Operações Policiais e Militares
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- gusmano
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Re: Operações Policiais e Militares
Hoje ? Me desculpe amigo, a "exaltação ao crime" não é coisa recente não, tem mais de 20 anos tranquilamente. Desde quando eu era mlk (tenho 30) já era asism.
abs
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Re: Operações Policiais e Militares
É meu amigo exaltação sempre houve, mas hoje tudo esta muito diferente e amplificado, falo isso pelo que eu testemunhava quando iniciei a minha carreira policial e pelo que eu assisto hoje. Como costumo dizer: É o rabo abanando o cachorro.
Dos cosas te pido señor, la victoria y el regreso, pero si una sola haz de darme, que sea la victoria.
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Re: Operações Policiais e Militares
E já há alguns anos, o bandido comete seu crime, vai para a cadeia e lá "encontra Jesus", significando que tudo o que fez está perdoado, que a culpa é do Diabo (terceirização de responsabilidade) e assim vamos tentando viver nesse país.JL escreveu:É meu amigo exaltação sempre houve, mas hoje tudo esta muito diferente e amplificado, falo isso pelo que eu testemunhava quando iniciei a minha carreira policial e pelo que eu assisto hoje. Como costumo dizer: É o rabo abanando o cachorro.
Se tem alguém que precisa realmente de advogado é o diabo.
- Hermes
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Re: Operações Policiais e Militares
Olá Sávio, eu fui o único policial civil entrevistado, na cadeira de rodas com a camisa cinza da PCERJ, onde eu falo que a bala atravessou meu braço e entrou pelo pescoço. Foi uma hora de entrevista para apenas alguns segundos no ar, mas gostei muito do programa. Realmente, o Júnior me surpreendeu até pessoalmente e o Afroreggae, depois de praticamente dois anos de meu acidente foi a única ONG que me procurou, se não para ajudar psicológica ou materialmente, mas para dar divulgação ao meu caso e de tantos outros policiais que se sentem abandonados pelo Estado, pela sociedade e até mesmo por suas corporações depois de lesados.Sávio Ricardo escreveu:Hermes, assisti ao programa, mas como entrevistaram uns 6 policiais não deu pra identificar você. Qual seria?Hermes escreveu:Amigos, como alguns sabem, sou policial e fui baleado em serviço há um ano e onze meses, ficando paraplégico. Nesse tempo o Estado me atrapalhou de muitas maneiras e só recentemente com o atual Chefe de Polícia pude ter o devido apoio da Instituição. Sempre há a eterna queixa também de que as ONGs e Direitos Humanos só procuram bandidos e não policiais feridos ou mortos em serviço, o que é uma grande verdade, com exceção do Afroreggae, que ao tomar conhecimento do meu caso realizou uma entrevista que irá ao ar domingo agora dia 23/11 às 23:30h no Programa Conexões Urbanas do Multishow , onde conto um pouco do que tenho vivido desde o meu acidente. Assistam, pois vai ser muito interessante.
Abraços.
Horários alternativos do programa:
TER 07:00
TER 16:00
QUA 13:30
SEX 06:00
SEX 14:30
De qualquer forma, parabens, todos os entrevistados fizeram um ótimo trabalho e foram muito bem.
O Junior do Afroreggae esta conseguindo mudar meu conceito sobre ele.
...
- cabeça de martelo
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- Hermes
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Re: Operações Policiais e Militares
Não sei como colocar vídeo do Facebook, mas se sair o vídeo, será que esse cara é militar? No mínimo pode ir preso pelo que falou, estando certo ou não:
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<div class="fb-post" data-href="https://www.facebook.com/video.php?v=1543923249183408" data-width="466"><div class="fb-xfbml-parse-ignore"><a href="https://www.facebook.com/video.php?v=15 ... licação</a> by <a href="https://www.facebook.com/pages/Pol%C3%A ... 9">Polícia Militar de São Paulo.Choque</a>.</div></div>
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Editado pela última vez por Hermes em Qui Dez 04, 2014 8:09 pm, em um total de 1 vez.
