100 ANOS DA 1ª BATALHA DAS FALKLANDS

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
jambockrs
Sênior
Sênior
Mensagens: 2617
Registrado em: Sex Jun 10, 2005 1:45 am
Localização: Porto Alegre/RS
Agradeceu: 427 vezes
Agradeceram: 180 vezes

100 ANOS DA 1ª BATALHA DAS FALKLANDS

#1 Mensagem por jambockrs » Dom Dez 14, 2014 11:25 pm

Meus prezados
100 ANOS DA 1ª BATALHA DAS FALKLANDS
Em 08 de Dezembro de 1914 ocorreu a chamada 1ª Batalha das Falklands, entre a Royal Navy e a Kriegsmarine. A Batalha da 1ª Guerra Mundial, mostra a importância do arquipélago das Falklands para o Reino Unido, que vem até os nossos dias.
Imagem
Cruzador alemão SMS Gneisenau, irmão do SMS Scharnhorst, ambos destruídos na Batalha das Falklands.

Imagem
Cruzador ingles HMS Invincible, de 1907, seus canhões de 305mm foram decisivos na Batalha das Falklands.

Após o início da Primeira Guerra Mundial e a perda das possessões no Extremo Oriente a Kriegsmarine ordenou o retorno de uma pequena frota liderada pelo Vice-Alamirante Maximilian Reichsgraf von Spee, que estava na China.

A flotilha consistia dos cruzadores SMS Scharnhorst (capitânea) e SMS Gneisenau (os dois navios Classe Schanhorst construídos em 1906) e os cruzadores leves SMS Emden, SMS Leipzig e SMS Nürnberg. Todos os navios eram modernos com os oficiais selecionados pessoalmente por Tirpitz e tripulações também escolhidas. Era possivelmente a melhor flotilha da Kriegsmarine e possivelmente do mundo.

Perto da costa do Chile, nas Ilhas Coronel, a pequena esquadra alemã liderada pelo Almirante Maximilian von Spee impôs a primeira derrota naval, em 01 de Novembro de 1914, em mais de um século, para a Royal Navy, afundando dois cruzadores e com a perda da vida de 1.600 marinheiros ingleses. Os alemães sofreram pequenos danos no Scharnhorst e três marinheiros feridos no Gneisenau. A batalha durou somente uma hora.

Animados com a facilidade da sua vitória os alemães decidem rumar ao sul, dobrar o cabo Horn rumando depois para o norte em direção às ilhas Falklands, onde se encontra a pequena base de reabastecimento da Royal Navy. Tomando aquela base, seria possível utilizar o carvão para reabastecimento, e dali rumar para o norte e chegar à Alemanha.

Um pequeno descanso de 3 dias ao capturarem um navio carvoeiro, reabastecendo-ser e descanso a flotilha liderada por Graf von Spee também teve uma profunda divergência. Spee desejava avançar sobre as Falklands enquanto seus capitães eram contrários. Foi o seu primeiro erro fatal.

No entanto, sem que os alemães tivessem conhecimento, os britânicos desenvolviam frenéticos esforços para não permitir que os navios da Kriegsmarine pudessem retornar para casa.

Assim, além do couraçado classe pré-Dreadnought HMS Canopus e de alguns cruzadores que se encontravam em no Atlântico Sul, foram despachados para as Falklands, em 11 de Novembro (dez dias depois da batalha de Coronel), dois poderosos cruzadores de batalha, o HMS Invincible e o HMS Inflexible, antecipando a possibilidade de os alemães se decidirem por aquela rota.

O HMS Canopus recebeu ordem para encalhar em Port Stanley, e para utilizar os seus canhões como bateria de artilharia estacionária para a defesa do porto. Sua artilharia era dirigida desde posições em terra. Os cruzadores de batalha britânicos enviados como reforço chegaram a Port Stanley, no dia 7 de Dezembro de 1914.

Reforço chega exatamente a tempo.

