RÚSSIA
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Re: RÚSSIA
Muita gente diz que a China fica em uma situação desconfortável com o que a Rússia faz, mas isso é uma faca de 2 gumes. Se a Rússia conseguiu anexar um território sem grandes problemas e assim abriu um precedente, por que a China não pode fazer o mesmo com sua reivindicações territoriais?! No fim Moscou pode ter feito um favor a Pequim.
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Re: RÚSSIA
As regiões que a Rússia ocupou tem maioria pró-Rússia, as regiões que a China quer ocupar são anti-China, no caso da Rússia o direito internacional só atrapalha já que, tanto pela autodeterminação do povo, quanto pelas armas a Rússia anexaria essas regiões, já a China precisa apelar para o direito internacional.
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Re: RÚSSIA
Marechal-do-ar escreveu:As regiões que a Rússia ocupou tem maioria pró-Rússia, as regiões que a China quer ocupar são anti-China, no caso da Rússia o direito internacional só atrapalha já que, tanto pela autodeterminação do povo, quanto pelas armas a Rússia anexaria essas regiões, já a China precisa apelar para o direito internacional.
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Re: RÚSSIA
Vamos propor o referendo para descobrir se Taiwan se eles querem fazer parte da China. Afinal são chineses e tem a opção de escolha. O mesmo para regiões da Turquia, Irã, India, Paquistão, Indonésia e até a Chechênia. Tenho certeza que os países vão permitir que minorias se unam a outros países ou declarem independência.
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No mundo real, a regra é não apoiar movimentos separatistas e nem tomar o território do vizinho arbitrariamente. Não se muda nada sem intervenção da ONU, concordância dos demais países e, mesmo assim, demora décadas para se movimentar.
O motivo é evitar ondas de movimentos separatistas, desordens civis e terrorismo. Existe uma acordo implícito de cooperação. Algo no sentido de "você não acirra meus problemas e eu não meto com os seus". Parte da convivência pacifica entre nações, principalmente entre potencias com interesses regionais ou globais.
Ninguém é maluco de parte para conflito direto sem grande motivo. Por que existe reação e os atingidos vão atrás de aliados fortes que o financiem contra o inimigo estrangeiro. Além de desestabilizar a vizinhança, criar problemas na esfera internacional e abrir margem para fazer o mesmo com você.
O Brasil e China são exemplos de países que se isolam e defendem até a alma o direito internacional e autodeterminação dos povos. Por que é interessante aos dois. Sem trazer problemas em relação a disputas territoriais no caso do Brasil. Ou usar para apoiar pretensões de reunificação na China. É claro que os dois torcem a política externa quando é interessante. Os chines não abrem espaço para as minorias ou tibetanos. Os brasileiros maquiam ajuda a governos vizinhos.
O velho oeste nas relações internacionais não existe. A não ser que seja uma tribo no meio do nada sem ter o que perder.
---------
Na história recente em relação a Guerra Fria. Foram firmados acordos oficiais e extraoficiais a respeito de limitação da capacidade militar, especialmente em relação da capacidade nuclear de ataque e defesa. Nenhum dos dois tencionava realmente ir a guerra. Era necessário que as coisas dessem muito errado para o conflito ocorrer de fato.
A lista de limitações passa pela proibição de testes com armas nucleares na superfície e espaço, limitação dos misseis com armas nucleares na Europa e turquia, controle dos bombardeiros estratégicos e submarinos lançadores. Finalmente, caminhando a partir dos anos 1970s para controle, fiscalização mútua e limitação das armas nucleares com o strategic Arms Limitation Talks (SALT). Ao mesmo tempo em que soviéticos (hoje russos) e americanos trabalharam para limitar a capacidade nuclear e estratégica dos demais países.
