GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
EUA preparam campanha de investimento na África
Mercado - Folha de S.Paulo
Link: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/20 ... rica.shtml
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Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: GEOPOLÍTICA
"Guerras secretas" envolvem EUA, China, Irã e outros países
Nem sempre as guerras entre nações são declaradas e envolvem militares uniformizados e artilharia pesada. Atualmente, China, Vietnã, Estados unidos e Irã são, de acordo com o site Popular Mechanics, alguns dos países que travam "guerras veladas" entre si.
Vietnã e China, há tempos, travam dipustas territoriais marítimas na região do Mar da China, repleta de ilhas e recursos naturais em abundância. Embora ambos os países estejam enviando dezenas de navios ao local, nenhum dos dois deseja uma guerra declarada, segundo a publicação. A explicação: o comércio bilateral dos dois vizinhos totalizou US$ 65,5 milhões em 2013.
Enquanto isso, a Arábia Saudita acompanha com cautela o avanço do Irã sobre o Golfo Pérsico.O Iraque, por exemplo, é hoje lar de milíciais apoiadas por iranianos e grupos politicos. O aliado sírio do Irã, o presidente Bashar Al-Assad, saiu ileso da guerra civil em seu país e inclusive se reelegeu. Além disso, rebeldes xiitas, com quem os sauditas lutaram em 2009, têm atacado guardas de fronteira do país na província de Asir.
A Arábia Saudita acusa o Irã de fornecer armas e apoio à milícia. Na contramão, Irã e Iraque acusam a Arábia Saudita de apoiar uma revolta sunita na província iraquiana de Anbar e financiar um grupo egípcio que ameaça a estabilidade iraniana.
O governo americano planeja treinar unidade militares de cotraterrorismo para se opor a milicianos em países africanos como Mali e República Centro-Africana. O Níger, por exemplo, deverá receber US$ 15 milhões para criar um batalhão contra grupos que espalham o terror.
A Casa Branca pediu, em maio, que o Congresso aprove um fundo de US$ 5 bilhões para treinar e equipar varios países da África e Ásia para eles possam combater redes terroristas.
Nem sempre as guerras entre nações são declaradas e envolvem militares uniformizados e artilharia pesada. Atualmente, China, Vietnã, Estados unidos e Irã são, de acordo com o site Popular Mechanics, alguns dos países que travam "guerras veladas" entre si.
Vietnã e China, há tempos, travam dipustas territoriais marítimas na região do Mar da China, repleta de ilhas e recursos naturais em abundância. Embora ambos os países estejam enviando dezenas de navios ao local, nenhum dos dois deseja uma guerra declarada, segundo a publicação. A explicação: o comércio bilateral dos dois vizinhos totalizou US$ 65,5 milhões em 2013.
Enquanto isso, a Arábia Saudita acompanha com cautela o avanço do Irã sobre o Golfo Pérsico.O Iraque, por exemplo, é hoje lar de milíciais apoiadas por iranianos e grupos politicos. O aliado sírio do Irã, o presidente Bashar Al-Assad, saiu ileso da guerra civil em seu país e inclusive se reelegeu. Além disso, rebeldes xiitas, com quem os sauditas lutaram em 2009, têm atacado guardas de fronteira do país na província de Asir.
A Arábia Saudita acusa o Irã de fornecer armas e apoio à milícia. Na contramão, Irã e Iraque acusam a Arábia Saudita de apoiar uma revolta sunita na província iraquiana de Anbar e financiar um grupo egípcio que ameaça a estabilidade iraniana.
O governo americano planeja treinar unidade militares de cotraterrorismo para se opor a milicianos em países africanos como Mali e República Centro-Africana. O Níger, por exemplo, deverá receber US$ 15 milhões para criar um batalhão contra grupos que espalham o terror.
A Casa Branca pediu, em maio, que o Congresso aprove um fundo de US$ 5 bilhões para treinar e equipar varios países da África e Ásia para eles possam combater redes terroristas.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: GEOPOLÍTICA
Otan faz reunião de emergência sobre crise no Iraque a pedido da Turquia
quarta-feira, 11 de junho de 2014 15:47 BRT Imprimir [-] Texto [+]
BRUXELAS (Reuters) - Embaixadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fizeram uma reunião de emergência a pedido da Turquia nesta quarta-feira sobre a situação no norte do Iraque, onde militantes islâmicos tomaram faixas de território e levaram 80 cidadãos turcos como reféns.
"A Turquia informou aos outros aliados sobre a situação em Mossul e a tomada de cidadãos turcos como reféns, incluindo o cônsul-geral", disse um oficial da Otan.
Ele disse que a reunião foi realizada para fins informativos e não nos termos do artigo 4 do tratado fundador da Otan, o que permite um membro da aliança de 28 nações pedir consultas com outros aliados quando sentir que a sua segurança está ameaçada.
"Os aliados continuam a acompanhar os acontecimentos muito de perto e com grande preocupação", disse o oficial.
Ele afirmou que os ataques de militantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante em Mossul representavam "uma ameaça séria à segurança do Iraque e à estabilidade da região".
A Otan não recebeu qualquer pedido de ajuda por parte das autoridades iraquianas em relação aos últimos acontecimentos em Mossul, disse o funcionário.
A Turquia já apelou duas vezes ao artigo 4 em 2012 para pedir consultas com seus aliados da Otan sobre o conflito na Síria.
quarta-feira, 11 de junho de 2014 15:47 BRT Imprimir [-] Texto [+]
BRUXELAS (Reuters) - Embaixadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fizeram uma reunião de emergência a pedido da Turquia nesta quarta-feira sobre a situação no norte do Iraque, onde militantes islâmicos tomaram faixas de território e levaram 80 cidadãos turcos como reféns.
"A Turquia informou aos outros aliados sobre a situação em Mossul e a tomada de cidadãos turcos como reféns, incluindo o cônsul-geral", disse um oficial da Otan.
Ele disse que a reunião foi realizada para fins informativos e não nos termos do artigo 4 do tratado fundador da Otan, o que permite um membro da aliança de 28 nações pedir consultas com outros aliados quando sentir que a sua segurança está ameaçada.
"Os aliados continuam a acompanhar os acontecimentos muito de perto e com grande preocupação", disse o oficial.
Ele afirmou que os ataques de militantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante em Mossul representavam "uma ameaça séria à segurança do Iraque e à estabilidade da região".
A Otan não recebeu qualquer pedido de ajuda por parte das autoridades iraquianas em relação aos últimos acontecimentos em Mossul, disse o funcionário.
A Turquia já apelou duas vezes ao artigo 4 em 2012 para pedir consultas com seus aliados da Otan sobre o conflito na Síria.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: GEOPOLÍTICA
Ué?
A Turquia está preocupada porque a al-Qaida está ganhando terreno no Iraque?
Mas não é esta mesma Turquia que se aliou com a mesma al-Qaida para derrubar o governo da Síria?
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"Não precisa explicar! Eu só queria entender!"
A Turquia está preocupada porque a al-Qaida está ganhando terreno no Iraque?
Mas não é esta mesma Turquia que se aliou com a mesma al-Qaida para derrubar o governo da Síria?
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"Não precisa explicar! Eu só queria entender!"
