NOTÍCIAS POLÍTICAS
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
É mesmo. Tirando o maior movimento de pessoas e o adensamento no trânsito, que poderia ser com algum outro grande evento, nem parece que a Copa está sendo aqui (pelo menos vejo isso aqui em São Paulo). Diferente do que meu pai dizia sobre a Copa de 1950 quando ele estava no Rio.
A propósito: meu pai viu a final no Maracanã...
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Gilberto Carvalho: Não tinha só elite branca no Itaquerão.
Com blogueiros, ministro contraria Lula e diz que visão de governo que não combate a corrupção chegou às classes mais baixas.
O Globo - por Maria Lima - 18.06.2014.
BRASÍLIA - Com o Congresso Nacional e a imprensa na mira, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, passou duas horas nesta quarta-feira articulando com blogueiros, ativistas e jornalistas pró-governo estratégias para enfrentar nas redes sociais, instâncias governamentais e nas ruas a guerra pela aprovação do polêmico decreto da presidente Dilma Rousseff que cria conselhos de participação popular na formulação de políticas públicas. Durante a reunião, realizada no Palácio do Planalto e transmitida pela internet, houve muita cobrança para que o governo leve a frente projetos de regulação de mídia e redistribuição de verba publicitária, além de críticas aos partidos da base por não apoiar o decreto.
Nos discursos em que pediu apoio dos blogueiros e ativistas, Gilberto alertou que o governo enfrenta uma correlação de forças cada dia mais complicada e essa será a eleição mais dura para o PT. Ele admitiu que o governo não travou como devia o debate para responder a “pancadaria” da mídia, que segundo ele, resultaram nos ataques a Dilma no estádio do Itaquerão. Contrariando Lula, Carvalho disse que não tinha só “elite branca” entre os que xingaram a presidente . Ele reconheceu que as denúncias feitas pela imprensa sobre aparelhamento do governo e de não enfrentamento da corrupção, tiveram impacto não só na elite, mas também nas classes mais baixas.
- Não fizemos o debate na mídia para valer. Passamos esse tempo todo com uma pancadaria diária deu resultado. Essa pancadaria diária é o que resultou no palavrão para a presidente Dilma lá no Itaquerão. E me permitam pessoal! Lá no Itaquerão não tinha só elite branca lá não! Eu fui para o jogo, não no estádio, fiquei ali pertinho numa escola, para acompanhar os movimentos. Eu fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô não! Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com elite branca - contou Carvalho, completando:
- A coisa desceu! Tá? Isso foi gotejando, água mole em pedra dura, esse cacete diário de que não enfrentamos a corrupção, que aparelhamos o estado, que nós somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou! Na classe média, na elite da classe média e vai gotejando, vai descendo! Porque não demos combate, não conseguimos fazer o contraponto. Essa eleição agora vai ser a mais difícil de todas.
- Estamos no limiar de um novo tempo. Há uma mudança brutal nas formas de organização nas redes. Nós, sinceramente, não estamos preparados, ainda estamos tentando entender - disse.
Mas o tom do ministro Gilberto Carvalho, longe de parecer um recuo, era de partir para cima para aprovar de qualquer jeito o decreto dos conselhos populares. Disse que há uma onda propalada inicialmente pelos meios de comunicação para, nitidamente, travar uma guerra ideológica contra qualquer tentativa de democratização e uma enorme pressão sobre o Congresso Nacional. E citou os projetos de decreto legislativo apresentados pelo DEM, PPS e PSDB para anular o decreto de Dilma, que conta com o apoio do principal aliado do governo, o PMDB.
- A gente foi surpreendido e ficamos um pouco assustados com essa reação que não esperávamos, mas hoje avaliamos que esse é um bom combate, um debate que nos interessa. Nossa atitude agora não é de nos insurgir contra o Congresso, rivalizar com o Congresso, mas de propor ao Congresso transformar esse limão numa limonada, abrir um debate público sobre a participação popular no país. O decreto não tem que ser revogado, mas podemos pensar em um projeto de lei que avance nas questões, na linha de novas linguagens, que respondam ao que as ruas demandaram e continuam demandando discursou Carvalho.
Em sua fala Gilberto Carvalho disse que a reação ao decreto evidenciou que há na sociedade uma mudança importante: surgiu uma posição de direita militante que não tinha antes. E seguindo o padrão dos discursos do ex-presidente Lula, atribuiu aos meios de comunicação uma influência sobre a criação desse movimento.
- Há uma vigilância permanente por um conservadorismo muito marcado, que tem vindo muito acompanhado de um certo ódio e adjetivação absurda da esquerda, muito presente e que se expressa de uma forma muito forte, por razões óbvias, nos meios de comunicação. Isso nãos nos surpreende, pelo contrário, nos estimula a provocar esse debate. O que está em jogo é o debate pela hegemonia política nesse país que vai muito além do significado desse decreto. O decreto vale hoje mais pelo que significa, do que pelo que diz o seu texto. Temos de comprar essa briga! - conclamou Gilberto.
E todos prometeram se alinhar na “trincheira” para disputar com os opositores ao decreto. Começou com Marcelo Branco, ativista do Software Livre e responsável pelas redes sociais na primeira campanha da presidente Dilma, que prometeu estar junto na briga.
- Fiquei estarrecido! Com tudo que aconteceu nesse país, como ainda pode ter forças contra a participação popular nas decisões do governo? - protestou Marcelo Branco
Representando a Revista Forum, o jornalista Renato Rovai acusou a mídia tradicional de organizar setores da política contra os avanços propostos. E criticou o governo por não usar a TV Brasil, emissora pública, para defender a proposta dos conselhos.
- Eu sei que o senhor não é o dono da TV Brasil, mas a TV Brasil não entra em nada! É preciso que o governo assuma seus riscos para animar os que estão assumindo riscos do lado de cá - cobrou Rovai.
