A-12

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Re: A-12

#12781 Mensagem por Clermont » Qua Fev 10, 2016 9:03 am

JL escreveu:No Brasil constroem unidades de saúde, que são inauguradas e tem grandes placas para todos verem que é uma unidade de saúde, os políticos discursam e tudo. Mas na prática, falta médicos, falta equipamentos para exames, falta remédios e falta até insumos básicos. Mas a unidade de saúde existe.

Eu já estive umas duas vezes no São Paulo, posso dizer que o navio é de uma imponência a toda a prova, lindo, passa uma aparência de poder absoluta. Mas é um navio antigo, muito complexo e muito grande. Do jeito que esta ele é semelhante a unidade de saúde que eu citei.

Então começam as críticas, baseadas nas constatações da realidade.

Aí eu pergunto que produz o complexo de vira-lata o sujeito que frequenta a clínica de saúde pública e se depara com o engodo político ou o indivíduo que construiu e mantem a clínica inoperante.

Da mesma forma que tem complexo de vira-lata, o crítico que aponta a verdade sobre o São Paulo ou quem mantem uma esquadra de porto, de papel, ou como queiram chamar.
Wingate escreveu:
Túlio escreveu:Sempre que vejo post neste tópico eu invariavelmente abro pensando em ler algo do tipo


LIBERADO O JOGO NO BRASIL (*)

[img]PORTA-AVIÕES%20SÃO%20PAULO,%20RECENTEMENTE%20DESATIVADO,%20SERÁ%20O%20NOSSO%20PRIMEIRO%20HOTEL-CASSINO[/img]


(*) Engraçado isso de o jogo ser proibido no Brasil: se estou em casa, volta e meia tem criança batendo palma na frente querendo me vender rifa ou algum outro tipo de jogo, supostamente beneficente; se vou ao bolicho, tem jogo do bicho; se vou ao centro passo por um monte de agências lotéricas. Até meu banco e operadoras de cartões de crédito oferecem planos de capitalização com $orteio$ semanais, ou seja, jogo! Que diabos de proibição é essa?
PORTA-AVIÕES SÃO PAULO, RECENTEMENTE DESATIVADO, SERÁ O NOSSO PRIMEIRO HOTEL-CASSINO
E com pista de dança para os frequentadores... 8-]

Wingate
Vocês brincam mas já teve um vice-almirante que teve a mesma idéia, muitos anos atrás...

MINAS GERAIS, O "SUPER-CANECÃO" NAVAL.

Othon Luiz Pinheiro da Silva - JORNAL DO BRASIL, 23 de abril de 1997.

Em janeiro passado, no período de decolagem do carnaval, a pretexto de promover o Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2004, o Ministério da Marinha cedeu, sem licitação, o navio-aeródromo Minas Gerais para um evento mercadológico promovido por conhecido fabricante de sandálias.

O show, com vários artistas, teve grande destaque nas colunas sociais e fofocas da mídia e, segundo os entendidos, "jamais houve tanto avião naquele navio". Presentes à festa, entre outras figuras do jet-set nacional, estavam a viuvinha do Brasil, Maria Teresa Collor, usando peruca colorida e a dublê de policial e mulher-show Marinara, de cuja total intimidade muitos brasileiros já desfrutaram visualmente após sua triunfante aparição na revista Playboy, e que teve seu belo trem de aterrissagem (uma perna) atingido por uma bala em infeliz e etílico acidente.

O nosso quase sexagenário navio-aeródromo, talvez tenha tido então um de seus maiores momentos de glória e serventia em águas brasileiras, pois, desde sua aquisição, a trajetória do Minas Gerais em nossa Marinha só não foi cômica porque significou um rosário de gastos e inutilidades. Entretanto, como "Deus é brasileiro" e o destino muitas vezes escreve certo por linhas tortas, essa festança pode ser aproveitada para nos levar à reflexão e ajudar a corrigir os rumos da Marinha, que no passado nos legou as mais honrosas tradições.

