Geopolítica Energética
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- joao fernando
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Re: Geopolítica Energética
Usina nuclear é a solução e ponto final
Agora, estive cotando um sistema de energia fotovoltaica. Não esta caro. Uma placa de 60 watts com o regulador para carregar uma bateria ta saindo por volta de 350,00 reais. A placa dura 25 anos. Dá pro cara ir montando aos poucos. O pior seria aquecimento de chuveiro, por resistências. Mas mesmo ai pode usar aquecimento solar
Parte da minha loja que não pode ficar sem energia, to pensando em usar uma placa dessas
Agora, estive cotando um sistema de energia fotovoltaica. Não esta caro. Uma placa de 60 watts com o regulador para carregar uma bateria ta saindo por volta de 350,00 reais. A placa dura 25 anos. Dá pro cara ir montando aos poucos. O pior seria aquecimento de chuveiro, por resistências. Mas mesmo ai pode usar aquecimento solar
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Re: Geopolítica Energética
A decisão de terminá-la está tomada. Concluída, estará na hora de revermos a geração de energia por fonte nuclear com novos projetos de reatores. Esperemos contar já com a expertise da MB para ajudar em parte desta tarefa. O Brasil não deve e não pode renunciar à nenhuma fonte de geração pois seria irresponsabilidade com o presente e com o futuro.Naval escreveu:Olha algumas fotos da construção de Angra III.
http://www.eletronuclear.gov.br/AEmpres ... mfoco.aspx
Abraços.
Att.
Exato. A isso me referia.LeandroGCard escreveu:O problema maior foi a demora.Energys escreveu:Dinheiro para o ralo foi mesmo. A demora histórica, de sucessivos governos, em tomar a decisão de terminar a construção de Angra III, consumiu mais recursos do que muitos imaginam.![]()
Att.
Levamos tanto tempo para construí-la que o custo de armazenamento dos equipamentos e manutenção daria para construir pelo menos outra usina. E agora é preciso adaptar um monte de sistemas aos componentes que estão disponíveis atualmente e às regras mais recentes de segurança na área nuclear. Duvido que alguém no universo saiba realmente tudo o que terá que ser feito até que esta usina possa entrar em operação.
Leandro G. Card
Att.
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Re: Geopolítica Energética
Placa de 60 Watts? Como assim? Essa placa, quando tem sol, sustenta pico de 60W? Ou seja, matem uma lampada de 60W? E, por 350 reais? Qual é o tamanho dessa placa em metros quadrados? ONde achou para comprar?joao fernando escreveu:Usina nuclear é a solução e ponto final
Agora, estive cotando um sistema de energia fotovoltaica. Não esta caro. Uma placa de 60 watts com o regulador para carregar uma bateria ta saindo por volta de 350,00 reais. A placa dura 25 anos. Dá pro cara ir montando aos poucos. O pior seria aquecimento de chuveiro, por resistências. Mas mesmo ai pode usar aquecimento solar
Se for isso mesmo que entendi, 10 placas podem sustentar 600W? 10 placas daria 3500 reais. 600W é muita coisa, da para manter Um computador básico com monitor 150W (o pcs novos simples, gastam pouca energia), 6 lâmpadas de 25W (150w), uma TV com 150W + uma geladeira de 100W. Sobra 50W como margem de folga.

- joao fernando
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Re: Geopolítica Energética
Sim. 18 volts por 3,5 amperes. A ideia é carregar baterias de 12 volts, e a partir da bateria usar inversores.shucrut escreveu:Placa de 60 Watts? Como assim? Essa placa, quando tem sol, sustenta pico de 60W? Ou seja, matem uma lampada de 60W? E, por 350 reais? Qual é o tamanho dessa placa em metros quadrados? ONde achou para comprar?joao fernando escreveu:Usina nuclear é a solução e ponto final
Agora, estive cotando um sistema de energia fotovoltaica. Não esta caro. Uma placa de 60 watts com o regulador para carregar uma bateria ta saindo por volta de 350,00 reais. A placa dura 25 anos. Dá pro cara ir montando aos poucos. O pior seria aquecimento de chuveiro, por resistências. Mas mesmo ai pode usar aquecimento solar
Se for isso mesmo que entendi, 10 placas podem sustentar 600W? 10 placas daria 3500 reais. 600W é muita coisa, da para manter Um computador básico com monitor 150W (o pcs novos simples, gastam pouca energia), 6 lâmpadas de 25W (150w), uma TV com 150W + uma geladeira de 100W. Sobra 50W como margem de folga.