O ativista Pablo Capilé, do coletivo Fora do Eixo, avaliou que num momento em que Cuba e o bolivarianismo estão no centro da disputa ideológica, era mesmo muito fácil que a discussão do decreto de Dilma se transformasse numa ferramenta nas mãos da oposição. Disse que o governo Dilma falhou ao deixar que a grande imprensa fizesse a disputa como queria, e que falta um sistema público de comunicação para “empatar” e revidar as “porradas” da “mídia hegemônica”.
Capilé disse ainda que Lula voltou a carga para aprovar a regulamentação da mídia, mas o governo não enfrentou esse debate e a mídia independente não tem financiamento nem uma política pública de comunicação para disputar com a grande mídia.
- Dos 413 deputados, 400 são de direita. Dos 83 senadores, 60 são de direita. Dos 27 governadores, 22 são de direita. O poder é de direita, como se governa desse jeito? Como estabelecer um equilíbrio para dar uma guinada para a esquerda? - discursou Capilé, dizendo ser fundamental a aprovação de um marco civil da organização social.
Com blogueiros, ministro contraria Lula e diz que visão de governo que não combate a corrupção chegou às classes mais baixas.
O Globo - por Maria Lima - 18.06.2014.
BRASÍLIA - Com o Congresso Nacional e a imprensa na mira, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, passou duas horas nesta quarta-feira articulando com blogueiros, ativistas e jornalistas pró-governo estratégias para enfrentar nas redes sociais, instâncias governamentais e nas ruas a guerra pela aprovação do polêmico decreto da presidente Dilma Rousseff que cria conselhos de participação popular na formulação de políticas públicas. Durante a reunião, realizada no Palácio do Planalto e transmitida pela internet, houve muita cobrança para que o governo leve a frente projetos de regulação de mídia e redistribuição de verba publicitária, além de críticas aos partidos da base por não apoiar o decreto.
Nos discursos em que pediu apoio dos blogueiros e ativistas, Gilberto alertou que o governo enfrenta uma correlação de forças cada dia mais complicada e essa será a eleição mais dura para o PT. Ele admitiu que o governo não travou como devia o debate para responder a “pancadaria” da mídia, que segundo ele, resultaram nos ataques a Dilma no estádio do Itaquerão. Contrariando Lula, Carvalho disse que não tinha só “elite branca” entre os que xingaram a presidente . Ele reconheceu que as denúncias feitas pela imprensa sobre aparelhamento do governo e de não enfrentamento da corrupção, tiveram impacto não só na elite, mas também nas classes mais baixas.
- Não fizemos o debate na mídia para valer. Passamos esse tempo todo com uma pancadaria diária deu resultado. Essa pancadaria diária é o que resultou no palavrão para a presidente Dilma lá no Itaquerão. E me permitam pessoal! Lá no Itaquerão não tinha só elite branca lá não! Eu fui para o jogo, não no estádio, fiquei ali pertinho numa escola, para acompanhar os movimentos. Eu fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô não! Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com elite branca - contou Carvalho, completando:
- A coisa desceu! Tá? Isso foi gotejando, água mole em pedra dura, esse cacete diário de que não enfrentamos a corrupção, que aparelhamos o estado, que nós somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou! Na classe média, na elite da classe média e vai gotejando, vai descendo! Porque não demos combate, não conseguimos fazer o contraponto. Essa eleição agora vai ser a mais difícil de todas.
- Estamos no limiar de um novo tempo. Há uma mudança brutal nas formas de organização nas redes. Nós, sinceramente, não estamos preparados, ainda estamos tentando entender - disse.
Mas o tom do ministro Gilberto Carvalho, longe de parecer um recuo, era de partir para cima para aprovar de qualquer jeito o decreto dos conselhos populares. Disse que há uma onda propalada inicialmente pelos meios de comunicação para, nitidamente, travar uma guerra ideológica contra qualquer tentativa de democratização e uma enorme pressão sobre o Congresso Nacional. E citou os projetos de decreto legislativo apresentados pelo DEM, PPS e PSDB para anular o decreto de Dilma, que conta com o apoio do principal aliado do governo, o PMDB.
- A gente foi surpreendido e ficamos um pouco assustados com essa reação que não esperávamos, mas hoje avaliamos que esse é um bom combate, um debate que nos interessa. Nossa atitude agora não é de nos insurgir contra o Congresso, rivalizar com o Congresso, mas de propor ao Congresso transformar esse limão numa limonada, abrir um debate público sobre a participação popular no país. O decreto não tem que ser revogado, mas podemos pensar em um projeto de lei que avance nas questões, na linha de novas linguagens, que respondam ao que as ruas demandaram e continuam demandando discursou Carvalho.
Em sua fala Gilberto Carvalho disse que a reação ao decreto evidenciou que há na sociedade uma mudança importante: surgiu uma posição de direita militante que não tinha antes. E seguindo o padrão dos discursos do ex-presidente Lula, atribuiu aos meios de comunicação uma influência sobre a criação desse movimento.
- Há uma vigilância permanente por um conservadorismo muito marcado, que tem vindo muito acompanhado de um certo ódio e adjetivação absurda da esquerda, muito presente e que se expressa de uma forma muito forte, por razões óbvias, nos meios de comunicação. Isso nãos nos surpreende, pelo contrário, nos estimula a provocar esse debate. O que está em jogo é o debate pela hegemonia política nesse país que vai muito além do significado desse decreto. O decreto vale hoje mais pelo que significa, do que pelo que diz o seu texto. Temos de comprar essa briga! - conclamou Gilberto.
E todos prometeram se alinhar na “trincheira” para disputar com os opositores ao decreto. Começou com Marcelo Branco, ativista do Software Livre e responsável pelas redes sociais na primeira campanha da presidente Dilma, que prometeu estar junto na briga.
- Fiquei estarrecido! Com tudo que aconteceu nesse país, como ainda pode ter forças contra a participação popular nas decisões do governo? - protestou Marcelo Branco
Representando a Revista Forum, o jornalista Renato Rovai acusou a mídia tradicional de organizar setores da política contra os avanços propostos. E criticou o governo por não usar a TV Brasil, emissora pública, para defender a proposta dos conselhos.