Re: GEOPOLÍTICA
Clermont escreveu:Ué?
A Turquia está preocupada porque a al-Qaida está ganhando terreno no Iraque?
Mas não é esta mesma Turquia que se aliou com a mesma al-Qaida para derrubar o governo da Síria?
"Não precisa explicar! Eu só queria entender!"
Pois é, os assassinos ocidentais não aprendem com os erros...a gente já não viu esse filme? Eua apoiando Sadam Hussein contra o Irã, Sadam Hussein se voltando contra os EUA....
Eles não aprendem....
O pior é que essa corja de assassinos e loucos da OTAN têm muito dinheiro e muitas bombas atômicas....
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Re: GEOPOLÍTICA
Resposta: NÃO, a Turquia não apoiou Alqaeda nenhuma. Isso está mais que provado e demonstrado e só quem cai na propaganda do costume é que acredita.Clermont escreveu:Ué?
A Turquia está preocupada porque a al-Qaida está ganhando terreno no Iraque?
Mas não é esta mesma Turquia que se aliou com a mesma al-Qaida para derrubar o governo da Síria?
A Alqaeda, ou melhor, o exército do ISIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) chegou a ameaçar atacar o túmulo de Suleiman Shah e a Turquia ameaçou invadir o norte da Síria.
Os turcos apoiaram e apoiam o Exército da Síria Livre, que não tem força suficiente para se debater contra o criminoso Assad.
Como é sabido, desde há dois anos que as tropas de Assad se assanharam contra o exército da Síria Livre e praticamente nem tocaram com um dedo nas regiões ocupadas pela Alqaeda / ISIL e pelos extremistas.
O poder do terror assassino da seita do socialista Assad e dos seus aliados mafiosos, lançou-se com avidez contra os moderados, dando mão livre ao terror obsceno da Alqaeda.
À que reconhecer que foi uma jogada de mestre.
Os socialistas mataram os moderados, aterrorizaram a população civil e deixaram a Alqaeda fazer o mesmo, nas áreas que lhes deram para controlar. Agora aparecerem como libertadores.
Como a maior parte das pessoas acha que só existem dois grupos na Síria, isso dá lugar às interpretações em que muita gente de boa fé acaba por cair, sendo enganada com facilidade.
A Turquia nunca apoiou o ISIL ou a Alqaeda. A Turquia apoiou o exército da Síria Livre, e isso são coisas diferentes.
Em termos de geopolitica, o que realmente é preocupante, é que mais uma vez há um conflito que se reduz a Sunitas por um lado e Xiitas pelo outro.
Um governo em Bagdad com problemas com os Sunitas, pode ter que recorrer ao apoio direto dos Iranianos.
Chega até a ser engraçado quando ouvimos falar da intervenção americana no Iraque, destinada a garantir que o grande cão americano malvado controlaria o petroleo
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O problema agora é se os iraquianos têm capacidade para debelar a revolta.
Uma das possibilidades, a título de curiosidade, é um reforço do reacionamento entre americanos e iranianos, porque nenhum dos dois quer que o poder do governo de Bagdad desapareça.
Tanto americanos quanto iranianos querem defender o atual governo iraquiano.
Isto deixa alguns dos países árabes isolados, especialmente a Arábia Saudita, que já avisou que entrará no Iraque, se os sunitas começarem a ser mortos pelos Xiitas.
Quem tentar encontrar a mão dos malvados americanos, do NATO malvado e dos cães capitalistas, está cego, e continua a não ver o problema.
E o problema, continua a ser delimitado pelas fronteiras entre xiitas e sunitas.
A Turquia quer ser um «Player» na região, mas para isso criou problemas com todas. Está a tentar resolver os problemas que criou com Israel, zangou-se com o governo do Egipto, que por sua vez se voltou para a Arábia Saudita e estes últimos dois estão irritados com os americanos, porque o Obama não quiz apoia-los (nem apoiar os sauditas na Siria nem apoiar o golpe militar no Egito).
Mais tarde ou mais cedo a Turquia vai ter que fazer alguma coisa, se realmente quer afirmar-se como potência na região.
Em termos geoestratégicos e politicos, não há potência com capacidade para influenciar a politica, que o possa fazer sem mostrar através das armas, que está disposta a garantir essa influência.
- Penguin
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Re: GEOPOLÍTICA
27 de Junho, 2014 - 10:20 ( Brasília ), http://www.defesanet.com.br/geopolitica ... io-da-ONU/
Geopolítica
BRASIL LIDERA RACHA POLÊMICO SOBRE NOVOS OBJETIVOS DO MILÊNIO DA ONU
Altos índices de violência do Brasil tornam o tema da segurança delicado para o país, avalia instituto
A Organização das Nações Unidas (ONU) está realizando um extenso debate para definir quais serão as novas metas que substituirão os Objetivos do Milênio – e o Brasil está no centro de uma das principais controvérsias desse processo.
Os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram firmados em 2000 com a finalidade principal de reduzir a pobreza mundial. Eles vão desde a eliminação da fome à universalização da educação primária, e se desdobram em metas concretas, como reduzir em dois terços a mortalidade de crianças menores de cinco anos.
O prazo para o cumprimento das metas é 2015 e, por isso, os países já vêm debatendo quais serão os novos objetivos que irão substituí-los.
Dentro desse processo, o Brasil lidera a oposição a um objetivo relacionado à governança, justiça e paz - e conta com o apoio de boa parte dos países em desenvolvimento. Recentemente, a Rússia também se manifestou duramente contra.
Do outro lado, defendendo a inclusão deste objetivo, há um bloco formado, principalmente, por países ricos como as nações da Europa Ocidental, Estados Unidos, Japão e Austrália.
Um oficial da ONU que acompanha de perto o debate disse à BBC Brasil que essa está sendo a discussão mais difícil dentro das negociações para estabelecer os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Argumentos brasileiros
No início deste mês, chegou-se a um esboço inicial em que foram estabelecidos 17 objetivos, mas a intenção é diminuir esse número, para facilitar a divulgação.
Os temas de governança, justiça e paz compõem, por hora, o 16º. Ele inclui metas como a redução dos homicídios e do tráfico de armas; garantia de acesso à justiça e liberdade de expressão; e ampliação da transparência governamental.
Em nota enviada para a reportagem, o Itamaraty explicou que a adoção de "objetivos independentes sobre governança poderia tirar o foco dos esforços centrais que os ODS devem promover - em particular, a erradicação da pobreza".
Outro argumento reiterado pelo país é que houve um acordo dentro da ONU de que a base para a definição dos novos objetivos seria o documento final da Rio+20, conferência realizada em 2012 no Rio de Janeiro.
O texto foi aprovado por consenso pelos 190 países presentes, resultado atribuído à liderança do diplomata brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, atual Ministro das Relações Exteriores.
A relevância desse documento acaba valorizando o papel do Brasil nas atuais negociações. A importância da boa governança e da paz para o desenvolvimento sustentável é citada no texto, mas isso não é previsto como um objetivo específico.