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- Hermes
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Re: Operações Policiais e Militares
Não consegui colocar o vídeo, mas dá para ver pela url. Tem esse aqui também, aqui dá para ver como as regras de engajamento são rígidas até para se efetuar uma prisão por desacato ou apologia ao tráfico e como é difícil a situação do Exército na favela, se prende ia gerar uma confusão danada e é isso que os "cidadãos da comunidade" queriam. Se não prende, sai desmoralizado...
https://www.facebook.com/video.php?v=453564134786377
https://www.facebook.com/video.php?v=453564134786377
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Re: Operações Policiais e Militares
Vinicius Domingues: Militares em xeque
Nenhum cidadão quer que as Forças Armadas sejam empregadas para representar a figura de espantalho na horta
O General Douglas MacArthur frente ao impasse na Coreia disse certa vez que, numa guerra não havia substituto para a vitória. Mesmo achando temerária a sua ideia de travar uma guerra com a China acredito que a sua citação encerrava muita sabedoria. Ninguém vai à guerra senão para obter uma paz em melhores condições. Contudo, aqui, nós pegamos a mania de empenhar as Forças Armadas em ações de polícia, sem lhes permitir fazer aquilo para o qual elas são projetadas, que é esforçar-se sempre para ganhar todas as guerras!
Aqui, as mesmas autoridades civis que pensam ser fácil designar quaisquer missões para as Forças Armadas normalmente não pensam nas implicações e nos desdobramentos. A ideia de empregar tropas numa ocupação de área de complicada topografia pressupõe manter toda a extensão de favelas sob vigilância, circular em toda parte, inspecionar pessoas, veículos e eventualmente residências, além de deter, interagir com a população, dissuadindo pela presença ostensiva e atuante. Se isso não ocorrer, a imagem da instituição militar poderá ficar francamente comprometida. Por isso, em uma operação como essa nas favelas da Maré, a credibilidade dos militares é posta em xeque a todo momento.
Nenhum cidadão consciente deseja que as Forças sejam empregadas apenas para representar a desmoralizante figura de espantalho na horta. Agora pranteamos o primeiro militar do Exército morto em serviço durante a ocupação, e curiosamente, no mesmo dia, a imagem emblemática de um blindado dos fuzileiros, atacado a tiros, caído num valão, se espalhou pelas redes sociais e pela mídia.
A questão quanto às Forças Armadas não é que lhes falte poderio, mas as táticas é que poderiam ser mais adequadas ao fim que se busca alcançar! A tarefa de mandar soldados para as comunidades do Rio é muitíssimo mais delicada do que empregá-los sob manto da ONU na pacificação do Haiti. O problema está colocar as Forças Armadas nesses locais literalmente 'secando gelo’. Voltando à lição do general americano, não se deveria desgastar as Forças Armadas numa situação de impasse a qual elas não podem empregar as táticas necessárias para vencer e nem recuar!
Tomemos muito cuidado. O Exército não pode ser desacreditado por bando de facínoras e fanfarrões.
Vinicius Domingues é especialista em segurança
http://www.assuntosmilitares.jor.br/201 ... xeque.html
Nenhum cidadão quer que as Forças Armadas sejam empregadas para representar a figura de espantalho na horta
O General Douglas MacArthur frente ao impasse na Coreia disse certa vez que, numa guerra não havia substituto para a vitória. Mesmo achando temerária a sua ideia de travar uma guerra com a China acredito que a sua citação encerrava muita sabedoria. Ninguém vai à guerra senão para obter uma paz em melhores condições. Contudo, aqui, nós pegamos a mania de empenhar as Forças Armadas em ações de polícia, sem lhes permitir fazer aquilo para o qual elas são projetadas, que é esforçar-se sempre para ganhar todas as guerras!