- Eu sei que o senhor não é o dono da TV Brasil, mas a TV Brasil não entra em nada! É preciso que o governo assuma seus riscos para animar os que estão assumindo riscos do lado de cá - cobrou Rovai.
O ativista Pablo Capilé, do coletivo Fora do Eixo, avaliou que num momento em que Cuba e o bolivarianismo estão no centro da disputa ideológica, era mesmo muito fácil que a discussão do decreto de Dilma se transformasse numa ferramenta nas mãos da oposição. Disse que o governo Dilma falhou ao deixar que a grande imprensa fizesse a disputa como queria, e que falta um sistema público de comunicação para “empatar” e revidar as “porradas” da “mídia hegemônica”.
Capilé disse ainda que Lula voltou a carga para aprovar a regulamentação da mídia, mas o governo não enfrentou esse debate e a mídia independente não tem financiamento nem uma política pública de comunicação para disputar com a grande mídia.
- Dos 413 deputados, 400 são de direita. Dos 83 senadores, 60 são de direita. Dos 27 governadores, 22 são de direita. O poder é de direita, como se governa desse jeito? Como estabelecer um equilíbrio para dar uma guinada para a esquerda? - discursou Capilé, dizendo ser fundamental a aprovação de um marco civil da organização social.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
A lista do PT.
Demétrio Magnoli, O Globo - 19.06.14.
Lula só pensa naquilo. Diante das vaias (normais no ambiente dos estádios) e dos xingamentos (deploráveis em qualquer ambiente) a Dilma Rousseff na abertura da Copa, o presidente de facto construiu uma narrativa política balizada pela disputa eleitoral.
A “elite branca” e a “mídia”, explicou, difundem “o ódio” contra a presidente-candidata. Os conteúdos dessa narrativa têm o potencial de provocar ferimentos profundos numa convivência democrática que se esgarça desde a campanha de ataques sistemáticos ao STF deflagrada pelo PT.
O partido que ocupa o governo decidiu, oficialmente, produzir uma lista de “inimigos da pátria”. É um passo típico de tiranos — e uma confissão de aversão pelo debate público inerente às democracias. Está lá, no site do PT, com a data de 16 de junho.
O artigo assinado por Alberto Cantalice, vice-presidente do partido, acusa “os setores elitistas albergados na grande mídia” de “desgastar o governo federal e a imagem do Brasil no exterior” e enumera nove “inimigos da pátria” — entre os quais, este colunista.
Nas escassas 335 palavras da acusação, o representante do PT não cita frase alguma dos acusados: a intenção não é provar um argumento, mas difundir uma palavra de ordem. Cortem-lhes as cabeças!, conclama o texto hidrófobo. O que fariam os Cantalices sem as limitações impostas pelas instituições da democracia?
O artigo do PT é uma peça digna de caluniadores que se querem inimputáveis. Ali, entre outras mentiras, está escrito que os nove malditos “estimulam setores reacionários e exclusivistas a maldizer os pobres e sua presença cada vez maior nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes”.
Não há, claro, uma única prova textual do crime de incitação ao ódio social. Sem qualquer sutileza, Cantalice convida seus seguidores a caçar os “inimigos da pátria” nas ruas. Comporta-se como um miliciano (ainda) sem milícia.
Os nove malditos quase nada têm em comum. Politicamente, mais discordam que concordam entre si. A lista do PT orienta-se apenas por um critério: a identificação de vozes públicas (mais ou menos) notórias de críticos do governo federal.
O alvo óbvio é a imprensa independente, na moldura de uma campanha de reeleição comandada pelo ex-ministro Franklin Martins, o arauto-mor do “controle social da mídia”. A personificação dos “inimigos da pátria” é um truque circunstancial: os nomes podem sempre variar, aos sabor das conveniências.
O truque já foi testado uma vez, na campanha contra o STF, que personificou na figura de Joaquim Barbosa o ataque à independência do Poder Judiciário. Eles gostariam de governar um outro país — sem leis, sem juízes e sem o direito à divergência.
Cortem-lhes a cabeça! A palavra de ordem emana do partido que forma o núcleo do governo. Ela está dirigida, imediatamente, aos veículos de comunicação que publicam artigos ou difundem comentários dos “inimigos da pátria”.
A mensagem direta é esta: “Nós temos as chaves da publicidade da administração direta e das empresas estatais; cassem a palavra dos nove malditos.” A mensagem indireta tem maior amplitude: no cenário de uma campanha eleitoral tingida de perigos, trata-se de intimidar os jornais, os jornalistas e os analistas políticos: “Vocês podem ser os próximos”, sussurra o persuasivo porta-voz do presidente de facto.
No auge de sua popularidade, Lula foi apupado nos Jogos Pan-Americanos de 2007. Dilma foi vaiada na Copa das Confederações. As vaias na abertura da Copa do Mundo estavam escritas nas estrelas, mesmo se o governo não experimentasse elevados índices de rejeição.
O governo sabia que viriam, tanto que operou (desastrosamente) para esconder a presidente-candidata dos olhos do público. Mas, na acusação desvairada de Cantalice, os nove malditos figuram como causa original da hostilidade da plateia do Itaquerão contra Dilma!
O ditador egípcio Hosni Mubarak atribuiu a revolução popular que o destronou a “potências estrangeiras”. Vladimir Putin disse que o dedo de Washington mobilizou um milhão de ucranianos para derrubar o governo cleptocrático de Viktor Yanukovich. O PT bate o recorde universal do ridículo quando culpa nove comentaristas pela recepção hostil a Dilma.
Quanto aos xingamentos, o exemplo nasce em casa. Lula qualificou o então presidente José Sarney como “ladrão” e, dias atrás, disse que FHC “comprou” a reeleição (uma acusação que, nos oito anos do Planalto, jamais levou à Justiça). O que gritaria o presidente de facto no anonimato da multidão de um estádio?
