FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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juarez castro
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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#391 Mensagem por juarez castro » Ter Mar 24, 2015 8:12 pm

Luís Henrique escreveu:
Carlos Lima escreveu: A diferença é que esse foi um projeto desenvolvido 'do zero' tendo como objetivo a criação de uma versão Naval da aeronave.

No fim nesse caso, dizer que a diferença é de 80/85% ou seja lá quanto for não leva em consideração o que existem em ambas as versões e é mais uma característica "Naval" do que "terrestre".

[]s
CB_Lima
Oras, o Sea Gripen está em estudos há muito tempo e o Gripen E ainda não está pronto.

E a SAAB já disse várias vezes que os requisitos de operação em rodopistas 'aproxima' as características básicas do Gripen com as necessárias à operação embarcada.

Ai para chegar la já esta mais próximo.

No caso do Rafale, 50% da aeronave é construída pela Dassault. Os outros 50% são construídos pela Thales e Snecma.

Dito isto, eu acho que toda a parafernália eletrônica (que em um caça de 4,5a geração não é pouca) + o motor (que representa bastante em termos de valor à um caça) será 100% idênticos nas duas versões (NG e Sea Gripen).

A estrutura que seria o restante (50%?) vai mudar o que?

Vai permanecer MUITA coisa igual. São detalhes aqui, detalhes ali, reforços estruturais aqui e ali.

Toda a eletrônica, computadores de bordo, etc, tudo igual. Na hora da manutenção o mesmo radar, o mesmo EW, o mesmo IRST, o mesmo motor, o mesmo computador de missão, enfim, eu acho que alguns de vocês exageram muito.

Nem 8 nem 80. Não é só pendurar um gancho de parada, mas também não é tão diferente assim.

Eu estou ansioso para ler mensagens da Sra. Maria José em um futuro próximo. :lol: :lol: :lol:
Nãi vai ler porque eu tenho razão, e como tusabe quye não sabe fica falando bobagens boca afora.

Trens de pouso com estrutura diferente, sistemas hidráulicos diferentes, cabeamentos diferentes,sistema elétrico diferente, longarina principal reforçada(Gripen), talvez o Rafale M e o B/C tenham a mesma porque o projeto já nasceu para operar embarcado também.

Grande abraço




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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#392 Mensagem por Lirolfuti » Ter Mar 24, 2015 8:16 pm

Eu só acredito em Sea Gripen se for adotada uma solução estilo Super Hornet, ou seja a FaB tbm usando a versão naval.




juarez castro
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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#393 Mensagem por juarez castro » Ter Mar 24, 2015 8:17 pm

Carlos Lima escreveu:O Gripen E está com o protótipo sendo construído e o projeto praticamente pronto.

Se "rodopista" fosse algo realista teríamos o Xavante N... [003] . No mais uma 'rodopista' na Suécia compete com os melhores aeroportos do Brasil. ;)

Imagina um "aeroporto" aonde enquanto eles não estão usando, eles deixam passar carros e caminhões... pois é isso que ocorre por lá. ;)

O Gripen Naval é outro papo... e precisa de $$$.

[]s
CB_Lima
Perfeito, se fosse este mundo mágico plug and play,o problema da MB estava resolvido.Treinava com Mike a bordo e usava gancho deparada de emergência para enganchar nos cabos de parada, de preferência com o LH pilotando sem alerta de voo do Pedro.

