Ontem, 23:13
Irá a China participar no projeto da EEI?
EEI
Foto: EPA
Dentro de um a dois anos a China poderá ser convidada a fazer parte dos programas que decorrem na Estação Espacial Internacional (EEI). Essa possibilidade foi abordada na conferência de exploração espacial que decorreu há dias em Washington com a participação de 30 países. A delegação chinesa era quase a mais numerosa.
Pequim começou a demonstrar uma grande abertura e disponibilidade para cooperar na esfera espacial, referiram os delegados à conferência. Neste momento a China apela aos outros países para que estes se associem à construção da sua própria estação orbital, cujo lançamento está previsto até 2020. Os chineses também tencionam passar a fazer parte do Grupo Internacional de Coordenação da Exploração Espaço (ISECG).
Também é visível uma aproximação por parte dos EUA, o maior adversário da participação da China no projeto da EEI, referiu o presidente da agência espacial francesa Jean-Yves Le Gall. Já o consultor da NASA John Logsdon supõe que a China irá receber dentro de 2-3 anos um convite dos europeus e que a NASA não se irá opor.
A entrada da China no programa da EEI seria vantajoso, considera o membro da Academia Russa de Cosmonáutica (ARC) Alexander Jelezniakov:
“Tanto a Rússia, como os EUA e a Europa, compreendem que o projeto da EEI é dispendioso. Quanto mais países nele participarem, mais simples será para os parceiros cobrir os seus gastos. O resultado de uma cooperação com a participação da China seria bastante interessante. Apesar de os chineses terem usado os nossos métodos e os métodos americanos, eles não ficaram parados, não copiam cegamente o que foi feito antes e seguem em frente. Eles também compreendem que, ao trabalhar no espaço com outros parceiros, eles irão ajudar não só financeiramente, mas também ganhar com a experiência das outras potências espaciais”.
Na construção da EEI foram investidas centenas de bilhões de dólares. A China, ao aderir a este programa, irá receber todas as suas vantagens quase de graça. Mas a estação já foi construída há muito tempo, e a questão financeira já não é tão aguda, refere o membro-correspondente da ARC Andrei Ionin:
“Os americanos compreendem que o programa espacial chinês está em franco desenvolvimento e que a melhor maneira de controlar um concorrente é criar com ele um programa conjunto. Participar no desenvolvimento é o melhor método de controle do desenvolvimento de um concorrente”.
Os chineses, por exemplo, podiam construir o seu próprio módulo para a EEI. O seu desenvolvimento e o seu lançamento para a estação iriam demorar pelo menos 5 anos. Mas é mais simples escolher outro caminho que é o envio para a EEI da nave chinesa Shenzhou, que é muito semelhante à Soyuz. De acordo com o perito, nela são usadas soluções soviéticas transmitidas a Pequim no início dos anos 90:
“A questão do acoplamento das naves Shenzhou à EEI, tal como a ida de astronautas chineses à EEI, pode ser discutida e solucionada. Os chineses já realizaram um acoplamento espacial. Os módulos de acoplamento que eles e os russos usam são quase idênticos. Aqui não surgirão problemas. Uma proposta dessas poderia ser concretizada durante um ano”.
Mas nem tudo é tão simples. Pequim ainda não demonstra um interesse visível em trabalhar na estação internacional. O fato de a China tencionar criar a sua própria estação foi uma resposta às ações dos EUA que, noutra altura, a afastaram do projeto da EEI. Washington explicou isso com a possibilidade de tecnologias da NASA poderem ser transmitidas, através dos chineses, à Coreia do Norte ou ao Irã. A Lei 113-6 (secção 535, subsecção b) aprovada pelo Congresso dos EUA proíbe a NASA de “receber visitantes oficiais chineses em instalações pertencentes ou utilizadas pela NASA”.
Contudo, a situação poderá ser alterada depois do escândalo da conferência sobre astrofísica, que decorreu em novembro numa divisão secreta da NSA na Califórnia. A organização levou demasiado à letra a Lei 113-6 e informaram os cientistas chineses que trabalham nos EUA que estes não seriam admitidos no fórum. Isso escandalizou os seus colegas dos EUA que prometeram boicotar a conferência. Finalmente a NASA teve de ceder. Os chineses receberam cartas informando-os que a proibição tinha sido revogada.
Por isso, a NASA poderia autorizar os chineses a trabalharem na EEI, onde lhes seria concedida uma plataforma para à realização de experimentos científicos.
Boris Pavlischev
http://portuguese.ruvr.ru/2014_01_15/Ir ... -EEI-2891/