Na TV Estadão, critiquei o candidato presidencial José Serra por pregar, na hora da proclamação do triunfo eleitoral de Dilma Rousseff, a “resistência” na “trincheira democrática”.
A presidente eleita, disse na ocasião, é a presidente de todos os brasileiros — inclusive dos que nela não votaram. Dois anos mais tarde, escrevi uma coluna intitulada “O PT não é uma quadrilha”, publicada nos jornais O GLOBO e “O Estado de S. Paulo” (25/10/2012), para enfatizar que “o PT é a representação partidária de uma parcela significativa dos cidadãos brasileiros” e fazer o seguinte alerta às oposições: “Na democracia, não se acusa um dos principais partidos políticos do país de ser uma quadrilha.”
A diferença crucial que me separa dos Cantalices do PT não se encontra em nossas opiniões sobre cotas raciais, “conselhos participativos” ou Copa do Mundo. Nós divergimos, essencialmente, sobre o valor da liberdade política e da convivência democrática.
Se, de fato, como sugere o texto acusatório do PT, o que mais importa é a “imagem do país no exterior”, o “inimigo da pátria” chama-se Cantalice. Nem mesmo os black blocs, as violências policiais ou a corrupção sistemática são piores para a imagem de uma democracia que uma “lista negra” semioficial de críticos do governo.
Demétrio Magnoli, O Globo - 19.06.14.
Lula só pensa naquilo. Diante das vaias (normais no ambiente dos estádios) e dos xingamentos (deploráveis em qualquer ambiente) a Dilma Rousseff na abertura da Copa, o presidente de facto construiu uma narrativa política balizada pela disputa eleitoral.
A “elite branca” e a “mídia”, explicou, difundem “o ódio” contra a presidente-candidata. Os conteúdos dessa narrativa têm o potencial de provocar ferimentos profundos numa convivência democrática que se esgarça desde a campanha de ataques sistemáticos ao STF deflagrada pelo PT.
O partido que ocupa o governo decidiu, oficialmente, produzir uma lista de “inimigos da pátria”. É um passo típico de tiranos — e uma confissão de aversão pelo debate público inerente às democracias. Está lá, no site do PT, com a data de 16 de junho.
O artigo assinado por Alberto Cantalice, vice-presidente do partido, acusa “os setores elitistas albergados na grande mídia” de “desgastar o governo federal e a imagem do Brasil no exterior” e enumera nove “inimigos da pátria” — entre os quais, este colunista.
Nas escassas 335 palavras da acusação, o representante do PT não cita frase alguma dos acusados: a intenção não é provar um argumento, mas difundir uma palavra de ordem. Cortem-lhes as cabeças!, conclama o texto hidrófobo. O que fariam os Cantalices sem as limitações impostas pelas instituições da democracia?
O artigo do PT é uma peça digna de caluniadores que se querem inimputáveis. Ali, entre outras mentiras, está escrito que os nove malditos “estimulam setores reacionários e exclusivistas a maldizer os pobres e sua presença cada vez maior nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes”.
Não há, claro, uma única prova textual do crime de incitação ao ódio social. Sem qualquer sutileza, Cantalice convida seus seguidores a caçar os “inimigos da pátria” nas ruas. Comporta-se como um miliciano (ainda) sem milícia.
Os nove malditos quase nada têm em comum. Politicamente, mais discordam que concordam entre si. A lista do PT orienta-se apenas por um critério: a identificação de vozes públicas (mais ou menos) notórias de críticos do governo federal.
O alvo óbvio é a imprensa independente, na moldura de uma campanha de reeleição comandada pelo ex-ministro Franklin Martins, o arauto-mor do “controle social da mídia”. A personificação dos “inimigos da pátria” é um truque circunstancial: os nomes podem sempre variar, aos sabor das conveniências.
O truque já foi testado uma vez, na campanha contra o STF, que personificou na figura de Joaquim Barbosa o ataque à independência do Poder Judiciário. Eles gostariam de governar um outro país — sem leis, sem juízes e sem o direito à divergência.
Cortem-lhes a cabeça! A palavra de ordem emana do partido que forma o núcleo do governo. Ela está dirigida, imediatamente, aos veículos de comunicação que publicam artigos ou difundem comentários dos “inimigos da pátria”.
A mensagem direta é esta: “Nós temos as chaves da publicidade da administração direta e das empresas estatais; cassem a palavra dos nove malditos.” A mensagem indireta tem maior amplitude: no cenário de uma campanha eleitoral tingida de perigos, trata-se de intimidar os jornais, os jornalistas e os analistas políticos: “Vocês podem ser os próximos”, sussurra o persuasivo porta-voz do presidente de facto.
No auge de sua popularidade, Lula foi apupado nos Jogos Pan-Americanos de 2007. Dilma foi vaiada na Copa das Confederações. As vaias na abertura da Copa do Mundo estavam escritas nas estrelas, mesmo se o governo não experimentasse elevados índices de rejeição.
O governo sabia que viriam, tanto que operou (desastrosamente) para esconder a presidente-candidata dos olhos do público. Mas, na acusação desvairada de Cantalice, os nove malditos figuram como causa original da hostilidade da plateia do Itaquerão contra Dilma!
O ditador egípcio Hosni Mubarak atribuiu a revolução popular que o destronou a “potências estrangeiras”. Vladimir Putin disse que o dedo de Washington mobilizou um milhão de ucranianos para derrubar o governo cleptocrático de Viktor Yanukovich. O PT bate o recorde universal do ridículo quando culpa nove comentaristas pela recepção hostil a Dilma.
Quanto aos xingamentos, o exemplo nasce em casa. Lula qualificou o então presidente José Sarney como “ladrão” e, dias atrás, disse que FHC “comprou” a reeleição (uma acusação que, nos oito anos do Planalto, jamais levou à Justiça). O que gritaria o presidente de facto no anonimato da multidão de um estádio?