Grande abraço




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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#394 Mensagem por FCarvalho » Qua Mar 25, 2015 12:44 pm

Carlos Lima escreveu:Existe uma diferença entre o fabricante empurrar uma matéria como parte dos esforço e garantir $ e a avaliação real de tal desafio por gente da FAB/MB/Embraer...
Até onde se sabe Carlos, a SAAB não precisa, e nem precisou até aqui, de acompanhamento da FAB/MB para encaminhar e realizar os estudos preliminares da versão naval do Gripen. E não consta também que eles empurrem qualquer coisa em termos de matéria propagandística por aí só para tentar dourar a pílula de tais estudos, já que quem decide de verdade alguma coisa por aqui em termos de $ nem sabe, ou quer saber, que existe essa possibilidade de uma versão naval do Gripen, até que os militares digam algo sobre a eles.Então tal esforço de mídia e propaganda, seria, no mínimo, questionável em termos de retorno financeiro.
Infelizmente existe um esforco descomunal para a info do marketing aparecer e muito pouco sobre a realidade das avaliações.
Tais avaliações, espera-se venham a público, na verdade, quando e se referendadas convenientemente por alguma autoridade militar, Carlos. E esse papel os suecos esperam dar aos brasileiros. E a chance que eles tem é agora.
Coisas de contrato, etc.
Mas nao custa nada usar um pouco de bom senso e filtrar muito do que o marketing diz.
Muito do que se diz no marketing, é real. E outra grande parte é próximo da verdade. Falsa propaganda nunca foi um bom negócio para empresas de defesa, principalmente nestes dias em que uma concorrência pode determinar o fim, ou o recomeço de uma empresa, como se viu e se vê no Brasil. O tempo dirá o que de verdade e inverdades existem n marketing sueco quanto ao Gripen N.

A outra opcao e' claro e' acreditar de bracos abertos e achar que e' Assim que a coisa funciona.
Teríamos de ser muito ingênuos, ou prosélitos, para supor que tudo que nos chega da propaganda é real e credível. Mas eu creio que os nossos militares não sejam assim, e suponho a maioria aqui.
A lamentar neste sentido, por exemplo, o fato de que nenhum dos candidatos do FX, desde o primeiro lá atrás, jamais foram testados em território nacional. Se muito o foram lá fora, e sob condições limitadas e determinadas pelos fabricantes. Porque? Não sei. Mas acho que não foi só por causa de marketing não.

[]s
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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#395 Mensagem por Paisano » Qua Mar 25, 2015 12:49 pm

Curiosidade e ceticismo, esses são os meus lemas sobre esse tema.

Quero ver o tamanho do bicho que irá nascer desses tais estudos.




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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#396 Mensagem por FCarvalho » Qua Mar 25, 2015 1:00 pm

juarez castro escreveu:
Carlos Lima escreveu:O Gripen E está com o protótipo sendo construído e o projeto praticamente pronto.
Carlos, Isto não significa que o projeto esteja praticamente pronto. Não mesmo. Por isso que se produzirão 4/5 protótipos. O que sair das linhas de produção depois das avaliações com os protóripos, em 2019 será o caça pronto e finalizado. Antes disso, tudo, alguma coisa, e nada podem mudar nele. Inclusive para adaptar requisitos navais ao mesmo. Então, muita água ainda vai passar por debaixo desta ponte até termos efetivamente um Gripen E/F na nossas linhas de voo, ou no A-12.
Se "rodopista" fosse algo realista teríamos o Xavante N... [003] . No mais uma 'rodopista' na Suécia compete com os melhores aeroportos do Brasil. ;)
Imagina um "aeroporto" aonde enquanto eles não estão usando, eles deixam passar carros e caminhões... pois é isso que ocorre por lá. ;)
O Gripen Naval é outro papo... e precisa de $$$.
Sim, precisa de dinheiro, e muito. E de vontade também, principalmente, Mas isto de maneira nenhuma invalida o fato de que o caça já dispõe hoje de inúmeras características aerodinâmicas que o tornam maleável o suficiente, em termos de reprojeto, a fim de adaptá-lo a operações embarcadas. O problema nunca foi o avião. Mas os dois primeiros itens que citei acima. Com isso, o resto se resolve. Ou não.
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Perfeito, se fosse este mundo mágico plug and play,o problema da MB estava resolvido.Treinava com Mike a bordo e usava gancho deparada de emergência para enganchar nos cabos de parada, de preferência com o LH pilotando sem alerta de voo do Pedro.
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Não existem soluções mágicas. E também não existe mistério na proposição de um caça naval a partir do Gripen. O que precisamos saber é se tais resultados estão abalizados pela FAB e pela MB, ou se isto apenas trata-se de mais uma peça de propaganda. Bem, no contrato do FX-2, e já sabendo de antemão que a MB optaria pelo vencedor como caça naval padrão no A-12 e no que vier depois, alguém aqui acha mesmo que os suecos estão brincando de montar casinha com este em relação a este projeto? Será que também eles estão brincando de faz de conta, só para tentar empurrar uma solução que eles mesmo sabem que não tem futuro tanto em termos técnico-operacionais como de projeto? Estariam eles a fim de nos enganar propositadamente só para nos fazer gastar dinheiro do erário com um projeto que não dará em nada de antemão? Seriam os nossos militares tão parvos em tempo de acreditar em tal pregação sueca?
Sinceramente, eu tenho lá as minhas dúvidas.

