MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Área para discussão de Assuntos Gerais e off-topics.

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
prp
Sênior
Sênior
Mensagens: 9110
Registrado em: Qui Nov 26, 2009 11:23 am
Localização: Montes Claros
Agradeceu: 140 vezes
Agradeceram: 430 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6151 Mensagem por prp » Qui Out 22, 2015 12:08 pm

J.Ricardo escreveu:
prp escreveu:A oposição barrou todas as propostas de Levy, todas. Não passou uma sequer. Eu se fosse ele já tinha dado o pé. Se eu fosse a Dilma já tinha mandado todo mundo tomar no cu.
Negativo, a maior oposição ao Levy vem do próprio PT e sua majoritária bancada "amiga".
Negativo, o PT sempre votou a favor de todas as propostas do Levy. A bancada "amiga" é o PMDB e a turma do Cunha, que junto com a oposição barrou todas as propostas do Levy.




Avatar do usuário
mmatuso
Sênior
Sênior
Mensagens: 3404
Registrado em: Sáb Nov 05, 2011 7:59 pm
Agradeceu: 662 vezes
Agradeceram: 167 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6152 Mensagem por mmatuso » Qui Out 22, 2015 12:49 pm

Isso é tanto verdade que o governo retomar o rumo era interesse do PT.

Não tenho dúvida nenhuma que o prolongamento da crise essa gente também entra no bolo como culpados.




Avatar do usuário
Bourne
Sênior
Sênior
Mensagens: 21086
Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
Localização: Campina Grande do Sul
Agradeceu: 3 vezes
Agradeceram: 21 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6153 Mensagem por Bourne » Qui Out 22, 2015 2:14 pm

A economia está despencando desde o primeiro trimestre de 2014. Muito antes do Levy assumir e quando pessoal do tesouro alertava que teria problemas fiscal logo.

Imagem

Observem que em idos de 2012 teve a política de incentivo ao crescimento que serviu para dar um respiro, mas saiu caro e ajudou a derrubar as coisas a partir do fim de 2013.




Quiron
Sênior
Sênior
Mensagens: 1375
Registrado em: Sáb Abr 01, 2006 9:41 pm
Localização: Brasília-DF.
Agradeceu: 28 vezes
Agradeceram: 76 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6154 Mensagem por Quiron » Sex Out 23, 2015 9:14 am

A única medida do Levy que os petistas apóiam é aumento de imposto, de resto vivem pedindo a cabeça do ministro.




nveras
Sênior
Sênior
Mensagens: 2627
Registrado em: Dom Ago 02, 2009 1:16 pm
Agradeceu: 203 vezes
Agradeceram: 147 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6155 Mensagem por nveras » Sex Out 23, 2015 11:01 am

Quiron escreveu:A única medida do Levy que os petistas apóiam é aumento de imposto, de resto vivem pedindo a cabeça do ministro.
Pois é né. Pra que tanto criticava a carga tributária. :evil:




Não é nada meu. Não é nada meu. Excelência eu não tenho nada, isso é tudo de amigos meus.
Avatar do usuário
Bourne
Sênior
Sênior
Mensagens: 21086
Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
Localização: Campina Grande do Sul
Agradeceu: 3 vezes
Agradeceram: 21 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6156 Mensagem por Bourne » Sáb Out 24, 2015 6:54 pm

Economista diz ter sido questionado na reunião do FMI sobre o risco de o País mudar a política econômica
‘Não vejo apoio no Brasil para uma aventura populista'

WASHINGTON - A possibilidade de o Brasil adotar políticas econômicas "populistas" foi objeto da maioria dos questionamentos ouvidos pelo representante do País no Fundo Monetário Internacional (FMI), Otaviano Canuto, durante reunião em Lima no início do mês. "Felizmente, a resposta é 'não'. Há perfeita consciência do governo e da maior parte da oposição de que resvalar para políticas inconsequentes não é bom para ninguém", afirmou.

O representante do Brasil e de outros dez países no FMI disse que não foi convidado para assumir o Ministério da Fazenda, negando rumores que circularam no mercado na semana passada. "Joaquim Levy é o cara certo, no lugar certo, na hora certa." A seguir, trechos da entrevista:

É possível reduzir juros e aumentar crédito, como o presidente do PT, Rui Falcão, defendeu?

Duvido que recorrer a crédito frouxo dê grande resultado se a política econômica não conseguir convencer empresários e investidores de que o retorno de seus investimentos ajustados aos riscos é favorável. Recorrer a crédito sem alterar a desconfiança dos empresários e investidores em relação ao futuro dá no máximo um impulso à demanda por alguns meses - se conseguir fazer isso - e não revitaliza os empregos e o investimento.

Há uma política alternativa à de Levy que seja sustentável?

Não. Pode-se discutir as formas e esse é um debate legítimo. Mas não há como imaginar que a economia voltará a crescer sem equacionar a questão fiscal. No curto prazo, há a necessidade de uma resposta que proteja a economia da possibilidade de um segundo “downgrade” (rebaixamento) pelas agências de rating. O ponto de partida é uma estrutura muito rígida do orçamento público, e a margem de manobra para reverter o fluxo primário negativo é muito limitada. Na medida em que se construa algum tipo de segurança para essa travessia, a discussão passa a se encaminhar às questões mais de fundo, aos ajustes com horizonte mais longo.