"O Brasil e os países em desenvolvimento, em particular, têm defendido que os ODS devem ser voltados aos grandes desafios para o desenvolvimento sustentável, nos campos econômico, social e ambiental. Isso significa que se deveria dar prioridade aos temas já acordados em 2012 na Rio+20", acrescenta a nota do Itamaraty enviada à BBC Brasil.
Reação
Diversas organizações da sociedade civil têm se mobilizado em reação à posição do Brasil. Elas contestam que essa seja uma “agenda” dos países ricos e lembram que mesmo em nações como Estados Unidos e Reino Unido há problemas, como o acesso limitado dos mais pobres à justiça.
Países pobres marcados por intensos conflitos também têm defendido a importância desses temas. Em um documento conjunto, os 54 países africanos defenderam que paz e segurança deve ser um dos seis pilares das negociações, mas não está claro se o continente ficaria contra a posição do Brasil caso ela predomine entre as nações em desenvolvimento.
A Article 19, organização baseada em Londres que promove a liberdade de expressão e a transparência governamental, está liderando uma campanha internacional para defender que os temas de governança sejam confirmados como ODS.
Já a Open Society Foundations, do filantropo multimilionário George Soros, convidou o ministro do Supremo Tribunal Federal Roberto Barroso para um debate sobre o assunto dentro da ONU. Na ocasião, Barroso afirmou que é "difícil conceber a ideia de desenvolvimento sustentável, em qualquer de suas três dimensões – econômico, social e ambiental –, sem incorporar a justiça como um elemento essencial”.
Para Betsy Apple, da Open Society Foundations, o Brasil está defendendo uma visão limitada do que é desenvolvimento. A avaliação é a mesma do Instituto Igarapé, organização brasileira que trabalha para integrar as agendas de segurança e desenvolvimento.
"Uma coisa não existe sem a outra. É uma visão estreita separá-las", afirma Eduarda Hamann, uma das coordenadoras do instituto.
A BBC Brasil apurou, porém que existe dentro da ONU certa compreensão em relação ao posicionamento do Brasil de que assuntos de segurança poderiam ser uma "distração", devido a sua complexidade. O país argumenta que não seria possível falar de paz sem discutir, por exemplo, o conflito Israel-Palestina ou a política externa americana.
Políticas e receio
O Brasil não nega a importância da paz e da governança para o desenvolvimento sustentável e tem proposto que algumas metas relacionadas e essas questões sejam incluídas dentro de outros objetivos, como os que tratam de redução da desigualdade e promoção da educação.
Os críticos dessa proposta dizem que diluir as questões de governança, justiça e paz em outros objetivos não daria a devida visibilidade aos temas.
Historicamente, o Brasil muitas vezes defendeu que as duas coisas – segurança e desenvolvimento - são inseparáveis. Para Hamann, a posição da delegação brasileira na ONU hoje parece reflexo da circunstância política atual.
Por um lado, o país quer fortalecer o documento da Rio + 20, que é considerado "um filho" do Brasil. Por outro lado, quer valorizar mais os tópicos em que tem mais poder de influência – o que aumenta seu papel de liderança nos processos de implementação dos ODS.
"O país é uma referência na questão social e ambiental, mas não na questão de segurança", destaca Hamann.
Haveria ainda um receio do Brasil de que a adoção de um ODS específico para questões relacionadas à paz daria um papel central ao Conselho de Segurança da ONU dentro do processo de implementação dos objetivos – e este órgão, que reúne as grandes potências militares, não é considerado democrático por muitos por não refletir a geopolítica atual em sua representação.
Outro preocupação explicitada pelo país nas negociações é que ações internacionais de redução à pobreza fiquem condicionadas a questões de segurança.
Na avaliação do Instituto Igarapé, a posição do Brasil também pode refletir um temor de intervenções externas em assuntos delicados internamente, como os altos índices de violência.
Em declaração neste mês na ONU, a Rússia disse que se o 16º objetivo proposto for é aprovada "uma porta se abrirá para a interferência nos assuntos internos dos Estados".
'Risco alto'
As negociações seguem em andamento em grupos de trabalho formados por alguns países. Em setembro, uma proposta será apresentada na Assembleia Geral da ONU.
As discussões sobre quais serão os ODS e como sua implementação será feita e financiada devem estar concluídas um ano depois, para a assembleia de 2015.
Betsy Apple, da Open Society Foundations, vê um risco alto de que o objetivo de governança, paz e justiça seja eliminado. "O Brasil é muito influente nesse processo e por isso muitos países o acompanham".
"Se o Brasil não apoiar esse objetivo por causa de uma agenda política de curto prazo, pode acabar eliminando-o, pois outros países importantes são de fato contra [esses princípios], como Rússia, China e Índia. Isso coloca Brasil em uma posição muito poderosa", afirma o consultor jurídico da Article 19, Dave Banisar.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
17 propostas que ainda estão em negociação:
1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas em todos os lugares.
2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e nutrição adequada para todos, e promover a agricultura sustentável.
3. Alcançar saúde para todos em todas as idades.
4. Fornecer educação equitativa, inclusiva e de qualidade e oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
5. Atingir a igualdade de gênero e a autonomia para mulheres e meninas em todos os lugares.
6. Garantir água limpa e saneamento para todos.
7. Garantir serviços de energia modernos, confiáveis, sustentáveis e a preços acessíveis para todos.
8. Promover o crescimento econômico forte, sustentável e inclusivo e trabalho digno para todos.
9. Promover a industrialização sustentável.
10. Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.
11. Construir cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros e sustentáveis.
12. Promover padrões de produção e consumo sustentáveis.
13. Promover ações em todos os níveis para combater as mudanças climáticas.
14. Alcançar a conservação e o uso sustentável dos recursos marinhos.
15. Proteger e restaurar os ecossistemas terrestres e interromper toda a perda de biodiversidade.
16. Alcançar sociedades pacíficas e inclusivas, o Estado de direito, e instituições eficazes e capazes.
17. Fortalecer e melhorar os meios de implementação [desses objetivos] e a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Geopolítica
BRASIL LIDERA RACHA POLÊMICO SOBRE NOVOS OBJETIVOS DO MILÊNIO DA ONU
Altos índices de violência do Brasil tornam o tema da segurança delicado para o país, avalia instituto
A Organização das Nações Unidas (ONU) está realizando um extenso debate para definir quais serão as novas metas que substituirão os Objetivos do Milênio – e o Brasil está no centro de uma das principais controvérsias desse processo.
Os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram firmados em 2000 com a finalidade principal de reduzir a pobreza mundial. Eles vão desde a eliminação da fome à universalização da educação primária, e se desdobram em metas concretas, como reduzir em dois terços a mortalidade de crianças menores de cinco anos.
O prazo para o cumprimento das metas é 2015 e, por isso, os países já vêm debatendo quais serão os novos objetivos que irão substituí-los.
Dentro desse processo, o Brasil lidera a oposição a um objetivo relacionado à governança, justiça e paz - e conta com o apoio de boa parte dos países em desenvolvimento. Recentemente, a Rússia também se manifestou duramente contra.
Do outro lado, defendendo a inclusão deste objetivo, há um bloco formado, principalmente, por países ricos como as nações da Europa Ocidental, Estados Unidos, Japão e Austrália.
