país saia dessa merda que está e cria ainda mais espaço para líderes medíocres e manipuladores se prolongarem no poder.
E assim, você cria uma sociedade que acredita que o único jeito de se dar bem é traindo, mentindo, sendo corrupto, ou nos piores casos, tirando a vida do outro.
As vezes, a melhor coisa que você pode fazer por um amigo que está sempre atrasado é ir embora sem ele. Isso vai fazer com que ele aprenda a gerenciar o próprio tempo e respeitar o tempo dos outros.
Outras vezes, a melhor coisa que você pode fazer com alguém que gastou mais do que devia e se enfiou em dívidas é deixar que ele fique desesperado por um tempo. Esse é o único jeito que fará com que ele aprenda a ser mais responsável com dinheiro no futuro.
Eu não quero parecer o gringo que sabe tudo, até porque eu não sei. E deus bem sabe o quanto o meu país também está na merda (eu já escrevi aqui sobre o que eu acho dos EUA).
Só que em breve, Brasil, você será parte da minha vida para sempre. Você será parte da minha família. Você será meu amigo. Você será metade do meu filho quando eu tiver um.
E é por isso que eu sinto que preciso dividir isso com você de forma aberta, honesta, com o amor que só um amigo pode falar francamente com outro, mesmo quando sabemos que o que temos a dizer vai doer.
E também porque eu tenho uma má notícia: não vai melhorar tão cedo.
Talvez você já saiba disso, mas se não sabe, eu vou ser aquele que vai te dizer: as coisas não vão melhorar nessa década.
O seu governo não vai conseguir pagar todas as dívidas que ele fez a não ser que mude toda a sua constituição. Os grandes negócios do país pegaram dinheiro demais emprestado quando o dólar estava baixo, lá em 2008-2010 e agora não vão conseguir pagar já que as dívidas dobraram de tamanho. Muitos vão falir por causa disso nos próximos anos e isso vai piorar a crise.
O preço das commodities estão extremamente baixos e não apresentam nenhum sinal de aumento num futuro próximo, isso significa menos dinheiro entrando no país. Sua população não é do tipo que poupa e sim, que se endivida. As taxas de desemprego estão aumentando, assim como os impostos que estrangulam a produtividade da classe trabalhadora.
Você está ferrado. Você pode tirar a Dilma de lá, ou todo o PT. Pode (e deveria) refazer a constituição, mas não vai adiantar. Os erros já foram cometidos anos atrás e agora você vai ter que viver com isso por um tempo.
Se prepare para, no mínimo, 5-10 anos de oportunidades perdidas. Se você é um jovem brasileiro, muito do que você cresceu esperando que fosse conquistar, não vai mais estar disponível. Se você é um adulto nos seus 30 ou 40, os melhores anos da economia já fazem parte do seu passado. Se você tem mais de 50, bem, você já viu esse filme antes, não viu?
É a mesma velha história, só muda a década. A democracia não resolveu o problema. Uma moeda forte não resolveu o problema. Tirar milhares de pessoa da pobreza não resolveu o problema. O problema persiste. E persiste porque ele está na mentalidade das pessoas.
O “jeitinho brasileiro” precisa morrer. Essa vaidade, essa mania de dizer que o Brasil sempre foi assim e não tem mais jeito também precisa morrer. E a única forma de acabar com tudo isso é se cada brasileiro decidir matar isso dentro de si mesmo.
Ao contrario de outras revoluções externas que fazem parte da sua história, essa revolução precisa ser interna. Ela precisa ser resultado de uma vontade que invade o seu coração e sua alma.
Você precisa escolher ver as coisas de um jeito novo. Você precisa definir novos padrões e expectativas para você e para os outros. Você precisa exigir que seu tempo seja respeitado. Você deve esperar das pessoas que te cercam que elas sejam responsabilizadas pelas suas ações. Você precisa priorizar uma sociedade forte e segura acima de todo e qualquer interesse pessoal ou da sua família e amigos. Você precisa deixar que cada um lide com os seus próprios problemas, assim como você não deve esperar que ninguém seja obrigado a lidar com os seus.
Essas são escolhas que precisam ser feitas diariamente. Até que essa revolução interna aconteça, eu temo que seu destino seja repetir os mesmos erros por muitas outras gerações que estão por vir.
Você tem uma alegria que é rara e especial, Brasil. Foi isso que me atraiu em você muitos anos atrás e que me faz sempre voltar. Eu só espero que um dia essa alegria tenha a sociedade que merece.
Seu amigo,

Mark

Traduzido por Fernanda Neute
http://gazetacentral.blogspot.com.br/20 ... rasil.html
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Re: Para onde vai o Brasil?

#71 Mensagem por Clermont » Ter Fev 16, 2016 3:37 pm

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Re: Para onde vai o Brasil?

#72 Mensagem por EduClau » Sáb Fev 27, 2016 12:35 am

Mientras esto, del otro lado de la cordillera, los otros si preguntan si acabarán como los cariocas:
¿Puede Chile seguir el camino de Brasil?

...el 2010 la economía creció un 7,5%, la inflación y el desempleo eran bajos y Brasil se preparaba para ser anfitrión en el 2014 y 2016 del campeonato mundial de fútbol y de las olimpiadas respectivamente.