abs




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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#397 Mensagem por Carlos Lima » Qua Mar 25, 2015 1:42 pm

FCarvalho escreveu:
juarez castro escreveu: Perfeito, se fosse este mundo mágico plug and play,o problema da MB estava resolvido.Treinava com Mike a bordo e usava gancho deparada de emergência para enganchar nos cabos de parada, de preferência com o LH pilotando sem alerta de voo do Pedro.
Grande abraço
Não existem soluções mágicas. E também não existe mistério na proposição de um caça naval a partir do Gripen. O que precisamos saber é se tais resultados estão abalizados pela FAB e pela MB, ou se isto apenas trata-se de mais uma peça de propaganda. Bem, no contrato do FX-2, e já sabendo de antemão que a MB optaria pelo vencedor como caça naval padrão no A-12 e no que vier depois, alguém aqui acha mesmo que os suecos estão brincando de montar casinha com este em relação a este projeto? Será que também eles estão brincando de faz de conta, só para tentar empurrar uma solução que eles mesmo sabem que não tem futuro tanto em termos técnico-operacionais como de projeto? Estariam eles a fim de nos enganar propositadamente só para nos fazer gastar dinheiro do erário com um projeto que não dará em nada de antemão? Seriam os nossos militares tão parvos em tempo de acreditar em tal pregação sueca?
Sinceramente, eu tenho lá as minhas dúvidas.

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A coisa é simples... quando o Brasil resolveu inserir a MB e o requerimento para um avião Naval no F-X a coisa já estava lá na short-list o que invariavelmente alteraria todo o processo e propostas iniciais se fizesse parte do requerimento desde o ínicio.

Obviamente que com isso acontecendo o que restou a SAAB fazer? "- Sim, é claro que o Gripen pode ser Navalizado... ele opera em Rodospista... por que não? "

Agora, não tem mágica. Por mais que mais 3 protótipos ainda estejam por voar, o projeto em si já tem uma gigantesca parte já praticamente pronta e para transformar uma aeronave jamais pensada em ser naval em uma aeronave naval tem que colocar $$$$$$ em cima disso. Os caras já tem que fazer reprojeto do cockpit para colocar monitor tela plana e já estavam reclamando disso... imagina um avião naval!?

Para piorar, lembre-se que para garantir 'pontos em comum' com uma versão Naval, tanto a FA Sueca quanto a FAB teriam que concordar com as soluções de compromisso que uma Versão Naval iria impor ou a MB estaria sozinha operando tal avião.

Bom... hoje a Suécia já disse que nem de graça não quer os monitores tela plana da FAB porque sabe que isso pode custar uma Babá sem realmente tanta vantagem assim, como é que alguém acha que eles iriam alterar todo o atual cronograma da aeronave para botar mais peso nela e ficar de bem com a MB? Lembre-se que hoje o peso adicional no Gripen E já está custando parte da sua carga.