Um oficial da ONU que acompanha de perto o debate disse à BBC Brasil que essa está sendo a discussão mais difícil dentro das negociações para estabelecer os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Argumentos brasileiros
No início deste mês, chegou-se a um esboço inicial em que foram estabelecidos 17 objetivos, mas a intenção é diminuir esse número, para facilitar a divulgação.
Os temas de governança, justiça e paz compõem, por hora, o 16º. Ele inclui metas como a redução dos homicídios e do tráfico de armas; garantia de acesso à justiça e liberdade de expressão; e ampliação da transparência governamental.
Em nota enviada para a reportagem, o Itamaraty explicou que a adoção de "objetivos independentes sobre governança poderia tirar o foco dos esforços centrais que os ODS devem promover - em particular, a erradicação da pobreza".
Outro argumento reiterado pelo país é que houve um acordo dentro da ONU de que a base para a definição dos novos objetivos seria o documento final da Rio+20, conferência realizada em 2012 no Rio de Janeiro.
O texto foi aprovado por consenso pelos 190 países presentes, resultado atribuído à liderança do diplomata brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, atual Ministro das Relações Exteriores.
A relevância desse documento acaba valorizando o papel do Brasil nas atuais negociações. A importância da boa governança e da paz para o desenvolvimento sustentável é citada no texto, mas isso não é previsto como um objetivo específico.
"O Brasil e os países em desenvolvimento, em particular, têm defendido que os ODS devem ser voltados aos grandes desafios para o desenvolvimento sustentável, nos campos econômico, social e ambiental. Isso significa que se deveria dar prioridade aos temas já acordados em 2012 na Rio+20", acrescenta a nota do Itamaraty enviada à BBC Brasil.
Reação
Diversas organizações da sociedade civil têm se mobilizado em reação à posição do Brasil. Elas contestam que essa seja uma “agenda” dos países ricos e lembram que mesmo em nações como Estados Unidos e Reino Unido há problemas, como o acesso limitado dos mais pobres à justiça.
Países pobres marcados por intensos conflitos também têm defendido a importância desses temas. Em um documento conjunto, os 54 países africanos defenderam que paz e segurança deve ser um dos seis pilares das negociações, mas não está claro se o continente ficaria contra a posição do Brasil caso ela predomine entre as nações em desenvolvimento.
A Article 19, organização baseada em Londres que promove a liberdade de expressão e a transparência governamental, está liderando uma campanha internacional para defender que os temas de governança sejam confirmados como ODS.
Já a Open Society Foundations, do filantropo multimilionário George Soros, convidou o ministro do Supremo Tribunal Federal Roberto Barroso para um debate sobre o assunto dentro da ONU. Na ocasião, Barroso afirmou que é "difícil conceber a ideia de desenvolvimento sustentável, em qualquer de suas três dimensões – econômico, social e ambiental –, sem incorporar a justiça como um elemento essencial”.
Para Betsy Apple, da Open Society Foundations, o Brasil está defendendo uma visão limitada do que é desenvolvimento. A avaliação é a mesma do Instituto Igarapé, organização brasileira que trabalha para integrar as agendas de segurança e desenvolvimento.
"Uma coisa não existe sem a outra. É uma visão estreita separá-las", afirma Eduarda Hamann, uma das coordenadoras do instituto.
A BBC Brasil apurou, porém que existe dentro da ONU certa compreensão em relação ao posicionamento do Brasil de que assuntos de segurança poderiam ser uma "distração", devido a sua complexidade. O país argumenta que não seria possível falar de paz sem discutir, por exemplo, o conflito Israel-Palestina ou a política externa americana.
Políticas e receio
O Brasil não nega a importância da paz e da governança para o desenvolvimento sustentável e tem proposto que algumas metas relacionadas e essas questões sejam incluídas dentro de outros objetivos, como os que tratam de redução da desigualdade e promoção da educação.
Os críticos dessa proposta dizem que diluir as questões de governança, justiça e paz em outros objetivos não daria a devida visibilidade aos temas.
Historicamente, o Brasil muitas vezes defendeu que as duas coisas – segurança e desenvolvimento - são inseparáveis. Para Hamann, a posição da delegação brasileira na ONU hoje parece reflexo da circunstância política atual.
Por um lado, o país quer fortalecer o documento da Rio + 20, que é considerado "um filho" do Brasil. Por outro lado, quer valorizar mais os tópicos em que tem mais poder de influência – o que aumenta seu papel de liderança nos processos de implementação dos ODS.
"O país é uma referência na questão social e ambiental, mas não na questão de segurança", destaca Hamann.
Haveria ainda um receio do Brasil de que a adoção de um ODS específico para questões relacionadas à paz daria um papel central ao Conselho de Segurança da ONU dentro do processo de implementação dos objetivos – e este órgão, que reúne as grandes potências militares, não é considerado democrático por muitos por não refletir a geopolítica atual em sua representação.
Outro preocupação explicitada pelo país nas negociações é que ações internacionais de redução à pobreza fiquem condicionadas a questões de segurança.
Na avaliação do Instituto Igarapé, a posição do Brasil também pode refletir um temor de intervenções externas em assuntos delicados internamente, como os altos índices de violência.
Em declaração neste mês na ONU, a Rússia disse que se o 16º objetivo proposto for é aprovada "uma porta se abrirá para a interferência nos assuntos internos dos Estados".
'Risco alto'
As negociações seguem em andamento em grupos de trabalho formados por alguns países. Em setembro, uma proposta será apresentada na Assembleia Geral da ONU.
As discussões sobre quais serão os ODS e como sua implementação será feita e financiada devem estar concluídas um ano depois, para a assembleia de 2015.
Betsy Apple, da Open Society Foundations, vê um risco alto de que o objetivo de governança, paz e justiça seja eliminado. "O Brasil é muito influente nesse processo e por isso muitos países o acompanham".
"Se o Brasil não apoiar esse objetivo por causa de uma agenda política de curto prazo, pode acabar eliminando-o, pois outros países importantes são de fato contra [esses princípios], como Rússia, China e Índia. Isso coloca Brasil em uma posição muito poderosa", afirma o consultor jurídico da Article 19, Dave Banisar.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
17 propostas que ainda estão em negociação:
1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas em todos os lugares.
2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e nutrição adequada para todos, e promover a agricultura sustentável.
3. Alcançar saúde para todos em todas as idades.
4. Fornecer educação equitativa, inclusiva e de qualidade e oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
5. Atingir a igualdade de gênero e a autonomia para mulheres e meninas em todos os lugares.
6. Garantir água limpa e saneamento para todos.
7. Garantir serviços de energia modernos, confiáveis, sustentáveis e a preços acessíveis para todos.
8. Promover o crescimento econômico forte, sustentável e inclusivo e trabalho digno para todos.
9. Promover a industrialização sustentável.
10. Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.
11. Construir cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros e sustentáveis.
12. Promover padrões de produção e consumo sustentáveis.
13. Promover ações em todos os níveis para combater as mudanças climáticas.
14. Alcançar a conservação e o uso sustentável dos recursos marinhos.
15. Proteger e restaurar os ecossistemas terrestres e interromper toda a perda de biodiversidade.
16. Alcançar sociedades pacíficas e inclusivas, o Estado de direito, e instituições eficazes e capazes.
17. Fortalecer e melhorar os meios de implementação [desses objetivos] e a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
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Re: GEOPOLÍTICA
Matéria tem algumas considerações interessantes.
