Ataque à Síria
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Re: Ataque à Síria
Pelo histórico do esforço diplomático para a Guerra do Iraque em 2002/2003 em que cobraram e fizeram favores para todo mundo. O departamento de estado não está muito a fim de trabalhar na questão de apoio diplomático para atacar a Síria.
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Re: Ataque à Síria
Nossos potenciais adversários olham para o F-5 e vêem o 14-BisBoss escreveu:O caso da FAB é diferente, é uma camuflagem avançada, que faz cada um ver uma coisa.
O DB olha para o F-5 e vê um fusca velho em um desmanche.
A mídia e o povão olham para o F-5 e vêem F-5.
O governo olha para o F-5 e vê a Estrela da Morte.
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Re: Ataque à Síria
Os interesses de Israel
06 de setembro de 2013 | 2h 01
Gilles Lapouge - O Estado de S.Paulo
PARIS - No caso da tragédia síria, Washington faz declarações e declarações e o presidente francês de tempos em tempos profere um discurso na posição de "comandante-chefe", formando a sua "frágil Grande Coalizão Mundial de dois membros" (França e EUA). Na Turquia, o premiê Recep Tayyip Erdogan exige a execução e maldiz o ditador sírio, Bashar Assad. Putin sorri perversamente.
Mas um país está silencioso. Israel, que se encontra, no entanto, no meio da tormenta. Israel está à porta da Síria e no centro de uma vasta região, que vai do Egito até o Irã, em risco de incendiar-se descontroladamente.
A sobriedade de Israel merece ser investigada pois revela as insolúveis contradições nas quais estão mergulhadas todas as nações ocidentais com relação à guerra civil síria.
Não é preciso dizer que os dirigentes israelenses desejam que o Ocidente puna Assad pelos seus crimes e o uso de gás contra seu próprio povo. Mas ao mesmo tempo não querem, realmente, que as investidas ocidentais provoquem a derrubada de Assad.
Por que tal raciocínio? Certamente não é por compaixão ao ditador sírio. O fato é que Jerusalém teme que o desaparecimento de Assad abra caminho para grupos radicais islamistas, alguns muito próximos da Al-Qaeda.
É uma estranha configuração, similar a uma "quadratura do círculo": ou seja, entrar em guerra, mas não derrotar o chefe dos inimigos. Em resumo, travar uma guerra, mas evitar vencê-la.
Essa hesitação dos israelenses tem a vantagem de deixar claro, de maneira crua e impiedosa, o estado de espírito dos ocidentais, particularmente das duas nações que pretendem uma ação armada contra Damasco: França e EUA.
SUCESSÃO
Obama teme que a eliminação do líder sírio leve ao poder não os corajosos democratas que há dois anos se rebelaram contra a tirania, mas os islamistas, cada vez mais numerosos, treinados e armados, que se integraram nas fileiras dos insurgentes como moscas no mel.
Os israelenses criticam duramente o presidente Obama. Denunciam sua hesitação, quase a sua falta de coragem. E compreenderam que a influência de Washington no Oriente Médio diminuiu espetacularmente desde o início da Primavera Árabe. E a cautela de Obama, sua incapacidade de assumir posições heroicas, provocaram um forte recuo da influência americana em todo o Oriente Médio, que se tornou a região mais perigosa do mundo.
Mais além do caso sírio (por mais grave que seja aos olhos dos dirigentes de Israel), é sobretudo pensando num outro país e num outro desafio que os israelenses criticam Obama. Trata-se do Irã, que proximamente se tornará um perigo ainda mais terrível do que o apresentado por Damasco. O Irã e sua provável força nuclear.
Se os americanos hesitam tanto em atacar a Síria, vacilarão muito mais no caso de um adversário bem mais forte do que Assad: o Irã, seus aiatolás e suas ogivas nucleares.
TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
06 de setembro de 2013 | 2h 01
Gilles Lapouge - O Estado de S.Paulo
PARIS - No caso da tragédia síria, Washington faz declarações e declarações e o presidente francês de tempos em tempos profere um discurso na posição de "comandante-chefe", formando a sua "frágil Grande Coalizão Mundial de dois membros" (França e EUA). Na Turquia, o premiê Recep Tayyip Erdogan exige a execução e maldiz o ditador sírio, Bashar Assad. Putin sorri perversamente.
Mas um país está silencioso. Israel, que se encontra, no entanto, no meio da tormenta. Israel está à porta da Síria e no centro de uma vasta região, que vai do Egito até o Irã, em risco de incendiar-se descontroladamente.
A sobriedade de Israel merece ser investigada pois revela as insolúveis contradições nas quais estão mergulhadas todas as nações ocidentais com relação à guerra civil síria.
Não é preciso dizer que os dirigentes israelenses desejam que o Ocidente puna Assad pelos seus crimes e o uso de gás contra seu próprio povo. Mas ao mesmo tempo não querem, realmente, que as investidas ocidentais provoquem a derrubada de Assad.
Por que tal raciocínio? Certamente não é por compaixão ao ditador sírio. O fato é que Jerusalém teme que o desaparecimento de Assad abra caminho para grupos radicais islamistas, alguns muito próximos da Al-Qaeda.
É uma estranha configuração, similar a uma "quadratura do círculo": ou seja, entrar em guerra, mas não derrotar o chefe dos inimigos. Em resumo, travar uma guerra, mas evitar vencê-la.
Essa hesitação dos israelenses tem a vantagem de deixar claro, de maneira crua e impiedosa, o estado de espírito dos ocidentais, particularmente das duas nações que pretendem uma ação armada contra Damasco: França e EUA.
SUCESSÃO
Obama teme que a eliminação do líder sírio leve ao poder não os corajosos democratas que há dois anos se rebelaram contra a tirania, mas os islamistas, cada vez mais numerosos, treinados e armados, que se integraram nas fileiras dos insurgentes como moscas no mel.
Os israelenses criticam duramente o presidente Obama. Denunciam sua hesitação, quase a sua falta de coragem. E compreenderam que a influência de Washington no Oriente Médio diminuiu espetacularmente desde o início da Primavera Árabe. E a cautela de Obama, sua incapacidade de assumir posições heroicas, provocaram um forte recuo da influência americana em todo o Oriente Médio, que se tornou a região mais perigosa do mundo.
Mais além do caso sírio (por mais grave que seja aos olhos dos dirigentes de Israel), é sobretudo pensando num outro país e num outro desafio que os israelenses criticam Obama. Trata-se do Irã, que proximamente se tornará um perigo ainda mais terrível do que o apresentado por Damasco. O Irã e sua provável força nuclear.
Se os americanos hesitam tanto em atacar a Síria, vacilarão muito mais no caso de um adversário bem mais forte do que Assad: o Irã, seus aiatolás e suas ogivas nucleares.
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Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Ataque à Síria
Armas e vergonha
06 Set 2013
Visão global
Thomas L. Friedman
A melhor maneira de os EUA ajudarem a Síria é adotando uma estratégia que favoreça a dissuasão do uso de gás venenoso, isole Assad e o pressione a assumir um acordo político
THE NEW YORK TIMES
A equipe de Barack Obama teve de lutar com sua política sobre a Síria, mas, na verdade, esse é um problema complexo. Os EUA precisam de uma resposta em termos de estratégia que impeça um novo ataque com gás venenoso e, ao mesmo tempo, não envolva o país na guerra civil e não leve ao repentino colapso do Estado sírio com todas as suas armas químicas ou, pior, a um fortalecimento do regime e seus aliados: Hezbollah e Irã.