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB- ... na-60w-_JM
O projeto disso é que sai caro. Pq o material em sí ta caindo muito rápido de valor
E sim, fiz o mesmo calculo que vc. O que pensei é que as baterias ficariam carregando o tempo todo com luz. Mas o uso não será o tempo todo. Acho que dá sim pra manter toda minha loja fora da rede
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Re: Geopolítica Energética
E quanto fica essa bateria com o inversor? E essa bateria sustenta aparelhos de até qual potência? E se usarmos 550W que somei, permitirei quantas horas de uso? Seria possível usar os aparelhos que eu disse sem bateria e sem inversor ou sempre o inversor será necessário? No total , com projeto e com as baterias mais o inversor, fica quanto usando 10 placas de 60w?joao fernando escreveu:shucrut escreveu:
Edit:
Considerando essa 10 placas mais o resto necessário para que funcione com lampadas, computador e até mesmo geladeira, quanto sai cada KW/h? E, será que levaria quantos anos para pagar o investimento?
- joao fernando
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Re: Geopolítica Energética
shucrut escreveu:E quanto fica essa bateria com o inversor? E essa bateria sustenta aparelhos de até qual potência? E se usarmos 550W que somei, permitirei quantas horas de uso? Seria possível usar os aparelhos que eu disse sem bateria e sem inversor ou sempre o inversor será necessário? No total , com projeto e com as baterias mais o inversor, fica quanto usando 10 placas de 60w?joao fernando escreveu:
Edit:
Considerando essa 10 placas mais o resto necessário para que funcione com lampadas, computador e até mesmo geladeira, quanto sai cada KW/h? E, será que levaria quantos anos para pagar o investimento?
Vamos por partes...rsss
Vc precisa saber o consumo em ampere/hora ou qto gasta em 1 hora
Uma lampada fluorecente de 13 watts gasta 13 watts em 1 hora
Uma bateria de 12 volts por 60 amperes fornece 60 amperes em 1 hora. Ou 30 amperes em 2 horas. Ou 20 amperes em 3 horas. Ou 15 amperes a 4 horas.
Assim uma bateria de 60 A/H acende uma lampada de 13 watts por 55 horas (ja que a bateria tem 720 watts - 12 volts vezes 60 amperes)
Vamos lá
Uma bateria de 12 volts por 60 amperes tem 720 watts
Sua casa tem 5 lampadas de 13 watts
5 vezes 13 watts dá 65 watts
720 dividido por 65 dá 11 horas de iluminação
Com esse método vc consegue calcular o qto cada coisa gasta e qto tempo vai durar
O painel solar é ligado numa caixa de controle, que carrega as baterias. A bateria te fornece 12 volts, que vc ja pode usar ou com um inversor passar pra 110 volts (ou 220)
Sempre respeitando a potencia, claro
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Re: Geopolítica Energética
Preço atual do petróleo pode derrubar em 30% a produção de petróleo via xisto já esse ano nos EUA.http://money.cnn.com/2015/01/21/investi ... index.html
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Re: Geopolítica Energética
Obrigado pela aula! Mas ficaram algumas dúvidas:joao fernando escreveu: [...]
Com esse método vc consegue calcular o qto cada coisa gasta e qto tempo vai durar...
A potência máxima da bateria é 720W, logo, nenhum aparelho poderá ter uma potência maior do que isso, certo?
Então naquele exemplo que eu dei de aparelhos somando 550 W, (720 / 550) daria 1,3h (1h20min) +-)de uso?? Isso sem contar perdas na transformação né?
Mas no geral deu pra ter uma ideia legal. Mas ta difícil de calcular o retorno do investimento, já que tem alguns problema como: a bateria eu acredito que terá uma vida útil (2 anos já teria que comprar outra por exemplo?) muito menor que do sistema como todo e quando tempo demora para carregar a bateria e em quanto ela está carregando, quanto o sistema consegue suprir ou se o sistema nunca suprirá direto e sempre passará pela bateria até chegar aos equipamentos.
