MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6046 Mensagem por Bourne » Sex Set 25, 2015 12:52 pm

Por que acabou a festa em duas imagens.

A primeira da evolução da receita e despesa em que relação ao produto. Nos últimos 20 anos subiu 10 pontos do produto. Não tem mais para onde fazer ajuste com aumento de impostos e subir mais 10 pontos de impostos. Não dá. Está no limite. E, pasmem senhores, coisa começou nos negros tempos de FHC.

A segunda mostra a origem das despesas que vieram das liberações ordinárias

E tudo no spoiler para criar suspense :mrgreen:
Spoiler!
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Clermont
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6047 Mensagem por Clermont » Dom Set 27, 2015 8:13 am

As chances perdidas de Dilma.

Samuel Pessôa - Folha de São Paulo, 27.09.15.

A dívida pública cresce em bola de neve. A incapacidade da presidente em encaminhar o desequilíbrio das contas públicas deixa uma nuvem de incerteza sobre os agentes econômicos. É impossível planejar e investir em uma sociedade em que o Tesouro Nacional não consegue estabilizar a trajetória da dívida pública.

A instabilidade fiscal é um sinal de que nossa sociedade não é capaz de chegar a um acordo para ter gasto público compatível com o que ela mesma decide entregar ao Estado na forma de receita.

Dito de outra forma, não estamos conseguindo enfrentar nosso conflito distributivo de forma civilizada. Esse é o sentido mais profundo da perda do grau de investimento. O selo de bom pagador é dado àquelas sociedades que, a partir de alguns consensos, administram seu conflito distributivo civilizadamente.

Nós estamos às portas de um processo disfuncional de financiamento público, que os mais velhos conhecem bem, o imposto inflacionário. Depois de guerra civil, a inflação é a forma menos civilizada que há de gestão do conflito distributivo.

É importante lembrarmos que, nas sociedades modernas, o conflito distributivo ocorre —mais do que no chão de fábrica, na forma de conflito direto capital-trabalho— no interior do orçamento público.

Tudo sugere que o Banco Central não subirá mais os juros. A inflação prevista para 2016 e 2017, que até algumas semanas atrás caminhava respectivamente para 5% e 4,5% (portanto, na meta em 2017), voltou a se descolar. As melhores contas que conseguimos fazer sugerem inflação em 2016 na casa de 6,5%.

O que ocorre? O mercado se convenceu de que a presidente não conseguirá criar condições para que a trajetória de crescimento da dívida se estabilize. Levy é extremamente respeitado, mas não é Deus.

A contínua piora da dívida pública eleva o risco-país, o que rebate no câmbio, que, por sua vez, aumenta a expectativa de inflação, apesar da forte recessão econômica e do aumento do desemprego.

Nessas circunstâncias, é possível que o BC avalie que subir mais os juros apenas aumenta o custo da dívida sem sinalizar queda de inflação. Ou pior ainda, que o aumento do endividamento, que segue novas rodadas de subida dos juros (que se aplicam sobre a dívida pública), agravará mais a inflação pelo canal do risco-país e, portanto, do câmbio.

Nesse caso, estamos na chamada dominância fiscal: a incapacidade de resolver o problema fiscal atinge tal ponto que tira do BC a capacidade de pôr a inflação na meta. O conflito distributivo que ocorre no interior do Orçamento soluciona-se de forma não civilizada: imposto inflacionário.

A presidente impediu, no passado, o ajuste que a teria evitado. Segundo a então ministra-chefe da Casa Civil, o plano de ajuste fiscal de longo prazo proposto em 2005 era "rudimentar". A ideia foi abortada.

Houve excepcional crescimento da receita entre 1999 e 2010, de 6,9% ao ano deflacionado pelo IPCA, comparado ao crescimento real médio do PIB de 3,4% no mesmo período. Isto permitiu que o dia da verdade fosse jogado para frente.

Mas ele começou a chegar em 2011: deste ano até 2014, o crescimento real da receita recorrente foi de 2,1%, ante PIB que também cresceu 2,1%. Era a segunda chance que Dilma tinha, agora como presidente, de contribuir para o ajuste fiscal civilizado. Resolveu varrer para baixo do tapete nosso desequilíbrio fiscal.

Ele reapareceu quatro anos depois, num momento em que nossa presidente se tornou politicamente um zumbi. Parece que vamos para a inflação.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6048 Mensagem por cassiosemasas » Dom Set 27, 2015 6:05 pm

Juro de 400% no cartão: não tem preço


Por Alexandre Versignassi Atualizado em 22/09/2015


http://super.abril.com.br/blogs/crash/files/2015/09/Juros-anuais-sn.jpg


Bateu crise, bateu juro alto. Mas o caso dos juros do cartão rotativo no Brasil atravessa as fronteiras da realidade. Em 2012, com a Selic minúscula, na casa dos 7%, nossos bancos cobravam em média 200%. Hoje, com a Selic em 14,25%, os juros médios do cartão dobraram também, para quase 400% – e isso é a média, porque tem cartão que cobra mais de 700%.

Não faltam justificativas para essa distorção toda: inadimplência, falta de confiança na política, a chuva, os 50 km/h de velocidade máxima na Marginal. Mas prefiro levar uma só em conta: esse juro de agiota existe porque a gente deixa existir. De cabeça baixa.