Pelas 08:00 da manhã, do dia 8 de Dezembro de 1914, os navios Gneisenau e Nürnberg foram destacados para atacar as instalações de telegrafo de Port Stanley, detectam por detrás das colinas que circundam o porto, os mastros em tripé dos navios ancorados em Port Stanley.

Os dois navios giram violentamente em direção ao sul, pois tinham interpretado corretamente o que significava a presença de navios com mastros altos em tripé: significavam a presença de couraçados ou cruzadores de batalha britânicos, navios muito mais poderosos que os da flotilha alemã.

Mas, os britânicos também tinham detectado a aproximação dos navios alemães e deram ordem imediata para preparar a saída do porto, tentando evitar que os alemães tivessem tempo para posicionar os seus navios para concentrar o fogo à saída do porto quando os navios ingleses saíssem de Port Stanley em fila.

Os cruzadores de batalha tinham chegado no dia anterior e não estavam prontos para sair. Por isso só por volta das 10.00 da manhã (duas horas depois de os alemães terem sido avistados) saíram do porto, juntamente com os cruzadores que também se encontravam em Port Stanley.

Decisão alemã

Quanto à flotilha de von Spee, que não esperava encontrar resistência nas Falklands, era fácil de entender que não teriam qualquer possibilidade de enfrentar os britânicos. Os dois cruzadores de batalha ingleses, eram capazes de atingir 26 nós e estavam armados com oito canhões de 305mm e 16 de 102mm.

A decisão tomada por Von Spee de não atacar os encouraçados ingleses ancorados em Port Stanley foi um segundo erro fatal. Poderiam ter pego todos ancorados e sem pressão nas caldeiras. E se tentassem sair poderiam ficar em uma armadilha caso um fosse afundado na saída de Port Stanley.

Conta a lenda que o Almirante Sturdee, ao ser avisado da presença dos alemães pronunciou uma frase que tornar-sei-a clássica: “let´s to breakfast”.

A flotilha inglesa só conseguirá sair de Port Stanley às 10:00 horas.

Spee tentará escapar. Por volta das 11:00, avista dos navios britânicos, os alemães inflectem para leste tendo começado a perseguição. Os navios alemães eram em teoria apenas ligeiramente mais lentos que os navios britânicos, mas o fato de estarem há muito tempo navegando e de terem por isso o casco incrustado de incrustações marinhas, a sua velocidade máxima não podia ser atingida.

Por volta das 13:00 o cruzador ligeiro alemão Leipzig começa a ficar para trás e o HMS Inflexible abriu fogo sobre ele de uma distância 15.000 metros.

Para tentar proteger os navios menores, von Spee dá ordens aos cruzadores blindados Scharnhorst e Gneisenau para giraem para nordeste e dar batalha ao HMS Inflexible emitindo simultaneamente ordens para os cruzadores menores para dispersarem e tentarem atingir a Alemanha cada um por si.

Perante o contra-ataque alemão, os dois cruzadores de batalha britânicos, sabendo que eram mais poderosos e mais rápidos posicionaram-se também, para evitar que os alemães pudessem atingi-los com os seus canhões de 210mm, mantendo porém o fogo da sua própria bateria principal, que tinha maior alcance.

Desta forma, mantendo a distância o resultado era inevitável, o Scharnhorst foi o primeiro a ser atingido e o primeiro a ser afundado, por volta das 16:17. O Gneisenau resistiu mais tempo, mas acabou por se afundar por volta das 18:00.

Dos cruzadores ligeiros alemães, o Nuremberg foi afundado pelas 19:27 e o Leipzig teve o mesmo destino por volta das 20:35.

O cruzador Dresden escapou à batalha, dirigindo-se para a Terra do Fogo Costa Chilena) onde se refugiou nos fiordes, sendo no entanto capturado três meses mais tarde pelos cruzadores Kent e Glasgow.

A batalha das Falklands foi a última batalha naval entre navios de grandes canhões, porém não houve influência de novas táticas de guerra que implicassem a utilização de torpedeiros, contra-torpedeiros, submarinos ou aviação.