No seu exemplo de 5 lâmpadas com 13 W, 11h por dia x 365 = consumiria 261 KW/h em um ano. Com o KW/h a R$0,60 (Aqui em MG, CEMIG) R$ 156,58. Considerando R$ 3.500,00 das placas+ 500 da bateria + 1.000,00 do inversor 12v para 110v 1000W(http://produto.mercadolivre.com.br/MLB- ... s-real-_JM) = 5.000,00.
5.000,00 / 156,58 = 31,9 anos! Tá certo minha conta? rsrsrs Acho caro por enquanto o investimento. Mas quando você disse projeto, como assim o projeto que sai caro? Vc se refere ao custo todal material, mão de obra e outros ou projeto de um engenheiro elétrico mesmo?
- mmatuso
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Re: Geopolítica Energética
Começou o KO na bala de prata energética americana.hades767676 escreveu:Preço atual do petróleo pode derrubar em 30% a produção de petróleo via xisto já esse ano nos EUA.http://money.cnn.com/2015/01/21/investi ... index.html
Sempre digo que não existe bala de prata e nesse caso tudo era perfeito demais para ser verdade.
![Gargalhada [003]](./images/smilies/003.gif)
- LeandroGCard
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Re: Geopolítica Energética
Olhando por outro lado, isso significa que os EUA estão conseguindo energia ainda mais barata do que com a exploração do xisto, e as reservas deste ficam guardadas para necessidades futuras. Também não é um mal negócio.mmatuso escreveu:Começou o KO na bala de prata energética americana.
Sempre digo que não existe bala de prata e nesse caso tudo era perfeito demais para ser verdade.
Leandro G. Card
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Re: Geopolítica Energética
Pessoal, considerando que o consumo residencial de eletricidade está na faixa de 20 a 25% do total brasileiro, e que o chuveiro elétrico é responsável por em média 20% da energia gasta nas residências, podemos fazer um calculo de economia, se hipoteticamente, todas as casas não usassem energia elétrica para esquentar água:
463,7 mil gigawatts-hora (GWh) total consumido no Brasil em 2013.
124,8 mil GWh consumido pelo setor residencial no Brasil em 2013.
20% de 124,8 daria 24,96 mil GWh ano economizados o que corresponderia + - a 5% do total gasto no País. Se minhas constas estão certas, acho que é um bom começo para se economizar energia no país, se todas as casas possuíssem aquecedores solares. Mas para chegar num patamar desse, teria que ter muito investimento e subsídios por parte do governo (financiamento? Isenção total de impostos?)
Mas talvez essa porcentagem pareça pequena e sem importância, mas quem sabe para a segurança do sistema energético, no horário de pico, não faça uma baita de uma diferença? Já que o problema é o horário de pico, já que, nem sempre, o consumo fica na casa dos 100% do potencial instalado 24 horas por dia.
Vi na TV esses dias que o horário de verão em vigor não fez muita diferença para a segurança do sistema, já que tivemos esse apagão e que agora, o horário de pico mudou.
Mas enfim, não sei se viajei muito, mas é um começo para se economizar. E se o governo pensa realmente nos pobres ( é o modo de dizer gente, e não somente na economia e nos custos da energia para economia), deveria haver uma preocupação maior em divulgar e incentivar o uso dos aquecedores solares. Eu não vejo isso no Brasil! Estou insistindo nisso porque acho caro o aquecedor (3.000,00 +-) e boa pare da população não tem noção da dimensão do potencial do Brasil (radiação solar) e o quanto poderiam economizar.
Fontes para consumo em 2013 brasileiro e consumo do chuveiro:
http://g1.globo.com/economia/noticia/20 ... z-epe.html
http://www.labeee.ufsc.br/sites/default ... atalia.pdf
463,7 mil gigawatts-hora (GWh) total consumido no Brasil em 2013.
124,8 mil GWh consumido pelo setor residencial no Brasil em 2013.