A crise tá feia? Tá. Mas na Venezuela e na Argentina está pior. As duas já atravessaram o horizonte de eventos do buraco negro das agências de risco, e ainda assim os bancos instalados ali cobram uma fração dos juros praticados pelos que estão aqui. Até por isso, como observou o jornalista Maurício Horta numa matéria aqui da SUPER, três das quatro empresas de capital aberto mais lucrativas da América Latina são bancos brasileiros: Itaú (7,6 bilhões em 2014), Bradesco (US$ 5,6 bilhões) e Banco do Brasil (US$ 4,2 bilhões).

É. Para quem cobra 400% de juros por ano não existe crise. Até porque demanda por agiotagem tem em qualquer lugar, seja aqui seja na Dinamarca. A diferença é que, nesse caso específico, estamos diante de uma agiotagem legalizada. Os bancos estimulam os clientes a entrar no rotativo – mostrando em letras grandes e negritadas na fatura o valor do pagamento mínimo; e quando você faz só pagamento mínimo, já entra nesse carrossel dos 400% ao ano. Pior. Imagina um cara que acabou de perder o emprego. Ele é quem mais tende a cair na tentação de pagar só uma parte da fatura. Se o sujeito não ler as letras miúdas da fatura, não vai saber que está pagando esse tanto de juros. E se alguém quisesse que ele soubesse, essa informação estaria em letras mais bem nutridas. Logo, quanto mais crise, maior a demanda por esses juros de agiota. E quando o cara que perdeu o emprego não pude pagar seus juros de 400%, o perpetrador da agiotagem nem precisa contratar um capanga para fazer a cobrança- ele já conta com a lei. É o Estado protegendo uma prática que, como você vê na tabela ali em cima, já foi devidamente banida na maior parte do mundo.

Durmamos com isso. E que um dia a gente acorde.


Fonte.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6049 Mensagem por Hermes » Dom Set 27, 2015 6:41 pm

Essa é fácil, bastar seguir com a desindustrialização e com a redução da economia em geral que teremos um país com pouca emissão de gases no futuro, vamos até dobrar a meta, seja lá qual for a meta.

Dilma diz que Brasil terá 'boa meta' na redução da emissão de gases até 2030.

Presidente participará Cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável em NY.
Sem adiantar metas, Dilma afirmou que Brasil 'sempre dá sua contribuição'.

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (25), em Nova York, que o Brasil se comprometerá com uma "boa meta" de redução de emissões de gases de efeito estufa até 2030. Dilma participará da Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável e anunciará o compromisso do país em discurso no domingo (27).
Nesta sexta, a presidente conversou rapidamente com jornalistas na porta do hotel em que está hospedada. Sem dar detalhes sobre as metas do Brasil, Dilma afirmou que o país "sempre dá a sua contribuição" sobre o assunto nos encontros globais sobre o clima.
saiba mais
Após adiar reforma ministerial, Dilma embarca para NY
Nos EUA, Dilma defenderá reforma do Conselho de Segurança da ONU
"Vai ser uma boa meta. O Brasil sempre dá a sua contribuição. [...] É bom a gente lembrar que nós somos um país muito especial nessa área. Nós reduzimos em 82%¨o desmatamento, temos uma matriz energética que tem hidrelétrica, solar, eólica, biomassa", disse Dilma.
A meta de redução da emissão dos gases de efeito estufa é o chamado INDC (Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas), que todos os países terão de apresentar antes da cúpula do clima de Paris no fim do ano.
Em 2012, último ano com dados oficiais, o Brasil emitia 1,2 bilhão de tonelada de dióxido de carbono. Em 2005, por exemplo, o país registrou uma emissão de 2,3 bilhões do gás, especialmente com a redução do desmatamento.
Desenvolvimento Sustentável
Durante a Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, os países participantes discutirão 17 metas de desenvolvimento sustentável a serem atingidas até 2030. O Brasil participou ativamente da elaboração das propostas que têm por objetivo acabar com a pobreza, promover a prosperidade econômica, o desenvolvimento social e a proteção ambiental.
"A cúpula é o encerramento do ciclo da Rio+20. É um evento de grande significado para o Brasil. É quando serão adotados os objetivos de desenvolvimento sustentável que são legados da Rio+20", explicou o ministro Raphael Azeredo, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, antes da viagem de Dilma aos Estados Unidos.
"Eu não posso antecipar a natureza [do documento]. O que eu posso antecipar é que o documento que o Brasil vai apresentar é um documento ambicioso, que revela não só a ambição que Brasil quer traduzir em nível nacional, mas que quer ver refletida no âmbito multilateral da convenção para o acordo dos países. Como o anúncio, obviamente, será feito pela presidenta, no domingo, eu não me atreveria aqui a dizer aspectos dele. Mas vocês verão que é um documento ambicioso, inovador", disse o ministro.
Bicicleta
Durante a conversa com os jornalistas, Dilma foi questionada sobre se iria andar de bicicleta em Nova York. A presidente tem saído para pedalar quase todas as manhãs pelas ruas próximas ao Palácio da Alvorada, residência oficial em Brasília. A presidente vai acompanhada de seguranças, que a seguem também de bicicleta.
Sem responder à pergunta, Dilma lembrou do dia em que interrompeu a pedalada que fazia em Brasília para ajudar um ciclista que havia caído na rua. Na ocasião, o homem perdeu o equilíbrio ao desviar de um cachorro. A presidente ficou ao lado dele até a chegada do Samu e dos bombeiros (veja vídeo).
"Todos nós podemos cair. Temos de ser solidários uns com os outros, no sentido amplo da palavra", disse Dilma.
http://g1.globo.com/politica/noticia/20 ... -2030.html