Brics querem só ficar mais ricos e não sujar as mãos
Especialista em Relações Internacionais, diz que grupo não tem coesão política. O Brasil sedia encontro semana que vem.
Os Brics “não são uma aliança política crível”. O clube formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul “é um grupo interessante, mas sem coesão política”, diz o americano Vali Nasr, 53, diretor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Johns Hopkins, um dos maiores celeiros da diplomacia dos EUA. O Brasil sediará a próxima reunião do grupo, em 15 e 16 de julho, em Fortaleza.
“Se China e Rússia tivessem apoiado o acordo patrocinado pelo Brasil com o Irã, talvez teria sido um sucesso”, provoca. “Mas não estão de acordo nem como deve ser a reforma do Conselho de Segurança”.
Nasr, que trabalhou no início do governo Obama no Departamento de Estado, acha que as tropas americanas “saíram cedo demais do Iraque” e que “o mundo fica mais inseguro quando os EUA se retiram da arena global”.
Também disse que Obama, “ao usar drones e serviços de inteligência para atacar terroristas”, em vez de tropas e o Pentágono, ficou mais dependente da espionagem, como a feita pela NSA.
Ele recebeu a Folha em seu escritório na Universidade Johns Hopkins.
Folha – O que o sr. espera da Cúpula dos Brics, no Brasil na semana que vem?
Vali Nasr - Os Brics são uma associação útil, mas por enquanto é um clube de países que querem ficar mais ricos, sem sujar as mãos com crises políticas, não há uma coesão política. Qual é a união dos Brics em reformar o Conselho de Segurança ou o FMI (Fundo Monetário Internacional)? Como os Brics podem criar uma aliança politica crível?
O acordo patrocinado por Brasil e Turquia sobre o programa nuclear do Irã foi uma vitória, mas teria sido um sucesso se Rússia e China o tivessem apoiado. Eles, porém, preferiram se juntar a americanos e europeus na mesa de negociação. Os Brics não atuaram em conjunto.
Folha – O sr. considera o acordo uma vitória?
O acordo Brasil-Turquia foi muito interessante e bem-sucedido. Conseguiu fazer o Irã assinar pela primeira vez um acordo nuclear. O fracasso aconteceu por Europa e Estados Unidos não aceitarem o papel de dois emergentes.
Faltaram peças. Vocês têm o poder de persuasão, mas qual é o poder de “fazer cumprir”? Se o Irã não respeitasse, o que Brasil e Turquia fariam?
Folha -Foi um bom começo, mas o que os Brics podem fazer sobre a crise no mar do Sul da China? Ou no embate sunita-xiita? Os Brics conseguiriam fazer uma ponte entre Irã e Arabia Saudita de uma maneira que os EUA não conseguem?
Mas EUA e Europa não parecem muito interessados em compartilhar o poder no FMI, Banco Mundial e ONU com os emergentes.
Os Brics ficaram mais ricos tomando vantagem de uma ordem global patrocinada pelos EUA com o dólar, OMC (Organização Mundial do Comércio), segurança internacional, FMI e Banco Mundial. Os países emergentes têm razão de querer reformas e mais espaço nesses organismos. O que não se pode é deixar tudo isso para trás e criar um vácuo.
Há 20 anos só se debatia comércio, OMC. O que não esperávamos era a volta do nacionalismo. Ainda não apareceu na América Latina, mas vemos a Rússia querendo reconstruir domínios czaristas, intervindo nos vizinhos, e a China querendo dominar os mares e tomar ilhas de seus vizinhos. Vamos pensar que os EUA se retiram da Ásia e estoura uma crise entre Japão e China. Impacta o Brasil também.
E na Rússia contra a Ucrânia? Essas duas regiões são 60% do PIB mundial, não é falar do deserto iraquiano. Qual é a alternativa ao poder dos EUA?
Folha – Mas em seu livro “Dispensable Nation” [nação dispensável], o sr. diz que o governo americano está batendo em retirada da política internacional.
O problema é que o debate para reformar as instituições multilaterais que começou nos anos 90 perdeu a força e os Estados Unidos não querem mais saber deles. A reforma do FMI empacou no Congresso americano, o governo não trabalha com a OMC e quer criar seus próprios blocos comerciais, e os EUA não querem mais ser a polícia do mundo, querem que os outros cuidem de sua própria segurança. Se a velha ordem não se adaptava às mudanças no mundo emergente, a nova parece um vácuo.
Folha – Todas as pesquisas dizem que o público americano não quer saber mais de guerra, então Obama evita intervir, seja na Síria ou no Iraque.
Os americanos gostam da retirada, mas não das consequências dela. Quando parecemos fracos, é uma ameaça maior. Russos e chineses não levam os EUA a sério e estão arranjando problemas com seus vizinhos e os países ao redor dois, nossos aliados, já não confiam que os defenderemos.
Se você é do governo do Iraque ou dos grupos terroristas, você não se intimida com o governo americano. O [primeiro-ministro iraquiano] Nuri al-Maliki deve pensar, “por que vou ouvir os EUA se eles não me ajudam? Vou procurar o Irã ou a Rússia, que ganho mais”. Os terroristas devem pensar, “os EUA não querem saber daqui, vamos avançar até Bagdá, invadindo mesmo, ocupando”.
Folha - Obama tem índices de popularidade baixos e vê a saída do Iraque como uma conquista. Como ele pode vender à opinião pública uma volta ao campo de batalha?
Saímos cedo demais do Iraque. Ainda temos tropas na Bósnia, mas não no Iraque, não faz sentido. Se a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental] tivesse saído tão cedo, a Bósnia voltaria a uma guerra civil.
O Iraque é como uma árvore frágil em terreno de tornados, e fomos embora. Claro que ia cair.
Na Síria, não apoiamos o centro moderado, só ficamos na retórica, deixamos o país cair nas mãos de jihadistas e agora a ascensão do Estado Islâmico [EI, grupo fundamentalista que controla partes da Síria e do Iraque] é culpa do descaso americano e europeu. Quando Obama diz que só vai enviar 300 especialistas para o Iraque e que eles não combaterão, estamos querendo agradar o Congresso e a opinião pública. Esquecemos que falamos para o mundo.
Folha – Analistas dizem que todas as alternativas na Síria ou no Iraque eram ruins.
Não podemos resolver o tema sunita versus xiita no Iraque, mas não podemos deixar que o país desmorone e seja controlado por terroristas. Não se trata de caridade. Precisa explicar à opinião pública o que está em jogo. Identificar e apoiar moderados, falar com Irã e Rússia, achar uma solução.
O trabalho de um líder é convencer a população do oposto do que elas pensam, de seus interesses. Em vez de seguir pesquisas de opinião, saber formatá-la.
Folha - Obama demorou muito em reagir ao escândalo da espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança). Por quê?
Obama adotou muito da política externa do governo Bush, priorizando a luta contra o terrorismo no Oriente Médio.
Bush queria mudar governos, mudar religião, impor democracia, Obama acha que isso é desperdício.