Aqui, as mesmas autoridades civis que pensam ser fácil designar quaisquer missões para as Forças Armadas normalmente não pensam nas implicações e nos desdobramentos. A ideia de empregar tropas numa ocupação de área de complicada topografia pressupõe manter toda a extensão de favelas sob vigilância, circular em toda parte, inspecionar pessoas, veículos e eventualmente residências, além de deter, interagir com a população, dissuadindo pela presença ostensiva e atuante. Se isso não ocorrer, a imagem da instituição militar poderá ficar francamente comprometida. Por isso, em uma operação como essa nas favelas da Maré, a credibilidade dos militares é posta em xeque a todo momento.
Nenhum cidadão consciente deseja que as Forças sejam empregadas apenas para representar a desmoralizante figura de espantalho na horta. Agora pranteamos o primeiro militar do Exército morto em serviço durante a ocupação, e curiosamente, no mesmo dia, a imagem emblemática de um blindado dos fuzileiros, atacado a tiros, caído num valão, se espalhou pelas redes sociais e pela mídia.
A questão quanto às Forças Armadas não é que lhes falte poderio, mas as táticas é que poderiam ser mais adequadas ao fim que se busca alcançar! A tarefa de mandar soldados para as comunidades do Rio é muitíssimo mais delicada do que empregá-los sob manto da ONU na pacificação do Haiti. O problema está colocar as Forças Armadas nesses locais literalmente 'secando gelo’. Voltando à lição do general americano, não se deveria desgastar as Forças Armadas numa situação de impasse a qual elas não podem empregar as táticas necessárias para vencer e nem recuar!
Tomemos muito cuidado. O Exército não pode ser desacreditado por bando de facínoras e fanfarrões.
Vinicius Domingues é especialista em segurança
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- Clermont
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Re: Operações Policiais e Militares
“Se quiser, mato um soldado por dia”, diz traficante da Maré.
UM CABO DO EXÉRCITO, VETERANO DA MISSÃO NO HAITI, FOI MORTO A TIROS NA FAVELA CARIOCA.
Leslie Leitão - VEJA - 7 de dezembro de 2014.
Faltavam cinco dias para o cabo do Exército Brasileiro Michel Augusto Mikami, 21 anos, encerrar a terceira campanha real de sua curta carreira militar. A primeira foi a missão de paz da Organização das Nações Unidas no Haiti. E depois a Copa do Mundo. O plano de Mikami era voltar para casa, em Vinhedo, cidade vizinha a Campinas, no interior de São Paulo. Como parte da Força de Pacificação formada por 3?000 militares da Marinha e do Exército, Mikami patrulhava as vielas do Complexo da Maré, aglomerado de favelas na Zona Norte do Rio de Janeiro. A missão da tropa federal é apoiar a polícia do Rio no que se chamou apressada e exageradamente de “retomada do território do tráfico”. Na tarde da sexta-feira 28, em meio a um tiroteio com os bandidos donos do “território retomado”, o cabo Mikami foi atingido por uma bala de fuzil na cabeça, que o matou instantaneamente. Desde a ação para debelar a guerrilha comunista no Araguaia, em 1972, as Forças Armadas do Brasil não tinham um soldado morto em combate em território brasileiro. O cabo, enterrado com honras militares, é, porém, apenas mais um número da macabra estatística do combate ao crime no Rio de Janeiro. O ano de 2014 ainda não acabou e o número de policiais mortos a tiros por bandidos no Rio de Janeiro chegou a 106 na semana passada. Uma cifra assustadora quando comparada à de outros países. Sim, porque não há base de comparação com cidades. Em Nova York, neste ano, nem um único policial morreu assassinado a tiros por bandidos. Zero. Em todos os Estados Unidos, com quase uma vez e meia a população brasileira, tombaram baleados por bandidos 46 policiais. Menos da metade do que os bandidos mataram em 2014 só no Rio de Janeiro. Todos os estados americanos têm legislação que pune com mais severidade o cop killer, ou assassino de policial. Em Nova York, o cop killer, não importa a circunstância do crime, é enquadrado automaticamente na categoria mais severa do código penal, o assassinato em primeiro grau. O condenado nessa categoria não tem acesso a benefícios jurídicos, como a diminuição de pena por bom comportamento.