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6050 Mensagem por EduClau » Seg Set 28, 2015 12:50 pm

Os erros perversos do “efeito jabuticaba”

Debate sobre os rumos da economia brasileira deve priorizar não o déficit fiscal – que nenhum país do mundo discute, exceto o Brasil –, mas sim o déficit nominal, que inclui o pagamento de juros, diz professor da FEA

O déficit fiscal – que levou o governo a propor, na semana passada, um pacote com medidas visando à diminuição das despesas e elevação da receita – não é o tema mais importante na discussão sobre como equilibrar as contas públicas. O que realmente importa é o déficit nominal, que inclui o pagamento de juros. É o que afirma o professor Paulo Roberto Feldmann, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. “Somente no Brasil, e em nenhum outro país do mundo, se discute o déficit fiscal, e sim o déficit nominal”, diz o professor. “Nas minhas aulas, chamo isso de ‘efeito jabuticaba’: só dá no Brasil.”

Segundo o professor, o déficit fiscal não dá ideia da real dimensão dos problemas financeiros do Brasil. Neste ano, com gastos de R$ 1,2 trilhão e receita de R$ 1,17 trilhão, o País contabiliza um rombo fiscal de R$ 30 bilhões – que o governo tenta cobrir com o pacote anunciado na semana passada. Acontece que, se considerados os juros (na taxa atual de 14,5%), os gastos do governo sobem para R$ 1,7 trilhão. “O déficit fiscal esconde o valor dos juros, que é o grande problema da economia brasileira”, diz Feldmann.

Para Feldmann, um dos benefícios de se olhar para o déficit nominal – e não para o déficit fiscal – é que, com isso, a sociedade passa a conhecer a verdadeira situação econômica do País. “Ao ver a conta certa, as pessoas vão perceber claramente e se conscientizar de que nós temos que mexer na taxa de juros.”

Manter a taxa de juros elevada para combater a inflação – principal argumento dos economistas do governo para fixar essa taxa em estratosféricos 14,5% – é equivocado, na opinião de Feldmann. Segundo ele, essa estratégia não derruba os índices de inflação e causa recessão, como se verifica no Brasil hoje. “É uma política econômica ultrapassada, que já foi abandonada há muito tempo pelos outros países”, enfatiza o professor, insistindo na necessidade de baixar a taxa de juros. “Os juros devem ser de, no máximo, 1% acima do índice de inflação. Se essa taxa, no Brasil, fosse de 9%, por exemplo, neste ano pagaríamos R$ 350 bilhões de juros, ou seja, R$ 150 bilhões a menos do que os R$ 500 bilhões que vamos pagar. Sobraria dinheiro para abater a dívida.”

Feldmann aponta outra razão para a atual taxa de juros. Segundo ele, essa política reflete a visão ideológica dos diretores do Banco Central (BC) e do ministro da Fazenda, todos eles ligados a bancos, os grandes beneficiários da política de juros altos. Além disso, os bancos são os maiores doadores de recursos para as campanhas eleitorais dos partidos políticos – como ocorreu nas últimas eleições presidenciais, em que tanto a candidata vitoriosa, Dilma Rousseff, como o candidato derrotado, Aécio Neves, foram financiados por grandes corporações ligadas ao sistema financeiro. “Com isso, como os governantes eleitos vão lutar contra a alta na taxa de juros?”, questiona Feldmann.

O professor lamenta ainda que a grande imprensa não dê espaço para a discussão do déficit nominal, insistindo meramente em propagar a ideia da necessidade de ajustes para reduzir o déficit fiscal. Segundo ele, isso ocorre porque também a imprensa é financiada pelos bancos, responsáveis por boa parte da publicidade veiculada nos jornais, rádios e emissoras de televisão do País. “O déficit nominal é a verdadeira discussão. É um equívoco se ater ao déficit fiscal”, reforça Feldmann. “O problema está na taxa de juros.”

Desperdício – O professor Carlos José Caetano Bacha, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, também vê um equívoco na forma como o governo combate o déficit fiscal. Para ele, as medidas anunciadas na semana passada – que enfatizam o corte de gastos públicos – não mostram o principal problema da administração do País: o desperdício. Segundo Bacha, em vez de cortar gastos, o governo deveria oferecer mais e melhores serviços com os recursos e a infraestrutura disponíveis.