Mas, para ele, não precisamos usar os militares e ocupar países. Basta usar a CIA (Agência Central de Inteligência) e fazer ataques cirúrgicos com drones. Isso representa a ascensão da CIA e do papel da inteligência na
política externa.
O orçamento do Pentágono está encolhendo porque dependemos menos das tropas. Essas agências de inteligência estão com mais poder. Quando o escândalo da NSA surgiu, acertou o coração de como o seu governo foca o contraterrorismo.
Há duas maneiras de lutar contra o terrorismo. Promover crescimento econômico, político e educativo ou prender e atirar nos caras malvados. Escolhemos a segunda alternativa.
Folha - O sr. escreveu artigo no “New York Times” dizendo que o mapa do mundo vai mudar graças à revolução na extração de gás, como a nova aliança de China e Rússia. E os EUA, mais autossuficientes com o gás de xisto, vão perder interesse no Oriente Médio?
Nunca estivemos lá apenas por petróleo. Havia a necessidade de se proteger o mercado mundial de petróleo, os preços globais de energia e o maior consumidor do Oriente Médio é a própria Ásia. A segurança de Israel importa muito nos EUA domesticamente e também a luta contra o terrorismo.
Quanto mais o Oriente Médio perder seu peso por conta do petróleo, vai ficar mais complicado. Lavar as mãos no Oriente Médio é um enorme perigo. Os EUA são uma espécie de andaime que sustenta esse sistema.
Folha – O senhor escreveu também que houve um esvaziamento do poder do Departamento de Estado durante o governo Obama. Quanto se deve a rivalidade entre Obama e à então secretária de Estado, Hillary Clinton?
Tradicionalmente há disputas entre Casa Branca, Departamento de Estado e Pentágono. Mas a atual Casa Branca gosta de concentrar as decisões políticas e os ministérios e agências só implementam decisões já tomadas. Os especialistas foram escanteados.
Muita gente da Casa Branca não é experiente em politica externa, vieram da campanha. Olham o mundo pelo prisma da política doméstica e das pesquisas de opinião. Não há um Kissinger ou um Brzezinski [conselheiros de Segurança Nacional de Nixon e Carter, respectivamente]
Havia rivalidade entre as equipes de Obama e Hillary, mas ela acabou ajudando. Ela tinha “gravitas”, podia ligar para ele diretamente.
FONTE: Folha de São Paulo
http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=43387
Brics querem só ficar mais ricos e não sujar as mãos
Especialista em Relações Internacionais, diz que grupo não tem coesão política. O Brasil sedia encontro semana que vem.
Os Brics “não são uma aliança política crível”. O clube formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul “é um grupo interessante, mas sem coesão política”, diz o americano Vali Nasr, 53, diretor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Johns Hopkins, um dos maiores celeiros da diplomacia dos EUA. O Brasil sediará a próxima reunião do grupo, em 15 e 16 de julho, em Fortaleza.
“Se China e Rússia tivessem apoiado o acordo patrocinado pelo Brasil com o Irã, talvez teria sido um sucesso”, provoca. “Mas não estão de acordo nem como deve ser a reforma do Conselho de Segurança”.
Nasr, que trabalhou no início do governo Obama no Departamento de Estado, acha que as tropas americanas “saíram cedo demais do Iraque” e que “o mundo fica mais inseguro quando os EUA se retiram da arena global”.
Também disse que Obama, “ao usar drones e serviços de inteligência para atacar terroristas”, em vez de tropas e o Pentágono, ficou mais dependente da espionagem, como a feita pela NSA.
Ele recebeu a Folha em seu escritório na Universidade Johns Hopkins.
Folha – O que o sr. espera da Cúpula dos Brics, no Brasil na semana que vem?
Vali Nasr - Os Brics são uma associação útil, mas por enquanto é um clube de países que querem ficar mais ricos, sem sujar as mãos com crises políticas, não há uma coesão política. Qual é a união dos Brics em reformar o Conselho de Segurança ou o FMI (Fundo Monetário Internacional)? Como os Brics podem criar uma aliança politica crível?
O acordo patrocinado por Brasil e Turquia sobre o programa nuclear do Irã foi uma vitória, mas teria sido um sucesso se Rússia e China o tivessem apoiado. Eles, porém, preferiram se juntar a americanos e europeus na mesa de negociação. Os Brics não atuaram em conjunto.
Folha – O sr. considera o acordo uma vitória?
O acordo Brasil-Turquia foi muito interessante e bem-sucedido. Conseguiu fazer o Irã assinar pela primeira vez um acordo nuclear. O fracasso aconteceu por Europa e Estados Unidos não aceitarem o papel de dois emergentes.
Faltaram peças. Vocês têm o poder de persuasão, mas qual é o poder de “fazer cumprir”? Se o Irã não respeitasse, o que Brasil e Turquia fariam?
Folha -Foi um bom começo, mas o que os Brics podem fazer sobre a crise no mar do Sul da China? Ou no embate sunita-xiita? Os Brics conseguiriam fazer uma ponte entre Irã e Arabia Saudita de uma maneira que os EUA não conseguem?
Mas EUA e Europa não parecem muito interessados em compartilhar o poder no FMI, Banco Mundial e ONU com os emergentes.
Os Brics ficaram mais ricos tomando vantagem de uma ordem global patrocinada pelos EUA com o dólar, OMC (Organização Mundial do Comércio), segurança internacional, FMI e Banco Mundial. Os países emergentes têm razão de querer reformas e mais espaço nesses organismos. O que não se pode é deixar tudo isso para trás e criar um vácuo.
Há 20 anos só se debatia comércio, OMC. O que não esperávamos era a volta do nacionalismo. Ainda não apareceu na América Latina, mas vemos a Rússia querendo reconstruir domínios czaristas, intervindo nos vizinhos, e a China querendo dominar os mares e tomar ilhas de seus vizinhos. Vamos pensar que os EUA se retiram da Ásia e estoura uma crise entre Japão e China. Impacta o Brasil também.
E na Rússia contra a Ucrânia? Essas duas regiões são 60% do PIB mundial, não é falar do deserto iraquiano. Qual é a alternativa ao poder dos EUA?
Folha – Mas em seu livro “Dispensable Nation” [nação dispensável], o sr. diz que o governo americano está batendo em retirada da política internacional.
O problema é que o debate para reformar as instituições multilaterais que começou nos anos 90 perdeu a força e os Estados Unidos não querem mais saber deles. A reforma do FMI empacou no Congresso americano, o governo não trabalha com a OMC e quer criar seus próprios blocos comerciais, e os EUA não querem mais ser a polícia do mundo, querem que os outros cuidem de sua própria segurança. Se a velha ordem não se adaptava às mudanças no mundo emergente, a nova parece um vácuo.
Folha – Todas as pesquisas dizem que o público americano não quer saber mais de guerra, então Obama evita intervir, seja na Síria ou no Iraque.
Os americanos gostam da retirada, mas não das consequências dela. Quando parecemos fracos, é uma ameaça maior. Russos e chineses não levam os EUA a sério e estão arranjando problemas com seus vizinhos e os países ao redor dois, nossos aliados, já não confiam que os defenderemos.