A batalha demonstrou também que a capacidade de Royal Navy para controlar o mar, era um prenuncio do desfecho da guerra, quatro anos mais tarde.

As perdas alemãs são pesadas. nenhum sobrevivente do SMS Schanhorst, incluindo von Spee, e só um do Gneisenau. O Leipzig, somente 19 sobreviventes, e o Nurnberg 12 sobreviventes. Muitos dos sobeviventes faleceram posteriormente devido aos ferimentos.

Sinais preocupantes

Mas embora a vitória da Royal Navy tenha sido retumbante, os analistas mais perspicazes tiraram conclusões algo diferentes daquelas que o Almirantado passou para a opinião pública.

Entre o inicio e o fim da batalha, decorreram mais de cinco horas. Este longo período de tempo em que os britânicos perseguiram os alemães, aparenta ter demonstrado a má qualidade do treino da Royal Navy, já que na batalha de Coronel os alemães tinham afundado um esquadrão britânico em uma hora.

Ainda que as condições fossem diferentes (os alemães estavam literalmente fugindo dos ingleses a grande velocidade) levantaram-se dúvidas quanto a falta de prática de tiro das tripulações.

Além disso, durante o encontro das Falklands, as guarnições dos cruzadores de batalha britânicos, afirmaram que se aperceberam que a blindagem dos navios era perfurada pelos tiros certeiros dos navios alemães.

Isto era uma demonstração de que, ao contrário do que se afirmava no almirantado britânico, o conceito do cruzador de batalha (navio poderosamente armado mas fracamente blindado) deixava muito a desejar.

Para os alemães a falta de domínio e conhecimento das operações da Guerra Naval. Fato que voltaria a acontecer 25 anos depois na Batalha do Rio da Prata com o Cruzador de Bolso Graf von Spee comandado pelo Capitão Hans Langsdorff.
________________________________________




Um abraço e até mais...
Cláudio Severino da Silva
claudioseverinodasilva41@gmail.com
Avatar do usuário
FCarvalho
Sênior
Sênior
Mensagens: 38222
Registrado em: Sex Mai 02, 2003 6:55 pm
Localização: Manaus
Agradeceu: 5808 vezes
Agradeceram: 3301 vezes

Re: 100 ANOS DA 1ª BATALHA DAS FALKLANDS

#2 Mensagem por FCarvalho » Seg Dez 15, 2014 11:51 pm

Este é o tipo de análise da história que sempre deveria suscitar o nosso planejamento naval estratégico. E mais, ilustrar para a sociedade civil a clara e inequívoca necessidade de sem dispor de um poder naval de acordo com o potencial do país.

Mas em um país sem memória e sem história como o nosso, parece que estamos frequentemente fadados a repetir os mesmos erros de sempre, alhures às lições da história.

Quem vê hoje em uma mapa a quantidade de bandeiras estrangeiras no AS, na verdade apenas uma é hegemônica, se surpreenderia, ao saber que não fosse o nosso pequeno esforço em manter uma marinha de guerra, nossa geografia de certo não seria a mesma que vemos.

Contudo, há quem não se importe com isso, e ainda faça pouco das lições acima expostas no texto.

E assim caminha a nossa lúdica história tupiniquim,

abs




Carpe Diem
Avatar do usuário
suntsé
Sênior
Sênior
Mensagens: 3167
Registrado em: Sáb Mar 27, 2004 9:58 pm
Agradeceu: 232 vezes
Agradeceram: 154 vezes

Re: 100 ANOS DA 1ª BATALHA DAS FALKLANDS

#3 Mensagem por suntsé » Ter Dez 16, 2014 12:41 am

FCarvalho escreveu:Este é o tipo de análise da história que sempre deveria suscitar o nosso planejamento naval estratégico. E mais, ilustrar para a sociedade civil a clara e inequívoca necessidade de sem dispor de um poder naval de acordo com o potencial do país.

Mas em um país sem memória e sem história como o nosso, parece que estamos frequentemente fadados a repetir os mesmos erros de sempre, alhures às lições da história.