Para Bacha, há uma série de iniciativas que, uma vez executadas, “automaticamente” gerariam economia para o governo e aumentariam a produtividade do setor público. Entre essas iniciativas estão a cobrança por serviços até agora não taxados, o fim da estabilidade do funcionalismo e a ampliação do horário de funcionamento de repartições públicas. “Simplesmente cortar gastos é um caminho errado. Precisamos de um outro mecanismo, que leve o setor público a produzir mais com o que existe hoje”, defende o professor.

http://espaber.uspnet.usp.br/jorusp/?p=48017
sds.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6051 Mensagem por LeandroGCard » Seg Set 28, 2015 1:37 pm

No Brasil não se discute o déficit nominal porque isso colocaria em evidência o absurdo da nossa política de juros, e isso não interessa a muita gente "grande" (grande em termos de $$$).

Só o que importa é o quanto o governo consegue arrancar da população sem ter que gastar em bobagens como educação ou saúde, de forma a que sobre o máximo possível para o pagamento de juros. Os juros em si são "anátema" nesta terra, a menos que caiam muito a ponto de reduzir os ganhos do mercado financeiro, aqui chamado simplesmente de "mercado" (mais uma jabuticaba) :roll: .


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6052 Mensagem por LeandroGCard » Seg Set 28, 2015 1:52 pm

Em maiores detalhes:
É uma política econômica ultrapassada, que já foi abandonada há muito tempo pelos outros países”, enfatiza o professor, insistindo na necessidade de baixar a taxa de juros. “Os juros devem ser de, no máximo, 1% acima do índice de inflação. Se essa taxa, no Brasil, fosse de 9%, por exemplo, neste ano pagaríamos R$ 350 bilhões de juros, ou seja, R$ 150 bilhões a menos do que os R$ 500 bilhões que vamos pagar. Sobraria dinheiro para abater a dívida.”
Usar a taxa de juros como ferramenta praticamente única do controle da inflação (combinada com a âncora cambial) era uma das estratégias prescritas pelo Consenso de Washington), adotado por FHC logo no início de seu governo em substituição ao Plano real, que ficou só no nome (isso mesmo, um estelionato que perdura até hoje).

os autores do tal consenso perceberam que isso é a receita do desastre e se retrataram, pedindo desculpas publicamente. Mas o Brasil finge que não viu e continua brincando disso, sabe deus até quando (provavelmente até uma bancarrota no estilo argentino ou grego).
Feldmann aponta outra razão para a atual taxa de juros. Segundo ele, essa política reflete a visão ideológica dos diretores do Banco Central (BC) e do ministro da Fazenda, todos eles ligados a bancos, os grandes beneficiários da política de juros altos. Além disso, os bancos são os maiores doadores de recursos para as campanhas eleitorais dos partidos políticos – como ocorreu nas últimas eleições presidenciais, em que tanto a candidata vitoriosa, Dilma Rousseff, como o candidato derrotado, Aécio Neves, foram financiados por grandes corporações ligadas ao sistema financeiro. “Com isso, como os governantes eleitos vão lutar contra a alta na taxa de juros?”, questiona Feldmann.
Ideologia podia ser lá atrás, quando se acreditava que a receita pudesse dar certo. Hoje é safadeza mesmo.

Desperdício – O professor Carlos José Caetano Bacha, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, também vê um equívoco na forma como o governo combate o déficit fiscal. Para ele, as medidas anunciadas na semana passada – que enfatizam o corte de gastos públicos – não mostram o principal problema da administração do País: o desperdício. Segundo Bacha, em vez de cortar gastos, o governo deveria oferecer mais e melhores serviços com os recursos e a infraestrutura disponíveis.

Para Bacha, há uma série de iniciativas que, uma vez executadas, “automaticamente” gerariam economia para o governo e aumentariam a produtividade do setor público. Entre essas iniciativas estão a cobrança por serviços até agora não taxados, o fim da estabilidade do funcionalismo e a ampliação do horário de funcionamento de repartições públicas. “Simplesmente cortar gastos é um caminho errado. Precisamos de um outro mecanismo, que leve o setor público a produzir mais com o que existe hoje”, defende o professor.
O objetivo não é e nunca foi dar maior eficiência à máquina pública, muito pelo contrário, é torná-la cada vez menos eficiente até que o clamor público pela privatização seja insuportável. E aí entregar tudo na mão de nossos oligarcas.

O modelo para o Brasil futuro não são os EUA e nem mesmo a Europa ou a Coréia do Norte (como acham alguns mais desavisados :? ), e sim a Rússia pós-Yeltsin. E a busca pelo nosso "Putin tropical" já começou (Temer, Cunha e Aécio são candidatos, mas até o Lula serve).


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6053 Mensagem por Bourne » Seg Set 28, 2015 2:03 pm

ops... :oops:




Editado pela última vez por Bourne em Seg Set 28, 2015 2:04 pm, em um total de 1 vez.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6054 Mensagem por Bourne » Seg Set 28, 2015 2:03 pm

O Paulo Roberto Feldmann é um ilustre professor da administração e não entende nada de política fiscal e estabilização. Um sinal é ele dizer que o resultado primário ninguém dá importância. Errado!!! o resultado primário é o parâmetro básico de indicação da política fiscal, direcionamento do endividamento e estabilização da economia. Os modelos de planejamento da política fiscal e os banco centrais usam para estabelecer o modelo e estratégia de ação.