Os recursos empregados nesse navio, somados aos ainda planejados, se utilizados em programas nacionais de pesquisa e desenvolvimento de interesse da própria Marinha (conduzidos adequadamente e com participação de nossa comunidade científica e tecnológica), nos assegurariam um patamar tecnológico que se difundiria pela sociedade, aumentando nossa competitividade e respeito nas relações internacionais.

Ultimamente, além da rotina de permanecer atracado no Arsenal de Marinha, o referido navio tem sido usado em arremedo de operação militar conjunta com a Marinha argentina, em um verdadeiro show terceiro-mundista, onde, uma Marinha com um velho "porta-aviões" que ainda navega mas não possui aviões, colabora com outra que possui aviões sem contudo ter "porta-aviões" que navegue.

A existência de um navio-aeródromo na Marinha brasileira, mesmo sem os defeitos e limitações do quase sexagenário Minas, não resiste a uma análise lógica, isenta de corporativismo e à luz de nossas reais necessidades.

Em linhas gerais, as forças navais das marinhas tem as seguintes características:

Força naval de dissuasão pela capacidade de destruição em massa.

Nascida nos tempos de guerra fria, é constituída principalmente por submarinos estratégicos com propulsão nuclear e mísseis de longo alcance dotados de ogivas nucleares. Esse tipo de força naval não se coaduna com a índole e com o texto constitucional brasileiro.

Força naval com capacidade de projeção de poder.

HIstoricamente utilizada pelas nações poderosas com apetite geopolítico, para facilitar realização de intervenções em regiões consideradas estrategicamente importantes.

A partir da Segunda Guerra Mundial, conta com navios-aeródromos que são na realidade bases aéreas móveis operando em águas internacionais, próximas às regiões passíveis de intervenção ou bloqueio naval. Essa força é de custos muito elevados, pois, além dos navios-aeródromos e da aviação embarcada (caríssima ou inócua, pois necessariamente deve assegurar supremacia aérea no teatro de operações), deve ser adicionado o elevado custo do conjunto de navios coadjuvantes, que são os cruzadores, fragatas e corvetas.

O advento dos satélites e o sensoreamento remoto eliminaram a surpresa, tornando-a força típica de intervenção a ser utilizada por uma nação poderosa contra outra tecnológica e militarmente mais fraca.

Se considerarmos a vontade da sociedade brasileira expressa na Constituição e o fato de que um eventual gesto impensado de projeção de poder por parte do Brasil poderia levar a fortes sanções da comunidade internacional, conclui-se que adquirir ou manter navios para semelhante tipo de força representa dispêndio desnecessário.

Força naval para defesa e para negar o domínio do mar pelo oponente.

Em época de satélites, para ter real expressão militar no mar, é necessário ser invisível ou "invencível". Essa força deve então ser composta por submarinos de caça. Em se tratando de águas restritas, esses submarinos podem ser de propulsão convencional. No Brasil, devido ao litoral muito extenso e pouco entrecortado, é recomendável a adoção de submarinos de caça com propulsão nuclear, em virtude de sua maior mobilidade. Esse tipo de submarino utiliza armamento convencional, e, segundo os tratados internacionais, não é considerado arma nuclear. Apesar dessa interpretação, o desenvolvimento do submarino de caça com propulsão nuclear sofre grandes restrições pela nação hegemônica no cenário mundial.

Patrulha costeira.

Parece não haver dúvidas sobre a necessidade de um bom sistema de patrulha costeira, devidademente articulado com aviação de patrulha baseada em terra e polícias federal e estaduais.

Historicamente, essa atividade tem tido baixa prioridade. Somente após o início do recebimento de royalties do petróleo, a ela especificamente destinados, alguns barcos-patrulha foram construídos. Tornou-se necessário comprar na Inglaterra o projeto para esse tipo simples de embarcação, evidenciando o descaso com a tecnologia naval e com a patrulha costeira.

Na definição do tipo de Marinha que precisamos para o Brasil, devemos inicialmente priorizar a implantação eficiente e confiável sistema de patrulha costeira e apoio às atividades de navegação. A seguir, tirar do servil marasmo a que foi condenado o programa de desenvolvimento do submarino de caça com propulsão nuclear ou assumir que não precisamos de defesa contra ameaça ou intimidação externa.