VEJA foi ao Complexo da Maré na quarta-feira passada, cinco dias depois da morte do cabo Mikami. O “território retomado”, a “comunidade pacificada”, da propaganda oficial, vivia sua rotina esquizofrênica. As ruas eram patrulhadas por jovens armados com pistolas e radiocomunicadores. A menos de 100 metros de um posto do Exército guarnecido com seis soldados, o carro da equipe de VEJA foi parado pelos traficantes e vistoriado. O gerente do grupo concordou em falar, sem se identificar, dentro de um bar. Ali, tranquilo, deu uma espantosa explicação para a coabitação de militares com bandidos em um mesmo território: os criminosos têm a vantagem por estarem bem armados e conhecerem melhor a região. A morte do cabo Mikami foi descrita por ele como um evento normal, incapaz de perturbar a “paz” do lugar: “Se a gente quisesse, matava um soldado por dia”.
O plano de pacificação que começou em 2008 no Rio de Janeiro teve sucessos iniciais estrondosos com favelas tomadas sem o disparo de um único tiro. No ponto mais alto dos morros, os policiais de elite hasteavam bandeiras do Brasil, do Rio de Janeiro e de suas corporações. Mas, sem que se desse a efetiva ocupação do território pelo estado, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas nas favelas foram sendo isoladas até chegar à situação atual de monumentos ao fracasso de um plano que parecia vitorioso. Não é raro a guarnição de uma UPP pedir a intervenção de unidades de elite para conseguir sair de sua base. Só no conjunto de favelas do Alemão foram registradas quase duas centenas de tiroteios, escaramuças inconsequentes entre policiais e bandidos, sem que nenhum lado se declarasse vencedor.
Na famosa Favela da Rocinha, a presença constante de 700 policiais não consegue impor a ordem, tampouco impedir o tráfico de drogas e os crimes violentos associados a ele. Rajadas de fuzis automáticos cortam o céu noturno do morro que foi durante algum tempo a vitrine da política de pacificação na cidade. Entre os 267 policiais baleados neste ano, 79 foram feridos em combates em áreas de UPPs, onde oito morreram.
É melancólico constatar que sob o rótulo de “pacificação” esteja ocorrendo mesmo uma guerra. Além dos policiais mortos, perderam a vida no Rio de Janeiro até outubro 481 pessoas em circunstâncias oficialmente registradas em “autos de resistência”. Esse termo deveria descrever apenas situação em que, esgotadas todas as outras opções, a polícia recorre às armas para deter um criminoso. Infelizmente, no Rio de Janeiro, o “auto de resistência” pode ser mesmo a clássica “resistência seguida de morte”, mas serve também para encobrir ações de criminosos de farda. A boa notícia desse lado da trincheira é que as mortes de civis em operações policiais na cidade têm diminuído ano a ano: em 2007, antes do início das UPPs, foram 1?330. A má é que mais policiais estão sendo assassinados. “A verdade é que a polícia está matando menos, mas seus homens continuam morrendo como moscas”, diz Richard Ybars, antropólogo e policial civil.
A lógica mais simples levanta a seguinte questão quando alguém se detém diante da resistência do tráfico no Rio de Janeiro: se os morros não produzem drogas nem têm fábricas de armas pesadas, não seria o caso de, em vez de correr em vão atrás do varejo, impedir no atacado o fornecimento de cocaína e fuzis AK-47 aos bandidos? Raramente se consegue uma resposta satisfatória a essa pergunta. Uma fresta de luz, porém, entra no debate quando se analisam as favelas do Complexo da Maré. Com seus 130?000 habitantes, a Maré tem localização geográfica estratégica. Fica próxima do Aeroporto Internacional Tom Jobim e tem saída para o mar. A área é contígua às duas principais vias de trânsito da cidade, a Linha Vermelha e a Avenida Brasil. “A Maré é muito importante na geopolítica do tráfico, porque quase tudo passa por ela. Para os criminosos, é essencial comandá-la”, diz o sociólogo Cláudio Beato, especialista em segurança pública. Com sua óbvia importância tanto para o atacado quanto para o varejo do comércio ilegal de drogas, o Complexo da Maré deveria merecer atenção especial das autoridades. A região é policiada por soldados jovens vindos de diversas partes do Brasil e treinados — quando são — para outro tipo de batalha. “Essa guerra não é nossa”, disse um deles a VEJA. Não é mesmo. O militar das Forças Armadas é treinado para matar o inimigo. Suas armas são canhões, bazucas, carros de combate, jatos e navios de guerra. Reduzidas à função policial, as Forças Armadas correm o risco de ser desmoralizadas por ter sido colocadas em uma guerra que não podem vencer.