O resultado nominal no brasil é resultado da ter uma estrutura de financiamento público de curto prazo e a estrutura de risco e outros mecanismos que leva o custo a ser alto. Outra coisa é que existe uma composição de indexadores na dívida pública que parte importante é pela Selic, mas outra igualmente importante é pelo IPCA. Este último mais recomendado para existir o incentivo para mante a inflação baixa e trazer as expectativas para baixos, reduzindo o custo fiscal de um combate inflacionário.

A ideia do Feldmann de baixar juros na marra é a ideia fracassada de 2012. Muito elogiada pelo empresariado, banqueiros e nobres acadêmicos como Bresser-pereira.

----

Enquanto isso, nas páginas do facebook dos ilustres acadêmicos, vemos o inicio da batalha pública entre o keynesianismo de quermesse ou vulgar versus os keynesianos fiscalistas. [005]
Vamos ver se eu entendi, numa economia que a inflação está perigosamente perto de 10% a.a, que o déficit em conta-corrente acumulado nos ultimos 12 meses está perto de 4% do PIB, que corre o risco de ser rebaixada por uma segunda agencia de rating, perdendo assim o grau de investimento, o que levaria a saída dos investidores institucionais do mercado de renda fixa e variável no Brasil, onde o deficit nominal do setor público consolidado está perto de 10% do PIB no acumulado dos ultimos 12 meses ... a solução é baixar os juros na marra e meter pau na máquina aumentando os gastos do governo? Eu sei que no modelo keynesiano simplificado funciona desse jeito, mas num modelinho um pouco mais complicado, no qual as relações financeiras sejam importantes, o resultado é um pouco diferente, para dizer o mínimo (oreiro, j. l.,2015 )




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6055 Mensagem por LeandroGCard » Seg Set 28, 2015 4:58 pm

Bourne escreveu:A ideia do Feldmann de baixar juros na marra é a ideia fracassada de 2012. Muito elogiada pelo empresariado, banqueiros e nobres acadêmicos como Bresser-pereira.
É evidente que só baixar os juros na marra e ponto não é a solução, principalmente em uma sociedade como a nossa, ainda com forte memória dos tempos de hiperinflação e com diversos preços e valores indexados. Mas esperar que simplesmente elevando os juros a economia vá parar em algum lugar melhor também não resolve nada, e acho que vinte anos tentando isso para não chegar a lugar algum já é prova suficiente disso (a menos que se considere que o lugar melhor é o túmulo :| ).

Existem diversos outros meios possíveis de se evitar o contágio da recomposição dos preços administrados para o restante da economia que não passam pela elevação dos juros, e que incluem o aumento do compulsório bancário, a suspensão dos empréstimos consignados, o desmonte dos mecanismos de indexação, a limitação dos prazos máximos de financiamento, a abertura comercial seletiva (este agora mais difícil com a disparada do dólar) a reestruturação da carga de impostos e até subsídios localizados a determinados preços básicos (o que embora soe como um palavrão aos ouvidos da maioria dos brasileiros pode ter um custo muito menor e uma eficiência muito maior que o aumento dos juros, se for algo bem administrado - eu prefiro dar 5 bilhões para produtores de aço ou de milho que dar 50 bilhões para banqueiros). E garanto que você, como economista que é, pode imaginar ainda muitas outras ações de mesma natureza. Apenas após a aplicação de todos estes mecanismos é que se utilizaria o aumento dos juros para complementar as demais ações, e apenas na medida mínima necessária.

Se aplicados da forma correta e com transparência, deixando claros quais o objetivos a atingir e o que acontecerá quando forem atingidos (como estas medidas serão relaxadas - já que não se imagina que sejam permanentes) estes e outros mecanismos poderiam produzir efeitos muito mais palpáveis no controle da inflação sem aumentar a dívida pública e o seu custo de rolagem. Só a economia anual de CENTENAS DE BILHÕES DE REAIS com a minimização dos pagamentos relativos ao serviço de nossa dívida monstruosa já criaria expectativas muito melhores que qualquer esforço fiscal feito com os juros mantidos neste nível. E daria muito mais confiança aos agentes econômicos para fazer investimentos do que esta política que há 20 anos garante no máximo curtos "vôos de galinha" entre as crises recorrentes.

Na verdade deveria inclusive existir uma agenda pré-preparada com a sequência de ações a serem tomadas dependendo do andamento da economia e da inflação, de forma a que todos soubessem exatamente o que esperar em cada caso. Isso não só permitiria maior planejamento como serviria de incentivo a que se evitassem os aumentos de preços, pois se saberia exatamente o que viria depois. E a aprovação política também seria muito mais fácil, pois se poderiam discutir as ações in-advance, antes das crises se instalarem, e não no seu auge. Esta dicotomia obrigatória e idiota entre juros estratósféricos ou juros baixos "na marra" não é real, existem muito mais coisas que se poderia fazer. E em paralelo os diversos problemas que temos da educação à administração pública poderiam ir sendo resolvidos também se o ambiente político não estivesse tão exacerbado pela crise.