O SALT não quer dizer que os dois estavam jogando a toalha. Na verdade, antecedeu o aumento de gastos militares com forças convencionais norte-americanas no governo Reagan que prossegue até os dias atuais. Enquanto a URSS (e Rússia) se livrou da corrida nuclear e pode investir em forças convencionais ou em outras áreas estratégias, importante na medida em que a economia entrava em colapso. Era um acordo interessante para ambos e ainda é.
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No mundo real, a regra é não apoiar movimentos separatistas e nem tomar o território do vizinho arbitrariamente. Não se muda nada sem intervenção da ONU, concordância dos demais países e, mesmo assim, demora décadas para se movimentar.
O motivo é evitar ondas de movimentos separatistas, desordens civis e terrorismo. Existe uma acordo implícito de cooperação. Algo no sentido de "você não acirra meus problemas e eu não meto com os seus". Parte da convivência pacifica entre nações, principalmente entre potencias com interesses regionais ou globais.
Ninguém é maluco de parte para conflito direto sem grande motivo. Por que existe reação e os atingidos vão atrás de aliados fortes que o financiem contra o inimigo estrangeiro. Além de desestabilizar a vizinhança, criar problemas na esfera internacional e abrir margem para fazer o mesmo com você.
O Brasil e China são exemplos de países que se isolam e defendem até a alma o direito internacional e autodeterminação dos povos. Por que é interessante aos dois. Sem trazer problemas em relação a disputas territoriais no caso do Brasil. Ou usar para apoiar pretensões de reunificação na China. É claro que os dois torcem a política externa quando é interessante. Os chines não abrem espaço para as minorias ou tibetanos. Os brasileiros maquiam ajuda a governos vizinhos.
O velho oeste nas relações internacionais não existe. A não ser que seja uma tribo no meio do nada sem ter o que perder.
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Na história recente em relação a Guerra Fria. Foram firmados acordos oficiais e extraoficiais a respeito de limitação da capacidade militar, especialmente em relação da capacidade nuclear de ataque e defesa. Nenhum dos dois tencionava realmente ir a guerra. Era necessário que as coisas dessem muito errado para o conflito ocorrer de fato.
A lista de limitações passa pela proibição de testes com armas nucleares na superfície e espaço, limitação dos misseis com armas nucleares na Europa e turquia, controle dos bombardeiros estratégicos e submarinos lançadores. Finalmente, caminhando a partir dos anos 1970s para controle, fiscalização mútua e limitação das armas nucleares com o strategic Arms Limitation Talks (SALT). Ao mesmo tempo em que soviéticos (hoje russos) e americanos trabalharam para limitar a capacidade nuclear e estratégica dos demais países.
O SALT não quer dizer que os dois estavam jogando a toalha. Na verdade, antecedeu o aumento de gastos militares com forças convencionais norte-americanas no governo Reagan que prossegue até os dias atuais. Enquanto a URSS (e Rússia) se livrou da corrida nuclear e pode investir em forças convencionais ou em outras áreas estratégias, importante na medida em que a economia entrava em colapso. Era um acordo interessante para ambos e ainda é.
Editado pela última vez por Bourne em Qui Mar 20, 2014 9:27 am, em um total de 1 vez.
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Re: RÚSSIA
Uma superpotência (com o PIB da Itália).
Andrea Rizzi - 19 MAR 2014 - El País.com.
A atuação russa na Crimeia exala toda a firmeza, ambição e pompa de uma potência imperial. Uma ação militar sem complexos; discursos grandiloquentes no esplêndido salão de São Jorge, no Kremlin; indiferença desafiadora perante as ameaças de represálias ocidentais: todas as peças parecem se encaixar no mosaico imperial. Mas, por baixo dessas demonstrações de força, jaz uma realidade cheia de fragilidades.
O PIB da Rússia (2 trilhões de dólares, cerca de 4,7 trilhões de reais) é, na atualidade, do mesmo tamanho que o da Itália, um país economicamente estagnado há vários anos, politicamente paralisado e substancialmente irrelevante em nível global. As titânicas ambições do Kremlin habitam um corpo econômico relativamente miúdo: uma quarta parte do PIB chinês; uma oitava parte do norte-americano.
