PRIMAVERA BRASILEIRA
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Senador Jayme Campos denuncia guerrilha de grupos anarquistas.
Agência Senado - www12.senado.gov.br - 6.08.13.
Na última terça-feira, 6 de agosto de 2013, o senador Jayme Campos (DEM-MT) revelou estar preocupado com a atuação de grupos anarquistas infiltrados em manifestações de rua. Citando uma reportagem da revista Época, que apontou a ação de treinamento que estaria acontecendo no Mato Grosso. Ainda segundo a reportagem, jovens estariam sendo treinados para fazer armas e escolherem bancos e grandes empresas multinacionais para serem alvos de ataques e depredações, o que já vem ocorrendo.
“Ao formular aqui o registro desta grave denúncia, gostaria de chamar a atenção dos nossos órgãos de inteligência e das autoridades diretamente afetas à ameaça que se anuncia, principalmente do Ministério da Justiça, e do Gabinete de Segurança Institucional” – alertou o senador Jayme Campos.
O senador ainda afirmou que a incitação à guerrilha “traz pânico, insegurança e convulsão social”, além de causar o caos e a desordem. Em sua opinião, o crescente vandalismo põe em uma situação de ameaça a democracia brasileira. Jayme Campos fez questão de recordar que a infiltração de vândalos entre os manifestantes já foi utilizada com interesses nefastos em várias partes do mundo.
Afirmou o parlamentar:
- “Essa sórdida artimanha, tática covarde, entretanto eficaz, tem sido usada repetidas vezes em várias partes do mundo, como pretexto para intervenções e golpes, com vistas a legitimar a implantação de ditaduras ou a promover por meio delas a eternização de grupos que de outra forma não mais se sustentariam no poder”.
O senador Jayme Campos externou sua opinião de que a frequência e intensidade das manifestações populares pelo Brasil demonstram que o povo não aguenta mais ser iludido, sendo o próprio senador favorável às manifestações, mas ressalta que os cidadãos bem intencionados não podem ser enganados e usados como massa de manobra por “guerrilheiros e terroristas mercenários”.
Declarou ainda, que de acordo com denúncias, as próximas ações de vandalismo estão previstas para o desfile de 7 de setembro e para o Rock in Rio.
Agência Senado - www12.senado.gov.br - 6.08.13.
Na última terça-feira, 6 de agosto de 2013, o senador Jayme Campos (DEM-MT) revelou estar preocupado com a atuação de grupos anarquistas infiltrados em manifestações de rua. Citando uma reportagem da revista Época, que apontou a ação de treinamento que estaria acontecendo no Mato Grosso. Ainda segundo a reportagem, jovens estariam sendo treinados para fazer armas e escolherem bancos e grandes empresas multinacionais para serem alvos de ataques e depredações, o que já vem ocorrendo.
“Ao formular aqui o registro desta grave denúncia, gostaria de chamar a atenção dos nossos órgãos de inteligência e das autoridades diretamente afetas à ameaça que se anuncia, principalmente do Ministério da Justiça, e do Gabinete de Segurança Institucional” – alertou o senador Jayme Campos.
O senador ainda afirmou que a incitação à guerrilha “traz pânico, insegurança e convulsão social”, além de causar o caos e a desordem. Em sua opinião, o crescente vandalismo põe em uma situação de ameaça a democracia brasileira. Jayme Campos fez questão de recordar que a infiltração de vândalos entre os manifestantes já foi utilizada com interesses nefastos em várias partes do mundo.
Afirmou o parlamentar:
- “Essa sórdida artimanha, tática covarde, entretanto eficaz, tem sido usada repetidas vezes em várias partes do mundo, como pretexto para intervenções e golpes, com vistas a legitimar a implantação de ditaduras ou a promover por meio delas a eternização de grupos que de outra forma não mais se sustentariam no poder”.
O senador Jayme Campos externou sua opinião de que a frequência e intensidade das manifestações populares pelo Brasil demonstram que o povo não aguenta mais ser iludido, sendo o próprio senador favorável às manifestações, mas ressalta que os cidadãos bem intencionados não podem ser enganados e usados como massa de manobra por “guerrilheiros e terroristas mercenários”.
Declarou ainda, que de acordo com denúncias, as próximas ações de vandalismo estão previstas para o desfile de 7 de setembro e para o Rock in Rio.
- rafafoz
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
“guerrilheiros e terroristas mercenários”
Qual será a próxima medida a ser adotada contra o grupo Anonymous e aos demais manifestantes que continuam com as manifestações? Agora agradeço por não termos aprovado e regulamentado legislação específica contra o terrorismo. Logo, logo, será proibido se quer praticar atos de protestos em via pública.
Qual será a próxima medida a ser adotada contra o grupo Anonymous e aos demais manifestantes que continuam com as manifestações? Agora agradeço por não termos aprovado e regulamentado legislação específica contra o terrorismo. Logo, logo, será proibido se quer praticar atos de protestos em via pública.
“melhor seria viver sozinho, mas isso não é possível: precisamos do poder de todos para proteger o de cada um e dos outros” (Francis Wolff)
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Mais acontece que a muito tempo certos protesto já passarão da linha da manifestação reivindicatória para o puro terrorismo.
- suntsé
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Prezado, o Brasil já tem leis para lidar com isso. O que nos falta é uma força policial competente e bem preparada.Lirolfuti escreveu:Mais acontece que a muito tempo certos protesto já passarão da linha da manifestação reivindicatória para o puro terrorismo.
É de conhecimento publico o despreparo total de nossas forças de segurança, em termos de estrutura, PRINCIPALMENTE INTELIGENCIA e material humano.
O Brasil é o país das leis, para tudo criamos uma lei...aqui tapa-se o buraco da incompetência criando leis e mais leis...
- Clermont
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Casa Fora do Eixo: um depoimento impactante.
Ricardo Noblat - Blog do Noblat - 9.08.13.
Quem acompanhou as manifestações de rua das últimas semanas certamente ouviu falar na Mídia Ninja – grupo de jovens que cobriu tudo ao vivo pela Internet.
No programa Roda Viva da TV Cultura, na última segunda-feira, dois de seus mentores – Pablo Capilé e Bruno Torturra – foram entrevistados. Desde então, uma grande polêmica toma conta da rede.
A Mídia Ninja faz parte de uma organização muito maior, chamada Fora do Eixo (FdE). É uma rede com ramificações em todo o país, que reúne produtores culturais, artistas e bandas independentes.
Irrigada com dinheiro público dos governos federal, estaduais e prefeituras, além de Petrobras e grandes empresas privadas, o FdE mantém em várias cidades as chamadas Casas Fora do Eixo, onde grupos de jovens vivem e trabalham, gratuitamente. Tudo é compartilhado e ninguém é dono de nada, nem das próprias roupas.
O depoimento que a jovem Laís Bellini postou em seu Facebook ilumina os subterrâneos da organização, que mais parece um misto de seita e pirâmide financeira, conduzida por um líder messiânico – Capilé – e seus “gestores”.
Há de tudo no relato de Laís: semi-escravidão, lavagem cerebral, uso de sexo para cooptar novos adeptos, proibição de visitar a família, abandono da faculdade e uma carga brutal de trabalho.
Alguns trechos:
(...) Através de imersões (que aprendemos a fazer durante uma nossa lá na Casa Fora do Eixo São Paulo), começamos a espalhar o conhecimento da rede, as ideias, os vocabulários, os vícios, as dependências, e tudo mais que vem embolado nessa seita, com cara de culturalmente popular, musicalmente descolada, pessoalmente encantadora, internamente… cheio de gente incrível que está cega como eu já estive e com um número contável nas mãos de quem são os controladores e administradores da rede querendo consumir só uma coisa em você: a sua mente. (...)