A lógica nos indica que devemos eliminar os gastos inúteis com navios de superfície de médio e grande portes, cuja finalidade seria projetar ou coadjuvar forças de projeção de poder ou brincar de marinha de guerra.

Eliminando o desnecessário, poderíamos proceder um enxugamento e reengenharia na estrutura de cargos, aprendendo com os navios ou seja, eliminando pesos altos desnecessários.

Ultimamente, os gastos têm sido concentrados no navio-aeródromo e em fragatas e corvetas, navios que na realidade são praticamente inúteis. No governo Itamar, após uma visita do ministro da Marinha à empresa Esca, em agosto de 1993, a ela foi concedido com dispensa de licitação, um contrato de cerca de US$ 60 milhões, dando início a um programa de modificação das fragatas da classe Niterói construídas na década de 70. Esse programa atingrá mais de US$ 800 milhões ao ser completado.

Depois de uma visita do mesmo ministro Ivan Serpa à Inglaterra, foi realizada a compra, sem licitação formal de quatro fragatas a serem entregues ao Brasil no final de sua vida útil na Marinha inglesa. Gastamos mais de US$ 200 milhões para esses navios velhos terem uma sobrevida inútil em nossa Marinha.

O sucesso da festança no Minas Gerais nos sugere mudar de rumo, aproveitar o velho navio-aeródromo para casa de espetáculos, como uma alternativa ao Canecão e ao Metropolitan. Essa privatização acarretaria grande economia, evitando inclusive os gastos com a compra de aviões para reequipá-lo. Como a economia seria o principal resultado para os cofres públicos, ao empresário que aceitasse tal empreitada poderia ser exigido apenas que o casco fosse conservado evitando que soçobrasse e, ao final de sua vida útil como casa de espetáculos, pagasse o preço da sucata ou o devolvesse para ser vendido como tal. Além disso, poderíamos ceder uma das quatro fragatas adquiridas, para que atracada próximo a esse "Super-Canecão", servissse de alerta contra compras sábias e apressadas desssa natureza.

O autor desse artigo ao propor essa idéia exdrúxula visa suscitar o debate a procura da definição do tipo de Marinha que precisamos e, no futuro, evitar gastos desnecessários.


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Re: A-12

#12782 Mensagem por Túlio » Qua Fev 10, 2016 10:35 am

Por este texto se vê bem a razão de terem "caçado" até destruir completamente a reputação do Alte Othon. Desconhecia sua veia irônica, o que apenas aumenta minha admiração por este grande Brasileiro. De fato, o que fala bate certinho com o que penso, ou seja, desconstrói boa parte das fantasias que preconizam uma super-MB. De .ppt em .ppt, avançamos sempre para ficar na mesma, vivendo de sonhos...




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Re: A-12

#12783 Mensagem por FCarvalho » Qua Fev 10, 2016 11:32 am

Eu creio que o texto acima é de uma honestidade quase ofensiva para o almirantado de ontem, de hoje e de sempre.
A mania nacional de sermos um gigante deitado eternamente em berço esplêndido ainda continua a angariar os seus devotos entre os militares.
Só nos falta saber como e quando vamos conseguir, um dia, tirar este tal gigante do seu sono etéreo.

abs.




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Re: A-12

#12784 Mensagem por Lord Nauta » Qua Fev 10, 2016 3:09 pm

Clermont escreveu:
JL escreveu:No Brasil constroem unidades de saúde, que são inauguradas e tem grandes placas para todos verem que é uma unidade de saúde, os políticos discursam e tudo. Mas na prática, falta médicos, falta equipamentos para exames, falta remédios e falta até insumos básicos. Mas a unidade de saúde existe.

Eu já estive umas duas vezes no São Paulo, posso dizer que o navio é de uma imponência a toda a prova, lindo, passa uma aparência de poder absoluta. Mas é um navio antigo, muito complexo e muito grande. Do jeito que esta ele é semelhante a unidade de saúde que eu citei.