O despreparo é uma queixa comum também em relação às forças que operam nas 38 UPPs do Rio — um contingente incrementado ao ritmo de até 500 homens por mês, formados a toque de caixa para cumprir a meta de pôr a segurança nas favelas nas mãos de uma tropa nova, livre de vícios. “A ânsia política de colocar novas turmas nos morros prejudica a formação”, afirma Paulo Storani, ex-capitão do BOPE. A tropa das UPPs é de fato majoritariamente nova, mas nem por isso vícios como corrupção, desvios e apatia foram extirpados. “A intenção era ‘uppeizar’ a PM, mas o que se vê é a ‘peemização’ das UPPs”, diz Beato.
Entre setembro e outubro, duas operações do Ministério Público contra a corrupção na polícia puseram na cadeia mais de quarenta homens. Os promotores investigam ainda uma fraude milionária em unidades de saúde da corporação que deve levar à prisão de mais oficiais. Em consequência dessas denúncias, o comando da PM foi trocado. É um movimento positivo, mas será preciso bem mais do que operações episódicas para reverter a derrocada da segurança no Rio e impedir que as UPPs sejam lembradas apenas como mais uma das tantas utopias massacradas pela realidade.
UM CABO DO EXÉRCITO, VETERANO DA MISSÃO NO HAITI, FOI MORTO A TIROS NA FAVELA CARIOCA.
Leslie Leitão - VEJA - 7 de dezembro de 2014.
Faltavam cinco dias para o cabo do Exército Brasileiro Michel Augusto Mikami, 21 anos, encerrar a terceira campanha real de sua curta carreira militar. A primeira foi a missão de paz da Organização das Nações Unidas no Haiti. E depois a Copa do Mundo. O plano de Mikami era voltar para casa, em Vinhedo, cidade vizinha a Campinas, no interior de São Paulo. Como parte da Força de Pacificação formada por 3?000 militares da Marinha e do Exército, Mikami patrulhava as vielas do Complexo da Maré, aglomerado de favelas na Zona Norte do Rio de Janeiro. A missão da tropa federal é apoiar a polícia do Rio no que se chamou apressada e exageradamente de “retomada do território do tráfico”. Na tarde da sexta-feira 28, em meio a um tiroteio com os bandidos donos do “território retomado”, o cabo Mikami foi atingido por uma bala de fuzil na cabeça, que o matou instantaneamente. Desde a ação para debelar a guerrilha comunista no Araguaia, em 1972, as Forças Armadas do Brasil não tinham um soldado morto em combate em território brasileiro. O cabo, enterrado com honras militares, é, porém, apenas mais um número da macabra estatística do combate ao crime no Rio de Janeiro. O ano de 2014 ainda não acabou e o número de policiais mortos a tiros por bandidos no Rio de Janeiro chegou a 106 na semana passada. Uma cifra assustadora quando comparada à de outros países. Sim, porque não há base de comparação com cidades. Em Nova York, neste ano, nem um único policial morreu assassinado a tiros por bandidos. Zero. Em todos os Estados Unidos, com quase uma vez e meia a população brasileira, tombaram baleados por bandidos 46 policiais. Menos da metade do que os bandidos mataram em 2014 só no Rio de Janeiro. Todos os estados americanos têm legislação que pune com mais severidade o cop killer, ou assassino de policial. Em Nova York, o cop killer, não importa a circunstância do crime, é enquadrado automaticamente na categoria mais severa do código penal, o assassinato em primeiro grau. O condenado nessa categoria não tem acesso a benefícios jurídicos, como a diminuição de pena por bom comportamento.