(...) Sim, tenho amigos ali dentro que me vêem como quem desistiu, mas não se dão conta do escravismo que estão vivendo, e aqui eu digo escravismo referindo-me ao mental e ao financeiro. Quem toma coragem pra sair da rede tem que ter algum recurso financeiro para recomeçar a vida do zero e muitos, que eu sei, ainda enfrentam longas sessões de terapia. Muitos amigos meus preferiram mudar de cidade, mudar de ares, enfim, pra tentar tudo de novo… uma das coisas interessantes que notei é que quando você está ali dentro, e não importa a época - não me refiro a agora que há por exemplo a Mídia Ninja pautando assuntos nacionais e internacionais, mas sim tempos em que eu ainda estava por ali e a coisa tava só começando com essa mídia mais externalizada - , enfim, você acredita piamente que tudo o que você está discutindo, debatendo, refletindo é sobre a própria rede, em constante ação de marketing. (...)
(...) Catar e cooptar. Vejam bem moças e rapazes, se você for considerado um perfil estratégico para estar e entrar na rede, cuidado, você em breve pode perceber alguma pessoa que vai se aproximar bastante de você, mas bastante mesmo a ponto de demonstrar muito desejo por você. Quando você está se aproximando, há reuniões que acontecem dentro da cúpula, as vezes com mais uns ou outros, que podem ser indicados para tal ação, para definir quem é a pessoa que tem mais perfil para dar em cima de você e te fisgar pra dentro da rede. Sim, essas conversas acontecem em reunião e ali é definido o nome da pessoa que vai partir pra cima. Cada um aqui que tire a sua conclusão. Tanto sei desse papo que soube ainda que ficaram preocupados quando o cara que foi enviado para partir pra cima de mim não conseguiu, e por isso não sabiam o quanto eu estava me envolvendo realmente com a rede ou não. Só pra pontuar, quando eu ainda estava lá, eu participei de uma conversa na qual propunham que eu tinha que demonstrar que eu estava mais dentro, que eu estava mais entregue à rede, pra que elas pudessem confiar em mim e pra que eu pudesse partir pra fazer ações estratégicas como sair pra catar e cooptar uns caras que considerassem interessante estar dentro. Uma semana depois dessa conversa eu estava fora. E não se enganem queridos, o amor tá aí pra ser mais uma ferramenta… seja você um(a) universitário(a), um(a) intelectual, um(a) artista interessante pra eles, um(a) professor(a) bem posicionada politicamente. Não importa, se você é alvo, o "amor", ou melhor, o "pós-amor" é uma ferramenta. (...)
(...) Com quem você se relaciona?! Não queira estar lá dentro e se relacionar amorosamente com qualquer outra p essoa que esteja fora da rede. Você vai viver aquilo ali e nada mais. Ficar dentro da casa o dia inteiro e só sair quando é necessário para a casa (cumprir alguma agenda da sua frente de trabalho ou então se você está escalado para almoço, compras, algo do tipo). Você não vai sair de casa para ir ao cinema, nem tampouco ao teatro, você não vai sair pra ouvir um som, nem tomar uma cerveja com o seu vizinho, afinal você nem conhece seu vizinho, porque não há tempo, espaço, disponibilidade. Você vive dentro da Casa Fora do Eixo São Paulo e isso é a sua vida. Se você quer visitar seus pais no interior… olha sinceramente, que você tenha um bom motivo… e que não venha "pedir" 2 meses seguidos. Sim, porque ali o verbo era esse. "Posso ir visitar minha mãe essa semana?" (...)
(...) Tem gente lendo e com medo de escrever o seu próprio relato. Eu espero que mais gente tenha a coragem da Beatriz, a minha coragem e a de tanta gente que ainda vai aparecer, cada uma a seu tempo, cada uma no seu espaço, porque abrir a boca pra falar disso aqui não é fácil não. Sim, eu tenho amigos que já foram ameaçados e não venham pedir nomes, cada um vai falar da sua experiência a hora que bem entender. (...)
Aqui, a íntegra do relato de Laís Bellini
https://www.facebook.com/lcbellini/post ... 1409824865
Ricardo Noblat - Blog do Noblat - 9.08.13.
Quem acompanhou as manifestações de rua das últimas semanas certamente ouviu falar na Mídia Ninja – grupo de jovens que cobriu tudo ao vivo pela Internet.
No programa Roda Viva da TV Cultura, na última segunda-feira, dois de seus mentores – Pablo Capilé e Bruno Torturra – foram entrevistados. Desde então, uma grande polêmica toma conta da rede.
A Mídia Ninja faz parte de uma organização muito maior, chamada Fora do Eixo (FdE). É uma rede com ramificações em todo o país, que reúne produtores culturais, artistas e bandas independentes.
Irrigada com dinheiro público dos governos federal, estaduais e prefeituras, além de Petrobras e grandes empresas privadas, o FdE mantém em várias cidades as chamadas Casas Fora do Eixo, onde grupos de jovens vivem e trabalham, gratuitamente. Tudo é compartilhado e ninguém é dono de nada, nem das próprias roupas.
O depoimento que a jovem Laís Bellini postou em seu Facebook ilumina os subterrâneos da organização, que mais parece um misto de seita e pirâmide financeira, conduzida por um líder messiânico – Capilé – e seus “gestores”.
Há de tudo no relato de Laís: semi-escravidão, lavagem cerebral, uso de sexo para cooptar novos adeptos, proibição de visitar a família, abandono da faculdade e uma carga brutal de trabalho.
Alguns trechos:
(...) Através de imersões (que aprendemos a fazer durante uma nossa lá na Casa Fora do Eixo São Paulo), começamos a espalhar o conhecimento da rede, as ideias, os vocabulários, os vícios, as dependências, e tudo mais que vem embolado nessa seita, com cara de culturalmente popular, musicalmente descolada, pessoalmente encantadora, internamente… cheio de gente incrível que está cega como eu já estive e com um número contável nas mãos de quem são os controladores e administradores da rede querendo consumir só uma coisa em você: a sua mente. (...)
(...) Sim, tenho amigos ali dentro que me vêem como quem desistiu, mas não se dão conta do escravismo que estão vivendo, e aqui eu digo escravismo referindo-me ao mental e ao financeiro. Quem toma coragem pra sair da rede tem que ter algum recurso financeiro para recomeçar a vida do zero e muitos, que eu sei, ainda enfrentam longas sessões de terapia. Muitos amigos meus preferiram mudar de cidade, mudar de ares, enfim, pra tentar tudo de novo… uma das coisas interessantes que notei é que quando você está ali dentro, e não importa a época - não me refiro a agora que há por exemplo a Mídia Ninja pautando assuntos nacionais e internacionais, mas sim tempos em que eu ainda estava por ali e a coisa tava só começando com essa mídia mais externalizada - , enfim, você acredita piamente que tudo o que você está discutindo, debatendo, refletindo é sobre a própria rede, em constante ação de marketing. (...)