20% de 124,8 daria 24,96 mil GWh ano economizados o que corresponderia + - a 5% do total gasto no País. Se minhas constas estão certas, acho que é um bom começo para se economizar energia no país, se todas as casas possuíssem aquecedores solares. Mas para chegar num patamar desse, teria que ter muito investimento e subsídios por parte do governo (financiamento? Isenção total de impostos?)
Mas talvez essa porcentagem pareça pequena e sem importância, mas quem sabe para a segurança do sistema energético, no horário de pico, não faça uma baita de uma diferença? Já que o problema é o horário de pico, já que, nem sempre, o consumo fica na casa dos 100% do potencial instalado 24 horas por dia.
Vi na TV esses dias que o horário de verão em vigor não fez muita diferença para a segurança do sistema, já que tivemos esse apagão e que agora, o horário de pico mudou.
Mas enfim, não sei se viajei muito, mas é um começo para se economizar. E se o governo pensa realmente nos pobres ( é o modo de dizer gente, e não somente na economia e nos custos da energia para economia), deveria haver uma preocupação maior em divulgar e incentivar o uso dos aquecedores solares. Eu não vejo isso no Brasil! Estou insistindo nisso porque acho caro o aquecedor (3.000,00 +-) e boa pare da população não tem noção da dimensão do potencial do Brasil (radiação solar) e o quanto poderiam economizar.
Fontes para consumo em 2013 brasileiro e consumo do chuveiro:
http://g1.globo.com/economia/noticia/20 ... z-epe.html
http://www.labeee.ufsc.br/sites/default ... atalia.pdf
- joao fernando
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Re: Geopolítica Energética
O chuveiro é o maior consumo da casa. Colocando aquecedor solar (ou obrigando as novas construções a ter) resolveria e bem
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- mmatuso
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Re: Geopolítica Energética
Sauditas estão vendendo petroleo abaixo do preço de cotação.LeandroGCard escreveu:Olhando por outro lado, isso significa que os EUA estão conseguindo energia ainda mais barata do que com a exploração do xisto, e as reservas deste ficam guardadas para necessidades futuras. Também não é um mal negócio.mmatuso escreveu:Começou o KO na bala de prata energética americana.
Sempre digo que não existe bala de prata e nesse caso tudo era perfeito demais para ser verdade.
Leandro G. Card
Ainda sim vão permanecer com os mesmo problemas de sempre, de depender de países arabes do exterior.
Mesmo assim essa extração de gás de xisto via fracking 1 e 2 nunca foi uma solução a longo prazo, porque parece que eles iriam exauriam em poucos anos boa parte das reservas, segundo dizem lendas.
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Re: Geopolítica Energética
E acha que o governo americano vai jogar no lixo a política energética os lobistas vão ficar quietos? Obviamente, não. Vão é estabilizar o preço na casa de 50 dólares com regulação do mercado e, se necessário, subsidio.mmatuso escreveu:Começou o KO na bala de prata energética americana.hades767676 escreveu:Preço atual do petróleo pode derrubar em 30% a produção de petróleo via xisto já esse ano nos EUA.http://money.cnn.com/2015/01/21/investi ... index.html
Sempre digo que não existe bala de prata e nesse caso tudo era perfeito demais para ser verdade.
A alternativa de voltar a depender do oriente médio, da flutuação internacional dos preços e custo das intervenções político-militares não é considerada.
- mmatuso
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Re: Geopolítica Energética
Número de empregos na ‘revolução do gás’ é contestado nos EUA
ECONOMIA & NEGÓCIOS
28 Janeiro 2015 | 10:06
Especialista rebate tese de que todo o crescimento no mercado de trabalho desde 2007 nos Estados Unidos deve-se à fragmentação hidráulica do óleo de xisto e à chamada ‘Renascença do petróleo’
BLOOMBERG NEWS
“Todo o crescimento nos empregos observado desde 2007 até o momento pode ser facilmente atribuído à situação da fragmentação hidráulica do óleo de xisto e à ‘Renascença do petróleo’. Se Texas e Dakota do Norte forem excluídos dos dados de emprego, veremos que nenhum emprego foi criado nos Estados Unidos fora dessas duas regiões.”