Se você é do governo do Iraque ou dos grupos terroristas, você não se intimida com o governo americano. O [primeiro-ministro iraquiano] Nuri al-Maliki deve pensar, “por que vou ouvir os EUA se eles não me ajudam? Vou procurar o Irã ou a Rússia, que ganho mais”. Os terroristas devem pensar, “os EUA não querem saber daqui, vamos avançar até Bagdá, invadindo mesmo, ocupando”.
Folha - Obama tem índices de popularidade baixos e vê a saída do Iraque como uma conquista. Como ele pode vender à opinião pública uma volta ao campo de batalha?
Saímos cedo demais do Iraque. Ainda temos tropas na Bósnia, mas não no Iraque, não faz sentido. Se a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental] tivesse saído tão cedo, a Bósnia voltaria a uma guerra civil.
O Iraque é como uma árvore frágil em terreno de tornados, e fomos embora. Claro que ia cair.
Na Síria, não apoiamos o centro moderado, só ficamos na retórica, deixamos o país cair nas mãos de jihadistas e agora a ascensão do Estado Islâmico [EI, grupo fundamentalista que controla partes da Síria e do Iraque] é culpa do descaso americano e europeu. Quando Obama diz que só vai enviar 300 especialistas para o Iraque e que eles não combaterão, estamos querendo agradar o Congresso e a opinião pública. Esquecemos que falamos para o mundo.
Folha – Analistas dizem que todas as alternativas na Síria ou no Iraque eram ruins.
Não podemos resolver o tema sunita versus xiita no Iraque, mas não podemos deixar que o país desmorone e seja controlado por terroristas. Não se trata de caridade. Precisa explicar à opinião pública o que está em jogo. Identificar e apoiar moderados, falar com Irã e Rússia, achar uma solução.
O trabalho de um líder é convencer a população do oposto do que elas pensam, de seus interesses. Em vez de seguir pesquisas de opinião, saber formatá-la.
Folha - Obama demorou muito em reagir ao escândalo da espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança). Por quê?
Obama adotou muito da política externa do governo Bush, priorizando a luta contra o terrorismo no Oriente Médio.
Bush queria mudar governos, mudar religião, impor democracia, Obama acha que isso é desperdício.
Mas, para ele, não precisamos usar os militares e ocupar países. Basta usar a CIA (Agência Central de Inteligência) e fazer ataques cirúrgicos com drones. Isso representa a ascensão da CIA e do papel da inteligência na
política externa.
O orçamento do Pentágono está encolhendo porque dependemos menos das tropas. Essas agências de inteligência estão com mais poder. Quando o escândalo da NSA surgiu, acertou o coração de como o seu governo foca o contraterrorismo.
Há duas maneiras de lutar contra o terrorismo. Promover crescimento econômico, político e educativo ou prender e atirar nos caras malvados. Escolhemos a segunda alternativa.
Folha - O sr. escreveu artigo no “New York Times” dizendo que o mapa do mundo vai mudar graças à revolução na extração de gás, como a nova aliança de China e Rússia. E os EUA, mais autossuficientes com o gás de xisto, vão perder interesse no Oriente Médio?
Nunca estivemos lá apenas por petróleo. Havia a necessidade de se proteger o mercado mundial de petróleo, os preços globais de energia e o maior consumidor do Oriente Médio é a própria Ásia. A segurança de Israel importa muito nos EUA domesticamente e também a luta contra o terrorismo.
Quanto mais o Oriente Médio perder seu peso por conta do petróleo, vai ficar mais complicado. Lavar as mãos no Oriente Médio é um enorme perigo. Os EUA são uma espécie de andaime que sustenta esse sistema.
Folha – O senhor escreveu também que houve um esvaziamento do poder do Departamento de Estado durante o governo Obama. Quanto se deve a rivalidade entre Obama e à então secretária de Estado, Hillary Clinton?
Tradicionalmente há disputas entre Casa Branca, Departamento de Estado e Pentágono. Mas a atual Casa Branca gosta de concentrar as decisões políticas e os ministérios e agências só implementam decisões já tomadas. Os especialistas foram escanteados.
Muita gente da Casa Branca não é experiente em politica externa, vieram da campanha. Olham o mundo pelo prisma da política doméstica e das pesquisas de opinião. Não há um Kissinger ou um Brzezinski [conselheiros de Segurança Nacional de Nixon e Carter, respectivamente]
Havia rivalidade entre as equipes de Obama e Hillary, mas ela acabou ajudando. Ela tinha “gravitas”, podia ligar para ele diretamente.
FONTE: Folha de São Paulo
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- Bourne
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Re: GEOPOLÍTICA
Não me surpreendo. Na verdade é a política externa da Dona Dilma.
Por muito tempo a China se isolou das grandes questões do mundo, ainda o faz. A exceção é o interesse regional que a coloca em rota de colisão com os aliados norte-americanos, especialmente japão. Nesse caso não tem como fugir.
Está errado? Talvez. Porém não existe motivação para puxar briga e se posicionar no momento. Salvo quando interessa à opinião pública interna e os marqueteiros dizem fazer bem a imagem. Como no caso da NSA que teve chilique para consumo interno e esqueceu qualquer ação de fato no cenário internacional. As ações do Lula aparentam ter sido voos de verão, mas sem consistência de longo prazo ou mudanças reais na forma de fazer política externa brasileira.Brics querem só ficar mais ricos e não sujar as mãos
Por muito tempo a China se isolou das grandes questões do mundo, ainda o faz. A exceção é o interesse regional que a coloca em rota de colisão com os aliados norte-americanos, especialmente japão. Nesse caso não tem como fugir.
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Re: GEOPOLÍTICA
Que especialista nada o cara fala em FMI e esquece do novo banco dos brics claro que propositalmente e desdenhando o grupo, o que faz parte da visão dos EUA para menosprezar qualquer novo emergente.
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Re: GEOPOLÍTICA
http://www.thehindu.com/news/national/c ... 160686.eceFrancisco Carlos Dutzig escreveu:Que especialista nada o cara fala em FMI e esquece do novo banco dos brics claro que propositalmente e desdenhando o grupo, o que faz parte da visão dos EUA para menosprezar qualquer novo emergente.
http://www.globalpost.com/dispatch/news ... w-bank-yon
http://www.chinatopix.com/articles/3874 ... -asian.htm
Banco Brics, a China já viu que não vai dar em nada e ela quer criar o maior banco de desenvolvimento de infraestrutura do mundo na Ásia.
Mas o Eua esta colocando pressão nos países da região para não participarem do AIIB da China.
- cassiosemasas
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Re: GEOPOLÍTICA
Brics lançarão novo banco de desenvolvimento na semana que vem, diz Rússia
MOSCOU, 9 Jul (Reuters) - Líderes dos países que compõe os Brics lançarão um esperado banco de desenvolvimento em uma cúpula na semana que vem, e decidirão se a sede da instituição será em Xangai ou em Nova Déli, disse o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, nesta quarta-feira.
A criação por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul de um banco de 100 bilhões de dólares para financiar projetos de infraestrutura demorou para sair, por conta de discordâncias sobre seu financiamento, administração e sede corporativa.