Naturalmente, vários elementos situam a Rússia em outro planeta geopolítico com relação à Itália. Um aterrador arsenal nuclear; Forças Armadas vetustas em certos aspectos, mas poderosas e em vias de renovação; poder de veto no Conselho de Segurança da ONU; extraordinárias reservas energéticas; a profundidade estratégica garantida pelos laços históricos com as outras ex-repúblicas soviéticas; uma extensão territorial sem comparação.
Mas a chamativa equivalência dos PIBs italiano e russo serve como aviso sobre as sérias fragilidades internas da Rússia. Um país com um grave desafio demográfico (a população diminuiu de 148 para 143 milhões nas últimas duas décadas, e a esperança de vida para os homens é de apenas 64 anos); uma economia de monocultura, muito exposta, portanto, às oscilações nos preços no mercado energético (alguém se lembra do nome de alguma empresa russa além da Gazprom?); um claro atraso tecnológico em comparação a outras potências; um sistema educacional com resultados medíocres, segundo o relatório comparativo PISA.
Não são assuntos marginais. A capacidade de influência internacional e o poderio militar não podem subsistir sem uma subjacente prosperidade econômica.
Mesmo assim, o espírito político marca o destino das nações e pode direcioná-lo para horizontes surpreendentes. O regime de Putin encarna sob certos aspectos a vontade de potência de matiz nietzscheano. Essa vontade parece ser o impulso primitivo de toda a sua política, e não tem freios internos. Em um país não isento de dificuldades sociais, o Kremlin pode investir 4,4% do PIB em gastos militares sem que ninguém discuta. Na Europa, quase ninguém chega aos 2%.
O sentimento de indignação pelas manobras do Ocidente depois da dissolução da URSS, o orgulho pela sua história e um espírito nacional claramente propenso a nunca se render alimentam essa atitude que não acompanha o peso econômico do país. Os russos não abriram mão de Stalingrado. As maravilhosas páginas de Vida e Destino, obra de Vassili Grossman que relata a resistência dos soviéticos sob aquele assédio, revelam traços da alma que possivelmente explicam, ao menos em parte, essa disposição de boxear acima do seu peso. Orgulho? Capacidade de sofrimento? Difícil de definir. Mas são fatores que contam, e não se deve esquecê-los, tampouco se deve esquecer o PIB.
Andrea Rizzi - 19 MAR 2014 - El País.com.
A atuação russa na Crimeia exala toda a firmeza, ambição e pompa de uma potência imperial. Uma ação militar sem complexos; discursos grandiloquentes no esplêndido salão de São Jorge, no Kremlin; indiferença desafiadora perante as ameaças de represálias ocidentais: todas as peças parecem se encaixar no mosaico imperial. Mas, por baixo dessas demonstrações de força, jaz uma realidade cheia de fragilidades.
O PIB da Rússia (2 trilhões de dólares, cerca de 4,7 trilhões de reais) é, na atualidade, do mesmo tamanho que o da Itália, um país economicamente estagnado há vários anos, politicamente paralisado e substancialmente irrelevante em nível global. As titânicas ambições do Kremlin habitam um corpo econômico relativamente miúdo: uma quarta parte do PIB chinês; uma oitava parte do norte-americano.
Naturalmente, vários elementos situam a Rússia em outro planeta geopolítico com relação à Itália. Um aterrador arsenal nuclear; Forças Armadas vetustas em certos aspectos, mas poderosas e em vias de renovação; poder de veto no Conselho de Segurança da ONU; extraordinárias reservas energéticas; a profundidade estratégica garantida pelos laços históricos com as outras ex-repúblicas soviéticas; uma extensão territorial sem comparação.