Mas se o Brasil tiver a fim de comprar isso e pagar o preço, e tornar a versão da FAB "igual" a da "MB" (ficando mais diferente ainda dos suecos) ou ter dois tipos de aviões "MB" e "FAB", fazer o que?

Só será mais um capítulo nessa saga.

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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#398 Mensagem por henriquejr » Qua Mar 25, 2015 2:34 pm

Já faz um bom tempo(acho que mais de 10 anos), que vi noticias de que a Saab vinha estudando fazer uma versão naval de futuras versões do Gripen (que incluía também vetoracao de empuxo, tecnologias furtivas, etc), quando ainda nem se falava no Gripen NG. Na época, lembro que os britanicos acessorariam o projeto. Não sabemos se o projeto do Gripen NG já previa isto.




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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#399 Mensagem por Carlos Lima » Qua Mar 25, 2015 3:43 pm

henriquejr escreveu:Já faz um bom tempo(acho que mais de 10 anos), que vi noticias de que a Saab vinha estudando fazer uma versão naval de futuras versões do Gripen (que incluía também vetoracao de empuxo, tecnologias furtivas, etc), quando ainda nem se falava no Gripen NG. Na época, lembro que os britanicos acessorariam o projeto. Não sabemos se o projeto do Gripen NG já previa isto.
Improvável... a Suécia não iria pagar o desenvolvimento (e as consequências em termos de desempenho) de um improvável avião naval.

Os estudos foram para demonstrar a viabilidade de tal programa... depois disso caso alguém esteja interessado existe um tempo, um esforço e um custo $$.

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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#400 Mensagem por juarez castro » Qui Mar 26, 2015 9:26 am

Se eu bem conheço as coisas por aqui vão ter um caça embarcada mais caro que o F 35, claro, se existir marinha até áa, pois do jeito que as coisas estão caminhando.

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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#401 Mensagem por Luís Henrique » Qui Mar 26, 2015 11:32 am

juarez castro escreveu:
Carlos Lima escreveu:O Gripen E está com o protótipo sendo construído e o projeto praticamente pronto.

Se "rodopista" fosse algo realista teríamos o Xavante N... [003] . No mais uma 'rodopista' na Suécia compete com os melhores aeroportos do Brasil. ;)

Imagina um "aeroporto" aonde enquanto eles não estão usando, eles deixam passar carros e caminhões... pois é isso que ocorre por lá. ;)

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Carlos e Juarez, este argumento que as rodopistas são melhores do que nossos aeroportos, não tem lógica alguma para a questão.
Explico: A pista em um navio aeródromo é de péssima qualidade? Existem buracos, valetas, lombadas, ou qualquer tipo de problema no 'piso' dos navios aeródromos?

Portanto, o fato de que o Gripen foi projetado para operar em rodopistas tem a ver com velocidade baixa na aproximação para pouso, controlabilidade, necessidade de pouco espaço (metros) para pousar e parar a aeronave, necessidade de poucos metros para decolar, estrutura da aeronave mais robusta para decolagens e pousos mais agressivos que os realizados em bases aéreas, onde o espaço é muito maior e as decolagens e pousos podem ocorrer de forma bem mais suave.

Já no caso do Gripen NG, desde 2009 a SAAB definiu estudos para o Sea Gripen e JÁ INCORPOROU mudanças no Gripen NG para FACILITAR A TRANSIÇÃO DO NG PARA O SEA GRIPEN.

Portanto, se o Gripen C já estava mais próximo para operação em navios aeródromos do que outras aeronaves, o NG está muito mais. Diria que na metade do caminho.

Ótima leitura e de fonte oficial, sobre Sea Gripen e semelhanças que acabamos de discutir:

PODER AÉREO – Vamos falar um pouco de Sea Gripen. Você tinha dito que eram necessárias horas e horas de projeto para se mudar do Gripen C para o Gripen NG. Para migrar do Gripen NG para o Sea Gripen, serão necessárias muitas horas de re-projeto para preparar a aeronave para pouso em porta-aviões?