VEJA foi ao Complexo da Maré na quarta-feira passada, cinco dias depois da morte do cabo Mikami. O “território retomado”, a “comunidade pacificada”, da propaganda oficial, vivia sua rotina esquizofrênica. As ruas eram patrulhadas por jovens armados com pistolas e radiocomunicadores. A menos de 100 metros de um posto do Exército guarnecido com seis soldados, o carro da equipe de VEJA foi parado pelos traficantes e vistoriado. O gerente do grupo concordou em falar, sem se identificar, dentro de um bar. Ali, tranquilo, deu uma espantosa explicação para a coabitação de militares com bandidos em um mesmo território: os criminosos têm a vantagem por estarem bem armados e conhecerem melhor a região. A morte do cabo Mikami foi descrita por ele como um evento normal, incapaz de perturbar a “paz” do lugar: “Se a gente quisesse, matava um soldado por dia”.
O plano de pacificação que começou em 2008 no Rio de Janeiro teve sucessos iniciais estrondosos com favelas tomadas sem o disparo de um único tiro. No ponto mais alto dos morros, os policiais de elite hasteavam bandeiras do Brasil, do Rio de Janeiro e de suas corporações. Mas, sem que se desse a efetiva ocupação do território pelo estado, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas nas favelas foram sendo isoladas até chegar à situação atual de monumentos ao fracasso de um plano que parecia vitorioso. Não é raro a guarnição de uma UPP pedir a intervenção de unidades de elite para conseguir sair de sua base. Só no conjunto de favelas do Alemão foram registradas quase duas centenas de tiroteios, escaramuças inconsequentes entre policiais e bandidos, sem que nenhum lado se declarasse vencedor.
Na famosa Favela da Rocinha, a presença constante de 700 policiais não consegue impor a ordem, tampouco impedir o tráfico de drogas e os crimes violentos associados a ele. Rajadas de fuzis automáticos cortam o céu noturno do morro que foi durante algum tempo a vitrine da política de pacificação na cidade. Entre os 267 policiais baleados neste ano, 79 foram feridos em combates em áreas de UPPs, onde oito morreram.
É melancólico constatar que sob o rótulo de “pacificação” esteja ocorrendo mesmo uma guerra. Além dos policiais mortos, perderam a vida no Rio de Janeiro até outubro 481 pessoas em circunstâncias oficialmente registradas em “autos de resistência”. Esse termo deveria descrever apenas situação em que, esgotadas todas as outras opções, a polícia recorre às armas para deter um criminoso. Infelizmente, no Rio de Janeiro, o “auto de resistência” pode ser mesmo a clássica “resistência seguida de morte”, mas serve também para encobrir ações de criminosos de farda. A boa notícia desse lado da trincheira é que as mortes de civis em operações policiais na cidade têm diminuído ano a ano: em 2007, antes do início das UPPs, foram 1?330. A má é que mais policiais estão sendo assassinados. “A verdade é que a polícia está matando menos, mas seus homens continuam morrendo como moscas”, diz Richard Ybars, antropólogo e policial civil.