Então começam as críticas, baseadas nas constatações da realidade.

Aí eu pergunto que produz o complexo de vira-lata o sujeito que frequenta a clínica de saúde pública e se depara com o engodo político ou o indivíduo que construiu e mantem a clínica inoperante.

Da mesma forma que tem complexo de vira-lata, o crítico que aponta a verdade sobre o São Paulo ou quem mantem uma esquadra de porto, de papel, ou como queiram chamar.
Wingate escreveu: E com pista de dança para os frequentadores... 8-]

Wingate
Vocês brincam mas já teve um vice-almirante que teve a mesma idéia, muitos anos atrás...

MINAS GERAIS, O "SUPER-CANECÃO" NAVAL.

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Em janeiro passado, no período de decolagem do carnaval, a pretexto de promover o Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2004, o Ministério da Marinha cedeu, sem licitação, o navio-aeródromo Minas Gerais para um evento mercadológico promovido por conhecido fabricante de sandálias.

O show, com vários artistas, teve grande destaque nas colunas sociais e fofocas da mídia e, segundo os entendidos, "jamais houve tanto avião naquele navio". Presentes à festa, entre outras figuras do jet-set nacional, estavam a viuvinha do Brasil, Maria Teresa Collor, usando peruca colorida e a dublê de policial e mulher-show Marinara, de cuja total intimidade muitos brasileiros já desfrutaram visualmente após sua triunfante aparição na revista Playboy, e que teve seu belo trem de aterrissagem (uma perna) atingido por uma bala em infeliz e etílico acidente.

O nosso quase sexagenário navio-aeródromo, talvez tenha tido então um de seus maiores momentos de glória e serventia em águas brasileiras, pois, desde sua aquisição, a trajetória do Minas Gerais em nossa Marinha só não foi cômica porque significou um rosário de gastos e inutilidades. Entretanto, como "Deus é brasileiro" e o destino muitas vezes escreve certo por linhas tortas, essa festança pode ser aproveitada para nos levar à reflexão e ajudar a corrigir os rumos da Marinha, que no passado nos legou as mais honrosas tradições.

Os recursos empregados nesse navio, somados aos ainda planejados, se utilizados em programas nacionais de pesquisa e desenvolvimento de interesse da própria Marinha (conduzidos adequadamente e com participação de nossa comunidade científica e tecnológica), nos assegurariam um patamar tecnológico que se difundiria pela sociedade, aumentando nossa competitividade e respeito nas relações internacionais.

Ultimamente, além da rotina de permanecer atracado no Arsenal de Marinha, o referido navio tem sido usado em arremedo de operação militar conjunta com a Marinha argentina, em um verdadeiro show terceiro-mundista, onde, uma Marinha com um velho "porta-aviões" que ainda navega mas não possui aviões, colabora com outra que possui aviões sem contudo ter "porta-aviões" que navegue.

A existência de um navio-aeródromo na Marinha brasileira, mesmo sem os defeitos e limitações do quase sexagenário Minas, não resiste a uma análise lógica, isenta de corporativismo e à luz de nossas reais necessidades.

Em linhas gerais, as forças navais das marinhas tem as seguintes características:

Força naval de dissuasão pela capacidade de destruição em massa.

Nascida nos tempos de guerra fria, é constituída principalmente por submarinos estratégicos com propulsão nuclear e mísseis de longo alcance dotados de ogivas nucleares. Esse tipo de força naval não se coaduna com a índole e com o texto constitucional brasileiro.

Força naval com capacidade de projeção de poder.

HIstoricamente utilizada pelas nações poderosas com apetite geopolítico, para facilitar realização de intervenções em regiões consideradas estrategicamente importantes.

A partir da Segunda Guerra Mundial, conta com navios-aeródromos que são na realidade bases aéreas móveis operando em águas internacionais, próximas às regiões passíveis de intervenção ou bloqueio naval. Essa força é de custos muito elevados, pois, além dos navios-aeródromos e da aviação embarcada (caríssima ou inócua, pois necessariamente deve assegurar supremacia aérea no teatro de operações), deve ser adicionado o elevado custo do conjunto de navios coadjuvantes, que são os cruzadores, fragatas e corvetas.