Bengt Janér – Não. Haverá sim um esforço de desenvolvimento, mas é contido.

Após a concepção do Programa do Gripen NG observou-se que haveria um potencial para uma versal navalizada e daí nasceu a idéia do Sea Gripen. Em uma situação como essa, as maiores oportunidades que se tem fazer mudanças de concepção ocorrem no início do projeto.

Se o NG já estivesse no final do projeto, com pré-série já voando, com todos os desenhos de produção liberados, haveria sim um impacto maior em esforço de engenharia para a definição e projeto estrutural.

A concepção do Sea Gripen levou em consideração o que eu preciso fazer hoje no NG para não precisar recalcular mais adiante.

Devido ao fato do Gripen ser uma aeronave que nasceu para operação a partir de rodopistas, seu projeto já incorpora características bem próximas das exigidas para a operação embarcada.

A questão de reforçar ou não é muito sutil. Quando se compara um caça naval e um convencional (genérico), tem-se um peso estrutural, pois se tem de reforçar o trem de pouso, parede do trem de pouso, gancho etc para agüentar o lançamento da catapulta e o pouso. São cargas bem distintas que atuam em cada uma dessas fases de vôo.

Grosso modo, se pegarmos um caça naval clássico como o F-18, se este tivesse sido projetado para operar a partir de bases em terra, teríamos uma diferença de umas duas toneladas só de peso estrutural, comparado a versão navalizada. Hoje existem ferramentas de projeto muito avançadas e a possibilidade de emprego de novos materiais. Esse impacto de peso varia de 300 a 600kg num caça projetado agora no século XXI.

A diferença de peso do Sea Gripen para o Gripen NG deverá ser da ordem de 500kg no máximo (um cálculo preciso já foi feito mas não posso divulgá-lo. Já foram identificadas todas as áreas que deverão ser revisitadas durante o projeto do Sea Gripen.

Essas áreas de impacto vão ter um tratamento especial quando forem projetadas em nível detalhado como foi projetada essa peça que está sendo liberada hoje.

Ela terá um controle de configuração para que seja revisitada quando forem trabalhar no Sea Gripen.

Ou seja, já está sendo feito um pré-trabalho para facilitar o desenvolvimento do Sea Gripen.

O melhor dos mundos é um cliente decidindo agora pelo Gripen NG, acelera-se o desenho do NG que já está em andamento, daqui a uns dois anos lança-se formalmente o Sea Gripen em termos de projeto de engenharia e com o amadurecimento de grande parte do projeto do NG, pegam-se as peças que já estão marcadas e reprojetam-se as partes específicas para o Sea Gripen, pois já foram previamente identificadas.

Para um caça naval algumas características são importantes. Não somente a resistência estrutural, mas aspectos de controlabilidade, estabalidade, visibilidade a partir da cabine e outros são fundamentais.



O benefício de operar em rodopista é que as cargas para pouso são quase tão elevadas quanto a operação embarcada. O Gripen pousa em rodopista, se não me falha a memória, de 13 a 14 pés por segundo de impacto e a especificação para pousar em porta-aviões e na faixa dos 18 a 20 pés por segundo. Um caça não STOL pousa a menos de 8 pés por segundo de velocidade vertical. (Obs.: o que eu falei, um pouso comum em bases aéreas é bem mais suave, um pouso em rodopistas já se aproxima do exigido para um pouso em navios aeródromos, o Gripen C está próximo, o NG está muito mais próximo)

O Gripen é um avião robusto que está meio caminho de um avião completamente capaz de operar embarcado. Mas não é só o fator da robustez no pouso ou da capacidade de aceleração, são vários fatores, um deles dos mais importantes, é a estabilidade próxima da velocidade estol, porque se está aproximando para o pouso com uma velocidade baixíssima.