Mas a chamativa equivalência dos PIBs italiano e russo serve como aviso sobre as sérias fragilidades internas da Rússia. Um país com um grave desafio demográfico (a população diminuiu de 148 para 143 milhões nas últimas duas décadas, e a esperança de vida para os homens é de apenas 64 anos); uma economia de monocultura, muito exposta, portanto, às oscilações nos preços no mercado energético (alguém se lembra do nome de alguma empresa russa além da Gazprom?); um claro atraso tecnológico em comparação a outras potências; um sistema educacional com resultados medíocres, segundo o relatório comparativo PISA.
Não são assuntos marginais. A capacidade de influência internacional e o poderio militar não podem subsistir sem uma subjacente prosperidade econômica.
Mesmo assim, o espírito político marca o destino das nações e pode direcioná-lo para horizontes surpreendentes. O regime de Putin encarna sob certos aspectos a vontade de potência de matiz nietzscheano. Essa vontade parece ser o impulso primitivo de toda a sua política, e não tem freios internos. Em um país não isento de dificuldades sociais, o Kremlin pode investir 4,4% do PIB em gastos militares sem que ninguém discuta. Na Europa, quase ninguém chega aos 2%.
O sentimento de indignação pelas manobras do Ocidente depois da dissolução da URSS, o orgulho pela sua história e um espírito nacional claramente propenso a nunca se render alimentam essa atitude que não acompanha o peso econômico do país. Os russos não abriram mão de Stalingrado. As maravilhosas páginas de Vida e Destino, obra de Vassili Grossman que relata a resistência dos soviéticos sob aquele assédio, revelam traços da alma que possivelmente explicam, ao menos em parte, essa disposição de boxear acima do seu peso. Orgulho? Capacidade de sofrimento? Difícil de definir. Mas são fatores que contam, e não se deve esquecê-los, tampouco se deve esquecer o PIB.
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Re: RÚSSIA
PIP 2012 por PPP que mostra o real poder de compra de cada país e não a simples conversão para dólar que não mostra distorções e reflete apenas o momento atual do valor da moeda norte americana.Clermont escreveu:Uma superpotência (com o PIB da Itália).
Andrea Rizzi - 19 MAR 2014 - El País.com.
A atuação russa na Crimeia exala toda a firmeza, ambição e pompa de uma potência imperial. Uma ação militar sem complexos; discursos grandiloquentes no esplêndido salão de São Jorge, no Kremlin; indiferença desafiadora perante as ameaças de represálias ocidentais: todas as peças parecem se encaixar no mosaico imperial. Mas, por baixo dessas demonstrações de força, jaz uma realidade cheia de fragilidades.
O PIB da Rússia (2 trilhões de dólares, cerca de 4,7 trilhões de reais) é, na atualidade, do mesmo tamanho que o da Itália, um país economicamente estagnado há vários anos, politicamente paralisado e substancialmente irrelevante em nível global. As titânicas ambições do Kremlin habitam um corpo econômico relativamente miúdo: uma quarta parte do PIB chinês; uma oitava parte do norte-americano.
Naturalmente, vários elementos situam a Rússia em outro planeta geopolítico com relação à Itália. Um aterrador arsenal nuclear; Forças Armadas vetustas em certos aspectos, mas poderosas e em vias de renovação; poder de veto no Conselho de Segurança da ONU; extraordinárias reservas energéticas; a profundidade estratégica garantida pelos laços históricos com as outras ex-repúblicas soviéticas; uma extensão territorial sem comparação.
Mas a chamativa equivalência dos PIBs italiano e russo serve como aviso sobre as sérias fragilidades internas da Rússia. Um país com um grave desafio demográfico (a população diminuiu de 148 para 143 milhões nas últimas duas décadas, e a esperança de vida para os homens é de apenas 64 anos); uma economia de monocultura, muito exposta, portanto, às oscilações nos preços no mercado energético (alguém se lembra do nome de alguma empresa russa além da Gazprom?); um claro atraso tecnológico em comparação a outras potências; um sistema educacional com resultados medíocres, segundo o relatório comparativo PISA.