O curto prazo é a CPMF e o ajuste proposto pelo governo?

Sim, já que vários dos itens de gastos públicos de 2016 não podem ser revertidos. Um dos problemas básicos das contas públicas é o excesso de vinculações e indexações. Alguns gastos sobem sem que você faça qualquer coisa. Não há como imaginar atravessar o curto prazo sem pelo menos um leve aumento na arrecadação tributária. Esse tributo temporário é para cobrir um buraco, não é aumento da carga. É difícil? É, mas é bem menos ruim do que um terceiro ano com saldo primário negativo em 2016.

Por quê?

Essa é a fragilidade principal da economia e é a grande correção que falta ser feita. Houve correção significativa dos preços administrados, que estavam defasados em relação aos preços livres. Outra correção de preços que vem ocorrendo é entre os preços domésticos e os internacionais, por meio da taxa de câmbio. A terceira variável foi evitar que esse choque virasse uma inércia inflacionária. Mesmo com uma mudança brutal de preços, as expectativas para a inflação em 2016 continuam ao redor dos 6%, graças à política monetária. A variável que falta é a fiscal. A meta inicial (de superávit primário) teve de ser reduzida e há possibilidade de que seja revisada para patamares mais baixos.

E passado o curto prazo?

Está mais do que na hora de passar um pente-fino em todos os itens de gastos de governo e ver em que medida eles refletem necessidades das camadas mais pobres da população ou estão associados a necessidades da articulação do setor privado com o setor público para a economia funcionar em termos de investimentos. Em cada uma das caixinhas vamos encontrar níveis de gastos que não são explicados por essas duas. Um caso óbvio: Previdência. É necessário discutir uma idade mínima da Previdência que torne o Brasil mais parecido com o resto do mundo. O Brasil tem um gasto com Previdência próximo ao de países escandinavos ou da Europa continental. Esses países têm uma parcela de população idosa que é o dobro da brasileira.

O sr. acabou de participar da reunião do FMI. Quais as perguntas que ouviu com mais frequência em relação ao Brasil?

Na questão macro, é se existe o risco de o Brasil resvalar para políticas populistas por causa da desaceleração. Felizmente, a resposta é ‘não’. Há perfeita consciência do governo e da maior parte da oposição de que resvalar para políticas inconsequentes não é bom para ninguém. Além disso, sempre há perguntas sobre setores específicos, o que mostra que o investidor está tentando acompanhar o que ocorre.

Dá para avançar sem resolver o imbróglio político?

O imbróglio político tem de ter um encaminhamento. Não vejo nenhuma disposição na sociedade civil para dar apoio a aventuras populistas. Uma pergunta que me fizeram mais de uma vez nos últimos três meses foi “há risco de reemergência de controles de capitais? O Brasil não vai virar uma Argentina?”. Minha resposta é a que o Brasil está em uma trajetória oposta. A Argentina teve uma profunda crise, derivada do desmonte de um regime extremamente rígido, que foi o currency board (paridade cambial da moeda local, o peso, com o dólar), que desaguou em uma crise política, para a qual a resposta de política econômica foi populista. O Brasil está vivendo um processo em que, depois de um hiperativismo fiscal e intervencionista dos últimos anos, caminha na direção de uma base estável de equilíbrio fiscal e macroeconômico.

Qual era o grau de preocupação em relação ao Brasil na reunião do FMI?

Era elevado no sentido de que havia um interesse enorme e porque o Brasil tem um peso sistêmico. Eventos negativos no Brasil tendem a se transmitir por vários dos mecanismos de contágio para outras economias emergentes.

O sr. foi convidado para ser ministro da Fazenda?

Não existiu nada disso. Nada passou de especulação completamente infundada. E eu, como brasileiro fiquei muito feliz, porque Joaquim Levy é o cara certo, no lugar certo, na hora certa.

http://economia.estadao.com.br/noticias ... ta,1784499#




Avatar do usuário
prp
Sênior
Sênior
Mensagens: 9110
Registrado em: Qui Nov 26, 2009 11:23 am
Localização: Montes Claros
Agradeceu: 140 vezes
Agradeceram: 430 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6157 Mensagem por prp » Sáb Out 24, 2015 11:38 pm

nveras escreveu:
Quiron escreveu:A única medida do Levy que os petistas apóiam é aumento de imposto, de resto vivem pedindo a cabeça do ministro.
Pois é né. Pra que tanto criticava a carga tributária. :evil:
Nada disso. O PT apoiou todas as medidas do Levy, quem não apoiou foram os chantagistas de plantão capitaneados pelo Cunha e Renan.
A única coisa que o PT discordou do Levy foi a não taxação de grandes fortunas.
O PT sabe que para o país sair do buraco tem que haver o ajuste, alias, todos sabem, mas alguns querem que o país seja destruído para que fiquem com os restos e voltem ao poder.




