Mauri, por mais que se utilizem baterias avançadas e AIP o desempenho de um sub convencional não vai chegar nem perto do um nuclear. Na melhor das hipóteses ele iria conseguir operar em velocidade elevada (digamos 20 nós) por algumas horas, e depois ficaria 8, 12 ou mais horas recarregando com o AIP, ao passo que qualquer nuclear pode navegar a velocidades superiores a 25 nós INDEFINIDAMENTE. Se o convencional quiser recarregar as baterias rapidamente terá que usar seus motores diesel.mauri escreveu:Leandro,
Ai é que ta a solução, AIP + Bateria litio + Sistema Integrado, este é o futuro dos convencionais que pretendem se igualarem operacionalmente aos nucleares, a ideia é justamente alcançar maiores velocidades combinado com maior autonomia, chegando a 10.000 milhas náuticas com baterias com carga plena.
Isso tudo é possível com o emprego de um sistema integrado que reduz a exposição do submarino e conseguente redução de assinaturas e diminuição da RCS.
É claro que usando baterias com menor peso e maior capacidade de carga alguma vantagem se obtém para a operação do sub. Para um dado volume e peso ele poderia ficar até 3 vezes mais tempo operando a bateria em uma dada condição, mas isso não é necessariamente uma vantagem absolutamente esmagadora. Em velocidade máxima ele poderia viajar por 5 ou 6 horas contra 1,5 ou 2 de outro que empregasse baterias convencionais, mas para navegação em grandes distâncias esta diferença é mínima, na prática ele estaria usando seus motores diesel na superfície ou com snorkel. E em combate ele poderia também permanecer até umas 3 vezes mais tempo debaixo d'água, mas estaria emitindo muito mais ruído se tentasse acelerar para mais do que 8 ou 10 nós, e isso portanto não seria prático. Desta forma, em situações de ataque depois que o alvo passasse ele não teria chances de alcança-lo novamente de qualquer jeito, e em situação de evasão se o inimigo ainda o estivesse perseguindo depois de 2 ou 3 dias muito dificilmente ele ainda teria a oportunidade de escapar por poder continuar oculto por mais 4 ou 6.
Além disso, é bem possível que desenvolver e fabricar baterias mais avançadas simplesmente não compense se o objetivo for desenvolver novos projetos de submarinos. Em um sub com digamos 2.000 ton umas 500 apenas seriam de baterias, e pode acabar ficando mais barato construir logo um sub com 3500 ton (aço é barato) e dotá-lo com 1500 ton de baterias convencionais, aproveitando a sobra de espaço no casco para instalar melhores sensores . Ou seja, se o Brasil quer melhorar um pouco o desempenho de seus submarinos que tem limitações por terem tamanho insuficiente baterias avançadas pode sem úteis, mas se quer projetar logo um sub novo isso pode não ser assim tão relevante. Se elas estiverem disponíveis e o custo for bom tudo bem, mas se não, também não será nenhuma catástrofe.
O sistema de energia auxiliar é usado justamente quando não se pode (ou não se quer) usar o reator nuclear para gerar energia. Dificilmente um sub nuclear vai fazer isso por muito tempo em situações de combate. Novamente, pode ser útil, mas não é nenhuma exigência inescapável.Quanto aos nucleares não vejo necessidade de se manterem as baterias chumbo-ácido, se podemos tê-las de lítio, e o sistema de propulsão elétrico está cada vez mais presente, ver a inovação americana para os seus futuros Subs.... com geração elétrica auxilar também gerada a partir das turbinas nucleares.
Os torpedos não utilizam baterias recarregáveis do tipo utilizados em sub, e sim baterias não recarregáveis de tipos completamente diferentes. O próprio F-21 que você mencionou usa baterias de Alumínio-óxido de prata (vide link abaixo), e o DM-2A4 alemão usa as de Zinco-Prata. Nenhuma das duas tem nada a ver com as de Lítio-ion. Para acionar os sistemas eletrônicos pode-se usar a energia destas mesmas baterias (eliminando a necessidade de levar baterias diferentes), ou de outros tipos como as baterias térmicas que nós já empregamos em nossos mísseis como o MSS-1 ou o Piranha.Outra fator importante para que tenhamos o domínio desta tecnologia urgentemente, é o fato de que os modernos sistemas de torpedos usarem baterias litio para geração de energia utilizados no seu sistema de guiagem(ver F21)
http://en.dcnsgroup.com/naval/products/f21-torpedo/
Por tudo isso na minha opinião hoje a prioridade deveria ser colocada em sensores e armamento (até porque é mais difícil comprar isso no mercado internacional), e as baterias avançadas podem ser deixadas para mais a frente.
Abraços,
Leandro G. Card