En tan solo cinco años Brasil pasó de ser la niña bonita de América Latina y uno de los países emergentes con más futuro, a una de las economías de peor desempeño a nivel mundial.

¿Podría Chile estar en la misma senda de Brasil?

Cuando a las autoridades de gobierno se les ha hecho esta pregunta, la respuesta es un rotundo e inmediato no. Pero yo no estaría tan seguro.

Es verdad que Chile tiene, hasta ahora, instituciones más sólidas que Brasil. Los ejemplos recurridos comúnmente por el ministro Valdés y otras autoridades de gobierno para diferenciarse de Brasil son la institucionalidad de nuestro Banco Central y nuestra fortaleza fiscal.

Pero las cosas pueden cambiar muy rápidamente, tal como lo hicieron en Brasil. El programa de gobierno de Michelle Bachelet pone una sombra de duda respecto a la autonomía del Banco Central, por lo mismo es muy probable que este tema sea uno de los que se aborden en los debates en el marco de los diálogos para reescribir nuestra Constitución.

Por su parte, la tan mentada fortaleza fiscal de Chile ya se ha debilitado considerablemente. El déficit fiscal proyectado para este año 2016 es de entre 3% y 4% del PIB, la deuda pública está creciendo aceleradamente y lo más preocupante de todo, la credibilidad de la regla de superávit estructural, el elemento más distintivo de nuestro compromiso con una política fiscal responsable, está fuertemente debilitada producto de las promesas incumplidas de esta administración en relación a que se buscaría eliminar el déficit estructural haciendo uso de los recursos de la reforma tributaria, cosa que ciertamente no ocurrirá.

El debilitamiento de las instituciones en Chile que ya ha ocurrido y el que podría venir, mercado laboral, AFPs, Isapres, regulación del sector eléctrico, Banco Central y quién sabe qué más, unido al magro desempeño de nuestra economía, crecimiento cercano al 2% o menos y a la baja popularidad del gobierno, constituyen un cóctel que perfectamente nos podría poner en la ruta de Brasil.

Ciertamente el deterioro no será instantáneo, tampoco lo fue en Brasil. Primero nos pondrán en revisión a la baja y luego bajaremos un nivel nuestra clasificación de riesgo, nada grave.

Pero en tres o cinco años más perfectamente nos podríamos estar preguntando qué fue de ese próspero país sudamericano con una rara geografía y nombre de comida mexicana, que por tantos años fue ejemplo para el mundo de que Latinoamérica no estaba condenada al subdesarrollo.

http://ellibero.cl/opinion/puede-chile- ... de-brasil/
sds.
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Re: Para onde vai o Brasil?

#73 Mensagem por Clermont » Sáb Fev 27, 2016 7:32 am

EduClau escreveu:Mientras esto, del otro lado de la cordillera, los otros si preguntan si acabarán como los cariocas:
¿Puede Chile seguir el camino de Brasil?
Quem mandou os chilenos elegerem uma socialista para presidente?

Agora, agüentem, como nós brasileiros estamos agüentando.
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Re: Para onde vai o Brasil?

#74 Mensagem por Bourne » Sáb Fev 27, 2016 8:00 am

Se ocorrer o que anda ocorrendo no Brasil, o Chile entrava em convulsão. Aqui toda a semana alguém do partido do governo vai para cadeia. Lá foi só ter um tráfico de influencia que queimou a bachelet eternamente.

Do lado da economia...

A socialista presidente era e é um exemplo de gestão segura na economia. Sendo capaz de manter os fundamentos da política fiscal fortes, preservar e fortalecer a independência do banco central. Possuir uma política de desenvolvimento tecnológico e produtivo integrado com o mundo para reduzir a dependência do cobre. E compatibilizar com construção da estrutura de bem-estar social de um país desenvolvido.

O chile tinha como ministro da hacienda Andrés Velasco durante a mega crise internacional. E, atualmente, no Ministério da economia tem o Luis Felipe Céspedes. Os dois nomes de peso no mundo acadêmico da economia. Os dois são grandes autores sobre problemas de países emergentes em geral. Ouvidos, lidos e convidados para trabalhar no MIT, Stanford, harvard, London School, Cambridge, banco mundo, FMi e outras.

Enquanto isso, tínhamos no Brasil Guido mantega na fazenda e, o secretário de política econômica, o Arno Augustin que tinha como grande qualificação ter sido secretário da fazenda de porto alegre. E, agora, Nersão Barbosa na fazenda e outro ilustre desconhecido no planejamento. Além do presidente do BC ser uma piada entre os colegas do próprio BC.

[002]

E no chile não temos o partido do governo e seus "economista do bem" propondo uma milagroso plano de recuperação que joga no lixo toda a política econômica que o próprio governo fez. Na verdade, no chile não existe essa coisa de "economista do bem" como existe no br huiehue.
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Re: Para onde vai o Brasil?

#75 Mensagem por JT8D » Qua Mar 16, 2016 9:06 pm

Independentemente do rumo que vai tomar o processo da Lava Jato, o que me pergunto é se, depois desses acontecimentos, esse governo terá condições mínimas de administrar o país. Será que o Legislativo, o Judiciário ou mesmo a sociedade civil vão considerar esse governo um interlocutor legítimo?
A verdade é que mesmo que Dilma continue lá, seu governo já acabou.
Abs,

JT
Trancado