(...) Catar e cooptar. Vejam bem moças e rapazes, se você for considerado um perfil estratégico para estar e entrar na rede, cuidado, você em breve pode perceber alguma pessoa que vai se aproximar bastante de você, mas bastante mesmo a ponto de demonstrar muito desejo por você. Quando você está se aproximando, há reuniões que acontecem dentro da cúpula, as vezes com mais uns ou outros, que podem ser indicados para tal ação, para definir quem é a pessoa que tem mais perfil para dar em cima de você e te fisgar pra dentro da rede. Sim, essas conversas acontecem em reunião e ali é definido o nome da pessoa que vai partir pra cima. Cada um aqui que tire a sua conclusão. Tanto sei desse papo que soube ainda que ficaram preocupados quando o cara que foi enviado para partir pra cima de mim não conseguiu, e por isso não sabiam o quanto eu estava me envolvendo realmente com a rede ou não. Só pra pontuar, quando eu ainda estava lá, eu participei de uma conversa na qual propunham que eu tinha que demonstrar que eu estava mais dentro, que eu estava mais entregue à rede, pra que elas pudessem confiar em mim e pra que eu pudesse partir pra fazer ações estratégicas como sair pra catar e cooptar uns caras que considerassem interessante estar dentro. Uma semana depois dessa conversa eu estava fora. E não se enganem queridos, o amor tá aí pra ser mais uma ferramenta… seja você um(a) universitário(a), um(a) intelectual, um(a) artista interessante pra eles, um(a) professor(a) bem posicionada politicamente. Não importa, se você é alvo, o "amor", ou melhor, o "pós-amor" é uma ferramenta. (...)
(...) Com quem você se relaciona?! Não queira estar lá dentro e se relacionar amorosamente com qualquer outra p essoa que esteja fora da rede. Você vai viver aquilo ali e nada mais. Ficar dentro da casa o dia inteiro e só sair quando é necessário para a casa (cumprir alguma agenda da sua frente de trabalho ou então se você está escalado para almoço, compras, algo do tipo). Você não vai sair de casa para ir ao cinema, nem tampouco ao teatro, você não vai sair pra ouvir um som, nem tomar uma cerveja com o seu vizinho, afinal você nem conhece seu vizinho, porque não há tempo, espaço, disponibilidade. Você vive dentro da Casa Fora do Eixo São Paulo e isso é a sua vida. Se você quer visitar seus pais no interior… olha sinceramente, que você tenha um bom motivo… e que não venha "pedir" 2 meses seguidos. Sim, porque ali o verbo era esse. "Posso ir visitar minha mãe essa semana?" (...)
(...) Tem gente lendo e com medo de escrever o seu próprio relato. Eu espero que mais gente tenha a coragem da Beatriz, a minha coragem e a de tanta gente que ainda vai aparecer, cada uma a seu tempo, cada uma no seu espaço, porque abrir a boca pra falar disso aqui não é fácil não. Sim, eu tenho amigos que já foram ameaçados e não venham pedir nomes, cada um vai falar da sua experiência a hora que bem entender. (...)
Aqui, a íntegra do relato de Laís Bellini
https://www.facebook.com/lcbellini/post ... 1409824865
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
É, mas essa coisa rescende a MANIPULAÇÃO mesmo. Claro, vão dizer que a guria é PIG & quetales. O lance todo me relembra os tempos do Reverendo Moon..
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Túlio escreveu:É, mas essa coisa rescende a MANIPULAÇÃO mesmo. Claro, vão dizer que a guria é PIG & quetales. O lance todo me relembra os tempos do Reverendo Moon..
Tempos atrás, acho que na Revista Isto É, houve um relato semelhante sobre a OPUS DEI.
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Véio, na boa... coitado dos organizadores. Foram pegos para cristo pela Veja. Se alguém teve a honra de ser detonado por Reinaldo Azevedo, não pode ser má pessoa. Tudo baseado no texto de uma moça que saiu sei lá da onde.
É uma megacorporação disfarçada de projeto cultural para apoiar os artistas alternativos. Talvez, os concorrentes não tenham gostado e querem eliminar a empresa e vice-versa. O setor cultural é muito sujo aonde tem uma industria de fato como EUA e Europa. Vai saber se aqui importaram, adaptaram e aprimoraram as mesmas táticas.
Observem a parte em vermelho que significa competição selvagem e destruição de concorrentes.
É uma megacorporação disfarçada de projeto cultural para apoiar os artistas alternativos. Talvez, os concorrentes não tenham gostado e querem eliminar a empresa e vice-versa. O setor cultural é muito sujo aonde tem uma industria de fato como EUA e Europa. Vai saber se aqui importaram, adaptaram e aprimoraram as mesmas táticas.
Observem a parte em vermelho que significa competição selvagem e destruição de concorrentes.
Com a palavra, Pablo Capilé
Principal nome do Fora do Eixo, produtor cultural fala sobre a as acusações que a rede de coletivos vem sofrendo
Fonte: http://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/ ... 9-1.696503
SILVANA MASCAGNA
Desde que um dos seus fundadores participou do “Roda Viva”, na semana passada, o Fora do Eixo está na berlinda. Inúmeras acusações sobre o funcionamento da rede de circulação de coletivos, criada há dez anos e que tem no produtor cultural Pablo Capilé o seu principal nome, surgiram nas redes sociais. O não-pagamento de cachês para artistas é talvez a principal delas. Mas há outras, que surgem todos os dias de músicos, cineastas, produtores culturais, de várias partes do país, que trabalharam com o Fora do Eixo.
Para falar sobre a repercussão negativa provocada por sua aparição no “Roda Viva” – juntamente com Bruno Torturra, principal nome do Mídia Ninja – Pablo Capilé conversou, por telefone, com o Magazine, na última sexta-feira. Naquele dia, ele disse que o Fora do Eixo estava preparando “uma avaliação geral, uma avaliação crítica” sobre sua atuação, o que aconteceu na última segunda-feira via Facebook.
Para a reportagem, Capilé falou sobre vários assuntos, se alterou algumas vezes e até pediu desculpas por estar na defensiva, mas não conseguiu apontar possíveis falhas da rede de coletivos. Leia a entrevista na íntegra.
O que você tem a dizer sobre as denúncias que surgiram depois da sua aparição no “Roda Viva”?
Tem muita gente falando, debatendo, tem gente pró, contra. É um projeto radical, ousado, não tem muitos precedentes. Não dá pra fazer uma análise em cima de sua régua de perfeição, mas do que ele é de fato. Não existe uma rede como o Fora do Eixo. Caixas coletivas, casas coletivas, tudo isso é uma novidade. É preciso fazer uma avaliação do que foi feito, o que precisa melhorar, onde a gente errou, onde a gente acertou.
Qual é o principal defeito do Fora do Eixo?
Tudo tem muito defeito e muita virtude. Não conseguiria dizer uma falha específica. Posso falar várias. Precisamos avançar na organização da circulação dos artistas, que precisam estar cada vez melhores. Na verdade, todas as coisas podem melhorar. Precisamos estar abertos para continuar melhorando. O Fora do Eixo é um grande laboratório, abre muitas portas e é debatido por muita gente. Poucos projetos são tão debatidos quanto o Fora do Eixo. É uma construção colaborativa, e por isso, está sempre aberta pra continuar avançando. Quanto aos festivais, por exemplo, precisamos melhorar suas estruturas, arrumar recursos para investir na melhoria do atendimento tanto aos artistas, quanto às pessoas que estão envolvidas nele. Precisamos fortalecer suas relações em rede, os debates que acontecem em torno deles.