Mas acho que Obama adota estratégia errada. Ele quer o apoio do Congresso para um único ataque com mísseis, um ataque de "choque e pavor" contra alvos militares sírios. A estratégia correta seria ""armas e vergonha", Vou explicar. Considerem-me um ativista no que se refere a uma eventual resposta dos EUAao massacre, segundo opositores, de cerca de 1,4 mil civis pelo regime sírio, entre eles, mais de 400 crianças, com gás venenoso.
Se não houver uma resposta global, o mundo se tornará um lugar muito mais perigoso. Somente os EUA podem liderar uma resposta plausível: Rússia e China tomaram insignificante o Conselho de Segurança, a Europa é um museu militar, a Liga Árabe é inútil e todos os outros são espectadores. Os americanos estão na linha de frente - sozinhos. Talvez não quisessem estar ali, mas fato é que estão.
Entretanto, sustentar essa norma no contexto da guerra civil síria não é fácil. A começar pelo fato de que para construir uma Síria unificada e pluralista é necessária a chegada de uma força internacional que assuma o controle do país, monopolize todas as armas e se torne o intermediário de uma longa transição. Os sírios não podem fazer isso sozinhos. Ocorre que uma força externa não é possível no século atual e o Iraque demonstrou como é difícil que isso funcione.
Portanto, a opção mais provável para a Síria é algum tipo de partição de fato, com os sírios alauitas, de Assad, controlando uma região e os sírios su~ nitas e curdos controlando o restante. Mas os próprios sunitas se dividem entre os pró-ocidentais, o secular Exército Sírio Livre, que gostaríamos de ver vencer essa luta, e osjihadistas pró-Al-Qaeda, como a Frente Nusra, que gostaríamos de ver derrotada.
Por isso, acho que a melhor resposta ao uso de gás venenoso não é um ataque de mísseis contra as forças de Assad, mas o aumento do treinamento e do fornecimento de armas ao Exército Sírio Livre - com armamento antitanques e antiaéreas há tanto tempo esperadas.
Isso teria três benefícios. Primeiro, uma maior dotação de armas a unidades rebeldes responsáveis poderá afetar concretamente o regime deAssad -a dissuasão tem tudo a ver com isso -sem expor os EUA à vergonha de bombardear a Síria. Em segundo lugar, o envio de armas aos rebeldes permitirá que eles se protejam de maneira mais efetiva contra o regime. Por fim, isso pode aumentar a influência de grupos da oposição mais moderados sobre os jihadistas - e, finalmente, forçará Assad a negociar uma solução política.
Por outro lado, um bombardeio limitado contra a Síria pelo ar faria os EUA parecerem fracos, na melhor das hipóteses, mesmo que atingissem o alvo. Se matassem um grande número de sírios, isso permitiria a Assad desviar a atenção dos 1,4 mil que ele matou com gás venenoso. Além disso, quem sabe o que o bombardeio à Síria poderia desencadear? Será que o Irã decidiria apressar seu programa nuclear?
Os EUA precisam usar todos os instrumentos diplomáticos para lançar o opróbrio sobre Assad, sua mulher, Asma, seu irmão, o assassino Maher, e todos os membros do seu gabinete ou seus militares que identificassem como envolvidos nesse ataque com gás.
Washington deve levar seus nomes perante o Conselho de Segurança da ONU para que sejam condenados. Precisa levá-los ao Tribunal Penal Internacional. Precisa torná-los figuras notórias. Precisa colocar metaforicamente seus retratos em cada agência dos correios do mundo como pessoas procuradas por crimes contra a humanidade.
Não há muitas chances de eles serem levados à Justiça agora, mas não subestimem até que ponto poderia ser um elemento de dissuasão se a comunidade mundial imprimisse a marca de Caim em sua testa para que nem eles nem suas famílias nunca mais pudessem viajar para qualquer lugar que fosse, salvo Coreia do Norte e Irã. Talvez até pudesse fazer com que alguns dos partidários de Assad quisessem se livrar dele e buscar um acordo.