Avatar do usuário
mmatuso
Sênior
Sênior
Mensagens: 3404
Registrado em: Sáb Nov 05, 2011 7:59 pm
Agradeceu: 662 vezes
Agradeceram: 167 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6158 Mensagem por mmatuso » Qui Out 29, 2015 8:35 pm

Governo quer autorização para rombo de R$ 117,9 bilhões em 2015

Pedido consta em ofício enviado ao Congresso para mudar meta fiscal.
Governo quer poder abater até R$ 55 bilhões em 'pedaladas fiscais'.
Alexandro Martello e Fernanda Calgaro
Do G1, em Brasília
FACEBOOK
No ofício que encaminhou nesta semana ao Congresso Nacional para revisar a meta fiscal deste ano, o governo pede autorização do Legislativo para que as suas contas possam ter um rombo recorde de R$ 117,9 bilhões. Esse valor considera o abatimento de até R$ 55 bilhões para compensação das "pedaladas fiscais" – que são pagamentos atrasados a bancos públicos.
Conforme divulgado na terça-feira (27), a meta fiscal de 2015 foi revisada de novo, passando de um superávit – economia para pagar juros da dívida – de R$ 8,7 bilhões para um déficit de R$ 51,8 bilhões nas contas do governo.
ARTE - rombo nas contas do governo (Foto: Arte/G1)
Também já tinha sido divulgada a possibilidade de abater dessa meta fiscal a receita esperada do leilão das hidrelétricas, previsto para novembro, caso ele não venha a acontecer. Isso aumentaria o rombo em R$ 11,1 bilhões.
Entretanto, o valor da "pedaladas" ainda não tinha sido detalhado.
Valores
Nesta quinta-feira, mais cedo, o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, declarou que as "pedaladas" do últimos anos não superariam a marca dos R$ 50 bilhões. Com isso, o déficit fiscal poderia subir para até R$ 112,8 bilhões.
Entretanto, no ofício encaminhado ao Congresso, o governo pede para que o abatimento na meta, das "pedaladas fiscais", seja de até R$ 55 bilhões.
Assim, caso o Tribunal de Contas da União determine que o governo deve pagar as pedaladas ainda neste ano, e caso o leilão das hidrelétricas não ocorra em 2015, o déficit nas contas poderia atingir a marca recorde de R$ 117,9 bilhões – o equivalente a 2,05% do PIB.
"O abatimento da meta pela frustração de receitas de concessões pode alcançar R$ 11,1 bilhões, e com o pagamento de passivos ainda em discussão outros R$ 55 bilhões. A União está autorizada, nessas circunstâncias, a ter déficit de até R$ 117,9 bilhões (2,05% do PIB), ou desempenho ainda pior, se estados e municípios superarem sua cota", diz o documento divulgado pelo relator da proposta de alteração da meta fiscal, deputado Hugo Leal (Pros-RJ)
Para o resultado de todo o setor público (que engloba os estados, municípios e empresas estatais), o governo pede autorização para que o déficit possa ser de R$ 114,96 bilhões – o equivalente a 2% do PIB.
Nesse pedido, o governo considera que as contas dos estados e municípios terão superávit de R$ 2,9 bilhões neste ano.

O aumento da dívida pública tem outro efeito: só de juros, o governo já gastou R$ 408,3 bilhões.
Relator aceita proposta
O deputado Hugo Leal, relator do projeto de lei que altera a meta fiscal deste ano, deu parecer favorável à aprovação, sob a justificativa de que não se pode ignorar as dificuldades financeiras enfrentadas pelo país e que a proposta dá a "transparência necessária à boa condução da gestão das finanças públicas".
Imagem

Ele observou ainda que o ajuste fiscal tem sido feito “a duras penas” devido à piora na arrecadação em razão da queda da atividade econômica e atribuiu esse quadro em parte à modificação pelo Congresso de algumas medidas fiscais propostas pelo governo.
“Houve e há oposição a algumas medidas fiscais propostas e seus efeitos foram atenuados na tramitação dos projetos”, disse Hugo Leal.
Para o deputado, o quadro econômico é “desalentador, mostrando a deterioração dos indicadores”. “A LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] em vigor contemplava crescimento positivo para 2015, chegando a 2,3% no ano em 2017; agora, temos queda do PIB em 2015 de 2,8%, queda em 2016 de 1%”, afirmou no parecer.
Reequilíbrio
Ele destacou, porém, que o governo tem usado todos os mecanismos para reequilibrar o orçamento. “Temos que reconhecer que há um esforço legítimo para equacionar o déficit público e restabelecer a confiança na capacidade de o país superar os percalços vividos neste momento atípico”, disse Hugo Leal.
O parlamentar acrescentou ainda que o projeto de lei enviado pelo Executivo “prima pela transparência” ao explicitar a realidade das finanças públicas”. “Mesmo diante das adversidades, não há abandono da disciplina fiscal”, afirmou.
Ele defendeu o abatimento da meta de até R$ 11,1 bilhões por considerar que o adiamento do leilão das usinas hidrelétricas poderia inviabilizar o ingresso de recursos ainda em 2015.
Em relação às "pedaladas fiscais", o relator também entendeu que o abatimento deve ser autorizado, mas sujeito a um limite máximo de até R$ 55 bilhões. Ele alegou que ainda há incerteza sobre os valores dos desembolsos que teriam sido feitos neste ano, mas justificou que deixar a meta de resultado primário sem um piso "não contribuiria para o restabelecimento da confiança indispensável à superação do momento adverso".
Resultado até setembro
Com a confirmação de que as contas públicas ficarão no vermelho em 2015, serão dois anos consecutivos de resultados negativos – algo também inédito. No ano passado, o setor público registrou um déficit primário inédito de R$ 32,53 bilhões, ou 0,63% do PIB.

