Saiu na imprensa russa que a Nau Capitânia da Frota do Pacífico, o cruzador Varyag, pode se junta ao Moskva na costa Síria. Se de fato isso acontecer Moscou vai ter acumulado uma força muito poderosa na área. A questão seria, pra que?!
A resposta é simples:
Todos sabem que para desenvolver qualquer ação naval, os americanos têm que declarar uma zona de exclusão naval. A presença de navios na zona de exclusão naval leva à aplicação de outras «rules of engagement» a que os comandantes de navios americanos têm que obedecer.
A maioria dos navios russos na área são velharias, que não têm qualquer valor militar, excepto as armas atómicas que de qualquer forma não estão nos navios, por causa dos acordos com os americanos.
Mas têm grande valor do ponto de vista político. São armas politicas não armas de guerra. E como armas políticas há que dize-lo, são eficientes.
A possibilidade de tiros atingirem navios russos seria um escalar do problema.
OS russos seriam calados em menos de cinco minutos, dada a absoluta superioridade tecnológica dos americanos, mas o problema que isso criaria em termos políticos e diplomáticos seria muito pior que se os russos disparassem.
Aquilo que os russos disseram aos americanos, é que por muito ultrapassados que sejam os navios, eles ainda têm alguma capacidade para disparar contra aviões americanos. É claro que depois o comandante do navio seria julgado e a Rússia apresentaria desculpas oficiais, mas os aviões seriam destruídos.
Além disso há o problema da resposta. Os americanos poderiam responder ou não.
Os russos sabem que abater aviões é algo que até passa na opinião pública como incidente grave, mas passa (vide caso do caça turco), mas afundar um navio isso é outra coisa.
Logo, o que os russos estão a fazer é um jogo. Chama-se roleta russa.
Os russos sabem que se por azar os americanos responderem, eles são o «underdog», mas é um jogo, e os russos gostam de adrenalina.
Se os americanos responderem, o líder mafioso do Kremlin também ganha popularidade, o que é sempre importante nos meadros da politica de um país que é governado por uma gigantesca organização criminosa, onde mostrar força é sempre bom.
PS:
Como nota adicional, noto que há quatro navios de guerra russos no Mediterrâneo. Um cruzador, dois contra-torpedeiros e uma fragata. A somar a estes quatro navios há seis navios de desembarque (que não têm ninguém a bordo além da tripulação) e um sétimo está a caminho, devendo chegar no fim do mês.
Os russos estão a enviar para o Mediterrâneo tudo o que conseguem por a flutuar. Não vão para enfrentar ninguém, vão para fazer número e aumentar a densidade de navios.