PRIMAVERA BRASILEIRA
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Véio, na boa... Tenho um amigo Petista fanático. Não acreditem nos esteriótipos da mídia golpista, ele é de uma família tradicional, milionária e um intelectual. A questão é que ele disse publicamente várias vezes que "Eu acho que esse pessoal do mensalão tem que ser condenado e cumprir a pena. Eles envergonham meu e nosso partido".
Em, acreditem, o pessoal do mensalão fez uma grande favor ao grupo da Dilma. Sem isso, nunca chegariam ao poder no partido e país.
Em, acreditem, o pessoal do mensalão fez uma grande favor ao grupo da Dilma. Sem isso, nunca chegariam ao poder no partido e país.
- Clermont
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Um quadro preocupante.
Ruy Fabiano - Blog do Noblat, 13.07.13.
A ignorância política – o desconhecimento dos mais elementares princípios da separação dos poderes da República e do funcionamento das instituições - é um dos fatores determinantes da crise de representação, que indispõe, neste momento, a sociedade brasileira e seus governantes.
Isso explica reivindicações conflitantes nas manifestações de rua. Criticam-se os partidos políticos, a qualidade dos serviços públicos, o governo e a carga tributária, mas, simultaneamente, pedem-se mais políticos, mais governo, mais carga tributária.
Pegue-se uma, entre as muitas exigências expostas nas ruas: a tarifa zero nos transportes públicos. Sua adoção pressupõe a estatização plena do setor, o que significa mais governo, mais políticos, mais chances à corrupção, mais tributos.
Há também, explícita, a ideia de que o governo federal pode tudo: prender políticos corruptos, mudar as leis, refazer, por decreto, o país. Não se tem a mais remota ideia de como funcionam os poderes e os limites de cada qual. Não é casual que a presidente da República seja a mais penalizada pelos manifestantes.
É como se dela tudo dependesse. E ela reage como se assim fosse, mandando pacotes com propostas improvisadas e até exorbitando de sua jurisdição, ao propor plebiscito para a reforma política ou mesmo a convocação de uma assembleia constituinte (da qual teve de recuar, por inconstitucional).
Mesmo segmentos em tese mais preparados exibem essa espantosa ignorância. Há dias, chegou às mãos da presidente Dilma Roussef uma “Carta Pública dos Povos Indígenas do Brasil”, preparada por ONGs que cuidam da causa, com destaque para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
São, pressupõe-se, entidades especializadas, que deveriam conhecer os princípios fundamentais de organização e funcionamento do Estado. Mas exibem a mesma ignorância flagrada nos manifestantes de rua. Pedem (ou exigem) à presidente o que não está a seu alcance atender.
Exemplo: “Não admitiremos retrocessos na garantia dos nossos direitos, por meio de iniciativas legislativas (...)”, diz a carta, em certo trecho. Ora, a presidente não pode impedir iniciativas legislativas (aliás, ninguém). Pode, no máximo, se aprovadas, vetá-las, cabendo, no entanto, ao Legislativo o direito de derrubar-lhe o veto.
No sistema presidencialista, Executivo e Legislativo só podem ser dissolvidos por dois meios: golpe de Estado ou eleições. Excluindo-se o primeiro, sempre uma tentação a grupos radicais, resta o segundo. O Congresso que aí está, goste-se ou não, foi eleito pelos mesmos manifestantes que o querem agora derrubar. Mas, para tanto, só há um meio: o golpe.
No sistema parlamentarista, em que o Congresso é eleito por até quatro anos, prevê-se sua dissolução pela via democrática, em situações de crise de governo, com a convocação de novas eleições.
O parlamentarismo, no entanto, foi rejeitado em dois plebiscitos (1961 e 1993), o que faz supor que a sociedade brasileira apoia o sistema presidencialista, adotado desde a Proclamação da República. Será? Improvável.
A complexidade do tema e a maneira ligeira e manipulada com que, nas duas ocasiões, foi exposto ao público fazem supor que o eleitor não sabia exatamente no que estava votando.
Em ambas as ocasiões, o público não foi informado da natureza e funcionalidade de cada um dos sistemas, apresentados sob um viés ideológico, que comprometeu a consulta.
Em 1961, até a Guerra Fria entrou em pauta. Em 1993, embora ela já não estivesse formalmente em pauta, o conteúdo não foi diferente. Houve até um fato inusitado: o PT, em seu primeiro programa no horário gratuito, pela voz de Lula, defendeu o parlamentarismo. Do segundo em diante, se opôs.