O Bucanneer, por exemplo, pousava a 190 ou 200 nós, quase levando o porta-aviões embora. A velocidade ideal para pouso de um caça moderno pousando em porta-aviões é na faixa de 140, 150 nós. , O Gripen já tem um motor marinizado, o mesmo utilizado pelo F-18. Ele possui várias capacidades que apontam a viabilidade de um programa de um caça naval.

Eu diria que o projeto é de um nível de risco muito baixo. Diversas áreas deverão ser endereçadas mas todas estão sob controle e conhecimento da Saab. Aspectos operacionais particulares também precisarão ser considerados já foram identificadas e constam do planejamento do programa.




Su-35BM - 4ª++ Geração.
Simplesmente um GRANDE caça.
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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#402 Mensagem por FCarvalho » Qui Mar 26, 2015 12:06 pm

Bom, já tinha lido este texto, o que ao menos para mim corroboram duas coisas: uma, o projeto do Gripen Naval só será deslanchado depois de findo o desenvolvimento do Gripen E/F; duas, os riscos do projeto são calculados e a previsibilidade de seu custos de desenvolvimento também.

Dentro deste contexto, vai depender estritamente da MB, e do GF, obviamente, o fato de que os resultados apresentados agora serão suficientes para determinar o pós-desenvolvimento da versão naval do Gripen.

É possível? Sim, é. É viável? Talvez. Pois os custos - e os riscos - tem de ser minimizados ao máximo pela Saab a fim de convencer não só a MB, como e principalmente, o governo, sobre não só a viabilidade, como a disponibilidade orçamentário-financeira necessária e suficiente para a sustentação do mesmo.

Agora, neste contexto, eu me pergunto: com apenas 48 caças planejados a produzir-se, este projeto justifica-se economicamente?

A ver.

abs.




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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#403 Mensagem por Carlos Lima » Qui Mar 26, 2015 12:10 pm

Luís,

Vou repetir porque acho que você não entendeu... uma "rodopista na Suécia" é um aeroporto disfarçado de rodovia... assim toda a infra estrutura e espaço disponível para manter e pousar as aeronaves é existente. Ele não vai pousar em qualquer rodovia mesmo na Suécia. Nesses "aeroportos" tudo é levado em consideração para operação com máxima segurança a maior parte do ano, mesmo no inverno.

Ou seja, em uma aeronave com o perfil baixo como o Gripen se você realizer um pouso mais "agressivo" como você citou, você terá problemas.

E isso era feito desde os tempos do Drakken...

A operação em PAviões lida com variáveis em termos de decolagem/pouso que nunca uma aeronave em aeroportos vai lidar.

Quem dera que somente velocidade de aproximação fosse o problema.

Quanto aos 'reforços' já existentes no Gripen NG, em 2009 sem o avião estar por aí e o projeto terminado é fácil dizer isso. Hoje o Gripen NG já ganhou peso e isso vai ter um impacto na aeronave final.

Ao somar isso com todos os reforços, trem de pouso, etc que você tem que fazer em uma aeronave Naval eu acho muito improvável que isso fique na casa do 600kg.

Por favor, me de exemplos de ferramentas de projeto e materiais que hoje farão uma aeronave como o Gripen ter 300/600Kg somente de peso a mais entre a versão terrestre e naval, que mesmo o Gripen hoje não conseguiu trazer para o seu próprio projeto terrestre (que tem problemas de peso) e que o F-35"C" (Naval) não conseguiu usar (mesmo sendo projetado do zero).

Não existem milagres, o que existem são soluções de compromisso.

Vai colocar algo aqui, vai ter que sofrer algo ali.

Se no fim das contas o Brasil tiver a intenção de pagar por isso, que assim seja, mas como eu disse antes resta saber se a Suécia vai topar isso (não parece ser o caso) ou se teremos 3 versões do Gripen... "Sueca", FAB, MB.