Quem vê hoje em uma mapa a quantidade de bandeiras estrangeiras no AS, na verdade apenas uma é hegemônica, se surpreenderia, ao saber que não fosse o nosso pequeno esforço em manter uma marinha de guerra, nossa geografia de certo não seria a mesma que vemos.

Contudo, há quem não se importe com isso, e ainda faça pouco das lições acima expostas no texto.

E assim caminha a nossa lúdica história tupiniquim,

abs
Eu vejo uma grande diferença dos EUA para o Brasil é que nos EUA existem think tanks (grupos de interesse) ligados aos meios industriais e militares determinados a educar a sociedade sobre a importância do poder militar para o país.

Os think tanks norte americanos fizeram um trabalho muito competente em educar a sociedade dos EUA sobre questões de defesa, tanto é que conseguiram formar um lobby poderoso que foi determinante para evitar cortes exagerados na defesa dos EUA que causariam uma forte retração da industria bélica norte americana. Nos EUA o povo não vê com bons olhos muitos cortes no orçamento militar, os think tanks colocaram na cabeça do povo norte americano que as forças armadas fazem parte da identidade nacional!

Aqui no Brasil o que eu vejo é apenas alguns poucos blogs e pouquíssimos grupos acadêmicos fechados (com foco na elite intelectual) sem estratégia para conscientizar e despertar o interesse da população comum! O segredo para a defesa ser levada a sério no Brasil é uma estratégia que tente atingir o povo e mostre os problemas que o descaso com a defesa do país esta causando para a sociedade e não tenha escrúpulos para mostrar que a pátria esta sendo atacada a todo o momento e que o nosso atraso é uma ameaça grave a segurança do país.

O povo tem que ter a percepção de que existe uma ameaça real para acordar. Mas no momento, o que eu vejo por ai é todo mundo vendendo a idéia do Brasil paz e amor, bonzinho que ninguém vai fazer mal nenhum.... porque sabemos chutar uma bola e somos legais.




Avatar do usuário
FCarvalho
Sênior
Sênior
Mensagens: 38222
Registrado em: Sex Mai 02, 2003 6:55 pm
Localização: Manaus
Agradeceu: 5808 vezes
Agradeceram: 3301 vezes

Re: 100 ANOS DA 1ª BATALHA DAS FALKLANDS

#4 Mensagem por FCarvalho » Ter Dez 16, 2014 1:01 pm

Enquanto subsistir no país essa cultura nefasta de sermos o país do carnaval, do futebol e das budas de fora, nada neste lugar poderá crescer em termos de intelectualidade sadia. A nossa moral macunaímica não nos permite tal passo a frente.

E fazer isso, posso lhe afirmar com toda a tranquilidade, é das tarefas educacionais, a mais inglória.

abs.




Carpe Diem
TR-1700
Avançado
Avançado
Mensagens: 621
Registrado em: Ter Jun 07, 2005 10:58 pm
Localização: Buenos Aires - Argentina
Agradeceram: 28 vezes

Re: 100 ANOS DA 1ª BATALHA DAS FALKLANDS

#5 Mensagem por TR-1700 » Qua Dez 17, 2014 9:19 pm

Amigos: Como argentino no puedo ni debo dejar de hacerles la siguiente corrección, el acontecimiento bélico al que ustedes hacen referencia, se denomina la batalla de las Malvinas.

Los alemanes, que combatieron en esa oportunidad, no las llaman por el nombre dado por los usurpadores británicos y nosotros, que somos los legítimos dueños de ese territorio tampoco.
Por otro lado, la Repùblica Federativa del Brasil, las llama por su verdadero nombre Malvinas, que ni siquiera se lo diò la Corona española sino su descubridor de origen francés.

Les quedo enormemente agradecido si de ahora en màs llaman a las islas por su verdadero nombre, y no por el que les han puesto los ladrones que actualmente las detentan por la fuerza.

Saludos cordiales.




Las Islas Malvinas, Georgias y Sandwich del Sur, fueron, son y serán Argentinas.-
Responder