Se bombardearem a Síria por sua própria conta para defender sua "linha vermelha", os EUA farão com que os outros países virem simples espectadores - considerando ainda que a maior parte deles vaiaria. Se Washington envergonhar as pessoas que perpetraram o ataque com gás venenoso, poderá cooptar o resto do mundo e talvez até mesmo inspirar a comunidade internacional a unir-se aos americanos para traçar uma nova linha vermelha, como uma linha moral e, portanto, global. É fácil para Rússia, China e Irã denunciar um bombardeio americano, mas é muito mais difícil para eles defender o uso de armas de destruição em massa pela Síria. Portanto, os EUA devem obrigá-los a optar. E, melhor ainda, uma resposta moral pode ser uma resposta ilimitada - e não limitada.
Um ataque limitado com mísseis atende às necessidades de Obama de preservar sua credibilidade, mas incorreria no risco de modificar a questão. Em vez de tornar os rebeldes mais aptos a agir e a atrair o apoio do mundo para a ação, essa ação poderá tornar os EUA os elementos principais da história, o que o país não quer. A melhor maneira de ajudar é adotar a estratégia "armas e vergonha" para dissuadir o uso de gás venenoso, isolar Assad e pressioná-lo a um acordo. Não é perfeito? Não, mas a perfeição não está na pauta na Síria. / Tradução Anna Cappovila
06 Set 2013
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A melhor maneira de os EUA ajudarem a Síria é adotando uma estratégia que favoreça a dissuasão do uso de gás venenoso, isole Assad e o pressione a assumir um acordo político
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A equipe de Barack Obama teve de lutar com sua política sobre a Síria, mas, na verdade, esse é um problema complexo. Os EUA precisam de uma resposta em termos de estratégia que impeça um novo ataque com gás venenoso e, ao mesmo tempo, não envolva o país na guerra civil e não leve ao repentino colapso do Estado sírio com todas as suas armas químicas ou, pior, a um fortalecimento do regime e seus aliados: Hezbollah e Irã.
Mas acho que Obama adota estratégia errada. Ele quer o apoio do Congresso para um único ataque com mísseis, um ataque de "choque e pavor" contra alvos militares sírios. A estratégia correta seria ""armas e vergonha", Vou explicar. Considerem-me um ativista no que se refere a uma eventual resposta dos EUAao massacre, segundo opositores, de cerca de 1,4 mil civis pelo regime sírio, entre eles, mais de 400 crianças, com gás venenoso.
Se não houver uma resposta global, o mundo se tornará um lugar muito mais perigoso. Somente os EUA podem liderar uma resposta plausível: Rússia e China tomaram insignificante o Conselho de Segurança, a Europa é um museu militar, a Liga Árabe é inútil e todos os outros são espectadores. Os americanos estão na linha de frente - sozinhos. Talvez não quisessem estar ali, mas fato é que estão.
Entretanto, sustentar essa norma no contexto da guerra civil síria não é fácil. A começar pelo fato de que para construir uma Síria unificada e pluralista é necessária a chegada de uma força internacional que assuma o controle do país, monopolize todas as armas e se torne o intermediário de uma longa transição. Os sírios não podem fazer isso sozinhos. Ocorre que uma força externa não é possível no século atual e o Iraque demonstrou como é difícil que isso funcione.
Portanto, a opção mais provável para a Síria é algum tipo de partição de fato, com os sírios alauitas, de Assad, controlando uma região e os sírios su~ nitas e curdos controlando o restante. Mas os próprios sunitas se dividem entre os pró-ocidentais, o secular Exército Sírio Livre, que gostaríamos de ver vencer essa luta, e osjihadistas pró-Al-Qaeda, como a Frente Nusra, que gostaríamos de ver derrotada.
Por isso, acho que a melhor resposta ao uso de gás venenoso não é um ataque de mísseis contra as forças de Assad, mas o aumento do treinamento e do fornecimento de armas ao Exército Sírio Livre - com armamento antitanques e antiaéreas há tanto tempo esperadas.