De janeiro a setembro deste ano, o Tesouro Nacional informou que as contas do governo registraram um déficit primário de R$ 20,93 bilhões – o pior resultado para o período em 19 anos.
Já os estados e municípios registraram superávit de janeiro a setembro de 2015. As contas do setor público registraram, na parcial deste ano, um déficit primário de R$ 8,42 bilhões. Com isso, houve queda do déficit frente ao mesmo período do ano passado, quando foi registrado um resultado negativo de R$ 15,28 bilhões.
________________
:shock: Simplesmente bizarro isso.

Será que avisaram para a Dilma que não é cheque especial, onde pode gastar, fazer divida e depois negociar?




Quiron
Sênior
Sênior
Mensagens: 1375
Registrado em: Sáb Abr 01, 2006 9:41 pm
Localização: Brasília-DF.
Agradeceu: 28 vezes
Agradeceram: 76 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6159 Mensagem por Quiron » Qui Out 29, 2015 9:36 pm

Vale lembrar que no começo do ano foi prometido um superávit de uns 50-60bi para esse ano.




Avatar do usuário
akivrx78
Sênior
Sênior
Mensagens: 6874
Registrado em: Dom Fev 08, 2009 8:16 am
Agradeceu: 123 vezes
Agradeceram: 375 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6160 Mensagem por akivrx78 » Qui Out 29, 2015 10:12 pm

http://www.youtube.com/watch?v=Y1NfRN4D7NE




Avatar do usuário
Bourne
Sênior
Sênior
Mensagens: 21086
Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
Localização: Campina Grande do Sul
Agradeceu: 3 vezes
Agradeceram: 21 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6161 Mensagem por Bourne » Sáb Out 31, 2015 4:39 pm

Em três pontos: O que significa para o Brasil fechar 2015 no vermelho?

O governo da presidente Dilma Rousseff fez sua segunda revisão para o resultado das contas públicas deste ano.
Em janeiro, previa economizar 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto), ou R$ 66,3 bilhões, para pagar os juros da dívida pública. Em julho, a meta mudou para 0,15% do PIB, ou R$ 8,7 bilhões, já causando alvoroço nos mercados financeiros.

A nova revisão deve fazer ainda mais barulho: segundo a proposta encaminhada ao Congresso, o governo não só já está prevendo que não vai economizar nada, como ainda vai gastar mais do que conseguiu arrecadar em 2015, gerando o que é conhecido no jargão econômico como "déficit primário".

A nova previsão é de que as despesas ultrapassem as receitas da União em 0,8% do PIB, ou R$ 51,8 bilhões, segundo a minuta dessa proposta, divulgada pelo Ministério do Planejamento nesta terça-feira.

O deputado federal Hugo Leal (Pros-RJ), relator do projeto de lei para o Orçamento de 2015, diz que a previsão não contabiliza os repasses que o governo ainda precisa fazer a bancos públicos. Também pode mudar se houver problemas com o leilão das hidrelétricas, adiado recentemente para o fim de novembro e com o qual o governo pretende arrecadar R$ 11 bilhões.

Segundo a equipe econômica, suas previsões tiveram de ser revistas porque, em função da desaceleração econômica, o governo deve arrecadar neste ano menos em impostos do que estimava.

Mas, afinal, por que isso importa? E o que significa para o Brasil fechar 2015 no vermelho? Especialistas consultados pela BBC Brasil explicam essas questões em três pontos:

1. Aumento da dívida pública

Uma pessoa que gastou mais do que ganhou em um certo mês pode cobrir o rombo em suas contas pedindo um empréstimo.

Suponhamos que essa pessoa já esteja endividada - então precisa de dinheiro emprestado não só para fechar as contas do mês, mas também para pagar as parcelas dessa dívida antiga, que no mês seguinte será ainda maior em função do novo empréstimo.

Em uma situação de déficit primário é mais ou menos isso o que acontece com o governo.

"Os recursos para fechar as contas e pagar os juros da dívida são obtidos emitindo mais títulos públicos", explica Marcio Salvato, coordenador do curso de Economia do Ibmec-MG. Ou seja, o governo emite mais dívida.

"O problema é que essa emissão tende a aumentar ainda mais a dívida pública, que já cresceu de 55% para 65% do PIB em 2014. E isso impulsiona as suspeitas sobre a capacidade do Brasil pagar o que deve, levando ao aumento dos juros cobrados sobre a dívida."

A perda do grau de investimento - uma espécie de "selo de bom pagador" emitido por agências de classificação de risco - é um reflexo dessas suspeitas. A agência Standard & Poor's rebaixou em setembro a nota de crédito brasileira de BBB- para BB+, considerado grau especulativo.