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Mesmo assim, o espírito político marca o destino das nações e pode direcioná-lo para horizontes surpreendentes. O regime de Putin encarna sob certos aspectos a vontade de potência de matiz nietzscheano. Essa vontade parece ser o impulso primitivo de toda a sua política, e não tem freios internos. Em um país não isento de dificuldades sociais, o Kremlin pode investir 4,4% do PIB em gastos militares sem que ninguém discuta. Na Europa, quase ninguém chega aos 2%.
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Re: RÚSSIA
Meu Deus!!! A China já tem tudo isto?hades767676 escreveu:PIP 2012 por PPP que mostra o real poder de compra de cada país e não a simples conversão para dólar que não mostra distorções e reflete apenas o momento atual do valor da moeda norte americana.Clermont escreveu:Uma superpotência (com o PIB da Itália).
Andrea Rizzi - 19 MAR 2014 - El País.com.
A atuação russa na Crimeia exala toda a firmeza, ambição e pompa de uma potência imperial. Uma ação militar sem complexos; discursos grandiloquentes no esplêndido salão de São Jorge, no Kremlin; indiferença desafiadora perante as ameaças de represálias ocidentais: todas as peças parecem se encaixar no mosaico imperial. Mas, por baixo dessas demonstrações de força, jaz uma realidade cheia de fragilidades.
O PIB da Rússia (2 trilhões de dólares, cerca de 4,7 trilhões de reais) é, na atualidade, do mesmo tamanho que o da Itália, um país economicamente estagnado há vários anos, politicamente paralisado e substancialmente irrelevante em nível global. As titânicas ambições do Kremlin habitam um corpo econômico relativamente miúdo: uma quarta parte do PIB chinês; uma oitava parte do norte-americano.
Naturalmente, vários elementos situam a Rússia em outro planeta geopolítico com relação à Itália. Um aterrador arsenal nuclear; Forças Armadas vetustas em certos aspectos, mas poderosas e em vias de renovação; poder de veto no Conselho de Segurança da ONU; extraordinárias reservas energéticas; a profundidade estratégica garantida pelos laços históricos com as outras ex-repúblicas soviéticas; uma extensão territorial sem comparação.
Mas a chamativa equivalência dos PIBs italiano e russo serve como aviso sobre as sérias fragilidades internas da Rússia. Um país com um grave desafio demográfico (a população diminuiu de 148 para 143 milhões nas últimas duas décadas, e a esperança de vida para os homens é de apenas 64 anos); uma economia de monocultura, muito exposta, portanto, às oscilações nos preços no mercado energético (alguém se lembra do nome de alguma empresa russa além da Gazprom?); um claro atraso tecnológico em comparação a outras potências; um sistema educacional com resultados medíocres, segundo o relatório comparativo PISA.
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Estamos fudi.....
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Re: RÚSSIA
Só para constar, a população russa ganhou mais 2 milhões de habitantes essa semana!
Saudações
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Re: RÚSSIA
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
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Re: RÚSSIA
O sistema de Paridade de Poder de Compra, destina-se a medir de forma mais adequada o nível de vida da população, mas ao mesmo tempo não pode ser utilizado para fazer análises quando falamos por exemplo de questões militares.PIP 2012 por PPP que mostra o real poder de compra de cada país e não a simples conversão para dólar que não mostra distorções e reflete apenas o momento atual do valor da moeda norte americana.
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O sistema PPP, considera por exemplo, o preço da manteiga, do quilo de pão e do litro de leite.
Quando se compram tanques e aviões, normalmente não se pergunta o preço da manteiga.
Logo o sistema PPP, que é muito interessante quando comparamos o nível de vida da população civil, torna-se irrelevante para muitas das outras análises, de entre as quais se destacam as questões militares.
Aliás por alguma coisa se fala em PIB a preços reais e PIB segundo o sistema PPP
O PIB russo é superior ao italiano. No entanto os numeros em termos reais mostram que são praticamente idênticos:
PIB REAL da Russia é de 2113 bi e o PIB real da Itália é de 2068
Números de 2013.