O Fora do Eixo na música, mais do que organizar a circulação, distribuição e produção de conteúdo, mostrou que era possível dar visibilidade para uma música fora do eixo do Rio, São Paulo, BH, Porto Alegre e Pernambuco. Bandas de Cuiabá, do Acre, do Amapá apareceram. Ele foi fundamental para fortalecer a articulação de circulação em rede, fortalecer os debates de políticas públicas para a música. É um agente importante da Rede Música Brasil, é ativo em muitos debates sobre o novo artista. Criminalizar o Fora do Eixo não é problema para o Fora do Eixo, mas pra música independente. Ao mesmo tempo, enquanto o Fora do Eixo avançou pra fazer outras coisas, diminuíram os debates sobre música, as pessoas têm se encontrado menos. Associações que surgiram em contraposição ao Fora do Eixo não têm conseguido funcionar, não têm conseguido dar conta de se conectar com os festivais.
E sobre o não-pagamento dos cachês aos artistas?
Não adianta falar que o Fora do Eixo não paga cachê. O problema do cachê no Brasil é de distribuição de renda. Você tem festival que acontece no Amapá, que só as passagens aéreas de Belo Horizonte para o Amapá custam de R$ 10 mil a R$ 12 mil. Você prefere que o cara do Amapá não faça? Ele pode não fazer ou pode dizer pro artista que paga só as passagens e o artista pode ter uma experiência de tocar para o público do Amapá. So que o cara do Amapá não mete uma faca e diz pro artista: “Você tem que vir”. Tem gente que acredita que é bacana ir pra lá. Se a gente não analisar o mapa do Brasil, não tem como comparar BH com Boa Vista. As passagens são mais baratas (para BH), remunerar é menos difícil.
Mas o Fora do Eixo não surgiu para ser diferente do que acontece normalmente? O que você está dizendo é que o Fora do Eixo segue a ordem natural do mercado, então.
Eu falei que é mais difícil pagar cachê nesses lugares, onde tem menos investimento na cultura, tem público menor, poder aquisitivo menor, as passagens são mais caras. A gente defende a remuneração dos artistas, a maioria é remunerada. Ele recebe quando vai pra esses lugares. Mas às vezes, o cara que está fazendo o festival não consegue os recursos, então ele diz pro artista: “Você topa vir só pelas passagens?” A gente paga a maioria dos artistas. Tem um mito que não paga, isso é mentira.
Mas quando o Bruno Torturra fala no “Roda Viva” que não recebe nada para trabalhar no Mídia Ninja, fica a impressão que vocês defendem que as pessoas trabalhem de graça.
O Bruno fez uma opção de vida. Quanto tempo tem o Mídia Ninja? Qual iniciativa você consegue remunerar os profissionais com tão pouco tempo? Ele está investindo numa plataforma que ele acredita que vai sobreviver dela. Dentro desse processo de construção, a médio prazo, as pessoas vão ser remuneradas por isso. Ninguém vai querer viver num caixa coletivo, a gente não defende que o mundo seja um caixa coletivo. Essa é uma alternativa e ela é viável. Todo mundo que vive numa casa coletiva (do Fora do Eixo), não vive com nada. Se você for numa casa coletiva do Fora do Eixo, vai ver como funciona. As pessoas têm o que elas precisam. Eu sou um deles. Eu vivo numa casa coletiva. Não vivo num apartamento com salário de R$ 10 mil e pago minhas contas, enquanto as pessoas estão sendo escravizadas na Casa Fora do Eixo. Eu estou junto, eu sou uma dessas pessoas.
Como você vive? Como funciona o Cubo Card? Você falou no “Roda Viva” que o Fora do Eixo movimenta de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões, não foi isso?
É uma conta também que cobram de nós e não cobram de mais ninguém, essa é uma coisa que é impressionante. Nós temos que abrir conta pública, nós temos que falar de onde vem o recurso. Ninguém é cobrado como a gente, a gente é cobrado como se fosse o Estado, a gente não é o Estado.
Este é o preço que vocês pagam quando estão propondo o novo. O velho a gente já sabe como é.
Isso não é argumento.
O que eu quero dizer é que vocês deveriam mostrar as contas a princípio.
Mas a gente mostra. Eu não conheço um projeto mais transparente que o Fora do Eixo.
Mas há várias acusações contra vocês.
As pessoas estão acusando porque a gente mora em casas coletivas, porque a gente criou uma rede de festivais no Brasil inteiro, porque somos uma nova forma de ativismo, porque a gente lançou o Mídia Ninja, que é uma nova forma de comunicação. A gente abre muito a porta e muita gente dá pitaco. Não quero dizer que a gente está certo.
Então, explica, como funciona a circulação do dinheiro e o que é o Cubo Card?
Tem uma série de pessoas envolvidas na rede. Elas moram dentro das casas do Fora do Eixo. O que seria a remuneração das pessoas é o card. A gente está investindo o tempo todo, juntos, naquilo, investindo nossa força de trabalho. Isso é uma parte significativa do nosso financiamento. A gente acredita nisso, a gente está junto nisso, vive disso 24 horas. É parecido com uma pessoa que vive no campo, planta aquilo que come etc.
Como isso se transforma em roupa, comida, pasta de dente...
A junção dessas pessoas gera uma série de serviços. A gente tem designer, transmissão ao vivo, palestras, trabalho de mídia, serviços que em alguns casos são remunerados. A gente pode fazer esses serviços, por exemplo, para uma revista nova, um coletivo parceiro que não está integrado na rede... Política, técnica e financeiramente, a gente avalia se quer pegar aquele serviço ou não. Se eu der uma palestra e tiver um cachê de R$ 8.000, esse dinheiro vai para o caixa coletivo. O cubo card é uma moeda complementar, que são esses serviços. O design tem valor x, a transmissão ao vivo tem valor y, organizar um festival tem outro valor. Quando são parceiros, a gente não cobra em espécie, faz o card circular. Se tem um coletivo de Manaus que precisa de design e um coletivo de Santa Maria que precisa de uma produção de festival, eles trocam serviços em card. Outro exemplo, a Rede Ação Grito precisa de um serviço de comunicação, como a gente é parceiro, a gente investe cards nele. Depois, esses cards são sistematizados e, quando a gente precisar, eles investem em nós.
Quem criou esse sistema?
Em cima das dificuldades, a gente teve que criar alternativas. Não tinha dinheiro e a gente precisava sistematizar as coisas que a gente estava fazendo, aí surgiu a ideia de criar uma moeda lá em Cuiabá, que foi o cubo card.
Você vive na Casa Fora do Eixo de São Paulo?
Eu vivo mambembe, mas passo mais tempo na de São Paulo.
Quanto você cobra para fazer palestra?
Depende, na maioria das vezes, faço de graça. Faço de graça para parceiro: uma cidade pequena, uma universidade, por exemplo. Em grande eventos, aí é cobrado, mas varia, depende de quanto de recurso que esse evento tem, pode ser de R$ 500 a R$ 10 mil.
Quando você fundou o Fora do Eixo, tinha ideia de que ele ia se transformar nessa coisa grandiosa?
Não, assim como não tenho ideia de como daqui três anos vai estar. Sabia que tinha muito potencial.
Bruno disse que está deprimido com toda essa repercussão. Você também está deprimido?
Não, tem uma parte do debate que o nível é muito baixo. O cara falar do meu beiço, falar do trabalho escravo, de roubo. Isso não é debate, é inquisição.
E quando é que o debate é importante para vocês?
Na hora que fala de financiamento público pra cultura, de práticas colaborativas, nova forma de fazer comunicação, novas formas de circulação de artistas, remuneração de forma séria. Tudo isso é levantada de bola pra dar mais clareza pra o que de fato acontece.
E a parte da remuneração. Essa parte interessa ao debate?