O comentário acima, feito pelo conhecido investidor Jeff Gundlach durante conference call na semana passada deu início a uma agitada polêmica, repetindo um trópico que vem ganhando força em determinados círculos. A afirmação diz que todos os empregos criados nessa recuperação econômica estão ligados ao surto de produção resultante da fragmentação hidráulica de óleo e gás natural. Isso é comprovadamente falso.
Algumas variações desse raciocínio têm circulado nos anos mais recentes. Para que suas premissas funcionem, é preciso aceitar duas análises equivocadas. A primeira diz que todo o crescimento líquido nos empregos americanos desde 2007 resultou do setor energético e das indústrias ligadas a ele. A segunda diz que, excluído o Texas, o restante do país perdeu empregos.
Os relatórios tomados como base por essas afirmações são parciais e repletos de erros analíticos. Para tornar as coisas piores, ambas foram elaboradas por centros de estudos estratégicos que se especializam em análises econômicas enviesadas. Como diz o ditado, torture os dados por tempo o bastante e eles confessarão qualquer crime.
Vamos começar com alguns fatos: há agora 118,4 milhões de trabalhadores americanos em cargos do setor privado. A economia perdeu muitos empregos durante a Grande Recessão, e foi somente em 2010 que começamos a aumentar o número de assalariados fora do setor agrário. De acordo com dados do Bureau de Estatísticas do Trabalho (BLS), mais de 10 milhões de empregos foram criados desde o final de 2010.
E quanto aos empregos ligados ao petróleo e à fragmentação hidráulica?
Vamos aos dados, que podem ser facilmente obtidos no BLS ou no Federal Reserve Bank de St. Louis.
Há atualmente cerca de 215 mil pessoas trabalhando na extração de óleo e gás, e 543.200 pessoas empregadas em atividades auxiliares à indústria. No início de 2010, esses números eram 156.500 e 341.300, respectivamente. Em outras palavras, essas indústrias incorporaram cerca de 250 mil trabalhadores desde 2010.
Como passamos disso a um ganho de mais de 10 milhões de postos de trabalho? É necessário torturar os dados.
Boa parte do sofrimento imposto aos dados está num relatório de pesquisa preparado pelo Manhattan Institute, “Pequenas empresas desencadeiam boom nos empregos do setor energético”, onde é dito que “quase 1 milhão de americanos trabalham diretamente na indústria do gás e do petróleo, e um total de 10 milhões de empregos são ligados a essa indústria”.
Vamos supor que esses dados estejam corretos (apesar das provas contrárias). Se quisermos fazer a afirmação genérica segundo a qual “milhões de empregos estão ligados à indústria do gás e do petróleo”, tudo bem. Mas e quanto aos milhões de empregos ligados a outras indústrias? E quanto aos empregos dos setores da tecnologia, internet e comunicações móveis? Os empregos de apoio à manufatura? Atendimento de saúde, biotecnologia e pesquisa médica?
O que o relatório do Manhattan Institute faz é comparar bananas e maçãs: comparar o total de empregos criados com os empregos ligados ao setor energético. Sinto muito, mas isso é trapaça. É preciso comparar os empregos ligados ao setor aos empregos ligados aos demais setores.
A comparação entre duas fontes de dados diferentes – empregos reais e empregos ligados à indústria – não produz uma análise precisa.
O American Enterprise Institute é o outro centro de estudos estratégicos culpado de torturar os dados. Isso pode ser visto na seguinte publicação com a manchete: “O Texas, a ‘grande máquina americana de empregos’, é o único responsável pelo crescimento líquido de +1,2M postos de trabalho nos EUA desde 2007”.
Em comparação a estados como Flórida e Califórnia, que sofreram pesadas perdas ligadas ao mercado imobiliário no estouro da bolha imobiliária, o Texas escapou relativamente ileso (paralelamente, lembremos o que houve no Texas nos anos 1980 durante o colapso do preço da energia). Como observou o Federal Reserve Bank de Dallas, o preço dos imóveis no Texas caiu menos de 1% em relação ao ápice do mercado em 2007 quando chegou ao fundo do poço em 2011.