Na TV Estadão, critiquei o candidato presidencial José Serra por pregar, na hora da proclamação do triunfo eleitoral de Dilma Rousseff, a “resistência” na “trincheira democrática”.
A presidente eleita, disse na ocasião, é a presidente de todos os brasileiros — inclusive dos que nela não votaram. Dois anos mais tarde, escrevi uma coluna intitulada “O PT não é uma quadrilha”, publicada nos jornais O GLOBO e “O Estado de S. Paulo” (25/10/2012), para enfatizar que “o PT é a representação partidária de uma parcela significativa dos cidadãos brasileiros” e fazer o seguinte alerta às oposições: “Na democracia, não se acusa um dos principais partidos políticos do país de ser uma quadrilha.”
A diferença crucial que me separa dos Cantalices do PT não se encontra em nossas opiniões sobre cotas raciais, “conselhos participativos” ou Copa do Mundo. Nós divergimos, essencialmente, sobre o valor da liberdade política e da convivência democrática.
Se, de fato, como sugere o texto acusatório do PT, o que mais importa é a “imagem do país no exterior”, o “inimigo da pátria” chama-se Cantalice. Nem mesmo os black blocs, as violências policiais ou a corrupção sistemática são piores para a imagem de uma democracia que uma “lista negra” semioficial de críticos do governo.
A desmoralização dos pitbulls da grande mídia.
Alberto Cantalice - http://www.pt.org. - 16.06.14.
Três vezes derrotados nos pleitos presidenciais, por Lula e Dilma e o PT, os setores elitistas albergados na grande mídia, ao se verem na iminência do quarto revés eleitoral, foram ao desespero.
Diurtunamente lançam vitupérios, achincalhes e deboches contra os avanços do país visando desgastar o governo federal e a imagem do Brasil no exterior. Inimigos que são das políticas sociais, políticas essas que visam efetivamente uma maior integração entre todos os brasileiros, pregam seu fim.
Profetas do apocalipse político, eles são contra as cotas sociais e raciais; as reservas de vagas para negros nos serviços públicos; as demarcações de terras indígenas; o Bolsa Família, o Prouni e tudo o mais.
Divulgadores de uma democracia sem povo apontaram suas armas, agora, contra o decreto da Presidência da República que amplia a interlocução e a participação da população nos conselhos, para melhor direcionamento das políticas públicas.
Personificados em Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli, Guilherme Fiúza, Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Lobão, Gentili, Marcelo Madureira entre outros menos votados, suas pregações nas páginas dos veículos conservadores estimulam setores reacionários e exclusivistas da sociedade brasileira a maldizer os pobres e sua presença cada vez maior nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes. Seus paroxismos odientos revelaram-se com maior clarividência na Copa do Mundo.
Os arautos do caos, prevendo e militando insistentemente pelo fracasso do mundial – tendo, inclusive, como ponta de lança a revista Veja previsto que os estádios só ficariam prontos depois de 2022, assistem hoje desolados e bufando à extraordinária mobilização popular e ao entusiasmo do povo brasileiro pela realização da denominada, acertadamente, de a Copa das Copas.
O subproduto dos pitbulls do conservadorismo teve seu ápice nos xingamentos torpes e vergonhosos à presidenta Dilma na abertura da Copa, na Arena Corinthians. Verdadeiro gol contra, o repúdio imediato de amplas parcelas dos brasileiros e brasileiras ao deprimente espetáculo dos vips demonstra que a imensa maioria da população abomina essa prática.
Desnudam-se os propagadores do ódio. A hora é de renovar as esperanças e acreditar no Brasil!"
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
E o governo paulista que não soube nem mandar sua PM a passeata cheia de black blocks que destruíram bancos, placas e causaram prejuízo em uma concessionária Mercedes de cerca de 3 milhões de reais! Quando chegaram, os vândalos já tinham ido embora deixando tudo quebrado para trás... Pior foi a Raquel Sheherazade comentar um breve "país sem autoridade" depois do fato no SBT Brasil! Por que será que não disse governo estadual sem autoridade? Vá saber...
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Lamentavelmente a Presidente Dilma vetou o aumento que melhoraria a injusta remuneração que os peritos federais agrários do Incra (área fim!!!!) ganham em comparação com fiscais agropecuários, fiscais do Ibama etc entre outras carreiras. Longe do tratamento digno que o Lula dava ao funcionalismo público. Bem que o Congresso Nacional poderia dar as mãos ao funcionalismo público e derrubar o veto presidencial.
Edit.: parece que um dos motivos do veto foi vício de iniciativa, aí não adiantaria o CN derrubar o veto e depois a lei ser questionada no STF. Porém há pouco tempo atrás, várias carreiras (gestão, diplomacia, fiscais agropecuários, fiscais, jurídica, entre outras) foram reestruturadas e o governo "esqueceu" de reestruturar a de peritos federais agrários do Incra, que, originalmente, ganhavam o mesmo que fiscais agropecuários e foram sendo "esquecidos" ao longo do tempo, ao ponto de chegar a ganhar menos no início do que alguns cargos de nível médio (área meio), mesmo sendo de área fim. Um absurdo que o governo, se analisar com imparcialidade, saberá ser injusto e merecedor de reparos.
Edit.: parece que um dos motivos do veto foi vício de iniciativa, aí não adiantaria o CN derrubar o veto e depois a lei ser questionada no STF. Porém há pouco tempo atrás, várias carreiras (gestão, diplomacia, fiscais agropecuários, fiscais, jurídica, entre outras) foram reestruturadas e o governo "esqueceu" de reestruturar a de peritos federais agrários do Incra, que, originalmente, ganhavam o mesmo que fiscais agropecuários e foram sendo "esquecidos" ao longo do tempo, ao ponto de chegar a ganhar menos no início do que alguns cargos de nível médio (área meio), mesmo sendo de área fim. Um absurdo que o governo, se analisar com imparcialidade, saberá ser injusto e merecedor de reparos.
Editado pela última vez por Rodrigoiano em Dom Jun 22, 2014 12:18 am, em um total de 1 vez.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
A desmoralização dos pitbulls da grande mídia.