Pelas classificações de outras duas agências, a Fitch e a Moody's, o Brasil está a apenas um degrau de perder esse grau de investimento e, segundo analistas, a trajetória da dívida será "decisiva" para essa definição, que pode reduzir - e encarecer - o crédito (ou seja, o dinheiro disponível para empréstimos) ao país e às empresas aqui sediadas.

2. Armadilha da conta de juros

Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, embora a queda na arrecadação deva fazer um "barulho" nos mercados, o que mais preocupa na atual situação fiscal brasileira é os custos relacionados à dívida e às despesas financeiras do governo, que também vêm crescendo.
Ou seja, o governo precisa ganhar mais do que gasta para pagar os juros da dívida e outras despesas financeiras, mas o problema é que não só está arrecadando menos como essa conta de juros está crescendo de forma acelerada.

"De janeiro a agosto já tivemos um aumento de cerca de 100% na conta de juros, que chegou a um total de R$ 338 bilhões", diz Perfeito.

A alta, segundo o economista da Gradual, ocorreu em função de três fatores.
Primeiro, a elevação da taxa básica de juros - ou Selic - que hoje é de 14,25%. Para se ter uma ideia, há dois anos essa taxa era de 8,5%.

O segundo fator seria a alta da inflação, já que alguns títulos do governo também são corrigidos por esse índice.
Além disso, os compromissos financeiros do governo também teriam crescido em função de uma série de leilões de contratos de swap cambial - instrumentos que equivalem à venda futura de dólares e que teriam custado mais de R$ 70 bilhões neste ano.

"O governo começou a fazer esses contratos, nos quais se compromete a vender dólar a um determinado valor, para ajudar as empresas endividadas em moeda americana a se protegerem. Mas como o dólar subiu muito, acabou no prejuízo", afirma Perfeito.
Salvato acrescenta o próprio crescimento da dívida como um quarto fator que também impulsiona a conta dos juros.

E um problema adicional, segundo analistas, é que se o déficit primário faz a dívida crescer e aumenta as suspeitas sobre a capacidade de o Brasil pagar o que deve, também faz com que seja mais difícil reduzir os juros.

"Isso porque os investidores pedem uma remuneração maior para assumir o risco de emprestar para o Brasil", diz Fábio Klein, economista da consultoria Tendências.

O resultado seria um ciclo vicioso em que o governo não consegue pagar a conta de juros porque ela é muito alta e, ao mesmo tempo, porque o governo não consegue pagar, os juros não cedem e a conta continua aumentando.

3. Ajuste fiscal

Quando o governo estabelece uma meta fiscal e a cumpre, sinaliza que as contas públicas estão sob controle e a economia está caminhando na direção prevista.

O anúncio da meta também tem como objetivo dar previsibilidade a investidores e agentes econômicos.

A primeira revisão da meta em julho já enfureceu os mercados. A expectativa dos analistas era que a nova meta fosse de 0,4% ou 0,5% do PIB. Quando foi anunciado que seria 0,15%, o dólar disparou, a bolsa caiu e aumentaram as apostas de que os juros deveriam continuar subindo.

No corte drástico, porém, a equipe econômica justificou que seria preferível uma meta menor, mas "realista". A nova revisão pode pôr em xeque esse suposto "realismo" e o próprio ajuste fiscal.

Para alguns economistas e analistas do mercado, a mudança representa um afrouxamento do compromisso com o ajuste e a recuperação das contas públicas. Na visão desse grupo, o governo deve cortar mais gastos e aumentar os impostos para se mostrar "comprometido" com o equilíbrio das contas.

Já economistas heterodoxos tendem a ver a queda na arrecadação como um sinal de que as medidas recessivas que já vêm sendo adotadas pelo governo não estão funcionando, ou são duras demais. Para eles, o ajuste fiscal e o aperto da política monetária estariam acabando com o "dinamismo" da economia.

Ambos tendem a concordar, porém, com a necessidade de medidas estruturais, como uma mudança nas regras da Previdência, para colocar as contas públicas em uma trajetória mais sustentável no longo prazo.

"Medidas estruturais que mostrem o compromisso em reduzir o déficit e controlar as contas públicas no longo prazo poderiam reverter um pouco a frustração com esses resultados de curto prazo", diz Klein. "O problema é que no atual cenário político seria difícil o governo conseguir uma base de apoio para tirar essas medidas do papel."

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/ ... w_facebook




Avatar do usuário
Wingate
Sênior
Sênior
Mensagens: 5128
Registrado em: Sex Mai 05, 2006 10:16 am
Localização: Crato/CE
Agradeceu: 819 vezes
Agradeceram: 239 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6162 Mensagem por Wingate » Dom Nov 01, 2015 6:37 pm

Não temais, homens de pouca fé!

Nossos valorosos vizinhos, a saber: Venezuela, Argentina, Paraguai, Bolívia e Venezuela, mais a caribenha Cuba, com quem estabelecemos laços indissolúveis, virão em nosso socorro com a ajuda necessária.

Coragem, pois!