Nas ruas, o povo reclama das consequências, mas ignora – e, portanto, não vai às causas. O Congresso, beneficiário do sistema em vigor, investe num varejo que não muda nada e nem efeito sedativo chega a ter. Derruba um projeto polêmico, aprova outro, de índole demagógica, e espera assim acalmar o público.
A presidente providencia pacotes, faz discursos, afrouxa os cordões da economia e busca ganhar tempo. O Judiciário, por sua vez, manda prender um deputado, cuja sentença condenatória lá estava há anos, promete acelerar o mensalão e coisas do gênero. Ninguém vai à raiz do problema.
O público percebe o jogo de cena, mas ignora a essência da questão e pede mais Estado, que, assim, protagoniza simultaneamente o papel de herói e vilão da mesma história.
O governo cooptou as principais entidades da sociedade civil, que ao tempo da ditadura foram fundamentais para a reconquista da democracia. Por aí, não há muito o que esperar. A sociedade civil organizada está aparelhada. Em tal contexto, amplia-se o raio de ação de aventureiros e golpistas.
_____________________________
Ruy Fabiano é jornalista.
Ruy Fabiano - Blog do Noblat, 13.07.13.
A ignorância política – o desconhecimento dos mais elementares princípios da separação dos poderes da República e do funcionamento das instituições - é um dos fatores determinantes da crise de representação, que indispõe, neste momento, a sociedade brasileira e seus governantes.
Isso explica reivindicações conflitantes nas manifestações de rua. Criticam-se os partidos políticos, a qualidade dos serviços públicos, o governo e a carga tributária, mas, simultaneamente, pedem-se mais políticos, mais governo, mais carga tributária.
Pegue-se uma, entre as muitas exigências expostas nas ruas: a tarifa zero nos transportes públicos. Sua adoção pressupõe a estatização plena do setor, o que significa mais governo, mais políticos, mais chances à corrupção, mais tributos.
Há também, explícita, a ideia de que o governo federal pode tudo: prender políticos corruptos, mudar as leis, refazer, por decreto, o país. Não se tem a mais remota ideia de como funcionam os poderes e os limites de cada qual. Não é casual que a presidente da República seja a mais penalizada pelos manifestantes.
É como se dela tudo dependesse. E ela reage como se assim fosse, mandando pacotes com propostas improvisadas e até exorbitando de sua jurisdição, ao propor plebiscito para a reforma política ou mesmo a convocação de uma assembleia constituinte (da qual teve de recuar, por inconstitucional).
Mesmo segmentos em tese mais preparados exibem essa espantosa ignorância. Há dias, chegou às mãos da presidente Dilma Roussef uma “Carta Pública dos Povos Indígenas do Brasil”, preparada por ONGs que cuidam da causa, com destaque para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
São, pressupõe-se, entidades especializadas, que deveriam conhecer os princípios fundamentais de organização e funcionamento do Estado. Mas exibem a mesma ignorância flagrada nos manifestantes de rua. Pedem (ou exigem) à presidente o que não está a seu alcance atender.
Exemplo: “Não admitiremos retrocessos na garantia dos nossos direitos, por meio de iniciativas legislativas (...)”, diz a carta, em certo trecho. Ora, a presidente não pode impedir iniciativas legislativas (aliás, ninguém). Pode, no máximo, se aprovadas, vetá-las, cabendo, no entanto, ao Legislativo o direito de derrubar-lhe o veto.
No sistema presidencialista, Executivo e Legislativo só podem ser dissolvidos por dois meios: golpe de Estado ou eleições. Excluindo-se o primeiro, sempre uma tentação a grupos radicais, resta o segundo. O Congresso que aí está, goste-se ou não, foi eleito pelos mesmos manifestantes que o querem agora derrubar. Mas, para tanto, só há um meio: o golpe.
No sistema parlamentarista, em que o Congresso é eleito por até quatro anos, prevê-se sua dissolução pela via democrática, em situações de crise de governo, com a convocação de novas eleições.
O parlamentarismo, no entanto, foi rejeitado em dois plebiscitos (1961 e 1993), o que faz supor que a sociedade brasileira apoia o sistema presidencialista, adotado desde a Proclamação da República. Será? Improvável.
A complexidade do tema e a maneira ligeira e manipulada com que, nas duas ocasiões, foi exposto ao público fazem supor que o eleitor não sabia exatamente no que estava votando.