Se fosse debatido da forma que é, como exceção, o debate ficava mais rico. Mas tentando colocar isso como regra, diminui o nível do debate. Não é uma regra que a gente não remunera as pessoas. Exceções podem acontecer com a escala que a gente trabalha.
Qual é essa escala?
De milhares de artistas. Só de Grito rock são 300, e mais 120 festivais da Rede Brasil de Festivais. Não consigo dimensionar, mas certamente 30 mil artistas já circularam pelo Brasil graças ao Fora do Eixo.
E desses, você sabe quantos não foram pagos?
Não tenho como te precisar quantos não foram pagos. É distribuído, o Fora do Eixo não tem um sistema onde todo mundo joga as coisas para um lugar único. O cara do Amapá está fazendo a parada dele, o do Acre, o do Tocantins. O que nós tentamos fazer é sistematizar essas informações, pra que elas fiquem claras pra todo mundo. Não dá pra ter pra você ter informação de quantas pessoas receberam e quantos não receberam. O que sei é que a maioria absoluta sai satisfeita com as condições que foram oferecidas.
Malu Aires, responsável pela organização do BH Indie Music, disse para o UOL que, depois de se recusar a organizar seu festival junto com o Fora do Eixo, vocês organizaram o Transborda para concorrer com o evento dela, com datas e atrações semelhantes. Por conta disso, ela diz que não consegue mais fazer O BH Indie.
Eu não consigo acreditar que a existência de mais um festival em BH atrapalhe a cena de BH. Não sei como o surgimento do Transborda pode ter acabado com o BH Indie. Se esse festival envolvesse um milhão de pessoas, todo fim de semana e tivesse todos os recursos públicos e privados, eu até acho que a gente pudesse debater, mas um festival que acontece uma vez no ano, durante três dias, inviabilizar o festival dela, se essa é a critica, isso diz muito mais de um problema dela do que do Transborda.
Mas disputar com o Transborda, promovido pelo Fora do Eixo, significa disputar com o tubarão, tamanha a força de vocês.
Tubarão não, não é uma boa analogia.
As pessoas dizem, por exemplo, que vocês são os reis dos editais.
Como com todo mundo falando, com gente reclamando, como não levantaram material sério a respeito disso, através da lei de transparência, tribunal de contas, fiscalização de prestação de conta pra Cultura? A gente não é rei de edital.
Mas vocês aprovam projetos com mais facilidade.
A gente não tem aprovação assim tão grande a ponto de comprometer os processos de outras pessoas. Essa crítica não cabe. Que a gente sabe escrever projeto é óbvio que a gente sabe. Mas muito longe de monopolizar a verba pública do Brasil. Sabe qual é o barato disso ai? O caixa coletivo faz as pessoas acreditarem que tem muito mais grana do que tem, na verdade. Como a gente consegue transformar um em dez, as pessoas acham que são milhões de reais que estão sendo investidos, mas não são. São centenas de pessoas vivendo disso o tempo inteiro, é diferente das pessoas que trabalham das 8h às 18h. Cumpre uma meta e vai embora. Outra coisa é quem está vivendo disso.
E o montante de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões que você falou no “Roda Viva” que o Fora do Eixo movimenta?
É um numero estimado, em cima de um estudo que nós estamos tentando fazer, com esses coletivos distribuídos no Brasil inteiro. O coletivo Palafita do Amapá faz o festival deles, o Quebra Mar. Vamos supor que esse festival movimentou R$ 150 mil. Então a gente vai somando. Vou te dar um exemplo melhor, o Grito Rock acontece em 300 cidades. Aí a gente chuta por baixo que cada cidade custou 10 mil, em reais e em card. Só o Grito Rock daria R$ 3 milhões, aí fazemos as contas do que foi em card e do que foi em reais.Vamos supor que fosse 1,7 milhão em reais e 1,3 milhão em card. Só que isso não está numa conta única, mas na soma de investimento de cada um. Não é um caixa único que gerencia R$ 5 milhões. Não existe um Fora do Eixo. O Fora do Eixo é a soma desses coletivos. Toda grana pública é investida toda no festival, não é repassado nada pra ninguém.
E sobre as acusações da cineasta Beatriz Seigner, que diz que vocês não pagaram cachê?
Ela não coloca o valor. Todo dinheiro que ela fala do calote não chega a mil reais. Se teve equívoco, não estou falando que não teve, não era de R$ 20 mil. Se brincar, torna até mais agravante a gente ter demorado pra pagar.
E sobre o músico Daniel Peixoto, que diz que vocês erraram ao registrarem uma música.
Ele não tinha filiação em nenhuma entidade arrecadadora. Pra você estar cadastrado no Ecad, você precisa estar numa entidade arrecadadora. A gente ia distribuir o CD dele, e a gente precisava registrar de alguma forma. Aí a gente propôs registrar a partir de um coletivo, que já estava cadastrado, o Independentes ou Marte, lá de São Carlos, e os caras fizeram o registro errado no mesmo ISMC da banda Aeromoças e Tenistas Russas. Ele alega que a gente ficou com esse dinheiro, mas quando acontece esse tipo de erro, o dinheiro fica retido no Ecad. Quando o Daniel se legalizar, esse dinheiro volta para o Daniel. Não teve má fé, teve erro.
E sobre a venda de discos, que ele diz que não houve repasse.
Na distribuição, o buraco é mais em baixo. Quase não existem mais selos que conseguem fazer repasse de venda de discos no Brasil inteiro. É uma logística muito complicada. Durante algum tempo, a gente se disponibilizou a fazer isso a partir de uma central, de receber CDs, na Fora do Eixo Discos, e distribuir. Uma parte gratuita e outra vendida e repassando pro artista. Uma parte da venda de discos vendida do Daniel não foi repassada por erro também. Mas não é regra, é exceção. Por causa de uma dificuldade logística, a gente tentou e a gente percebeu que ia trazer mais problema do que solução. A gente não faz mais isso. A gente disponibiliza o contato do coletivo e cada artista manda diretamente.
Você tem orgulho de ser um dos fundadores do Fora do Eixo?
Tenho. Acho o máximo, mas acho que tem erro e tem acerto.
Quais foram os erros?
Acho que não dá pra analisar esse processo colaborativo como o céu. Porque se não, você vai achar o inferno sempre. Um monte de gente junta, ser humano, que está no dia a dia fazendo a parada, às vezes acerta e erra. Não é um monte de super homem. O mesmo ser humano que está dentro da sua casa está numa Casa Fora do Eixo.
Você acha que mais erraram do que acertaram com o Daniel Peixoto, por exemplo?
Teve acerto e erro. Ele tocou pra muita gente, graças ao Fora do Eixo. A banda dele foi uma das primeiras que levei pra Cuiabá. Ele vai, inclusive, tocar na Feira da Música de Fortaleza, que a gente faz.
E com a Beatriz Seigner, onde foi que vocês erraram?
Erramos em não diagnosticar que as expectativas que ela tinha com relação àquilo não seriam atendidas pela plataforma que a gente oferecia.
E das coisas que ela fala a seu respeito?
Mentira deslavada, não procede, é fantasioso.
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Nasce o Brasil talibã.
Guilherme Fiuza, O Globo - 26.10.13.
O Brasil virou, definitivamente, um lugar esquisito. A última onda de manifestações reuniu professores em greve (e simpatizantes) por melhores salários para a categoria. Aí os professores cariocas receberam a adesão dos tais black blocs — nome pomposo para um bando de almas penadas em estado de recalque medieval contra tudo.
Os professores não só acolheram os depredadores desvairados nas suas passeatas, como declararam, por meio de seu sindicato, que aquele apoio era “bem-vindo”.