Wingate :roll:




Avatar do usuário
Bourne
Sênior
Sênior
Mensagens: 21086
Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
Localização: Campina Grande do Sul
Agradeceu: 3 vezes
Agradeceram: 21 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6163 Mensagem por Bourne » Dom Nov 01, 2015 8:14 pm

O pessoal da fundação perseu abramo e os outros teóricos da demanda agregada não entenderam a diferença do Brasil para o resto do mundo desenvolvido e, em boa parte, dos países em desenvolvimento. O trecho chave está em vermelho no fim do texto

Vamos as diferenças entre Canadá e brasil.

:arrow: Canadá

Possui um estado de bem estar social consolidado. Os gastos e impostos em relação ao produto estáveis há décadas. A eficiência de arrecadação e gastos cumpre o papel de redistribuição de renda cujos os desperdícios são mínimos. A máquina pública e burocracia é impecável. O endividamento com perfil de longo prazo (mais de uma década ou duas ou três) e custo real de 1% ao ano. A inflação próxima á zero.

Nesse cenário, elevar os gastos em infraestrutura e investimentos para ter ganhos de produtividade de longo prazo e ativar a economia no curto. Apesar de nada garantir que vá crescer mais no curto prazo, serve para preparar o país para melhorar o rendimento através do aumento de produtividade no longo prazo. Mesmo que nada seja feito, está tudo funcionando direito.

:arrow: Brasil

Não tem um estado de bem estar social consolidado. Os gastos e impostos dispararam nos últimos 20 anos devido a necessidade de fornecer bens e serviços públicos, mas também tragados pela ineficiência da burocracia estatal. Não adianta achar que gasta 10% do PIB em educação e elevar investimentos se são tragados pelo buraco negro das empreiteiras e má gestão. Somados a esquizofrenia tributária que distribuiu vantagens para quem não precisa, trata diferente os que são iguais, favorece os mais endinheirados e subsidia as mega empresas que não precisam. Tudo indica uma estrutura concentradora de renda. O endividamento tem prazo atual de 41 meses com custos de reais acima de 6%, inflação caminhando para dois dígitos. Além do maior custo de empréstimos e de captação externos para governos, empresas e bancos por perder grau investimento em que a tendência é perder todos.

Nesse cenário, o problema de estimulo nos moldes canadenses leva a mais instabilidade, piora na sustentabilidade da dívida pública, maior custo, maior inflação e piora externa. No fim das contas, os esforços para estimulo vão virar pó.

No Brasil a resolução vai passar por fazer os gastos caberem na carga tributária. Ao mesmo tem dar eficiência a estrutura tributária e aos gastos. O primeiro ponto vai ser cortar os privilégio da bolsa empresário, bolsa empreiteira e bolsa socialite. E, é claro, os privilégiados vão brigar para manter as coisas como estão. Por exemplo, o deputado do comissão de orçamento que propõe cortar a bolsa família, mas não a bolsa empresário e fundo partidário.

Liberais do Canadá podem expor uma política fiscal verdadeiramente responsável4
Paul Krugman
23/10/201513h10

O Canadá tem uma reputação de um lugar monótono. Na década de 80, o jornal "The New Republic" declarou notavelmente "Uma Iniciativa Canadense Válida" a manchete mais chata do mundo. No entanto, quando se trata de política econômica, essa fama é imerecida: o Canadá tem sido muitas vezes, de forma surpreendente, o lugar onde o futuro acontece primeiro.

E isso está acontecendo novamente. Na segunda-feira (19), os eleitores canadenses tiraram os conservadores dominantes do poder, dando uma impressionante vitória para os liberais de centro-esquerda. E apesar de haver muitas coisas interessantes na plataforma liberal, o que mais me impressiona é a sua rejeição clara da ortodoxia da austeridade obcecada com o deficit que tem dominado o discurso político em todo o mundo ocidental. Os liberais concorreram com uma visão franca e abertamente keynesiana, e venceram de longe.

Antes de vermos as implicações, vamos falar sobre a longa história de heterodoxia econômica tranquila do Canadá, especialmente na questão da política cambial.

Na década de 50, todo mundo considerou essencial atrelar sua moeda ao dólar americano, a qualquer custo – todos, exceto o Canadá, que deixou seu próprio dólar flutuar e descobriu que uma taxa de câmbio flutuante realmente funcionou muito bem.

Mais tarde, quando as nações europeias estavam lutando para aderir ao euro – em meio a previsões de que qualquer país que se recusasse a adotar a moeda comum iria pagar um sério preço – o Canadá mostrou que é viável manter a sua própria moeda, apesar de estreitos laços econômicos com um vizinho gigante.

Ah, e os canadenses foram menos dominados do que o resto pela ideologia de desregulamentação bancária. Como resultado, o Canadá foi poupado do pior na crise financeira de 2008.

O que nos leva à questão dos deficits de investimento público. Aqui está o que o Partido Liberal do Canadá disse sobre o assunto: "As taxas de juros estão em mínimos históricos, nossa infraestrutura atual está envelhecendo rapidamente e nossa economia está em ponto morto. Agora é a hora de investir."

Isso soa razoável? Deveria, pois é razoável. Nós estamos vivendo em um mundo cheio de poupança que o setor privado não quer investir e prefere emprestar aos governos a taxas de juros muito baixas. É óbvio que é uma boa ideia tomar emprestado a taxas muito, muito baixas e usar essas economias em excesso, sem mencionar os trabalhadores desempregados devido à fraca demanda, para construir coisas que irão melhorar o nosso futuro.

