Túlio escreveu:Cavalheiros, estou pasmo de me ver citado tantas vezes totalmente fora do contexto: a citação se referia ao que a MB fez noa anos 70, pagando à Alemanha para
supostamente aprender a fazer sub a partir de um modelo já operacional - IKL 209-1400 - e à Inglaterra para
supostamente aprender a fazer fragata - Classe Niterói, um meio termo entre a já então antiga Leander e a quase pronta Type 22.
()?!
Na década passada, foi anunciado que iríamos pagar à França para
supostamente aprendermos a fazer sub (mas perae, e o que pagamos aos Alemães nos anos 70?) e a um País não citado para
supostamente aprendermos a fazer fragata, o que não chegou a acontecer porque o PROSUPER afundou antes. Que máxima podemos extrair daí? Oras, que as gerações posteriores repetem à risca os erros das anteriores. Mas, a rigor, os acertos também. E finalmente voltamos ao tópico.
Mencionar o Programa AX, que depois se tornou AMX, como um fim em si e julgar apenas pelos resultados diretos para a FAB é de um reducionismo atroz: nem é questão de nos limitarmos aos ganhos tecnológicos da EMBRAER, mas de outros efeitos, como a criação de empresas como a Aeroeletrônica (hoje AEL, comprada que foi pela Elbit, que começou com 40% do capital e depois comprou o resto) para fazer aviônicos aqui ou a que resultou na atual MECTRON (hoje parte do grupo Odebrecht e em vias de ter, para começar, metade de seu capital vendido aos Chineses). Os ganhos totais foram muito maiores do que os custos do Programa e aquisição de meia centena de aeronaves. Porque, mesmo com pouquíssima experiência, fizemos
JUNTO com os Italianos! A evolução do conhecimento obtido pode ser avaliada se relembrarmos como foi quando a Venezuela encomendou (depois os EUA vetaram) alguns como
Trainers com capacidade de ataque, mas em uma versão muitíssimo melhorada. À medida que as discussões do grupo Ítalo-Brasileiro sobre como fazer o que a FAV pedia evoluíam, ficou assombrosamente claro que iam sendo paulatinamente lideradas pelos Brasileiros, que haviam começado com menos de 30% do Programa. O espanto dos Italianos não poderia ser maior...
E me parece que este mesmo ciclo se repete agora com o Gripen: estamos fazendo
JUNTO com os Suecos (que têm muito desenho e até Demo mas sequer
UM protótipo, nem mesmo aquele que nunca voa, sendo usado para checar e melhorar RCS, testes em túnel de vento, vibração, etc) e agora, a partir do que já aprendemos com o AMX,
podemos dar este passo com confiança. Notar ainda que é
O ÚNICO Programa que nos oferece isso, ou seja, uma Empresa com sólidos conhecimentos sobre caças de alto desempenho (chequem a SAAB e me digam qual outra aeronave eles estão desenvolvendo, qual outra eles fabricam ou montam inteira em suas instalações:
ZERO!) mas que ou leva a bom termo o NG ou dá adeus à sua capacidade de desenvolvimento e produção independente de aeronaves, passando a ser definitivamente o que na prática quase já é: uma subcontratada da Boeing e Airbus, fornecendo peças, partes e mesmo subconjuntos inteiros para aeronaves estrangeiras. E isso não estava sobre a mesa com
nenhum outro dos concorrentes do FX: os EUA não vão perder sua capacidade de produção aeronáutica em geral e de caças em particular se não exportarem F-18 (projeto pronto, aliás); a França embirrou com os Indianos e parece que acabou se acertando com os Egípcios, ou seja, seu Rafale (projeto pronto, aliás) e sua independência na capacidade de desenvolver e construir aeronaves (incluindo caças) também não corre riscos. E aí olhemos para o futuro:
Poucas coisas, em termos de caças, são tão óbvias como que o próximo caça Europeu será feito em conjunto, por Empresas experientes e
up-to-date neste tipo de desenvolvimento. Até os mais renitentes (os Franceses) já admitem isso. Não vai ter, como hoje, três
eurocanards disputando contratos uns contra os outros, vai ser um único 5G ou mesmo 6G feito entre todos os
capazes e disputando mercado no mundo todo. Para a SAAB isso significa que ou o Gripen NG deslancha e se torna um caça excelente ou vai ter que se contentar com a condição de eterna subcontratada, sem desenvolver (nem mesmo como parte sócia de um grupo maior) nada com alto valor financeiro
e tecnológico agregado. E o Governo Sueco está vendo isso.
E me parece que a FAB viu também. E convenceu o GF. Se tem alguém no mundo disposto a sacrificar alguns anéis para salvar os dedos, bueno, são os Suecos. É vida ou morte para sua Indústria Aeronáutica. Assim, ao menos a meu ver, são de longe os mais propensos a uma colaboração bem extensa conosco, compartilhando recursos técnicos e custos para desenvolver e atualizar tecnologia de ponta com a intenção de, quando se formar o grupo de estudos que definirá o futuro caça Pan-Europeu, estejam perfeita e indiscutivelmente qualificados para participar desde o princípio. A alternativa lhes seria amarga. E nós, Brasileiros, só temos a ganhar com isso. E volto ao AMX: olhemos um pouco menos para uma parte (a de baixo, infelizmente) do que representou este programa e um pouco mais para o quadro geral, onde se destaca o progresso tecnológico e industrial que este Programa trouxe. Será tão difícil assim, vislumbrar o Gripen com os mesmos olhos? Para mim parece ÓBVIO...
É a minha opinião.