Alberto Cantalice - http://www.pt.org. - 16.06.14.
Três vezes derrotados nos pleitos presidenciais, por Lula e Dilma e o PT, os setores elitistas albergados na grande mídia, ao se verem na iminência do quarto revés eleitoral, foram ao desespero.
Diurtunamente lançam vitupérios, achincalhes e deboches contra os avanços do país visando desgastar o governo federal e a imagem do Brasil no exterior. Inimigos que são das políticas sociais, políticas essas que visam efetivamente uma maior integração entre todos os brasileiros, pregam seu fim.
Profetas do apocalipse político, eles são contra as cotas sociais e raciais; as reservas de vagas para negros nos serviços públicos; as demarcações de terras indígenas; o Bolsa Família, o Prouni e tudo o mais.
Divulgadores de uma democracia sem povo apontaram suas armas, agora, contra o decreto da Presidência da República que amplia a interlocução e a participação da população nos conselhos, para melhor direcionamento das políticas públicas.
Personificados em Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli, Guilherme Fiúza, Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Lobão, Gentili, Marcelo Madureira entre outros menos votados, suas pregações nas páginas dos veículos conservadores estimulam setores reacionários e exclusivistas da sociedade brasileira a maldizer os pobres e sua presença cada vez maior nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes. Seus paroxismos odientos revelaram-se com maior clarividência na Copa do Mundo.
Os arautos do caos, prevendo e militando insistentemente pelo fracasso do mundial – tendo, inclusive, como ponta de lança a revista Veja previsto que os estádios só ficariam prontos depois de 2022, assistem hoje desolados e bufando à extraordinária mobilização popular e ao entusiasmo do povo brasileiro pela realização da denominada, acertadamente, de a Copa das Copas.
O subproduto dos pitbulls do conservadorismo teve seu ápice nos xingamentos torpes e vergonhosos à presidenta Dilma na abertura da Copa, na Arena Corinthians. Verdadeiro gol contra, o repúdio imediato de amplas parcelas dos brasileiros e brasileiras ao deprimente espetáculo dos vips demonstra que a imensa maioria da população abomina essa prática.
Desnudam-se os propagadores do ódio. A hora é de renovar as esperanças e acreditar no Brasil!"
Ah, então os jornalistas nominados acima dos meios conservadores estimulam a sociedade brasileira a maldizer os pobres...
Isso está ficando cada vez melhor. Ao crescimento da economia medíocre ao longo dos 3 anos e meio, corrupção descarada, agora fazem terrorismo sobre os jornalistas críticos do Governo...
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Existem jornalistas e a direita folclórica que pensa que as universidades paulistas (USP, Unicamp, Unesp) são federais e a crise é culpa do governo federal.Rodrigoiano escreveu:E o governo paulista que não soube nem mandar sua PM a passeata cheia de black blocks que destruíram bancos, placas e causaram prejuízo em uma concessionária Mercedes de cerca de 3 milhões de reais! Quando chegaram, os vândalos já tinham ido embora deixando tudo quebrado para trás... Pior foi a Raquel Sheherazade comentar um breve "país sem autoridade" depois do fato no SBT Brasil! Por que será que não disse governo estadual sem autoridade? Vá saber...
Para quem não sabe, as universidades paulistas, as melhores do país, estão em crise financeira severa. Por que foram incentivadas à expandir a quantidade de alunos com a promessa que a maior contratação de pessoal técnico, docentes, investimentos em infraestrutura e operações seriam contrapostas com mais recursos do ICMS. Seja em valores com o crescimento da arrecadação e até mesmo porcentagem.
Não ocorreu. Hoje a folha de pagamento consome em torno de 100% do orçamento, não tem dinheiro para manter a infraestrutura básica, campus cada vez piores, prédios caindo. O caso mais crítico é da usp que consome mais de 100% do orçamentos e está torrando as reservas que eram de uns 5 bilhões de reais. Enquanto o governo paulista que tinha que repassar cerca de 10% do ICMS para as universidades enrola, enche de despesas que não eram dessa conta e acha descontos. A situação é crise e crise. Não tem super gestor que resolva.
A crise anda tão feia que cortaram auxílios de pós-graduação e bolsa de estágio à docência. Se quiser dinheiro, tem que ter sorte de ter uma bolsa da fapesp ou pedir para capes/cnpq que são federais. Os cursos mais ricos como da FEA tem um fundo próprio de cada programa para fugir da falta de recursos da usp, oriundo dos cursos particulares e pesquisas que foram contratadas anteriormente. Mesmo assim, a tesoura anda agindo e cortando sem dó.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
E pela primeira vez Bourne, nos últimos anos, a USP não fica em primeiro lugar na América Latina, perdendo para a Católica do Chile.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Ainda tem que aguentar os entendidos dizendo "o sistema chileno com instituições privadas é melhor, viu". Mérito do chilenos. Porém é muito menor em tamanho e escala que a usp. Inclusive está em pauta mudança na estrutura universitária chilena.
Sem dinheiro não tem universidade que funcione. O estado de São paulo tem e, por lei, tinha que realizar os repasses, mas nem o básico cumpre. O orçamento autônomo foi limitado de todas as formas, sem propor mecanismos democráticos de acompanhamento e fiscalização da universidade. Não é como o estado do paraná que tem estaduais largadas e o governo não tem como manter, tando que volta e meia querem federaliza-las.
Pela quantidade de alunos de graduação, pós-graduação, cursos e docentes a USP é barata. A comparação é com orçamento de Harvard, Columbia, Stanford, MIT, Cambridge, Sorbonne e outras que seguem o modelo integrado de ensino e pesquisa. A mensuração de qualidade não é quantidade, mas sim qualidade dos alunos e produção. E ter aula com um docente da área, pesquisador que produz material de qualidade, tem um impacto muito favorável para o aluno de graduação e futuro profissional. O grau de exigência é outro.