Deu-se assim o casamento do século: a educação com a falta de educação. Nem a profecia mais soturna, nem a projeção mais niilista, nem as teses do maior espírito de porco conceberiam esse enlace. O saber e a porrada, lado a lado, irmanados sob o idioma da boçalidade.
Mas o grande escândalo não está nessa união miserável. Está na cidade e no país que a cercam. Se o Rio de Janeiro e o Brasil ainda tivessem um mínimo de juízo, o romance entre profissionais do ensino e biscateiros da violência teria revoltado a opinião pública.
As instituições, as pessoas, enfim, a sociedade teria esmagado esses sindicalistas travestidos de educadores. O saber é o que salva o homem da barbárie. Um professor que compactua, ou pior, se associa ao vandalismo é a negação viva do saber — é a negação de si mesmo. Não pode entrar numa sala de aula nem para limpar o chão.
E o que diz o Brasil dessa obscenidade? Nada. O movimento grevista continuou tranquilamente — se é que há alguma forma tranquila de estupidez — bloqueando o trânsito a qualquer hora do dia, em qualquer lugar, diante de cidadãos crédulos que acreditam estar pagando pedágio pela “melhoria da educação”. Crédulos, nesse caso, talvez seja um eufemismo para otários.
Claro que uma sociedade saudável logo desconfiaria dos métodos desses professores. E os desautorizaria a lutar por melhores condições de ensino barbarizando as ruas. Os salários dos professores de verdade são uma tragédia brasileira, mas esses comparsas de delinquentes mascarados não merecem um centavo do contribuinte para ensinar nada a ninguém.
O problema é que a sociedade está revelando, ainda timidamente, a sua faceta de mulher de malandro. Apanha e gosta.
Na entrega do Prêmio Multishow, o músico Marcelo D2 apareceu no palco com sua banda toda mascarada, com uma coreografia simulando uma arruaça aos gritos de “black bloc!” Não se registrou nenhum mal-estar, reação ou mesmo crítica ao músico que fazia ali, ao vivo, um ato veemente de apoio ao grupo fascistoide que quebra tudo.
Está se formando uma opinião pública moderninha que não admite abertamente ser a favor da violência, mas que se encanta e sanciona essa rebeldia da pedrada. A vanguarda, quem diria, foi parar na Faixa de Gaza.
Caetano Veloso também posou com o figurino da máscara negra. Declarou ser a favor da paz, mas disse que a existência dos black blocs “faz parte”.
Quando um artista da magnitude de Caetano emite um sinal tão confuso como esse, não restam dúvidas de que os valores andam perigosamente embaralhados. Tem muita gente acreditando que a revolução moderna passa por esse flerte com o obscurantismo. O nome disso é ignorância.
A confusão de valores está espalhada por todo o debate público. Nas ruas, depredação é confundida com civismo; na internet, pirataria é confundida com liberdade.
A suposta “democratização da cultura” legitimou o assalto aos direitos autorais de grandes compositores brasileiros, com a praga do acesso gratuito às músicas. De impostura em impostura, chegou-se à inacreditável polêmica sobre a proibição de biografias não autorizadas — uma resposta obscurantista dos próprios artistas assaltados pela liberdade medieval da internet.
O dilema entre liberdade de expressão e direito à privacidade tornou-se o grande tema do momento. Um dilema absolutamente falso. Ambos são direitos sagrados e podem conviver tranquilamente, ao contrário da paz e da porrada.
É aterrador que gênios como Caetano Veloso e Chico Buarque estejam confundindo pesquisa séria e literatura biográfica com voyeurismo, fofoca e curiosidade mórbida. Guarnecer a fronteira entre esses dois campos é muito fácil — numa sociedade que não tenha desistido do bom senso, da justiça e da educação.
Mas numa sociedade que tolera educadores adeptos do quebra-quebra, não haverá mordaça legal que dê jeito. Não existe meio-obscurantismo. Entre os talibãs, por exemplo, a carta magna é o fuzil. E aí tanto faz a maneira de lidar com livros e músicas, porque eles não têm mais a menor importância.
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Guilherme Fiuza é jornalista.
Guilherme Fiuza, O Globo - 26.10.13.
O Brasil virou, definitivamente, um lugar esquisito. A última onda de manifestações reuniu professores em greve (e simpatizantes) por melhores salários para a categoria. Aí os professores cariocas receberam a adesão dos tais black blocs — nome pomposo para um bando de almas penadas em estado de recalque medieval contra tudo.
Os professores não só acolheram os depredadores desvairados nas suas passeatas, como declararam, por meio de seu sindicato, que aquele apoio era “bem-vindo”.
Deu-se assim o casamento do século: a educação com a falta de educação. Nem a profecia mais soturna, nem a projeção mais niilista, nem as teses do maior espírito de porco conceberiam esse enlace. O saber e a porrada, lado a lado, irmanados sob o idioma da boçalidade.
Mas o grande escândalo não está nessa união miserável. Está na cidade e no país que a cercam. Se o Rio de Janeiro e o Brasil ainda tivessem um mínimo de juízo, o romance entre profissionais do ensino e biscateiros da violência teria revoltado a opinião pública.
As instituições, as pessoas, enfim, a sociedade teria esmagado esses sindicalistas travestidos de educadores. O saber é o que salva o homem da barbárie. Um professor que compactua, ou pior, se associa ao vandalismo é a negação viva do saber — é a negação de si mesmo. Não pode entrar numa sala de aula nem para limpar o chão.
E o que diz o Brasil dessa obscenidade? Nada. O movimento grevista continuou tranquilamente — se é que há alguma forma tranquila de estupidez — bloqueando o trânsito a qualquer hora do dia, em qualquer lugar, diante de cidadãos crédulos que acreditam estar pagando pedágio pela “melhoria da educação”. Crédulos, nesse caso, talvez seja um eufemismo para otários.
Claro que uma sociedade saudável logo desconfiaria dos métodos desses professores. E os desautorizaria a lutar por melhores condições de ensino barbarizando as ruas. Os salários dos professores de verdade são uma tragédia brasileira, mas esses comparsas de delinquentes mascarados não merecem um centavo do contribuinte para ensinar nada a ninguém.
O problema é que a sociedade está revelando, ainda timidamente, a sua faceta de mulher de malandro. Apanha e gosta.
Na entrega do Prêmio Multishow, o músico Marcelo D2 apareceu no palco com sua banda toda mascarada, com uma coreografia simulando uma arruaça aos gritos de “black bloc!” Não se registrou nenhum mal-estar, reação ou mesmo crítica ao músico que fazia ali, ao vivo, um ato veemente de apoio ao grupo fascistoide que quebra tudo.
Está se formando uma opinião pública moderninha que não admite abertamente ser a favor da violência, mas que se encanta e sanciona essa rebeldia da pedrada. A vanguarda, quem diria, foi parar na Faixa de Gaza.
Caetano Veloso também posou com o figurino da máscara negra. Declarou ser a favor da paz, mas disse que a existência dos black blocs “faz parte”.
Quando um artista da magnitude de Caetano emite um sinal tão confuso como esse, não restam dúvidas de que os valores andam perigosamente embaralhados. Tem muita gente acreditando que a revolução moderna passa por esse flerte com o obscurantismo. O nome disso é ignorância.
A confusão de valores está espalhada por todo o debate público. Nas ruas, depredação é confundida com civismo; na internet, pirataria é confundida com liberdade.