O advento dos satélites e o sensoreamento remoto eliminaram a surpresa, tornando-a força típica de intervenção a ser utilizada por uma nação poderosa contra outra tecnológica e militarmente mais fraca.

Se considerarmos a vontade da sociedade brasileira expressa na Constituição e o fato de que um eventual gesto impensado de projeção de poder por parte do Brasil poderia levar a fortes sanções da comunidade internacional, conclui-se que adquirir ou manter navios para semelhante tipo de força representa dispêndio desnecessário.

Força naval para defesa e para negar o domínio do mar pelo oponente.

Em época de satélites, para ter real expressão militar no mar, é necessário ser invisível ou "invencível". Essa força deve então ser composta por submarinos de caça. Em se tratando de águas restritas, esses submarinos podem ser de propulsão convencional. No Brasil, devido ao litoral muito extenso e pouco entrecortado, é recomendável a adoção de submarinos de caça com propulsão nuclear, em virtude de sua maior mobilidade. Esse tipo de submarino utiliza armamento convencional, e, segundo os tratados internacionais, não é considerado arma nuclear. Apesar dessa interpretação, o desenvolvimento do submarino de caça com propulsão nuclear sofre grandes restrições pela nação hegemônica no cenário mundial.

Patrulha costeira.

Parece não haver dúvidas sobre a necessidade de um bom sistema de patrulha costeira, devidademente articulado com aviação de patrulha baseada em terra e polícias federal e estaduais.

Historicamente, essa atividade tem tido baixa prioridade. Somente após o início do recebimento de royalties do petróleo, a ela especificamente destinados, alguns barcos-patrulha foram construídos. Tornou-se necessário comprar na Inglaterra o projeto para esse tipo simples de embarcação, evidenciando o descaso com a tecnologia naval e com a patrulha costeira.

Na definição do tipo de Marinha que precisamos para o Brasil, devemos inicialmente priorizar a implantação eficiente e confiável sistema de patrulha costeira e apoio às atividades de navegação. A seguir, tirar do servil marasmo a que foi condenado o programa de desenvolvimento do submarino de caça com propulsão nuclear ou assumir que não precisamos de defesa contra ameaça ou intimidação externa.

A lógica nos indica que devemos eliminar os gastos inúteis com navios de superfície de médio e grande portes, cuja finalidade seria projetar ou coadjuvar forças de projeção de poder ou brincar de marinha de guerra.

Eliminando o desnecessário, poderíamos proceder um enxugamento e reengenharia na estrutura de cargos, aprendendo com os navios ou seja, eliminando pesos altos desnecessários.

Ultimamente, os gastos têm sido concentrados no navio-aeródromo e em fragatas e corvetas, navios que na realidade são praticamente inúteis. No governo Itamar, após uma visita do ministro da Marinha à empresa Esca, em agosto de 1993, a ela foi concedido com dispensa de licitação, um contrato de cerca de US$ 60 milhões, dando início a um programa de modificação das fragatas da classe Niterói construídas na década de 70. Esse programa atingrá mais de US$ 800 milhões ao ser completado.

Depois de uma visita do mesmo ministro Ivan Serpa à Inglaterra, foi realizada a compra, sem licitação formal de quatro fragatas a serem entregues ao Brasil no final de sua vida útil na Marinha inglesa. Gastamos mais de US$ 200 milhões para esses navios velhos terem uma sobrevida inútil em nossa Marinha.