O motivo – surpreendente para um estado que gosta de se imaginar como modelo de economia liberal – são as regulações protegidas pela Constituição do Texas e outras leis. O Texas é o único estado a limitar os empréstimos imobiliários, com hipotecas que chegam no máximo a 80% do preço considerado justo para um imóvel. Isso ajuda a evitar que o imóvel pessoal seja usado numa especulação irresponsável, como vimos no restante dos Estados Unidos durante a década de 2000.
Aqueles que entendem isso devem estar se divertindo ao ver os desregulamentadores radicais do AEI apresentando na verdade sólidos argumentos em defesa da limitação do endividamento e de mais regulamentação hipotecária. Viva o Texas, estado-babá!
Sempre que vemos uma série de dados remontando a 2007 e apresentando o Texas como referência, sabemos que os autores são mal-intencionados. Não temos tempo para desconstruir inteiramente cada um desses argumentos, mas eles condizem com o histórico de pesquisas sem credibilidade apresentadas pelo AEI envolvendo o colapso imobiliário. Este é um ponto de partida para começarmos a rever esses dados.
Em resumo: o setor energético contribuiu para a criação de empregos, mas muitas outras indústrias também.
A questão mais importante para o momento é como o declínio no custo da energia vai afetar a economia: as perdas na renda da produção de petróleo e gás vão beneficiar o turismo, lazer, transportes aéreos, montadora de carros e varejistas. Essa é a pergunta fundamental que nossa economia precisa responder – e não as análises equivocadas e parciais de centros de estudos estratégicos que atendem ao interesses daqueles que os sustentam financeiramente.
* O autor é fundador da Ritholtz Wealth Management, consultor e ex-diretor executivo da firma de pesquisas quantitativas FusionIQ
* Tradução de Augusto Calil
ECONOMIA & NEGÓCIOS
28 Janeiro 2015 | 10:06
Especialista rebate tese de que todo o crescimento no mercado de trabalho desde 2007 nos Estados Unidos deve-se à fragmentação hidráulica do óleo de xisto e à chamada ‘Renascença do petróleo’
BLOOMBERG NEWS
“Todo o crescimento nos empregos observado desde 2007 até o momento pode ser facilmente atribuído à situação da fragmentação hidráulica do óleo de xisto e à ‘Renascença do petróleo’. Se Texas e Dakota do Norte forem excluídos dos dados de emprego, veremos que nenhum emprego foi criado nos Estados Unidos fora dessas duas regiões.”
O comentário acima, feito pelo conhecido investidor Jeff Gundlach durante conference call na semana passada deu início a uma agitada polêmica, repetindo um trópico que vem ganhando força em determinados círculos. A afirmação diz que todos os empregos criados nessa recuperação econômica estão ligados ao surto de produção resultante da fragmentação hidráulica de óleo e gás natural. Isso é comprovadamente falso.
Algumas variações desse raciocínio têm circulado nos anos mais recentes. Para que suas premissas funcionem, é preciso aceitar duas análises equivocadas. A primeira diz que todo o crescimento líquido nos empregos americanos desde 2007 resultou do setor energético e das indústrias ligadas a ele. A segunda diz que, excluído o Texas, o restante do país perdeu empregos.
Os relatórios tomados como base por essas afirmações são parciais e repletos de erros analíticos. Para tornar as coisas piores, ambas foram elaboradas por centros de estudos estratégicos que se especializam em análises econômicas enviesadas. Como diz o ditado, torture os dados por tempo o bastante e eles confessarão qualquer crime.
Vamos começar com alguns fatos: há agora 118,4 milhões de trabalhadores americanos em cargos do setor privado. A economia perdeu muitos empregos durante a Grande Recessão, e foi somente em 2010 que começamos a aumentar o número de assalariados fora do setor agrário. De acordo com dados do Bureau de Estatísticas do Trabalho (BLS), mais de 10 milhões de empregos foram criados desde o final de 2010.
E quanto aos empregos ligados ao petróleo e à fragmentação hidráulica?
Vamos aos dados, que podem ser facilmente obtidos no BLS ou no Federal Reserve Bank de St. Louis.