Em ambas as ocasiões, o público não foi informado da natureza e funcionalidade de cada um dos sistemas, apresentados sob um viés ideológico, que comprometeu a consulta.
Em 1961, até a Guerra Fria entrou em pauta. Em 1993, embora ela já não estivesse formalmente em pauta, o conteúdo não foi diferente. Houve até um fato inusitado: o PT, em seu primeiro programa no horário gratuito, pela voz de Lula, defendeu o parlamentarismo. Do segundo em diante, se opôs.
Nas ruas, o povo reclama das consequências, mas ignora – e, portanto, não vai às causas. O Congresso, beneficiário do sistema em vigor, investe num varejo que não muda nada e nem efeito sedativo chega a ter. Derruba um projeto polêmico, aprova outro, de índole demagógica, e espera assim acalmar o público.
A presidente providencia pacotes, faz discursos, afrouxa os cordões da economia e busca ganhar tempo. O Judiciário, por sua vez, manda prender um deputado, cuja sentença condenatória lá estava há anos, promete acelerar o mensalão e coisas do gênero. Ninguém vai à raiz do problema.
O público percebe o jogo de cena, mas ignora a essência da questão e pede mais Estado, que, assim, protagoniza simultaneamente o papel de herói e vilão da mesma história.
O governo cooptou as principais entidades da sociedade civil, que ao tempo da ditadura foram fundamentais para a reconquista da democracia. Por aí, não há muito o que esperar. A sociedade civil organizada está aparelhada. Em tal contexto, amplia-se o raio de ação de aventureiros e golpistas.
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
O movimento democrático que luta contra o sistema fascista opressor reacionário assassino do inferno desocupa a assembléia do Espírito Santo depois de 12 dias.
Atentem para a mensagens de forte conteúdo revolucionário escritas na parede, em especial a "pega no meu pau".
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- P44
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Necas, protestei em Porto e em Osório, como todos sabem, mas não me envolveria em atos ilegais como invasões de propriedades e vandalismo, isso aí foi coisa de boyzinho revoltadinho porque o papai dá mesada gorda mas necas de atenção...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
O concorrido movimento dos sindicalistas (parece que o povo já reconhece a inutilidade e as reais intenções desses indivíduos):
http://tv.estadao.com.br/videos,AV-PAUL ... ,250,0.htm
Wingate
http://tv.estadao.com.br/videos,AV-PAUL ... ,250,0.htm
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
P44 escreveu:ah, é como vi uma referência a "pau"
Suspeito do Remumificadíssimo Bad Boy da M'daira, não sei por que...
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P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
O falso protesto foi fajuto porque pagaram muito pouco...Wingate escreveu:O concorrido movimento dos sindicalistas (parece que o povo já reconhece a inutilidade e as reais intenções desses indivíduos):
http://tv.estadao.com.br/videos,AV-PAUL ... ,250,0.htm
Wingate
http://r7.com/0OBH
Esta corja !!!!
- Bourne
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Túlio escreveu:Necas, protestei em Porto e em Osório, como todos sabem, mas não me envolveria em atos ilegais como invasões de propriedades e vandalismo, isso aí foi coisa de boyzinho revoltadinho porque o papai dá mesada gorda mas necas de atenção...
- Clermont
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Surge, enfim, o nome da mudança.
Guilherme Fiuza - Revista Época - 8.07.13.
A revolta das ruas produziu um milagre. Não as votações espasmódicas do Congresso Nacional, nem a revogação de aumentos das tarifas de ônibus. Esses foram atos oportunistas, que logo sumirão na poeira da história, embora tenham sido celebrados como vitórias revolucionárias. O milagre também não foi a reação do governo Dilma Rousseff, que propôs ao país um plebiscito para reformar a política. Outros governantes já usaram alegorias para embaçar o debate. Como a alegoria de Dilma é especialmente fajuta, não será comentada neste espaço. O milagre da onda de passeatas foi a reabilitação dele – o filho do Brasil, o homem e o mito, Luiz Inácio Lula da Silva.
A opinião pública brasileira é um show. A pesquisa Datafolha que registrou queda na avaliação do governo Dilma quase à metade revelou que, hoje, a eleição presidencial iria para o segundo turno. A não ser que Lula entrasse no páreo. Aí ele seria eleito em primeiro turno.