Isso teria três benefícios. Primeiro, uma maior dotação de armas a unidades rebeldes responsáveis poderá afetar concretamente o regime deAssad -a dissuasão tem tudo a ver com isso -sem expor os EUA à vergonha de bombardear a Síria. Em segundo lugar, o envio de armas aos rebeldes permitirá que eles se protejam de maneira mais efetiva contra o regime. Por fim, isso pode aumentar a influência de grupos da oposição mais moderados sobre os jihadistas - e, finalmente, forçará Assad a negociar uma solução política.
Por outro lado, um bombardeio limitado contra a Síria pelo ar faria os EUA parecerem fracos, na melhor das hipóteses, mesmo que atingissem o alvo. Se matassem um grande número de sírios, isso permitiria a Assad desviar a atenção dos 1,4 mil que ele matou com gás venenoso. Além disso, quem sabe o que o bombardeio à Síria poderia desencadear? Será que o Irã decidiria apressar seu programa nuclear?
Os EUA precisam usar todos os instrumentos diplomáticos para lançar o opróbrio sobre Assad, sua mulher, Asma, seu irmão, o assassino Maher, e todos os membros do seu gabinete ou seus militares que identificassem como envolvidos nesse ataque com gás.
Washington deve levar seus nomes perante o Conselho de Segurança da ONU para que sejam condenados. Precisa levá-los ao Tribunal Penal Internacional. Precisa torná-los figuras notórias. Precisa colocar metaforicamente seus retratos em cada agência dos correios do mundo como pessoas procuradas por crimes contra a humanidade.
Não há muitas chances de eles serem levados à Justiça agora, mas não subestimem até que ponto poderia ser um elemento de dissuasão se a comunidade mundial imprimisse a marca de Caim em sua testa para que nem eles nem suas famílias nunca mais pudessem viajar para qualquer lugar que fosse, salvo Coreia do Norte e Irã. Talvez até pudesse fazer com que alguns dos partidários de Assad quisessem se livrar dele e buscar um acordo.
Se bombardearem a Síria por sua própria conta para defender sua "linha vermelha", os EUA farão com que os outros países virem simples espectadores - considerando ainda que a maior parte deles vaiaria. Se Washington envergonhar as pessoas que perpetraram o ataque com gás venenoso, poderá cooptar o resto do mundo e talvez até mesmo inspirar a comunidade internacional a unir-se aos americanos para traçar uma nova linha vermelha, como uma linha moral e, portanto, global. É fácil para Rússia, China e Irã denunciar um bombardeio americano, mas é muito mais difícil para eles defender o uso de armas de destruição em massa pela Síria. Portanto, os EUA devem obrigá-los a optar. E, melhor ainda, uma resposta moral pode ser uma resposta ilimitada - e não limitada.
Um ataque limitado com mísseis atende às necessidades de Obama de preservar sua credibilidade, mas incorreria no risco de modificar a questão. Em vez de tornar os rebeldes mais aptos a agir e a atrair o apoio do mundo para a ação, essa ação poderá tornar os EUA os elementos principais da história, o que o país não quer. A melhor maneira de ajudar é adotar a estratégia "armas e vergonha" para dissuadir o uso de gás venenoso, isolar Assad e pressioná-lo a um acordo. Não é perfeito? Não, mas a perfeição não está na pauta na Síria. / Tradução Anna Cappovila
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Re: Ataque à Síria
Penguin escreveu:Armas e vergonha
06 Set 2013
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(...) a Europa é um museu militar, (...) Tradução Anna Cappovila
PUTZ, se a Europa é um MUSEU MILITAR, nós somos o quê?
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Re: Ataque à Síria
Parei de ler assim que vi essa afirmação... O engraçado é que eles afirmam que a Rússia e a China desqualificaram o conselho de segurança da ONU...Túlio escreveu:Penguin escreveu:Armas e vergonha
06 Set 2013
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Re: Ataque à Síria
Mazocam escreveu:
Parei de ler assim que vi essa afirmação... O engraçado é que eles afirmam que a Rússia e a China desqualificaram o conselho de segurança da ONU...
