Luís Henrique escreveu:FCarvalho escreveu:Vocês já pararam para pensar que com 108 Gripen E/F ou com 108 PAK-FA/SU-35 a defesa aérea do Brasil vai continuar na mesma merda de sempre?
abs.
A diferença de um caça pesado para um leve, primeiramente atuaria na DISSUASÃO.
1) Um caça levar muito mais combustível, possuir maior alcance, maior persistência em combate, não é utilizado desta forma. De colocar um caça em uma base super distante da necessidade e fazer o caça voar trocentos quilometros. O maior alcance se enquadra em estratégias utilizadas pelo inimigo, por exemplo: Em que distância o inimigo deixa seus navios aeródromos do litoral do Brasil? Existe uma distância que nós inviabilizamos um ataque contra nossa FT e conseguimos atacar o território do Brasil? Se o navio aeródromo possui caças de longo alcance e o Brasil possui caças de curto alcance, isto pode acontecer...outro exemplo é em um país vizinho: A nossa base aérea ou do exército, ou nossa indústria bélica X ou nossa usina nuclear Y está a XXX km de distância da fronteira com o Brasil. O Brasil possui quais tipos de caças/bombardeiros? Eles possuem autonomia para atacar essas bases nossas???
2) Não se resume a essas diferenças de alcance.
Os caças pesados além do alcance, possuem capacidade para levar MAIS armamentos ou armamentos MAIORES E MAIS PODEROSOS.
E os caças pesados possuem capacidade para levar sensores MAIORES E MAIS PODEROSOS.
Enquanto que um Gripen NG possui capacidade de carregar um radar com 1.000 módulos T/R, que pesa 215 kg e possui antena de 600mm, um caça pesado como o F-15SE possui capacidade para carregar um radar com 1.500 módulos T/R, que pesa o DOBRO do peso, com antena de 950mm, etc. Portanto, além de maior autonomia, maior quantidade de armas, caças pesados podem carregar armas mais poderosos que os caças leves não suportam e carregam sensores maiores e mais poderosos que ampliam seu poder de combate.
Eu estou feliz pelo Gripen NG. Será moderno, etc. Mas um F-15SE ou um Su-35S ampliaria nossas capacidades. Isto não é torcida infantil, isto é um fato totalmente lógico.
E mesmo que seja um pequeno lote, mesmo que não seja o ideal, um caça pesado nos traria maiores capacidades de qualquer forma e ampliaria nosso poder dissuasório também.
Você decola um Gripen com 2 tanques de combustível externo e 6 mísseis ar-ar e com sensores que enxergam abaixo de 200 km de distância.
Ou você decola um F-15SE com 16 mísseis ar-ar, sem nenhum tanque de combustível externo, mas com mais alcance que o Gripen com 2 tanques, com sensores que enxergam ALÉM de 300 km de distância, possuindo uma relação potência/peso muito maior.
Tanto do ponto de vista da capacidade militar como do ponto de vista do poder dissuasório, é a mesma coisa???
Olá Luis,
O conceito de dissuasão tem mais a ver com a relação poder político x poder econômico x poder militar do que propriamente com os vetores usados. Neste sentido, como expus, podemos ter um caça pesado ou leve, tanto fez como tanto faz, se não conseguirmos equilibrar esta equação, de forma que ela demonstre clara e inequívoca não somente nossas intenções, mas, e também, nossa vontade, e principalmente nossa capacidade efetiva de realizá-las, tendo em vista que estamos dispostos a arcar com os custos de suas consequências. Neste sentido, o caça é só a ponta do sistema, e não o sistema dissuasório em si. Como exemplo, qualquer uma de nossas bases aéreas hoje perto das fronteiras nacionais, se equipadas com um dos três concorrentes do FX teria capacidade de atingir alvos nas capitais dos países vizinhos. Sem precisar de Revo. Isto por si só já constitui um fator dissuasório, posto que teríamos a capacidade de atingir alvos em qualquer localidade importante na AS. Mas nós nunca tivemos, e não temos esta capacidade hoje, e não há previsão de parte da FAB que venhamos a dispor dela. Então qual o melhor fator de dissuasão? Bases aéreas com esquadrões de caças em todo o arco fronteiriço e litorâneo interligados aos SISCEAB, SIFRON E SIGAAZ - apenas 7 grupos, ou mesmo esquadrões, de caça fariam este serviço - ou esquadrões caças, se pesados ou leves, que sejam, em umas poucas bases no interior do país, atrelados ao comando da FAB e sem efetiva capacidade de estar onde precisam, na hora que precisam?
Caças pesados hoje na maioria das vezes tem na superioridade e a defesa aérea suas missões primárias. Secundariamente podem fazer ações ar-sup. No nosso caso, isto pouco ou nada nos trará melhorias, se a minha defesa aérea ainda for baseada em padrões que não correspondem mais à realidade há pelo menos uns 60 anos. Como disse certa vez aqui, temos de olhar menos os vetores e mais o sistema. Os caças serão apenas um sistema de um sistema. Um PAK-FA pode levar muito mais armas e um radar mais poderoso que um Gripen E/F. Mas de nada adianta isso se ele tiver de viajar 3 mil kms para fazer uma simples interceptação. Não adianta nem para um como para o outro. O ideal para nós é que qualquer caça da FAB possa estar a menos da metade do seu raio de ação de nossas fronteiras e litoral. Isso ajuda muito mais na parte operacional, e dissuasiva, do que esperar que eles tenham raios de ação de alguns milhares de kms só porque o país é grande.
"Tanto do ponto de vista da capacidade militar como do ponto de vista do poder dissuasório, é a mesma coisa"???
É relativo Luis. Como disse para você, a dissuasão é um conjunto de fatores. No que um esquadrão de Su-35 com tudo do bom e do melhor seria mais dissuasório para nós estando em Brasília, a mais de 1500kms da fronteira mais próxima, do que um esquadrão de Gripen E/F operando regularmente em Boa Vista, Porto Velho, Campo Grande ou Santa Maria?. Qual deles seria mais efetivo em termo de dissuasão em relação aos nossos vizinhos?
E assim vamos. Comparando apenas os vetores, um caça pesado sempre terá uma superioridade relativa em relação a um caça pequeno. Mas se colocarmos a ambos no tabuleiro estratégico de nosso entorno geográfico, isto se dilui em uma miríade de fatores que podem fazer a balança pender tanto para um lado, como para o outro.
Como disse. Temos de pensar no sistema, e não apenas nos caças. Um esquadrão de caça no planalto central formado por PAK-FA ou SU-35 seria um sonho para qualquer força aérea séria. Mas no nosso caso, o Gripen cumprirá bem o seu papel, e com igual efetividade, e oportunidade, se lhe forem apostos os recursos e os meios necessários para isso. Ele não deixará nada a dever naquilo que se espera dele.
Agora, claro, não se pode esperar que uma reles centena de caças, Gripen ou Sukhoi defendam o nosso país, porque simplesmente não dá. Eles podem fazer muitas coisas, mesmo não sendo de 5a G, mas ainda não conseguem fazer milagre.
Isto não estava no merchandesing das propostas do FX-2.
abs.