A lógica mais simples levanta a seguinte questão quando alguém se detém diante da resistência do tráfico no Rio de Janeiro: se os morros não produzem drogas nem têm fábricas de armas pesadas, não seria o caso de, em vez de correr em vão atrás do varejo, impedir no atacado o fornecimento de cocaína e fuzis AK-47 aos bandidos? Raramente se consegue uma resposta satisfatória a essa pergunta. Uma fresta de luz, porém, entra no debate quando se analisam as favelas do Complexo da Maré. Com seus 130?000 habitantes, a Maré tem localização geográfica estratégica. Fica próxima do Aeroporto Internacional Tom Jobim e tem saída para o mar. A área é contígua às duas principais vias de trânsito da cidade, a Linha Vermelha e a Avenida Brasil. “A Maré é muito importante na geopolítica do tráfico, porque quase tudo passa por ela. Para os criminosos, é essencial comandá-la”, diz o sociólogo Cláudio Beato, especialista em segurança pública. Com sua óbvia importância tanto para o atacado quanto para o varejo do comércio ilegal de drogas, o Complexo da Maré deveria merecer atenção especial das autoridades. A região é policiada por soldados jovens vindos de diversas partes do Brasil e treinados — quando são — para outro tipo de batalha. “Essa guerra não é nossa”, disse um deles a VEJA. Não é mesmo. O militar das Forças Armadas é treinado para matar o inimigo. Suas armas são canhões, bazucas, carros de combate, jatos e navios de guerra. Reduzidas à função policial, as Forças Armadas correm o risco de ser desmoralizadas por ter sido colocadas em uma guerra que não podem vencer.
O despreparo é uma queixa comum também em relação às forças que operam nas 38 UPPs do Rio — um contingente incrementado ao ritmo de até 500 homens por mês, formados a toque de caixa para cumprir a meta de pôr a segurança nas favelas nas mãos de uma tropa nova, livre de vícios. “A ânsia política de colocar novas turmas nos morros prejudica a formação”, afirma Paulo Storani, ex-capitão do BOPE. A tropa das UPPs é de fato majoritariamente nova, mas nem por isso vícios como corrupção, desvios e apatia foram extirpados. “A intenção era ‘uppeizar’ a PM, mas o que se vê é a ‘peemização’ das UPPs”, diz Beato.
Entre setembro e outubro, duas operações do Ministério Público contra a corrupção na polícia puseram na cadeia mais de quarenta homens. Os promotores investigam ainda uma fraude milionária em unidades de saúde da corporação que deve levar à prisão de mais oficiais. Em consequência dessas denúncias, o comando da PM foi trocado. É um movimento positivo, mas será preciso bem mais do que operações episódicas para reverter a derrocada da segurança no Rio e impedir que as UPPs sejam lembradas apenas como mais uma das tantas utopias massacradas pela realidade.
- Glauber Prestes
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Re: Operações Policiais e Militares
Olha, só pra constar... O cabo já foi "vingado".
http://www.tireoide.org.br/tireoidite-de-hashimoto/
Cuidado com os sintomas.
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
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- Sávio Ricardo
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Re: Operações Policiais e Militares
Pode dar mais detalhes???Glauber Prestes escreveu:Olha, só pra constar... O cabo já foi "vingado".
- Renato Grilo
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Re: Operações Policiais e Militares
Aí sim hein! Já tinha me conformado com a ideia de que ia ficar por isso mesmo.
Brasil Acima de Tudo
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Re: Operações Policiais e Militares
REPÓRTER TVI - «O ÚLTIMO ASSALTO»
http://www.tvi.iol.pt/programa/reporter ... 14232513/1
Se puderem vejam, nem que seja para verem as vantagens de uma Policia "completa". Vocês poderão ver como a GNR consegue fazer de uma forma totalmente autónoma a sua missão. Este video mostra como a GNR faz uma investigação, como recolhe a informação, faz o tratamento de dados e depois passa à acção.
http://www.tvi.iol.pt/programa/reporter ... 14232513/1
Se puderem vejam, nem que seja para verem as vantagens de uma Policia "completa". Vocês poderão ver como a GNR consegue fazer de uma forma totalmente autónoma a sua missão. Este video mostra como a GNR faz uma investigação, como recolhe a informação, faz o tratamento de dados e depois passa à acção.
- denilson
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Re: Operações Policiais e Militares
Mais detalhes por favor, pois em minha opinião, um caso desses deve ser de no minimo 30x1.Glauber Prestes escreveu:Olha, só pra constar... O cabo já foi "vingado".
Abraço