O sucesso da festança no Minas Gerais nos sugere mudar de rumo, aproveitar o velho navio-aeródromo para casa de espetáculos, como uma alternativa ao Canecão e ao Metropolitan. Essa privatização acarretaria grande economia, evitando inclusive os gastos com a compra de aviões para reequipá-lo. Como a economia seria o principal resultado para os cofres públicos, ao empresário que aceitasse tal empreitada poderia ser exigido apenas que o casco fosse conservado evitando que soçobrasse e, ao final de sua vida útil como casa de espetáculos, pagasse o preço da sucata ou o devolvesse para ser vendido como tal. Além disso, poderíamos ceder uma das quatro fragatas adquiridas, para que atracada próximo a esse "Super-Canecão", servissse de alerta contra compras sábias e apressadas desssa natureza.

O autor desse artigo ao propor essa idéia exdrúxula visa suscitar o debate a procura da definição do tipo de Marinha que precisamos e, no futuro, evitar gastos desnecessários.


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Parabéns pela postagem. [100] [100] [100]



BZ para o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva.
[009] [009] [009] [009] [009] [009] [009]

Apenas substituam o nome Minas Gerais por São Paulo. :evil:




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Re: A-12

#12785 Mensagem por Carlos Lima » Qua Fev 10, 2016 3:46 pm

FCarvalho escreveu:Eu creio que o texto acima é de uma honestidade quase ofensiva para o almirantado de ontem, de hoje e de sempre.
A mania nacional de sermos um gigante deitado eternamente em berço esplêndido ainda continua a angariar os seus devotos entre os militares.
Só nos falta saber como e quando vamos conseguir, um dia, tirar este tal gigante do seu sono etéreo.

abs.
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CB_Lima = Carlos Lima :)
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Re: A-12

#12786 Mensagem por FCarvalho » Qua Fev 10, 2016 4:39 pm

É aquele negócio. Brasileiro não tem noção das coisas. Ainda vivemos em um país onde a maioria da população tem como elementos principais de suas preocupações dar completude as suas necessidades mais básicas. Algo muito parecido com os USA nos períodos pré-guerra.

Difícil pensar que uma suposta classe dirigente de um país assim vá mesmo se ocupar de pensar o Brasil em níveis geoestratégicos mundiais, ou mesmo regionais.

Aliás, a única coisa que nos difere deles neste sentido, é que eles acordaram em tempo para a vida e para o mundo. Nós aqui ainda acreditamos estar em berço esplêndido, e portanto, nada nos empata, nada nos desacomoda e menos ainda tem haver com conosco se o mundo lá fora está incomodado ou não conosco. Afinal, amanhã parece ser sempre outro dia neste país nascido de frente para o mar... mas que nunca quis aprender de fato a nadar.

abs.




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Re: A-12

#12787 Mensagem por Lord Nauta » Qua Fev 10, 2016 5:13 pm

FCarvalho escreveu:É aquele negócio. Brasileiro não tem noção das coisas. Ainda vivemos em um país onde a maioria da população tem como elementos principais de suas preocupações dar completude as suas necessidades mais básicas. Algo muito parecido com os USA nos períodos pré-guerra.

Difícil pensar que uma suposta classe dirigente de um país assim vá mesmo se ocupar de pensar o Brasil em níveis geoestratégicos mundiais, ou mesmo regionais.

Aliás, a única coisa que nos difere deles neste sentido, é que eles acordaram em tempo para a vida e para o mundo. Nós aqui ainda acreditamos estar em berço esplêndido, e portanto, nada nos empata, nada nos desacomoda e menos ainda tem haver com conosco se o mundo lá fora está incomodado ou não conosco. Afinal, amanhã parece ser sempre outro dia neste país nascido de frente para o mar... mas que nunca quis aprender de fato a nadar.

abs.


Prezado Colega,

Fantástica esta frase: - '' neste país nascido de frente para o mar... mas que nunca quis aprender de fato a nadar''. Peço licença para utiliza-la em algumas mensagens.

Parabéns pela síntese da nossa relação com o mar.


[009] [009] [009] [009] [009]


Sds

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Re: A-12

#12788 Mensagem por FCarvalho » Qua Fev 10, 2016 5:29 pm

A tem toda meu caro amigo Lord. :)

abs.




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Re: A-12

#12789 Mensagem por FIGHTERCOM » Qua Fev 10, 2016 6:35 pm

Agora é esperar para que a nova geração de almirantes da MB seja mais realista e menos ufanista...