Mas ao invés disso simplesmente apela-se para o mais fácil e conveniente (para quem?), aumentam-se os juros seguindo-se a velha receita que nunca funcionou, jogando-se a enorme conta resultante para um incerto "futuro melhor algum dia", e depois espera-se que o "Deus Mercado" resolva todos os problemas já que as "expectativas" certamente vão melhorar com a adoção da tão querida "ortodoxia" :roll: .

Tão tá então, vamos aguardar. Deitados, que nem sentados dá mais para suportar, vinte anos de chá de cadeira já é mais que o suficiente para achatar qualquer traseiro :? .


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6056 Mensagem por Wingate » Seg Set 28, 2015 6:03 pm

Hermes escreveu:Essa é fácil, bastar seguir com a desindustrialização e com a redução da economia em geral que teremos um país com pouca emissão de gases no futuro, vamos até dobrar a meta, seja lá qual for a meta.

Dilma diz que Brasil terá 'boa meta' na redução da emissão de gases até 2030.

Presidente participará Cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável em NY.
Sem adiantar metas, Dilma afirmou que Brasil 'sempre dá sua contribuição'.

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (25), em Nova York, que o Brasil se comprometerá com uma "boa meta" de redução de emissões de gases de efeito estufa até 2030. Dilma participará da Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável e anunciará o compromisso do país em discurso no domingo (27).
Nesta sexta, a presidente conversou rapidamente com jornalistas na porta do hotel em que está hospedada. Sem dar detalhes sobre as metas do Brasil, Dilma afirmou que o país "sempre dá a sua contribuição" sobre o assunto nos encontros globais sobre o clima.
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Após adiar reforma ministerial, Dilma embarca para NY
Nos EUA, Dilma defenderá reforma do Conselho de Segurança da ONU
"Vai ser uma boa meta. O Brasil sempre dá a sua contribuição. [...] É bom a gente lembrar que nós somos um país muito especial nessa área. Nós reduzimos em 82%¨o desmatamento, temos uma matriz energética que tem hidrelétrica, solar, eólica, biomassa", disse Dilma.
A meta de redução da emissão dos gases de efeito estufa é o chamado INDC (Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas), que todos os países terão de apresentar antes da cúpula do clima de Paris no fim do ano.
Em 2012, último ano com dados oficiais, o Brasil emitia 1,2 bilhão de tonelada de dióxido de carbono. Em 2005, por exemplo, o país registrou uma emissão de 2,3 bilhões do gás, especialmente com a redução do desmatamento.
Desenvolvimento Sustentável
Durante a Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, os países participantes discutirão 17 metas de desenvolvimento sustentável a serem atingidas até 2030. O Brasil participou ativamente da elaboração das propostas que têm por objetivo acabar com a pobreza, promover a prosperidade econômica, o desenvolvimento social e a proteção ambiental.
"A cúpula é o encerramento do ciclo da Rio+20. É um evento de grande significado para o Brasil. É quando serão adotados os objetivos de desenvolvimento sustentável que são legados da Rio+20", explicou o ministro Raphael Azeredo, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, antes da viagem de Dilma aos Estados Unidos.
"Eu não posso antecipar a natureza [do documento]. O que eu posso antecipar é que o documento que o Brasil vai apresentar é um documento ambicioso, que revela não só a ambição que Brasil quer traduzir em nível nacional, mas que quer ver refletida no âmbito multilateral da convenção para o acordo dos países. Como o anúncio, obviamente, será feito pela presidenta, no domingo, eu não me atreveria aqui a dizer aspectos dele. Mas vocês verão que é um documento ambicioso, inovador", disse o ministro.
Bicicleta
Durante a conversa com os jornalistas, Dilma foi questionada sobre se iria andar de bicicleta em Nova York. A presidente tem saído para pedalar quase todas as manhãs pelas ruas próximas ao Palácio da Alvorada, residência oficial em Brasília. A presidente vai acompanhada de seguranças, que a seguem também de bicicleta.
Sem responder à pergunta, Dilma lembrou do dia em que interrompeu a pedalada que fazia em Brasília para ajudar um ciclista que havia caído na rua. Na ocasião, o homem perdeu o equilíbrio ao desviar de um cachorro. A presidente ficou ao lado dele até a chegada do Samu e dos bombeiros (veja vídeo).
"Todos nós podemos cair. Temos de ser solidários uns com os outros, no sentido amplo da palavra", disse Dilma.
http://g1.globo.com/politica/noticia/20 ... -2030.html
Essa é fácil, bastar seguir com a desindustrialização e com a redução da economia em geral que teremos um país com pouca emissão de gases no futuro, vamos até dobrar a meta, seja lá qual for a meta.
Se bobear, seremos o COSTA RICÃO da América do Sul e ainda somente com uma GUARDA NACIONAL proforma... :(

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6057 Mensagem por LeandroGCard » Seg Set 28, 2015 6:25 pm

Wingate escreveu:Se bobear, seremos o COSTA RICÃO da América do Sul e ainda somente com uma GUARDA NACIONAL proforma... :(

Wingate
Minha aposta é que nem guarda nacional teremos, vamos terceirizar nossa defesa para a Blackwater :( .