A meu ver, no ponto de vista dos EUA a afirmativa faz sentido: Rússia e China, como têm poder de veto, podem obstruir o que lhes convier - e isso é inconveniente a vários interesses dos EUA - o que torna o CS um estorvo aos ianques, tanto que vivem passando por cima dele, fiando-se no respaldo político nada desprezível da OTAN...
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Re: Ataque à Síria
Aliás, a OTAN é um capítulo à parte: para mim ela perdeu o sentido de existir tão logo a URSS desmoronou, junto com seus satélites. Afinal, foi criada para enfrentar a "ameaça soviética", não? Todo mundo unido contra as legiões vermelhas que inundariam a Europa Ocidental com tropas, blindados e obuseiros, debaixo de um enxame de caças e bombardeiros.
Mas e hoje?
Há algum novo Saladino ou Grão-Turco ameaçando a Europa com invasões mouriscas que justifique a manutenção da dita OTAN? Para que serve este órgão HOJE, no pós-guerra fria, além de respaldar decisões dos EUA?
Mas e hoje?
Há algum novo Saladino ou Grão-Turco ameaçando a Europa com invasões mouriscas que justifique a manutenção da dita OTAN? Para que serve este órgão HOJE, no pós-guerra fria, além de respaldar decisões dos EUA?
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Re: Ataque à Síria
Enquanto a Alemanha em construir uma forças armadas com capacidade de intervenção para suporte a franceses e ingleses, mais o apoio dos outros membros da UE, sempre ficarão dependentes dos americanos. Pela França e Inglaterra teria atacado a Síria, mas tem a capacidade militar para tal, assim precisam dos EUA.
Voltando ao texto do Thomas L. Friedman,
Ele propõe em não intervir diretamente e apoiar as forças anti-assad. Exatamente o que os franceses, ingleses e árabes fazem desde 2011, mas que até hoje não conseguiram vencer e não há indicativo que possam derrubar Assad. O resultado desses mais de dois anos foi levar o país a uma guerra civil, forçar a Assad criar laços com iranianos, Hezbolah e dar um lugar para os russos brigarem. Nesse meio tempo o país foi destruído.
A Rússia e China tem interesses próprios e usam o CS para tal. E no caso da Síria pode convencer a China, mas não os russos. O país é deles e ninguém toca.
Voltando ao texto do Thomas L. Friedman,
Ele propõe em não intervir diretamente e apoiar as forças anti-assad. Exatamente o que os franceses, ingleses e árabes fazem desde 2011, mas que até hoje não conseguiram vencer e não há indicativo que possam derrubar Assad. O resultado desses mais de dois anos foi levar o país a uma guerra civil, forçar a Assad criar laços com iranianos, Hezbolah e dar um lugar para os russos brigarem. Nesse meio tempo o país foi destruído.
A Rússia e China tem interesses próprios e usam o CS para tal. E no caso da Síria pode convencer a China, mas não os russos. O país é deles e ninguém toca.
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Re: Ataque à Síria
É claro que tem sentido. Olha as intervenções nos balcãs, norte da África, Afeganistão e Síria. Sem a OTAN (e os EUA) fica difícil tocar a política externa e intervenções militares na região. Os europeus, principalmente franceses e ingleses, não mantém a OTAN e trocam favores por amor aos EUA. É um troca-troca constante.Túlio escreveu:Aliás, a OTAN é um capítulo à parte: para mim ela perdeu o sentido de existir tão logo a URSS desmoronou, junto com seus satélites. Afinal, foi criada para enfrentar a "ameaça soviética", não? Todo mundo unido contra as legiões vermelhas que inundariam a Europa Ocidental com tropas, blindados e obuseiros, debaixo de um enxame de caças e bombardeiros.