Se tivermos bala na agulha para isso, fazer o que?

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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#404 Mensagem por Carlos Lima » Qui Mar 26, 2015 12:12 pm

FCarvalho escreveu:Bom, já tinha lido este texto, o que ao menos para mim corroboram duas coisas: uma, o projeto do Gripen Naval só será deslanchado depois de findo o desenvolvimento do Gripen E/F; duas, os riscos do projeto são calculados e a previsibilidade de seu custos de desenvolvimento também.

Dentro deste contexto, vai depender estritamente da MB, e do GF, obviamente, o fato de que os resultados apresentados agora serão suficientes para determinar o pós-desenvolvimento da versão naval do Gripen.

É possível? Sim, é. É viável? Talvez. Pois os custos - e os riscos - tem de ser minimizados ao máximo pela Saab a fim de convencer não só a MB, como e principalmente, o governo, sobre não só a viabilidade, como a disponibilidade orçamentário-financeira necessária e suficiente para a sustentação do mesmo.

Agora, neste contexto, eu me pergunto: com apenas 48 caças planejados a produzir-se, este projeto justifica-se economicamente?

A ver.

abs.
Pois é,

A FAB vai topar fazer o mesmo avião que a MB para diminuir os custos? Ao que parece não porque a FAB encomendou o avião estruturalmente parecido como sueco + modificações dela + Gripen F.

[]s
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Re: FX-N - Um caça para a Aviação Naval da MB

#405 Mensagem por FCarvalho » Qui Mar 26, 2015 12:49 pm

Carlos Lima escreveu:
FCarvalho escreveu:Agora, neste contexto, eu me pergunto: com apenas 48 caças planejados a produzir-se, este projeto justifica-se economicamente?
A ver.
abs.
Pois é,
A FAB vai topar fazer o mesmo avião que a MB para diminuir os custos? Ao que parece não porque a FAB encomendou o avião estruturalmente parecido como sueco + modificações dela + Gripen F.
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CB_Lima
Eu creio que não. Até porque, também, até o presente momento, o Gripen BR só tem asseguradas reles 36 undes. Por enquanto. Vide-se o HX-BR. O negócio hoje está mais para cada um por si:?

Ademais, acrescentar mais 48 undes, com as modificações que a versão naval terá de suprir, não me parece que melhorariam muito esse quadro do ponto de vista econômico do projeto.

Na verdade Carlos, neste momento, salvo prova em contrário, ao menos para mim, não acredito que o modelo da FAB seja tão díspare assim do padrão sueco. Teremos sim as nossas especificidades, e cada cliente faz sempre isso com os aviões que compra, mas definitivamente, não acredito que isso cause uma descomunalidade entre o Gripen nacional e o sueco do ponto de vista da logística. Já em relação a uma hipotética versão naval, a conversa pode ser outra.

Eu acho que além das interfaces nos sistemas do caça que terão de ser adequadas as operações da aviação naval, julgo que talvez a turbina possa ser um ponto favorável à comunalidade destas versões, pois creio que não podemos descartar de todo, ainda, que a F414-400 do Gripen naval possa receber o EPE/EDE desde a fábrica como padrão para os motores navais. E eu acredito que ambos seriam necessários para tal versão naval, como também, desejáveis para a versão terrestre do nosso Gripen.

Ainda vamos ter que esperar uns 5 anos até saber se a versão naval será mesmo algo plausível para a nossa realidade. Entendo que seja uma possibilidade crível, mas que precisa de comprovação.

Vamos ter tempo de saber se isso se tornará verdade ou não. E ainda debater muito sobre.

Se conseguirmos manter os números apontados no FX-2 até que o último lote seja entregue, acho já podemos nos considerar com sorte. E se disso tudo sair uma pretensa versão naval na sua integralidade, aí meu caro amigo, acho até que não acredita em Deus vai começar a desconfiar da sua própria incredulidade... :wink:

abs.




Carpe Diem
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