A suposta “democratização da cultura” legitimou o assalto aos direitos autorais de grandes compositores brasileiros, com a praga do acesso gratuito às músicas. De impostura em impostura, chegou-se à inacreditável polêmica sobre a proibição de biografias não autorizadas — uma resposta obscurantista dos próprios artistas assaltados pela liberdade medieval da internet.
O dilema entre liberdade de expressão e direito à privacidade tornou-se o grande tema do momento. Um dilema absolutamente falso. Ambos são direitos sagrados e podem conviver tranquilamente, ao contrário da paz e da porrada.
É aterrador que gênios como Caetano Veloso e Chico Buarque estejam confundindo pesquisa séria e literatura biográfica com voyeurismo, fofoca e curiosidade mórbida. Guarnecer a fronteira entre esses dois campos é muito fácil — numa sociedade que não tenha desistido do bom senso, da justiça e da educação.
Mas numa sociedade que tolera educadores adeptos do quebra-quebra, não haverá mordaça legal que dê jeito. Não existe meio-obscurantismo. Entre os talibãs, por exemplo, a carta magna é o fuzil. E aí tanto faz a maneira de lidar com livros e músicas, porque eles não têm mais a menor importância.
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Guilherme Fiuza é jornalista.
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
A bagunça vai acabar quando começarem a cobrar os prejuízos causados nas manifestação das entidades que organizaram o mesmo, quero ver sindicado aceitar ajuda de bandido quando começarem a cobrar deles o prejuízo!
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Anomia.
Rodrigo Constantino - Blog do Noblat.
“Estado de uma sociedade caracterizada pela desintegração das normas que regem a conduta dos homens e asseguram a ordem social.” Assim o dicionário define o termo anomia, cunhado pelo sociólogo Durkheim. É a palavra que melhor define o perigoso momento que vivemos atualmente.
Que as normas de conduta no Brasil sempre foram elásticas, isso todos sabemos. Afinal, esse é o país do “jeitinho”. Só que há algo novo no ar. Agora, muitos acreditam que a violência e a criminalidade são recursos legítimos para suas causas, vistas como nobres.
A tarifa do ônibus incomoda? Os hospitais públicos não são “padrão Fifa”? O salário dos professores é baixo? Cães são usados em pesquisas de laboratórios? As causas são as mais diversas possíveis, mas os métodos se repetem: vandalismo, depredação, coquetéis molotov, ruas fechadas, gente mascarada atacando policiais.
O sociólogo alemão Ralf Dahrendorf, que acompanhou os terríveis anos nazistas de Berlim, escreveu em 1985 um livro chamado “A Lei e a Ordem”, que o Instituto Liberal traduziu, no qual traçou alguns paralelos entre a situação que estavam vivendo os países desenvolvidos nessa época e a era que antecedeu o nazismo.
Seu principal alerta era quanto ao caminho para a anomia, que costuma anteceder regimes totalitários. Afinal, os índices de criminalidade estavam em alta nesses países desenvolvidos, ameaçando a paz e a ordem dos cidadãos.
Dahrendorf estava preocupado com a incidência da impunidade, cuja consequência é a anomia, “quando um número elevado e crescente de violações de normas torna-se conhecido e é relatado, mas não é punido”.
A anomia é, pois, “uma condição em que tanto a eficácia social como a moralidade cultural das normas tendem a zero”. Tudo passa a ser visto como permitido, já que nada é punido.
Quando atos criminosos são praticados à luz do dia, carros da polícia são incendiados, cachorros são furtados, e ninguém é preso, ou se é, logo acaba sendo solto, isso é um convite para novos e mais ousados atos criminosos.
Nova York já foi a capital do crime na década de 1970, e foi somente quando as autoridades compreenderam a teoria da “janela quebrada” que as coisas começaram a mudar. Haveria tolerância zero, mesmo com pequenos delitos, como grafiteiros no metrô. O respeito à lei e à ordem deveria ser pleno.
Reparem que sequer entrei no mérito das bandeiras que esses vândalos e criminosos levantam. Isso é secundário. São os métodos que estão sendo julgados, e condenados. Cada um pode achar que sua causa é a mais justa, mas, se todos pensarem que isso justifica atos ilegais, então estaremos perdidos na completa anomia.
Reinaldo Azevedo, em sua coluna de estreia na “Folha”, foi preciso quando disse: “Em política, quando o fim justifica os meios, o que se tem é a brutalidade dos meios com um fim sempre desastroso.” E não foi assim em toda revolução cheia de boas intenções?
Não resta dúvida de que nossa democracia está bastante disfuncional. Para começo de conversa, há uma completa hegemonia de esquerda. Além disso, há mais legendas de aluguel do que partidos. Por fim, o corporativismo e a corrupção são as marcas registradas na política nacional.
Dito isso, ainda temos uma democracia, por mais imperfeita que seja. E isso deve ser valorizado. Aqueles que estão insatisfeitos, como eu, devem lutar pelas vias legais e democráticas por mudanças. A linguagem da violência é a dos bárbaros, e nunca traz bons resultados.
Por isso considero tão temerária a reação de muitos artistas e intelectuais frente à escalada de atos violentos desses baderneiros. Tentam justificá-los, quando não endossá-los, alguns chegando a se fantasiar de “Black Bloc”. Acabam jogando lenha na fogueira da anomia, ameaçando nossa frágil democracia.
Disse que havia algo novo, mas me enganei. Maio de 1968 foi parecido. Escrevendo nesse mesmo ano para esse mesmo jornal, Nelson Rodrigues dissecou o “velho mito” de que as ruas são a voz divina:
“Hoje, todo mundo protesta. Há sujeitos que acordam indignados e não sabem contra quem, nem por quê. [...] Não existe, hoje, palavra mais vã, mais sem caráter, e, direi mesmo, mais pulha do que ‘liberdade’. Como a corromperam em todos os idiomas! [...] Na hora de odiar, ou de matar, ou de morrer, ou simplesmente de pensar, os homens se aglomeram. As unanimidades decidem por nós, sonham por nós, berram por nós. Qualquer idiota sobe num para-lama de automóvel, esbraveja e faz uma multidão.”
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Rodrigo Constantino é economista e presidente do Instituto Liberal.
Rodrigo Constantino - Blog do Noblat.
“Estado de uma sociedade caracterizada pela desintegração das normas que regem a conduta dos homens e asseguram a ordem social.” Assim o dicionário define o termo anomia, cunhado pelo sociólogo Durkheim. É a palavra que melhor define o perigoso momento que vivemos atualmente.
Que as normas de conduta no Brasil sempre foram elásticas, isso todos sabemos. Afinal, esse é o país do “jeitinho”. Só que há algo novo no ar. Agora, muitos acreditam que a violência e a criminalidade são recursos legítimos para suas causas, vistas como nobres.
A tarifa do ônibus incomoda? Os hospitais públicos não são “padrão Fifa”? O salário dos professores é baixo? Cães são usados em pesquisas de laboratórios? As causas são as mais diversas possíveis, mas os métodos se repetem: vandalismo, depredação, coquetéis molotov, ruas fechadas, gente mascarada atacando policiais.
O sociólogo alemão Ralf Dahrendorf, que acompanhou os terríveis anos nazistas de Berlim, escreveu em 1985 um livro chamado “A Lei e a Ordem”, que o Instituto Liberal traduziu, no qual traçou alguns paralelos entre a situação que estavam vivendo os países desenvolvidos nessa época e a era que antecedeu o nazismo.
Seu principal alerta era quanto ao caminho para a anomia, que costuma anteceder regimes totalitários. Afinal, os índices de criminalidade estavam em alta nesses países desenvolvidos, ameaçando a paz e a ordem dos cidadãos.