Não é mensalidade que sustenta essas universidades, mas sim repasse público, privado e pesquisa. Pode ajudar em alguma coisa. É claro que muitos alunos que andam de macbook, iphone e honda civic deveriam pagar ao menos o estacionamento e matricula. Porem não sustenta a estrutura que é cara dentro da proposta. Mesmo nos EUA, as melhores universidades são fundações sem fins lucrativos ou estaduais, que recebem fartos recursos de pesquisas e projetos públicos e privados, muitos à fundo perdido ou transferência de recursos descarado.
Sem dinheiro não tem universidade que funcione. O estado de São paulo tem e, por lei, tinha que realizar os repasses, mas nem o básico cumpre. O orçamento autônomo foi limitado de todas as formas, sem propor mecanismos democráticos de acompanhamento e fiscalização da universidade. Não é como o estado do paraná que tem estaduais largadas e o governo não tem como manter, tando que volta e meia querem federaliza-las.
Pela quantidade de alunos de graduação, pós-graduação, cursos e docentes a USP é barata. A comparação é com orçamento de Harvard, Columbia, Stanford, MIT, Cambridge, Sorbonne e outras que seguem o modelo integrado de ensino e pesquisa. A mensuração de qualidade não é quantidade, mas sim qualidade dos alunos e produção. E ter aula com um docente da área, pesquisador que produz material de qualidade, tem um impacto muito favorável para o aluno de graduação e futuro profissional. O grau de exigência é outro.
Não é mensalidade que sustenta essas universidades, mas sim repasse público, privado e pesquisa. Pode ajudar em alguma coisa. É claro que muitos alunos que andam de macbook, iphone e honda civic deveriam pagar ao menos o estacionamento e matricula. Porem não sustenta a estrutura que é cara dentro da proposta. Mesmo nos EUA, as melhores universidades são fundações sem fins lucrativos ou estaduais, que recebem fartos recursos de pesquisas e projetos públicos e privados, muitos à fundo perdido ou transferência de recursos descarado.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Finalmente leio uma comparação que faz algum sentido... Comparar USP com universidades fundo de quintal ou universidades só com cursos teóricos e sem pesquisa é osso... Para enriquecer o debate, Harvard custa cerca de US$ 60.000,00 por ano para o aluno, isso não paga todos os custos, o resto a instituição recebe através de doações privadas e governamentais e o salário médio de um professor em tempo integral é US$ 192.000,00 por ano, agora podem voltar a olhar os números da USP.Bourne escreveu:Pela quantidade de alunos de graduação, pós-graduação, cursos e docentes a USP é barata. A comparação é com orçamento de Harvard, Columbia, Stanford, MIT, Cambridge, Sorbonne e outras que seguem o modelo integrado de ensino e pesquisa. A mensuração de qualidade não é quantidade, mas sim qualidade dos alunos e produção. E ter aula com um docente da área, pesquisador que produz material de qualidade, tem um impacto muito favorável para o aluno de graduação e futuro profissional. O grau de exigência é outro.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
E mais...Marechal-do-ar escreveu: Finalmente leio uma comparação que faz algum sentido... Comparar USP com universidades fundo de quintal ou universidades só com cursos teóricos e sem pesquisa é osso... Para enriquecer o debate, Harvard custa cerca de US$ 60.000,00 por ano para o aluno, isso não paga todos os custos, o resto a instituição recebe através de doações privadas e governamentais e o salário médio de um professor em tempo integral é US$ 192.000,00 por ano, agora podem voltar a olhar os números da USP.
Ouvi criticas pesadas de docentes e alunos doutores sobre á inviabilidade do modelo atual de universidade brasileira.
O ponto é querer incentivar à pesquisa ser dar à estrutura, pessoal, recursos e tempo necessários. Enquanto mantém o modelo viciado em tratar o universitário como mero aluno de segundo grau, fortemente paternalista com modelos de aula que não permite abrir os horizontes, forçar o interesse e desenvolvimento de soluções por parte dos discentes.
A proposta de modernização envolveria trazer o modelo misto americano-europeu para as necessidades do Brasil, consistindo em três pontos.
Reduzir carga horária em sala de aula com o professor ministrando palestras e dúvidas sobre os principais pontos. Porém com indicações de material, literatura e atividades extras para permitir maior envolvimento e contado prático dos alunos com os temas. Quando mais o docente for do tema e pesquisar, melhor pode contribuir e instigar o aluno à buscar conhecimento.
Nas universidades alemãs a cada cinco anos precisa publicar e apresentar uma pesquisa ou é colocado em quarentena até apresentar algo relevante. Sempre com aulas nas áreas com cuidado que esteja adequado as discussões e, de preferencia, participando. Nas grandes universidades americanas o responsável pela matéria é alguém que estuda na área.
No Brasil ainda existem muitas figuras de professores substitutos e concursados que não sabem a matéria que dão. Se limitam a seguir o manual que quase sempre está falho ou errado. No mínimo, é necessários complementar com outros trabalhos que só gente da área pode fazê-lo.
Estrangeiro em geral costuma estranhar a carga horária das matérias quando vem fazer intercambio no Brasil. A rotina deles é assistir uma palestra semanal de uma hora e pouco em que o responsável apresenta o tema, responde dúvidas e indica material para leitura baseados em livros e artigos. Na universidade brasileiras tem quatro horas de aula em sala e o professor dá aula como no segundo grau.
O inverso é o que pessoal da "ciência sem fronteiras" sente quando chega em uma universidade americana ou europeia. Depois veem reclamar que não tem aula. Se virem, não são crianças e precisam aprender a serem responsáveis. O material foi indicado. Estude em casa e busque o docente (ou equipe) com dúvidas.
Permitir aos grupos de estudo e docentes que contratem jovens PhDs para auxiliar nos trabalhos e treiná-los na atividade de pesquisa e ensino. O contrato de trabalho com direitos trabalhistas e estabilidade por um ou dois anos. A ideia é tirar carga do professor efetivo para se dedicar à atividades sensíveis em que não trabalha sozinho, mas tem uma equipe.