O povo, revoltado com tudo isso que aí está, puniu Dilma nas pesquisas porque quer mudança. E sua opção de mudança é Lula. Viva o povo brasileiro! A pesquisa revelou mais. Quem teria, hoje, o melhor preparo, entre os candidatos, para resolver os problemas econômicos do Brasil? Em primeiro lugar, disparado: Lula. É um resultado impressionante.
A maioria do eleitorado deve estar escondendo alguma informação bombástica. Devem ter algum segredo, guardado a sete chaves, sobre o novo Lula. Diferentemente do velho, esse aí não deve ter nada a ver com Dilma, Guido Mantega, Gilberto Carvalho, José Dirceu, enfim, a turma que estourou as contas nacionais para bancar o populismo perdulário.
Não, nada disso. O novo Lula – esse que a voz do povo descobriu e não quer nos contar – é um administrador moderno, implacável com o fisiologismo. Um Lula que jamais daria agências reguladoras de presente a Rosemary Noronha, para ela brincar de polícia e ladrão com os companheiros (é bem verdade que a polícia só chegou ao final da brincadeira). Esse Lula, que hoje seria eleito para desenguiçar a economia brasileira, sabe que politizar e vampirizar uma Anac compromete o serviço da aviação. O povo foi às ruas por melhores serviços de transportes, e o novo Lula não faria como o velho Lula – aquele que transformou as agências do setor num anexo do PT e seus comparsas. Jamais.
O povo brasileiro é muito sagaz. Descobriu o que nem um sociólogo visionário descobriria: o sujeito que pariu Dilma, montou seu modelo de administração e dá pitaco nele até hoje fará tudo completamente diferente, se for eleito presidente em 2014. Quem poderia supor uma guinada dessas? Só mesmo um povo sacudido pela revolta das ruas faria essa descoberta genial. O grande nome da oposição a Dilma é Lula. É ele quem saberá levar as finanças nacionais para onde Dilma, segundo a pesquisa, não soube levar. O eleitor brasileiro é, desde já, candidato ao Prêmio Nobel de Economia por essa descoberta impressionante.
Como se sabe, Lula manteve a política econômica de Fernando Henrique – até porque seu partido não tinha política de governo, não tinha projetos administrativos (continua não tendo), não tinha nada. Para manter a militância acesa, o ex-operário assumiu a Presidência criticando o Banco Central. Auxiliado pelo vice José Alencar, inaugurou o primeiro governo de oposição da história. (Longe dos holofotes, pedia pelo amor de Deus para o BC continuar fazendo o que estava fazendo, já que ele não entendia bulhufas daquilo.) A conjuntura internacional foi uma mãe para o filho do Brasil, e ele torrou o dinheiro do contribuinte na maior festa de cargos e propaganda já vista neste país. Lançou então a sucessora, que fez campanha dizendo que o PT acabara com a inflação.
O único erro de cálculo dos companheiros foi esquecer que a desonestidade intelectual tem pernas curtas. E a conta do charuto do oprimido chegou: eis a inflação de volta. (Ao negar esse fato, Mantega foi convidado pelo companheiro Gilberto Carvalho a dar um passeio na feira.) Mas vem aí o novo Lula, ungido pela sabedoria das massas, para salvar a economia brasileira. Qual será seu segredo? Será a substituição de Guido Mantega por Marcos Valério? Pode ser. Até porque o país não suporta mais amadorismo.
Guilherme Fiuza - Revista Época - 8.07.13.
A revolta das ruas produziu um milagre. Não as votações espasmódicas do Congresso Nacional, nem a revogação de aumentos das tarifas de ônibus. Esses foram atos oportunistas, que logo sumirão na poeira da história, embora tenham sido celebrados como vitórias revolucionárias. O milagre também não foi a reação do governo Dilma Rousseff, que propôs ao país um plebiscito para reformar a política. Outros governantes já usaram alegorias para embaçar o debate. Como a alegoria de Dilma é especialmente fajuta, não será comentada neste espaço. O milagre da onda de passeatas foi a reabilitação dele – o filho do Brasil, o homem e o mito, Luiz Inácio Lula da Silva.
A opinião pública brasileira é um show. A pesquisa Datafolha que registrou queda na avaliação do governo Dilma quase à metade revelou que, hoje, a eleição presidencial iria para o segundo turno. A não ser que Lula entrasse no páreo. Aí ele seria eleito em primeiro turno.