Mas infelizmente a economia de recursos esperada não se materializará, porque em nome do progresso nacional vamos insistir em equipá-los com equipamentos produzidos aqui, em filiais de empresas multinacionais estrangeiras através da aquisição de ToT´s de outras empresas estrangeiras a preço de ouro :roll: .


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6058 Mensagem por LeandroGCard » Ter Set 29, 2015 3:26 pm

E vai ficando claro que as condições econômicas atuais deixaram a classe dos economistas realmente perdida, sem saber sequer o que dizer.

Hora de voltar ao gabinete de pesquisas, e daqui a algumas décadas talvez apareça uma nova teoria que permita voltar a fingir que se entende do assunto 8-] :
Camisas de força

O Estado de S. Paulo - José Paulo Kupfer, 29 Setembro 2015

Depois das intervenções mais ativas do Banco Central, quinta-feira e sexta-feira da semana passada, e do calendário de intervenções anunciadas para o início desta, o mercado cambial operou nesta segunda-feira sob pressão. Já abriu em alta e, embora sem exigir novas intervenções, testou limites de alta. Acabou fechando em R$ 4,08 e, apesar da alguma moderação em relação à semana anterior, as perspectivas, pelo menos no curto prazo, não são de tranquilidade.

Com o previsto anúncio, nesta semana, da reforma ministerial e da prometida análise de pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, as expectativas de novos períodos de instabilidades – e quem sabe de turbulências – no câmbio permanecem no radar. Isso sem falar nas fontes de incertezas de sempre, alimentadas pelo desenrolar das disputas pelo ajuste fiscal no Congresso e por possíveis novos lances da Operação Lava Jato.

Também permanecem dúvidas sobre as melhores estratégias para conter as pressões sobre as cotações da moeda americana. Se nem nos tempos da bonança sustentada pelas abundantes receitas externas e a farta liquidez internacional, em meados dos anos 2000, houve consenso sobre a política monetária e a atuação do BC na área cambial, imagine-se agora, nesta atual fase de urgências e emergências.

A posição das pedras no tabuleiro do xadrez econômico do momento, é verdade, não facilita a escolha do roteiro a seguir. Raramente a velha anedota segundo a qual em um grupo de seis economistas sempre surgirão pelo menos oito opiniões diferentes sobre o mesmo tema ( :mrgreen: :roll: ) pareceu retratar tão bem a situação presente. Isso se deve a uma conjunção adversa de fortes desequilíbrios econômicos com a redução da eficácia de políticas corretivas, metidas em camisas de força determinadas pela ampliação dos riscos de seus efeitos colaterais e por fim, mas não por último, o tumultuado quadro político.

No campo estrito da economia, depois de alguma relutância, os economistas estão mais propensos a acreditar ter se instalado um estado de “dominância fiscal”, de acordo com a qual a trajetória da dívida pública coloca a política de alta de juros, ferramenta clássica de contenção de pressões inflacionárias, na estranha situação de produzir mais inflação ao ser acionada.

Dificilmente, de fato, haveria outra explicação para o fato de o BC, no Relatório de Inflação de setembro, divulgado na semana passada, ter admitido piora no “balanço de riscos” para a inflação, mas insistido em assegurar que pretende manter a taxa básica de juros onde está por “período prolongado”.

A mensagem subjacente a essa comunicação ambígua é a de que, enquanto a situação fiscal não for equacionada – ou seja, o superávit primário não for suficiente para estancar aumentos na dívida pública –, o esforço de evitar um descontrole na taxa de câmbio terá de se valer de mecanismos de intervenção mais direta.

É aqui que fica difícil encontrar dois economistas com propostas semelhantes para evitar turbulências no câmbio. A novidade mais tentadora é a de substituir a oferta de contratos de swaps cambiais, que, no fundo são operações em reais, mas geram dívida bruta pública, por colocação de dólares físicos, tomados das reservas internacionais, cuja manutenção também resulta em dívida.

É possível montar listas bem fornidas de argumentos em favor do uso de reservas, quebrando o tabu de que elas existem para não ser usadas, ou contra o recurso ao expediente. Dizem os que são favoráveis que seria possível reduzir a relação dívida bruta/PIB em 8 pontos porcentuais, trazendo-a a um nível melhor do que o do México, que é grau de investimento. Rebatem os contrários ao uso de reservas com o argumento de que a redução do esforço fiscal para estabilizar a relação dívida/PIB, expresso em porcentagem do superávit primário exigido, não passaria de 0,5% do PIB e não valeria o risco do sinal de fragilidade que seria passado ao mercado.
Leandro G. Card

P.S.- Bourne, é só uma provocaçãozinha, não leve tão a sério. O que quero dizer mesmo é que a situação chegou a um ponto em que é necessário pensar "fora da caixa" das "soluções mágicas" tradicionais de sempre.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6059 Mensagem por Wingate » Ter Set 29, 2015 4:57 pm

LeandroGCard escreveu:E vai ficando claro que as condições econômicas atuais deixaram a classe dos economistas realmente perdida, sem saber sequer o que dizer.