Mas e hoje?
Há algum novo Saladino ou Grão-Turco ameaçando a Europa com invasões mouriscas que justifique a manutenção da dita OTAN? Para que serve este órgão HOJE, no pós-guerra fria, além de respaldar decisões dos EUA?
A alternativa é criar um força europeia para fazer o mesmo trabalho. Porém creio que a Alemanha e outros não estão empolgados ou dispostos a gastar com isso. No futuro não duvido que caminhe para algo assim. Inclusive alguns autores franceses viam como necessidade futura com a necessidade de apoio alemão financeira e militarmente. O motivo que a França não tem condições de tocar a política de intervenção sozinha.
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Re: Ataque à Síria
Sabes o que é isso,não sabes?Túlio escreveu:Penguin escreveu:Armas e vergonha
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PUTZ, se a Europa é um MUSEU MILITAR, nós somos o quê?
É são eles sim... .O engraçado é que eles afirmam que a Rússia e a China desqualificaram o conselho de segurança da ONU...
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Re: Ataque à Síria
Os Bálcans não foram mais do que uma maneira de expandir a OTAN às custas da falecida URSS, ou seja, um processo de alimentação/expansão às custas do antigo (e vencido) inimigo. Sobre isso, ver Kosovo, caso emblemático.
Torno a lembrar, a OTAN nasceu com propósito DEFENSIVO, eram Europeus apoiados pelos EUA contra a URSS e seu Pacto de Varsóvia; hoje é o exato oposto, é OFENSIVA (repito: qual a ameaça à Europa? Saladino?), EUA apoiados pelos Europeus.
Escopo? Aparentemente NEOCOLONIALISMO, pelo que tenho visto, não encontro outra opção que faça o mínimo sentido...
Torno a lembrar, a OTAN nasceu com propósito DEFENSIVO, eram Europeus apoiados pelos EUA contra a URSS e seu Pacto de Varsóvia; hoje é o exato oposto, é OFENSIVA (repito: qual a ameaça à Europa? Saladino?), EUA apoiados pelos Europeus.
Escopo? Aparentemente NEOCOLONIALISMO, pelo que tenho visto, não encontro outra opção que faça o mínimo sentido...
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Re: Ataque à Síria
Daqui a pouco vais acreditar nas "intervenções humanitárias".
A OTAN defende os interesses dos países do Atlântico Norte. Seja como e onde for. No momento, garantir o fornecimento de energia e estabilidade nas cercanias é fundamental. Então, bomba neles.
Nos Balcãs foi a expansão da União Europeia. A OTAN vem junto. Eles (aqueles mesmos) querem colocar as fronteiras europeias cada vez mais distantes dos países centrais. É uma medida de segurança e estratégia de poder de longo prazo. Também empurrar os russos para moscou e tirar influência sobre as republicas do leste europeu.
A OTAN defende os interesses dos países do Atlântico Norte. Seja como e onde for. No momento, garantir o fornecimento de energia e estabilidade nas cercanias é fundamental. Então, bomba neles.
Nos Balcãs foi a expansão da União Europeia. A OTAN vem junto. Eles (aqueles mesmos) querem colocar as fronteiras europeias cada vez mais distantes dos países centrais. É uma medida de segurança e estratégia de poder de longo prazo. Também empurrar os russos para moscou e tirar influência sobre as republicas do leste europeu.
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Re: Ataque à Síria
Essa bagunça que virou a Síria e o mar mediterrâneo só confirma que nenhuma nação fora da OTAN pode se considerar segura, se não tiver algumas bombas atômicas e vetores de lançamento! O Kim deve estar dando gargalhadas com essa repentina coragem franco/inglesa e norte americana, a Coreia do Norte já fez coisas bem piores que o Assad......
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Re: Ataque à Síria
BOURNE, estamos discordando em que, então? E concordo integralmente com o último post do FOX véio.
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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