O povo, revoltado com tudo isso que aí está, puniu Dilma nas pesquisas porque quer mudança. E sua opção de mudança é Lula. Viva o povo brasileiro! A pesquisa revelou mais. Quem teria, hoje, o melhor preparo, entre os candidatos, para resolver os problemas econômicos do Brasil? Em primeiro lugar, disparado: Lula. É um resultado impressionante.
A maioria do eleitorado deve estar escondendo alguma informação bombástica. Devem ter algum segredo, guardado a sete chaves, sobre o novo Lula. Diferentemente do velho, esse aí não deve ter nada a ver com Dilma, Guido Mantega, Gilberto Carvalho, José Dirceu, enfim, a turma que estourou as contas nacionais para bancar o populismo perdulário.
Não, nada disso. O novo Lula – esse que a voz do povo descobriu e não quer nos contar – é um administrador moderno, implacável com o fisiologismo. Um Lula que jamais daria agências reguladoras de presente a Rosemary Noronha, para ela brincar de polícia e ladrão com os companheiros (é bem verdade que a polícia só chegou ao final da brincadeira). Esse Lula, que hoje seria eleito para desenguiçar a economia brasileira, sabe que politizar e vampirizar uma Anac compromete o serviço da aviação. O povo foi às ruas por melhores serviços de transportes, e o novo Lula não faria como o velho Lula – aquele que transformou as agências do setor num anexo do PT e seus comparsas. Jamais.
O povo brasileiro é muito sagaz. Descobriu o que nem um sociólogo visionário descobriria: o sujeito que pariu Dilma, montou seu modelo de administração e dá pitaco nele até hoje fará tudo completamente diferente, se for eleito presidente em 2014. Quem poderia supor uma guinada dessas? Só mesmo um povo sacudido pela revolta das ruas faria essa descoberta genial. O grande nome da oposição a Dilma é Lula. É ele quem saberá levar as finanças nacionais para onde Dilma, segundo a pesquisa, não soube levar. O eleitor brasileiro é, desde já, candidato ao Prêmio Nobel de Economia por essa descoberta impressionante.
Como se sabe, Lula manteve a política econômica de Fernando Henrique – até porque seu partido não tinha política de governo, não tinha projetos administrativos (continua não tendo), não tinha nada. Para manter a militância acesa, o ex-operário assumiu a Presidência criticando o Banco Central. Auxiliado pelo vice José Alencar, inaugurou o primeiro governo de oposição da história. (Longe dos holofotes, pedia pelo amor de Deus para o BC continuar fazendo o que estava fazendo, já que ele não entendia bulhufas daquilo.) A conjuntura internacional foi uma mãe para o filho do Brasil, e ele torrou o dinheiro do contribuinte na maior festa de cargos e propaganda já vista neste país. Lançou então a sucessora, que fez campanha dizendo que o PT acabara com a inflação.
O único erro de cálculo dos companheiros foi esquecer que a desonestidade intelectual tem pernas curtas. E a conta do charuto do oprimido chegou: eis a inflação de volta. (Ao negar esse fato, Mantega foi convidado pelo companheiro Gilberto Carvalho a dar um passeio na feira.) Mas vem aí o novo Lula, ungido pela sabedoria das massas, para salvar a economia brasileira. Qual será seu segredo? Será a substituição de Guido Mantega por Marcos Valério? Pode ser. Até porque o país não suporta mais amadorismo.
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
Um efeito curioso das depredações ocorridas por causa de revoltas populares contra corrupção: tudo será reformado, em uma licitação onde o roubo e superfaturamento serão regra. Conclusão: ganham os corruptos. Se querem destruir, ataquem a propriedade privada dos corruptos!wagnerm25 escreveu:O movimento democrático que luta contra o sistema fascista opressor reacionário assassino do inferno desocupa a assembléia do Espírito Santo depois de 12 dias.
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"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
AI os corruptos entram na justiça para o estado pagar o prejuízo, e irão ganhar, provavelmente um valor muito superior aos prejuizos causados.rodrigo escreveu:Um efeito curioso das depredações ocorridas por causa de revoltas populares contra corrupção: tudo será reformado, em uma licitação onde o roubo e superfaturamento serão regra. Conclusão: ganham os corruptos. Se querem destruir, ataquem a propriedade privada dos corruptos!wagnerm25 escreveu:O movimento democrático que luta contra o sistema fascista opressor reacionário assassino do inferno desocupa a assembléia do Espírito Santo depois de 12 dias.
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Re: PRIMAVERA BRASILEIRA
http://www.youtube.com/watch?v=JCPCYsCC2TQ
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