"A questão (da sede) será decidida no nível dos líderes dos países", disse Siluanov a jornalistas, acrescentando que a escolha será definida entre Xangai, na China, e Nova Déli, na Índia. Os líderes dos Brics se reunião em 15 e 16 de julho em Fortaleza.
O lançamento do banco será a maior conquista do grupo, após ter fracassado em coordenar ações em vista de um êxodo de capital de mercados emergentes no ano passado, desencadeado pela contenção de estímulo monetário dos Estados Unidos.
O novo banco vai simbolizar o crescimento de influência dos Brics, algo que a Rússia esperava após as sanções ocidentais a Moscou mais cedo no ano, impostas por conta da anexação de parte da Ucrânia a seu território e por seu contínuo envolvimento na crise do país vizinho.
A capitalização do banco tem sido um ponto principal de discórdia, mas Siluanov confirmou que o financiamento seria dividido igualmente, com um total inicial de 10 bilhões de dólares em dinheiro ao longo de sete anos, e 40 bilhões de dólares em garantias.
Os 50 bilhões de dólares serão eventualmente escalados para 100 bilhões, e o banco será capaz de começar a realizar empréstimos em 2016, disse ele.
O banco foi primeiramente proposto em 2012. A proposta foi aprovada nesse mesmo ano em uma cúpula dos Brics na África do Sul, mas não conseguiu ser lançado durante uma reunião na Rússia no ano passado do grupo dos 20 países desenvolvidos e em desenvolvimento (G20).
O banco ficará aberto a outros países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), mas a cota dos Brics nunca deverá ficar abaixo de 55 por cento, afirmou Siluanov.
A presidência do Conselho do banco, com um mandato de cinco anos, vai rodar entre os países-membros, mas a primeira ainda será decidida, disse Siluanov.
Os líderes dos Brics também assinarão um acordo sobre um outro projeto do grupo ?um fundo de 100 bilhões de dólares para estabilizar os mercados de câmbio, que também tem tido um começo lento.
A iniciativa tornou-se mais necessária após um fluxo de dólares baratos ter motivado uma expansão nos Brics por uma década e então revertido o caminho e registrado uma grande saída de divisas no último ano.
A China, detentora das maiores reservas do mundo em moeda estrangeira, vai contribuir com a maior parte do fundo, com 41 bilhões.
Brasil, Índia e Rússia vão destinar 18 bilhões de dólares cada, e a África do Sul, 5 bilhões.
(Por Lidia Kelly, com reportagem adicional de Alonso Soto em Brasília)
fonte: http://economia.uol.com.br/noticias/reu ... russia.htm
...
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Re: GEOPOLÍTICA
O problema do Banco dos Brics é que um está em cada lado do mundo e o Brasil distante dos quatro. Para financiar infraestrutura que, em teoria, tem a ver com integração produtiva e comercio internacional, é um entrave bem grande. Veremos no que dá. Ter o dinheiro não quer dizer que será liberado e nem que os tramites burocráticos, se interesses estarão claros sobre o que e como financiar.akivrx78 escreveu: http://www.thehindu.com/news/national/c ... 160686.ece
http://www.globalpost.com/dispatch/news ... w-bank-yon
http://www.chinatopix.com/articles/3874 ... -asian.htm
Banco Brics, a China já viu que não vai dar em nada e ela quer criar o maior banco de desenvolvimento de infraestrutura do mundo na Ásia.
Mas o Eua esta colocando pressão nos países da região para não participarem do AIIB da China.
Porém, vai que impulsiona uma integração comercial e abre mercados para as firmas brasileiras pelos lados da Ásia, melhor do que nada.
A banco de desenvolvimento não nada a ver com câmbio e reserva. Isso é estabilização de curto prazo que dizem respeito à outros tipos de acordos e mecanismos. Um banco de desenvolvimento financia projetos de longo prazo, frequentemente relacionados aos comércio internacional, internacionalização de empresas, exportações e integração produtiva. Pode ser nacional como BNDES que defende descaradamente os interesses de firmas nacionais no estrangeiro. Ou multilateral como BIRD e Banco Mundial que são menores e dão preferencia para projetos sociais e com impacto direto na qualidade de vida.
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Outra no caso do banco de desenvolvimento da china é mais banco da china do que da ásia. Ouvi por alto que o desinteresse está em dois motivos.
O primeiro que é um banco da china que pretende financiar projetos que tenham interesses prioritários dos chineses, priorizando à contratação e insumos chineses. Útil para países pobres sem recursos para investimentos.
O segundo que não é mais a realidade da Ásia que possuem recursos suficientes e intencionam participar ativamente da escolha e fornecimento de insumos. Na verdade começa a ocorrer ao contrário que é deles terem bancos nacionais de investimentos que financiam obras no exterior que tem interesse nacional. Além de ter parceiros que tem objetivos de longo prazo semelhantes e conflitantes com os chineses.
Fora isso, tinha o projeto de criar um fundo monetário asiático, incluindo japão, coreia, china e outros. O foco de estabilizar a região no curto prazo e evitar quebras como da crise asiática de 1997-98. Parece que encalhou devido a estabilidade da última década e todos estarem com reversas borbulhando.
- Bourne
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Re: GEOPOLÍTICA
Atos de espionagem não são responsabilidade de Obama, diz Dilma
Presidente do Brasil afirma que ações são parte de uma política em curso desde o 11 de Setembro
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/co ... -diz-Dilma
A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (9) não acreditar que os atos de espionagem do governo dos Estados Unidos sejam responsabilidade do governo Barack Obama, mas parte de uma política em curso desde o 11 de Setembro. Ela concedeu nesta quarta entrevista à rede norte-americana CNN, divulgada em duas partes --a segunda, nesta quinta-feira (10).
Segundo ela, os norte-americanos "deram vários passos" em responder às exigências brasileiras depois de revelado que o governo dos EUA espionou a presidente, assessores de seu governo e estatais. Desde o ano passado, o relacionamento entre os dois países está praticamente congelado.
Dilma relatou que cancelou sua visita de Estado àquele país porque a relação com o Brasil fora afetada por "revelações que nós não tínhamos controle, não sabíamos que existiam".
"Naquele momento o governo Obama estava em processo de equacionar esse problema... essa questão da espionagem internacional, e não tinha condições de responder para nós. Como não tinha condição de responder para nós, nós não tivemos nenhuma outra ação... por exemplo, eu ia fazer uma visita e não fiz por isso", disse a presidente.
"Isso não implicou em nenhuma ruptura com o governo Obama. Implicou simplesmente em colocar as cartas na mesa e dizer 'olha, isso é impossível'. Hoje eu acredito que eles deram vários passos", continuou Dilma.
Em junho, Dilma havia afirmado, em entrevista no jornal "The New York Times", estar "certa de que podemos retomar nossa relação com os Estados Unidos de onde elas pararam" e de que pode remarcar a visita de Estado ao país, que cancelou em 2013.
Na entrevista desta quarta, entretanto, Dilma não deu indicativos concretos de que isso pode acontecer
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Re: GEOPOLÍTICA
MUITO OBRIGADO! Pensei que eu estava viajando mas... ![Cool 8-]](./images/smilies/icon_cool.gif)
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“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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