É estranho dizer, no entanto, que isso não vem acontecendo. Em todo o mundo avançado, os programas de estímulo fiscal modestos introduzidos em 2009 há muito desapareceram. Desde 2010 o investimento público vem caindo em relação ao PIB, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, e agora está bem abaixo dos níveis pré-crise. Por quê?

A resposta é que, em 2010, de alguma forma a opinião da elite uniu-se em torno da visão de que os deficits, não o alto desemprego e o crescimento fraco, eram o grande problema diante dos tomadores de decisão. Nunca houve qualquer evidência nesse sentido; afinal de contas, as taxas de juro baixas mostravam que os mercados não estavam de forma alguma preocupados com a dívida. Mas não importa – era isso o que todas as pessoas importantes estavam dizendo, e tudo o que você lia em grande parte da imprensa financeira. E poucos políticos estavam dispostos a questionar esta ortodoxia.

Mais notadamente, aqueles que deveriam ter se levantado em defesa dos gastos públicos sofreram um notável fracasso. O Partido Trabalhista britânico, em particular, essencialmente aceitou as afirmativas conservadoras de que a nação estava enfrentando uma crise fiscal e reduziu-se a discutir o assunto marginal sobre qual forma de austeridade deveria ser adotada. Até mesmo o presidente Barack Obama temporariamente começou a ecoar a retórica republicana sobre a necessidade de apertar o cinto do governo.

E depois que caíram na história de pânico do deficit, os partidos de centro-esquerda se viram em uma posição extremamente fraca. A retórica da austeridade é natural para os políticos de direita, que estão sempre argumentando que não podemos nos dar ao luxo de ajudar os pobres e azarados (apesar de sermos capazes de dar cortes de impostos para os ricos). Os políticos de centro-esquerda que endossam a austeridade, no entanto, encontram-se reduzidos a argumentar que não vão causar tanta dor. É uma proposta perdedora, tanto política quanto economicamente.

Então chegaram os liberais de Justin Trudeau, que estão finalmente dispostos a dizer o que os economistas sensatos (mesmo em lugares como o Fundo Monetário Internacional) vêm dizendo o tempo todo. E eles não foram punidos politicamente – pelo contrário, eles conquistaram uma vitória impressionante.

E os liberais vão colocar sua plataforma em prática? Deveriam. As taxas de juros permanecem incrivelmente baixas: o Canadá pode pegar emprestado por 10 anos a apenas 1,5%, e seus títulos de 30 anos protegidos contra a inflação dão menos de 1%. Além disso, o Canadá, provavelmente, está enfrentando um longo período de fraca demanda privada, graças aos baixos preços do petróleo e a provável deflação de uma bolha imobiliária.

Vamos esperar, então, que Trudeau se atenha ao programa. Ele tem uma oportunidade de mostrar ao mundo o que é uma política fiscal verdadeiramente responsável.

http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colu ... nsavel.htm




Avatar do usuário
akivrx78
Sênior
Sênior
Mensagens: 6874
Registrado em: Dom Fev 08, 2009 8:16 am
Agradeceu: 123 vezes
Agradeceram: 375 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6164 Mensagem por akivrx78 » Ter Nov 03, 2015 9:44 am

TPP coloca Brasil em xeque

03-11-2015 00:11
Escrito por CLIPPING
Publicado em Portos e logística

Após mais de cinco anos de intensas negociações, os 12 países membros da Parceria Transpacífico ("Trans-Pacific Partnership") finalmente assinaram o maior dos chamados mega-acordos em negociação. Liderados pelos EUA, o maior interessado no êxito dos entendimentos, os integrantes somam cerca de 40% do PIB global e 33% do comércio mundial.

Juntos compõem um quadro econômico-geográfico heterogêneo, reunindo países ultradesenvolvidos, emergentes importantes e nações de menor desenvolvimento relativo, situados nas Américas, no Leste Asiático e Oceania: EUA, Canadá, México, Peru, Chile, Japão, Brunei, Malásia, Vietnã, Cingapura, Austrália e Nova Zelândia.

É interessante notar que a TPP engloba dois subgrupos americanos, o Nafta e a Aliança do Pacífico, com a curiosa ausência da Colômbia, sendo o México integrante de ambos os blocos.

O escopo geral desse mega-acordo ultrapassa as regras básicas delineadas no âmbito multilateral da OMC e incorpora um teor de disciplinas denominadas OMC Plus. É importante registrar que foi adotado um memorando aditivo ao texto formal proibindo ocorrer manipulações cambiais por qualquer dos Estados Partes.

A TPP basicamente é um acordo de comércio e investimentos, e seus principais fundamentos são: eliminação gradual de tarifas aduaneiras, com cronogramas especiais entre os EUA e o Japão com relação a caminhões, automóveis e autopeças, que podem se alongar até 35 e 25 anos no caso dos veículos montados; é curioso observar que nas negociações EUA-Coreia do Sul, a eliminação de tarifas para automóveis está prevista para 5 anos e caminhões para 10 anos, ou seja, mais favoráveis do que na TPP.