Abraços,

Wesley




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Re: A-12

#12790 Mensagem por JL » Qua Fev 10, 2016 10:42 pm

Faço aqui uma ressalva.

A época em que o Minas Gerais foi adquirido, apresentava uma situação completamente diferente da atual. Primeiro existia uma forte rivalidade com a Argentina, a qual já operava o ARA Independencia, com jatos de ataque de origem norte americana F9F Panther y F9F Cougar, da para imaginar. Igual a Aviação Naval usada na Guerra da Córeia, ocorrida há algumas décadas antes. Depois os Argentinos passaram para o ARA 25 de mayo e passaram para jatos Skyhawk, os mesmos que a US.Navy usou no Vietnam. E estavam fazendo a transição para os Super Etandard, por causa do impedimento de vendas de armas pelos EUA devido a Ditadura Argentina. Iriam operar os mesmos aviões da Marinha Francesa. No entanto veio o conflito das Malvinas e aí começou a derrocada deles.

Se tivesse havido um conflito e ocorre-se alguma batalha naval de superfície a Marinha Brasileira teria tido problemas com a aviação embarcada argentina.
Ou seja, a Marinha agiu bem adquirindo o Minas, no entanto, sempre foi prejudicada pela FAB que impediu o uso de aeronaves de asa fixa a bordo, havendo um acordo, passando a FAB a operar a bordo os S 2 Tracker, anti submarino, quando a FAB sentindo a dificuldade de manter estas aeronaves as desativou a Marinha ficou sem aviões.

A Marinha chegou a atingir uma boa capacidade, operando 24 horas, no Minas, lembro que ele nas visitas vinha nos exercícios com 04 Grumman Tracker, denominado aqui de P 16, quatro helicópteros Sh 3, mas um Puma e dois Esquilos. Se contar que cada fragata vinha com um Sea Lynx e os contratorpedeiros com Wasp, e que nas visitas chegavam a vir 03 fragatas e 06 contratorpedeiros, temos: 16 aeronaves em um exercício.
No entanto a marinha dormiu e o tempo passou a aviação naval se transformou, na época da aquisição do Minas haviam várias opções de aeronaves usadas aptas a operar em um navio aerodromo pequeno como ele, da Grã Bretanha, tinhamos: Sea Hawk, Sea Vixen, Vampire etc, Gnat, da França haviam os Etandard IV e os Alizé e dos EUA tínhamos: Tracker, Skyhawk e Skyraider. Porém os aviões navais foram crescendo e logo não havia opções. Ou a Marinha entrava no Harrier, como fizeram outros países ou ficava esperando um grande Nae para operar aeronaves pesadas.

O resultado todos sabem, um projeto retrô, para um navio também retrô.

Vou finalizar. O Sampa vai ficar de molho e ao que tudo indica é seu fim. E com ele o fim do sonho da aviação naval brasileira, pois ou a Marinha arranja dinheiro para recuperar o São Paulo ou a cada ano vai ficar mais caro fazer e depois de colocar o navio operacional vai precisar de mais dinheiro para comprar alguns F 18 ou Rafale. Quem sabe consegue bancar o desenvolvimento do Sea Gripen. Talvez no futuro distante possa ter o F 35 quando este estiver disponível e haja algum navio no futuro que o permita embarcar.




Dos cosas te pido señor, la victoria y el regreso, pero si una sola haz de darme, que sea la victoria.
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Re: A-12

#12791 Mensagem por Tikuna » Qui Fev 11, 2016 6:13 pm

Carlos Lima escreveu:
FCarvalho escreveu:Eu creio que o texto acima é de uma honestidade quase ofensiva para o almirantado de ontem, de hoje e de sempre.
A mania nacional de sermos um gigante deitado eternamente em berço esplêndido ainda continua a angariar os seus devotos entre os militares.
Só nos falta saber como e quando vamos conseguir, um dia, tirar este tal gigante do seu sono etéreo.

abs.
Pois é,

Infelizmente levamos essa parte do hino nacional muito à sério :|

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E essa parte:

Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte


levamos à sério sim, pois a unica coisa que nos restaria com barcos tão defasados, é a morte mesmo.
Infelizmente. Somos a argentina da guerra das malvinas. Nossa esquadra parou no tempo.