Hora de voltar ao gabinete de pesquisas, e daqui a algumas décadas talvez apareça uma nova teoria que permita voltar a fingir que se entende do assunto 8-] :
Camisas de força

O Estado de S. Paulo - José Paulo Kupfer, 29 Setembro 2015

Depois das intervenções mais ativas do Banco Central, quinta-feira e sexta-feira da semana passada, e do calendário de intervenções anunciadas para o início desta, o mercado cambial operou nesta segunda-feira sob pressão. Já abriu em alta e, embora sem exigir novas intervenções, testou limites de alta. Acabou fechando em R$ 4,08 e, apesar da alguma moderação em relação à semana anterior, as perspectivas, pelo menos no curto prazo, não são de tranquilidade.

Com o previsto anúncio, nesta semana, da reforma ministerial e da prometida análise de pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, as expectativas de novos períodos de instabilidades – e quem sabe de turbulências – no câmbio permanecem no radar. Isso sem falar nas fontes de incertezas de sempre, alimentadas pelo desenrolar das disputas pelo ajuste fiscal no Congresso e por possíveis novos lances da Operação Lava Jato.

Também permanecem dúvidas sobre as melhores estratégias para conter as pressões sobre as cotações da moeda americana. Se nem nos tempos da bonança sustentada pelas abundantes receitas externas e a farta liquidez internacional, em meados dos anos 2000, houve consenso sobre a política monetária e a atuação do BC na área cambial, imagine-se agora, nesta atual fase de urgências e emergências.

A posição das pedras no tabuleiro do xadrez econômico do momento, é verdade, não facilita a escolha do roteiro a seguir. Raramente a velha anedota segundo a qual em um grupo de seis economistas sempre surgirão pelo menos oito opiniões diferentes sobre o mesmo tema ( :mrgreen: :roll: ) pareceu retratar tão bem a situação presente. Isso se deve a uma conjunção adversa de fortes desequilíbrios econômicos com a redução da eficácia de políticas corretivas, metidas em camisas de força determinadas pela ampliação dos riscos de seus efeitos colaterais e por fim, mas não por último, o tumultuado quadro político.

No campo estrito da economia, depois de alguma relutância, os economistas estão mais propensos a acreditar ter se instalado um estado de “dominância fiscal”, de acordo com a qual a trajetória da dívida pública coloca a política de alta de juros, ferramenta clássica de contenção de pressões inflacionárias, na estranha situação de produzir mais inflação ao ser acionada.

Dificilmente, de fato, haveria outra explicação para o fato de o BC, no Relatório de Inflação de setembro, divulgado na semana passada, ter admitido piora no “balanço de riscos” para a inflação, mas insistido em assegurar que pretende manter a taxa básica de juros onde está por “período prolongado”.

A mensagem subjacente a essa comunicação ambígua é a de que, enquanto a situação fiscal não for equacionada – ou seja, o superávit primário não for suficiente para estancar aumentos na dívida pública –, o esforço de evitar um descontrole na taxa de câmbio terá de se valer de mecanismos de intervenção mais direta.

É aqui que fica difícil encontrar dois economistas com propostas semelhantes para evitar turbulências no câmbio. A novidade mais tentadora é a de substituir a oferta de contratos de swaps cambiais, que, no fundo são operações em reais, mas geram dívida bruta pública, por colocação de dólares físicos, tomados das reservas internacionais, cuja manutenção também resulta em dívida.

É possível montar listas bem fornidas de argumentos em favor do uso de reservas, quebrando o tabu de que elas existem para não ser usadas, ou contra o recurso ao expediente. Dizem os que são favoráveis que seria possível reduzir a relação dívida bruta/PIB em 8 pontos porcentuais, trazendo-a a um nível melhor do que o do México, que é grau de investimento. Rebatem os contrários ao uso de reservas com o argumento de que a redução do esforço fiscal para estabilizar a relação dívida/PIB, expresso em porcentagem do superávit primário exigido, não passaria de 0,5% do PIB e não valeria o risco do sinal de fragilidade que seria passado ao mercado.
Leandro G. Card

P.S.- Bourne, é só uma provocaçãozinha, não leve tão a sério. O que quero dizer mesmo é que a situação chegou a um ponto em que é necessário pensar "fora da caixa" das "soluções mágicas" tradicionais de sempre.
Tudo bem, mas que não venham com um novo Dr. Frankenstein para resolver o problema.. :(

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#6060 Mensagem por Bourne » Ter Set 29, 2015 5:04 pm

pela quantidade de maluco que tem por aí é complicado. Os mais em evidência atualmente são os da patrulha da demanda agregada. Aqueles que acham que é só gastar mais que a economia bombar e os problemas são se resolver sozinhos. Enfim, a principal mensagem é essa:



Não acreditem naqueles que vendem saídas fáceis. Não acreditem nesses embusteiros. O tempo dirá que eles estão errados.

---

Mais um detalhe. Olhem o tamanho da dívida externa privada e o tamanho das reservas. Estão próximas. Ou seja, aqueles 300 e tantos bi em reservas não são tudo isso e nem elevadas. E, agora, o bc e governo resolveram dar hedge de proteção para todo mundo e nacionalizar essa dívida privada. Não mexe com as reservas, mas aumenta a dívida pública interna e arrebenta o ajuste fiscal. [e o efeito colateral de perder o grau de investimento de uma agência, aguardem quando tiver a das outras.




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