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Re: RÚSSIA
Como contraponto ao gráfico, há um outro que não deixa de ser interessante:rodrigo escreveu:
A taxa de aprovação de Putin desde o ano 2000, altura em que não havia Defesa Brasil e alguns dos participantes do Fórum não eram nascidos
Putin estava a ver a sua popularidade subir entre 2005 e 2008. Depois ocorreu a invasão da Georgia, e a seguir, depois de a sua popularidade atingir o máximo de aprovação (em torno dos 85% e mesmo assim como primeiro ministro) começou a descer.
Quando voltou à presidência em 2012, Putin viu a sua popularidade subir ligeiramente, mas ao contrário do que se esperava, a tendência para a descida continuou.
Na Russia, uma popularidade abaixo de 50% é algo suicida. Na Russia eles perguntam quem não gosta do Putin, e as respostas que não são positivas são consideradas respostas favoráveis.
Está claramente à vista a realidade russa e a razão da invasão da Crimeia agora.
Putin estava desesperado, tinha que fazer algo.
Aproveitou a oportunidade e isso vai garantir-lhe um aumento na popularidade, enquanto ele puder aparecer como o glorioso Czar aniquilador dos cães imperialistas americanos.
Mas o tempo, e a paciência dos russos não jogam a favor.
Para já no entanto, ele pode continuar a rir. Mas será sempre um riso amarelo.
Putin é um político que já não tem margem de manobra. Ele sabe e as democracias sabem.
Estão a tentar lançar-lhe cordas para tentar sair disto sem ser chamuscado, mas aparentemente recusou.
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Re: RÚSSIA
Esta questão é interessante.pt escreveu:O sistema de Paridade de Poder de Compra, destina-se a medir de forma mais adequada o nível de vida da população, mas ao mesmo tempo não pode ser utilizado para fazer análises quando falamos por exemplo de questões militares.
O sistema PPP, considera por exemplo, o preço da manteiga, do quilo de pão e do litro de leite.
Quando se compram tanques e aviões, normalmente não se pergunta o preço da manteiga.
Logo o sistema PPP, que é muito interessante quando comparamos o nível de vida da população civil, torna-se irrelevante para muitas das outras análises, de entre as quais se destacam as questões militares.
O uso da avaliação do PIB usando a PPP ou a conversão direta da moeda no caso da análise do poder militar precisa levar em consideração como os custos militares do país são pagos. No caso de países importadores de equipamentos, como os do oriente médio, da maioria da América Latina ou dos países menores da Europa, o que vale é a conversão direta da moeda, pois os equipamentos (em alguns casos até a munição) são adquiridos no mercado internacional em dólar, ou no mínimo em moedas conversíveis a ele.
Já no caso dos países que produzem a maior parte dos seus sistemas militares o melhor sistema é mesmo utilizar o PPP, pois os custos são pagos diretamente em moeda local, sem conversão. O que conta não é quanto o equipamento seria vendido no mercado internacional e sim quanto esforço e insumos o país emprega para produzi-los. Este é o caso do Japão, da China e dos maiores países europeus, inclusive (na verdade principalmente) a Rússia.
O caso dos EUA por motivos óbvios é peculiar, e os dois sistemas dão os mesmos resultados.
Leandro G. Card
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Re: RÚSSIA
O Borei é um exemplo, construído na Rússia ele sai por um bilhão de dólares (segundo o governo russo), mas se fosse construído nos EUA sairia por pelo menos 3.
- rodrigo
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Re: RÚSSIA
Como funciona o sistema perímetro, de resposta automática russa, em caso de destruição de toda a cadeia de comando do lançamento das armas nucleares. Tem que traduzir no navegador:
http://www.rg.ru/2014/01/22/perimetr-site.html
http://www.rg.ru/2014/01/22/perimetr-site.html
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