Há atualmente cerca de 215 mil pessoas trabalhando na extração de óleo e gás, e 543.200 pessoas empregadas em atividades auxiliares à indústria. No início de 2010, esses números eram 156.500 e 341.300, respectivamente. Em outras palavras, essas indústrias incorporaram cerca de 250 mil trabalhadores desde 2010.
Como passamos disso a um ganho de mais de 10 milhões de postos de trabalho? É necessário torturar os dados.
Boa parte do sofrimento imposto aos dados está num relatório de pesquisa preparado pelo Manhattan Institute, “Pequenas empresas desencadeiam boom nos empregos do setor energético”, onde é dito que “quase 1 milhão de americanos trabalham diretamente na indústria do gás e do petróleo, e um total de 10 milhões de empregos são ligados a essa indústria”.
Vamos supor que esses dados estejam corretos (apesar das provas contrárias). Se quisermos fazer a afirmação genérica segundo a qual “milhões de empregos estão ligados à indústria do gás e do petróleo”, tudo bem. Mas e quanto aos milhões de empregos ligados a outras indústrias? E quanto aos empregos dos setores da tecnologia, internet e comunicações móveis? Os empregos de apoio à manufatura? Atendimento de saúde, biotecnologia e pesquisa médica?
O que o relatório do Manhattan Institute faz é comparar bananas e maçãs: comparar o total de empregos criados com os empregos ligados ao setor energético. Sinto muito, mas isso é trapaça. É preciso comparar os empregos ligados ao setor aos empregos ligados aos demais setores.
A comparação entre duas fontes de dados diferentes – empregos reais e empregos ligados à indústria – não produz uma análise precisa.
O American Enterprise Institute é o outro centro de estudos estratégicos culpado de torturar os dados. Isso pode ser visto na seguinte publicação com a manchete: “O Texas, a ‘grande máquina americana de empregos’, é o único responsável pelo crescimento líquido de +1,2M postos de trabalho nos EUA desde 2007”.
Em comparação a estados como Flórida e Califórnia, que sofreram pesadas perdas ligadas ao mercado imobiliário no estouro da bolha imobiliária, o Texas escapou relativamente ileso (paralelamente, lembremos o que houve no Texas nos anos 1980 durante o colapso do preço da energia). Como observou o Federal Reserve Bank de Dallas, o preço dos imóveis no Texas caiu menos de 1% em relação ao ápice do mercado em 2007 quando chegou ao fundo do poço em 2011.
O motivo – surpreendente para um estado que gosta de se imaginar como modelo de economia liberal – são as regulações protegidas pela Constituição do Texas e outras leis. O Texas é o único estado a limitar os empréstimos imobiliários, com hipotecas que chegam no máximo a 80% do preço considerado justo para um imóvel. Isso ajuda a evitar que o imóvel pessoal seja usado numa especulação irresponsável, como vimos no restante dos Estados Unidos durante a década de 2000.
Aqueles que entendem isso devem estar se divertindo ao ver os desregulamentadores radicais do AEI apresentando na verdade sólidos argumentos em defesa da limitação do endividamento e de mais regulamentação hipotecária. Viva o Texas, estado-babá!
Sempre que vemos uma série de dados remontando a 2007 e apresentando o Texas como referência, sabemos que os autores são mal-intencionados. Não temos tempo para desconstruir inteiramente cada um desses argumentos, mas eles condizem com o histórico de pesquisas sem credibilidade apresentadas pelo AEI envolvendo o colapso imobiliário. Este é um ponto de partida para começarmos a rever esses dados.
Em resumo: o setor energético contribuiu para a criação de empregos, mas muitas outras indústrias também.
A questão mais importante para o momento é como o declínio no custo da energia vai afetar a economia: as perdas na renda da produção de petróleo e gás vão beneficiar o turismo, lazer, transportes aéreos, montadora de carros e varejistas. Essa é a pergunta fundamental que nossa economia precisa responder – e não as análises equivocadas e parciais de centros de estudos estratégicos que atendem ao interesses daqueles que os sustentam financeiramente.
* O autor é fundador da Ritholtz Wealth Management, consultor e ex-diretor executivo da firma de pesquisas quantitativas FusionIQ
* Tradução de Augusto Calil