É comum nas universidades americanas e alemãs, considerado um pressuposto para quem quer seguir a carreira acadêmica. Ninguém trabalha sozinho. Sem equipe perde muito tempo burocracia e trivialidades. Por exemplo, no auxilio aos alunos, monitorias, correção de trabalhos, feedbacks os auxiliares são importantes.
Nas universidades brasileiras existe a figura de professor visitante que deveria ser para jovens PhDs que ganham até por dois anos o mesmo que um professor doutor concursado em inicio de carreira. Porém, os mistérios da burocracia, exigem o prazo de dois anos da defesa da tese ao concurso que acaba com a ideia. Por que a maioria estará empregado e não vai largar tudo por algo incerto. Além das vagas serem bem limitadas.
Dar incetivo financeiro para quem realiza pesquisa e toca projetos. Hoje em dia publicar ou não é financeiramente indiferente. No fim das contas ganha a mesma coisa.
No exterior, se tem nome e submete projetos, o dinheiro veem do governo e iniciativa privada. Os pesquisadores ganham uma bela porcentagem que bomba os rendimentos. A universidade e departamento ganha estrutura e ajuda à pagar as contas. No Brasil é possível, tando que a Puc-Rio e FGV Sp e RJ fazem. Dizem que o premio por um artigo publicado em revista conceito A (impacto internacional top) é de 60 mil na FGV.
No Brasil é indiferente. A Andes (associação dos professores federais) é contra qualquer medida de discriminação dos professores que publicam e os que não fazem nada. Eles veem a figura do professor como funcionário público burocrata que tem que dar aula. Esse é um dos motivos dela ter perdido a legitimidade. Aqueles que querem pesquisar e se equiparar com os pares da Europa e EUA se sentem ofendidos com esse posicionamento. Com o tempo a tendência é piorar por que universidade federal em regra só contrata doutor que pesquise. Apesar do volume de mestres, graduandos e doutores picaretas serem grandes que apoiam a Andes.
Outra barreira está dentro de universidades federais fora do eixo São Paulo-Minas Gerais-Rio de Janeiro (Unicamp, Usp, Unesp, UFMG, UFRJ) que são contra pós-graduação e reformas na graduação. Eles querem que continue o sistema atual. Ainda é muito forte. Sei de casos da UFPR, UFRGS, UFU entre outras. O pior é que jovens defendem isso.
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Não sai barato. Não tem como comparar com os custos por aluno de uma faculdade particular que contrata qualquer um para dar aula. No Brasil o parâmetro das grandes universidades públicas são as semelhantes no exterior por que ambas são centros de pesquisa e educação de alto nível. É o papel em que as universidades alemãs, depois americanas e hoje as chinesas são pensadas. Não é extensão do colégio.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
A PUCRS tem um modelo legal, ao menos no curso de Ciências Aeronáuticas. Vi um Acadêmico reclamar com dois Generais do EME porque seu grupo faz pesquisas (remuneradas) para Instituições e empresas dos EUA, Alemanha, etc, mas não para as nossas FFAA/BID. Recebeu como resposta que é complicado trabalhar com entidades privadas (como a PUC). Os Empresários presentes não deram um pio.
De outra banda, a UFSM (pública) está cada vez mais envolvida em programas Nacionais, tanto com a BID quanto com indústrias de outros ramos e mesmo com as FFAA. Isso gerou o Pólo Tecnológico de SM, onde, na inauguração, vi uns troços bem legais, como um processador que faz parte de um projeto de satélite e um curioso sistema de monitoramento de bovinos. O incentivo vem das empresas interessadas e GF, o do estado, por briguinha político-partidária, não ajuda em nada e ainda sacaneia como pode...
De outra banda, a UFSM (pública) está cada vez mais envolvida em programas Nacionais, tanto com a BID quanto com indústrias de outros ramos e mesmo com as FFAA. Isso gerou o Pólo Tecnológico de SM, onde, na inauguração, vi uns troços bem legais, como um processador que faz parte de um projeto de satélite e um curioso sistema de monitoramento de bovinos. O incentivo vem das empresas interessadas e GF, o do estado, por briguinha político-partidária, não ajuda em nada e ainda sacaneia como pode...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Por isso que as universidades americanas, alemãs, europeias dão ao docente e grupos de pesquisa uma equipe de trabalho. O foco não é formar alunos em massa e todos darem aula, mas sim desenvolver conhecimento e tocar projetos das mais diversas áreas de interesse do país. Seja para governo, instituições internacionais, empresas ou ciência pura e teórica. No Brasil, a FGV e USP nasceram com esse viés.
A burocracia e resistências internas são uma desgraça nas universidades públicas. Para tudo é um monte de papel que inviabiliza projetos e reformas profundas nas funções e tarefas dentro da universidade. O governo e empresários veem com bons olhos e apoiam, mas boa parte da classe liderada pela ANDES não. Um dia muda com novos entrando. Inclusive eles estão tentando tomar o controle da andes e tirar os veios sindicalistas do poder e mudar a política do sindicato.
E como as federais não tem uma estrutura de burocracia linear e orçamento independente do governo, a imbróglio se torna ainda maior. Essa é a vantagem das particulares como PUC e FGV que tem flexibilidade para mudar, fechar contratos e parcerias.
A burocracia e resistências internas são uma desgraça nas universidades públicas. Para tudo é um monte de papel que inviabiliza projetos e reformas profundas nas funções e tarefas dentro da universidade. O governo e empresários veem com bons olhos e apoiam, mas boa parte da classe liderada pela ANDES não. Um dia muda com novos entrando. Inclusive eles estão tentando tomar o controle da andes e tirar os veios sindicalistas do poder e mudar a política do sindicato.
E como as federais não tem uma estrutura de burocracia linear e orçamento independente do governo, a imbróglio se torna ainda maior. Essa é a vantagem das particulares como PUC e FGV que tem flexibilidade para mudar, fechar contratos e parcerias.