É importante para o Brasil avaliar até onde a parceria pode influir ou afetar o questionado imobilismo brasileiro

- Outros importantes setores estão incluídos na eliminação tarifária, tais como maquinaria, informática, bens de consumo diversos, químicos e produtos agrícolas, incluindo trigo, carnes bovinas, suínas, avícolas e frutos do mar; na área tabagista foi admitida a aplicação de salvaguardas específicas;

- inclusão de complexos dispositivos comerciais, com regras de origem, que vão além dos ditames regulamentados na OMC;

- eliminação de barreiras não tarifárias;

- abrangência sobre serviços, investimentos, propriedade intelectual, compras governamentais, além de dispositivos sobre solução de controvérsias;

- estabelecimento de diversos comitês para orientar os países a cumprir o conjunto de disciplinas acordadas em diversas áreas, incluindo proteção ambiental e tráfico humano e de drogas;

- coordenação para a aplicação das regras trabalhistas de cada país. Muitos outros detalhes serão mais bem conhecidos quando o United States Trade Representative (USTR) publicar o detalhamento de todo o acordo.

Na esfera política, o resultado está sendo encarado como uma vitória pessoal do presidente americano contra a vontade da maioria do partido Democrata, porém com o apoio dos republicanos que lhe concederam o "fast track", assegurando a primazia do Congresso americano para rejeitá-lo integralmente sem efetuar alterações específicas ou aprová-lo tal como está. Não obstante, especialistas opinam que, pelo menos nos EUA, a TPP dificilmente será aprovada antes de abril de 2016 em obediência às tramitações legais daquele país. Para entrar totalmente em vigor, será necessário, também, que ocorra a ratificação parlamentar dos demais congressos.

Especulações da mídia americana indicam que a TPP será um importante mecanismo para arrefecer as ações comerciais e financeiras da China nos países envolvidos. Contudo tais prognósticos terão de ser comprovados na medida em que os acordos que estão sendo negociados pela China com Japão e Coreia do Sul e de forma bilateral com a Austrália, além do que já mantêm com o Chile, tornem-se inócuos frente à amplitude da TPP. Consideram o acordo, também, importante fator de estímulo para agilizar as negociações do TTIP (acordo transatlântico de comércio e investimentos entre os Estados Unidos e a União Europeia), entendimentos, contudo, que têm implicações políticas e econômicas muito mais complexas do que a TPP.

A questão mais importante para o Brasil será avaliar até onde a TPP pode influir ou afetar o questionado imobilismo brasileiro em matéria de negociações comerciais com áreas mais desenvolvidas. Tal imobilismo é atribuído, por um lado, às dificuldades de locomoção do Mercosul em negociações conjuntas de maior porte e, de outro, às precárias condições competitivas dos bens industrializados em mercados mais sofisticados, mesmo se levarmos em conta a atual situação cambial favorecendo suas exportações.

A TPP tende a afetar os interesses brasileiros num amplo espectro. Na área dos parceiros latino-americanos, além dos acordos que Chile, Peru e México já mantêm com os EUA, a União Europeia e alguns países asiáticos, agora tendem a sofrer uma competição mais acirrada na TPP com a presença de Japão, Cingapura e até mesmo do Vietnã na área de informática. Até mesmo as commodities, que vêm sustentando a balança comercial do país, tendem a sofrer séria concorrência da Austrália nas exportações de açúcar, minério de ferro e carnes em geral. A situação pode tornar-se mais crítica quando o acordo bilateral daquele país com a China entrar brevemente em vigor.

Na verdade, deve-se registrar que o governo brasileiro tem acionado o setor privado para ajudá-lo na maior aproximação comercial com Peru e Colômbia, visando acelerar os cronogramas de desgravação tarifária nos ACEs 58 e 59 da Aladi e incluir novas disciplinas importantes ainda não contempladas neles, mas a tarefa não tem sido simples. Com o México, parece haver interesse recíproco de ajustar o insípido ACE 53 e o ACE 55 do setor automotriz à amplitude compatível com o tamanho das respectivas economias, mas o ganho brasileiro será apenas compensatório em relação aos diversos acordos que aquele país tem com o mundo desenvolvido.

Tal panorama pode tornar-se crítico na medida em que não há qualquer movimento político-institucional dos países do Mercosul em analisar a atual situação do bloco, confiando em que o eventual progresso das negociações com a União Europeia venha a suprir pelo menos parte da carência de relacionamento comercial com o mundo desenvolvido. No andar dessa carruagem tomara que o Brasil não esteja próximo de levar um xeque-mate.

Fonte:Valor Econômico/Mauro Laviola é vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB)
https://www.portosenavios.com.br/notici ... l-em-xeque




Avatar do usuário
Mathias
Sênior
Sênior
Mensagens: 1402
Registrado em: Seg Jun 18, 2012 8:10 pm
Agradeceu: 2 vezes
Agradeceram: 2 vezes

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6165 Mensagem por Mathias » Ter Nov 03, 2015 6:18 pm

Só a ALCA nos salvará do comunismo!




“Os únicos derrotados no mundo são os que deixam de lutar, de sonhar e de querer! Levantem suas bandeiras, mesmo quando não puderem levantar!”.
Mujica.
Responder