Dahrendorf estava preocupado com a incidência da impunidade, cuja consequência é a anomia, “quando um número elevado e crescente de violações de normas torna-se conhecido e é relatado, mas não é punido”.
A anomia é, pois, “uma condição em que tanto a eficácia social como a moralidade cultural das normas tendem a zero”. Tudo passa a ser visto como permitido, já que nada é punido.
Quando atos criminosos são praticados à luz do dia, carros da polícia são incendiados, cachorros são furtados, e ninguém é preso, ou se é, logo acaba sendo solto, isso é um convite para novos e mais ousados atos criminosos.
Nova York já foi a capital do crime na década de 1970, e foi somente quando as autoridades compreenderam a teoria da “janela quebrada” que as coisas começaram a mudar. Haveria tolerância zero, mesmo com pequenos delitos, como grafiteiros no metrô. O respeito à lei e à ordem deveria ser pleno.
Reparem que sequer entrei no mérito das bandeiras que esses vândalos e criminosos levantam. Isso é secundário. São os métodos que estão sendo julgados, e condenados. Cada um pode achar que sua causa é a mais justa, mas, se todos pensarem que isso justifica atos ilegais, então estaremos perdidos na completa anomia.
Reinaldo Azevedo, em sua coluna de estreia na “Folha”, foi preciso quando disse: “Em política, quando o fim justifica os meios, o que se tem é a brutalidade dos meios com um fim sempre desastroso.” E não foi assim em toda revolução cheia de boas intenções?
Não resta dúvida de que nossa democracia está bastante disfuncional. Para começo de conversa, há uma completa hegemonia de esquerda. Além disso, há mais legendas de aluguel do que partidos. Por fim, o corporativismo e a corrupção são as marcas registradas na política nacional.
Dito isso, ainda temos uma democracia, por mais imperfeita que seja. E isso deve ser valorizado. Aqueles que estão insatisfeitos, como eu, devem lutar pelas vias legais e democráticas por mudanças. A linguagem da violência é a dos bárbaros, e nunca traz bons resultados.
Por isso considero tão temerária a reação de muitos artistas e intelectuais frente à escalada de atos violentos desses baderneiros. Tentam justificá-los, quando não endossá-los, alguns chegando a se fantasiar de “Black Bloc”. Acabam jogando lenha na fogueira da anomia, ameaçando nossa frágil democracia.
Disse que havia algo novo, mas me enganei. Maio de 1968 foi parecido. Escrevendo nesse mesmo ano para esse mesmo jornal, Nelson Rodrigues dissecou o “velho mito” de que as ruas são a voz divina:
“Hoje, todo mundo protesta. Há sujeitos que acordam indignados e não sabem contra quem, nem por quê. [...] Não existe, hoje, palavra mais vã, mais sem caráter, e, direi mesmo, mais pulha do que ‘liberdade’. Como a corromperam em todos os idiomas! [...] Na hora de odiar, ou de matar, ou de morrer, ou simplesmente de pensar, os homens se aglomeram. As unanimidades decidem por nós, sonham por nós, berram por nós. Qualquer idiota sobe num para-lama de automóvel, esbraveja e faz uma multidão.”
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Só quem teve prejuízo até agora foram as companhias de seguro.J.Ricardo escreveu:A bagunça vai acabar quando começarem a cobrar os prejuízos causados nas manifestação das entidades que organizaram o mesmo, quero ver sindicado aceitar ajuda de bandido quando começarem a cobrar deles o prejuízo!
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Eu costumava dialogar com o Constantino numa comunidade de debates do Orkut, mas com o tempo fui perdendo a paciência. Mas ele recebe patrocínio para dizer esse tipo de coisa, fazer o quê...
É importante lembrar: A Revolução Francesa, que foi "só" o acontecimento mais importante dos últimos séculos, que "só" marcou o início de uma nova era, que "só" alterou completamente o panorama do mundo e, especialmente, da América, da nossa América, que "só" causou o fim do absolutismo monárquico difundindo ideais democráticos e de luta pelos direitos dos cidadãos... Pois bem, esta Revolução começou exatamente da maneira que ele tanto repudia.
Vou além e digo que nunca vi nenhuma grande transformação social que não tenha sido conquistada com sangue e suor nas ruas. Nenhuma. Peço que citem uma única conquista social que realmente tenha proporcionado uma grande transformação (positiva) e que não tenha sido pelo povo exigida até as últimas consequências.
Nobres pagando impostos? Só depois de centenas de milhares de mortos na Revolução Francesa.
Direito ao voto? Quantos morreram antes que isso fosse "concedido"?
Fim da escravidão? Incontáveis revoltas que a historiografia nacional faz de conta que não aconteceram, uma sublevação no Haiti e a Guerra da Secessão mostram que não.
E em todas essas revoltas, o que a gente acha que aconteceu? Todo mundo organizadinho, sem jogar pedra na polícia/guarda nacional, sem sangue, sem janelas quebradas... Tudo na mais perfeita harmonia, afinal de contas o governo sempre nos forneceu uma educação de primeira, é natural o povo mostrar a educação que recebeu dele.
Olha que absurdo: Até o ficha limpa que era um projeto bem óbvio precisou de milhões de assinaturas, da mobilização do povo, para ser votado. Sério mesmo que entre as centenas de milhares de políticos que passaram pelo congresso isso nunca foi cogitado? Ninguém pensou mesmo nisso? E agora o povo se acalmou e, claro, a lei foi perdendo a sua força.
Vou citar o falecido José Alencar: "Direitos só existem para aqueles que são capazes de exigi-los" e o povo exige da maneira que sabe fazer.
É importante lembrar: A Revolução Francesa, que foi "só" o acontecimento mais importante dos últimos séculos, que "só" marcou o início de uma nova era, que "só" alterou completamente o panorama do mundo e, especialmente, da América, da nossa América, que "só" causou o fim do absolutismo monárquico difundindo ideais democráticos e de luta pelos direitos dos cidadãos... Pois bem, esta Revolução começou exatamente da maneira que ele tanto repudia.
Vou além e digo que nunca vi nenhuma grande transformação social que não tenha sido conquistada com sangue e suor nas ruas. Nenhuma. Peço que citem uma única conquista social que realmente tenha proporcionado uma grande transformação (positiva) e que não tenha sido pelo povo exigida até as últimas consequências.
Nobres pagando impostos? Só depois de centenas de milhares de mortos na Revolução Francesa.
Direito ao voto? Quantos morreram antes que isso fosse "concedido"?
Fim da escravidão? Incontáveis revoltas que a historiografia nacional faz de conta que não aconteceram, uma sublevação no Haiti e a Guerra da Secessão mostram que não.
E em todas essas revoltas, o que a gente acha que aconteceu? Todo mundo organizadinho, sem jogar pedra na polícia/guarda nacional, sem sangue, sem janelas quebradas... Tudo na mais perfeita harmonia, afinal de contas o governo sempre nos forneceu uma educação de primeira, é natural o povo mostrar a educação que recebeu dele.
Olha que absurdo: Até o ficha limpa que era um projeto bem óbvio precisou de milhões de assinaturas, da mobilização do povo, para ser votado. Sério mesmo que entre as centenas de milhares de políticos que passaram pelo congresso isso nunca foi cogitado? Ninguém pensou mesmo nisso? E agora o povo se acalmou e, claro, a lei foi perdendo a sua força.
Vou citar o falecido José Alencar: "Direitos só existem para aqueles que são capazes de exigi-los" e o povo exige da maneira que sabe fazer.