Abraços




"Most people do not listen with the intent to understand; they listen with the intent to reply."
- Stephen R. Covey
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Re: A-12

#12792 Mensagem por JL » Qui Fev 11, 2016 8:02 pm

Vou tentar ser otimista, talvez desta feita os almirantes aprendam de vez em que país vivem e no futuro ao invés de idealizarem planos perfeitos na teoria, dignos de alçar o Brasil ao patamar de uma potência, projetem planos viáveis de serem realizados. Se isto tivesse sido feito no passado, certamente as coisas seriam diferentes.

Vejam falam da Africa, mas dois países um deles a África do Sul, um país com muito menos tradição naval que nós, tem quatro fragatas no estado da arte operacionais, algo que seria absolutamente normal para nós.

Outro país africano, sem nenhuma tradição naval o Marrocos tem uma fragata FREMM, três corvetas Sigma, o pobre Marrocos um país minúsculo quando comparado ao Brasil, tem uma fragata FREMM, custo de 700 milhões de dólares.

Claro que aqui os navios seriam construídos aqui, haveria transferência de tecnologia etc, etc. Sairiam muito mais caros, eles pelo menos no caso do Marrocos, trata-se de uma compra de prateleira, sem a mínima base logística, mas mesmo assim é duro, pensar nós com navios de 40 anos e eles com navios novos.

Em algum lugar no caminho erramos a curva.




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Re: A-12

#12793 Mensagem por LeandroGCard » Qui Fev 11, 2016 8:13 pm

JL escreveu:Em algum lugar no caminho erramos a curva.
Aqui [003] [003] [003] :

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ca/Cabral_voyage_1500_PT.png
- Azul: Rota prevista.
- Vermelho: Rota executada.



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Re: A-12

#12794 Mensagem por JL » Qui Fev 11, 2016 8:23 pm

Não tinha pensado em algo tão no passado. Mas alguém me acenda a chama da esperança, nestes tempos sombrios.




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Re: A-12

#12795 Mensagem por Wingate » Qui Fev 11, 2016 8:50 pm

Prezados colegas,

Em vista dos comentários acima, retomamos a velha questão:

-Será que somos uma nação que está fadada a ser fraca, militarmente? Digo isso porque não há, como foi comentado, uma mentalidade nacional voltada seriamente à nossa Defesa.

Senão, vejamos:

-Não conseguimos desenvolver uma mentalidade marítima, apesar do valor e das tradições de nossas Marinhas de Guerra e Mercante;
-Embora sejamos a terra de Santos Dumont, tirar um brevê de piloto privado (nem ouso falar da aviação militar e comercial) nesse país é praticamente inatingível para a grande maioria da população;
-Apesar das glórias, tradição e feitos de nosso Exército, ele quase nunca é citado na maioria das escolas públicas e privadas, como se não existisse. Servir ao EB para muitos, é uma amolação, um atraso de vida, uma perda de tempo.

Com todo esse desprezo, essa má vontade, esse "relaxo", como poderíamos ser um dia grandes nessa área?

Admiro-me de ainda termos um CTA, uma EMBRAER, uma IMBEL (com todos os seus possíveis defeitos e qualidades) em nossa terra. Por quanto tempo?

Até no futebol fomos implacavelmente destronados (Prêmio Nobel então, nem pensar...).

Quem sabe nossa vocação não esteja na assistência humanitária tipo "médicos sem fronteira" ou algo assim?

Talvez estejamos mais para Ana Neri do que para Barroso, Caxias, ou os grandes Ases do Senta a Pua.

Digo isso sem qualquer sarcasmo mas com amargura.

O que somos, afinal? E o que queremos ser, num distante futuro, quando finalmente crescermos?

SDS,

Wingate




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