:: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Olá foxtroop. A qualidade humana dos militares brasileiros, é, ao menos a nível das missões da ONU, reconhecida desde os idos dos anos 50 com o Btl Suez, passando por Santo Domingo na República Dominicana nos anos 60's, até passar pelas conflitos europeus dos anos 90's, e Timor Leste e Haiti no inicio da década passada.FoxTroop escreveu:Há algo que me faz pensar e já algum tempo que ando para o dizer. Talvez eu esteja numa qualquer realidade paralela e a minha ligação à NET, por algum motivo que escapa à ditadura das leis da Física, insiste em ligar-se num outro Universo onde fico a saber que;FCarvalho escreveu:Humanamente, nossos militares são mais do que reconhecidos lá fora seja pelo seu profissionalismo, seja por sua capacidade. Não precisamos provar nada a ninguém neste sentido.
Em todas elas, vamos destacar, que o papel desempenhado pelas tropas brasileiras sempre foi motivo de reconhecimento tanto da ONU quanto das partes em conflito. Isto sem contar os milhares de militares que também desempenham ações como observadores, em não poucas missões da ONU, que não vou citar aqui posto que este não é o motivo do tópico. Contudo nós temos uma diferença.
O governo brasileiro, representado na sua diplomacia, e por força da nossa cultura e legislação constitucional, tem ao longo dos anos se caracterizado por ser uma ação diretiva no sentido da máxima isonomia diante dos conflitos externos. Reza o nosso texto legal, que qualquer interveniência nossa no exterior em virtude de missões sob mandato da ONU deve prezar antes de tudo e mais nada, pela isenção de postura, e pelo respeito no trato das questões as quais estão submetidas.
E mais, não há admissibilidade legal possível no campo da legalidade interna que respalde a participação brasileira em operações da ONU que demandem a entrada em combate voluntariamente de tropas nacionais, por quaisquer motivos que seja. A própria ação recente da ONU no Congo, em implementar uma força de intervenção, está sendo cuidadosamente tratada para não escapar aos estatutos da lei internacional a fim de não abrir-se brechas para outras demandas. É justamente em cima destas "brechas" legais no dispositivo legal internacional que se tem de ter muito cuidado. Inclusive para que ele, cedo ou tarde, não se vire contra nós.
No presente caso do Congo, como já aludi anteriormente, como se trata de uma situação que já vem se deteriorando, não há anos, mas há décadas, o MONUSCO, por sí só já se comprovou mais do que incapaz de ajudar a resolver o conflito interno daquele país. E penso, não é mandando tropas brasileiras para lá que a coisa vai mudar de quadro. Tanto assim, que a própria ONU já reconheceu que a sua participação naquele país tem sido posta em xeque a tempos, de forma que a imposição de uma Bgda de Intervenção, inclusive com a participação de OpEsp em seus quadros foi aventada e definida a fim de que se possa dar cabo, em termos talvez terminativos ao conflito congolês, que se arrasta na prática, desde que o país tomou a sua independência.
Neste sentido, a meu ver, apesar das qualidades de nossas tropas e do reconhecimento internacional dos militares brasileiros em missões da ONU, que tenha certeza é muitas vezes pouco ou nada reconhecido aqui mesmo no Brasil, por grande parte dos próprios brasileiros, que estranham demais ver na tv tropas brasileiras atuando no exterior, e mais ainda, entrando em combate, visto o histórico de MMI/ACISO pelas quais as ffaa's são entendidas e reconhecidas internamente pela maioria da população, até por força da inação/irresponsabilidade estatal em cuidar da defesa nacional, privilegiando mais as missões subsidiárias das ffaa's do que suas missões primárias, então fica realmente muito difícil antever uma maior difusão das tropas brasileiras no exterior.
E neste contexto de privilégio das missões subsidiárias das ffaa's no Brasil, e aqui, ressalto o que os colegas tem arguido no tópico quanto aos ganhos operacionais e doutrinais, e mesmo quanto as dores do crescimento citas por você, e com as quais concordo, mas a nossa lógica interna não funciona com toda esta deferência a aprendizagens de longo prazo e a visões mais levadas as coisas do Estado. Digo e repito, a nossa sociedade ainda é muito imatura, e nossos políticos mais ainda para tratar destas questões de forma a suportar, e até a entender, de forma condigna, estas mesmas dores do crescimento. Não é e nem será fácil para um país que até outro dia, só tinha olhos para seus próprio umbigo, tal como os USA pré-GM II, sair à luz de fora de casa, sem ao menos antes ter feito os seus deveres de casa. Não se anda de bicicleta sem antes usar as rodinhas de apoio. E nós, gostemos ou não, ainda vamos precisar delas por muito tempo.
As ffaa's brasileiras tem muitas qualidades. Mas estas qualidades, e sua participação em conflitos externos, já foram postas a prova mesmo com as imensas limitações materiais, legísticas e doutrinais, as quais estamos presos por força de nossa própria incapacidade, ou seria indecisão, em aceitar crescer, sem medo de sentir dor. Infelizmente, como já argumentei antes aqui, o povo no Brasil, principalmente os seus políticos, acreditam que em tudo se pode lançar mão do famoso, e famigerado, "jeitinho brasileiro". E isto, sabemos, pelas nossas próprias experiências lá fora em missões da ONU, quer em combate ou ou, que não é verdade. Mas isto ainda demora muito a acontecer, visto que as distancias aqui entre as reflexões das academias e as linhas de frente, são de uma extensão tal e uma temporalidade tamanha, que presumo, tão cedo serão dirimidas.
Temos o nosso próprio tempo de aprender e fazer com nossos erros e acertos. Talvez o nosso distanciamento geográfico e histórico dos cenários dos grandes conflitos ideológicos e bélicos de outrora tenham nos deixado um legado de isolacionismo que somente agora estamos acordando para começar a compreender que não estamos sós no mundo. E que nem todo mundo, necessariamente, gosta, ou gostará, de nós só porque somos o país do samba, futebol e mulheres peladas na praia.
Enfim, posso dizer, estamos começando a reconhecer, e o mundo aí fora também a entender, que nem tudo abaixo da linha do equador é permitido.
Assim seja. Assim espero.
abs.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Nao, vc nao entendeu nada.
Meu post nao foi em resposta ao seu.
Tranquilidade total.
Meu post nao foi em resposta ao seu.
Tranquilidade total.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Peço desculpa pelo meu equívoco Vou apagar o meu post anterior.Marino escreveu:Nao, vc nao entendeu nada.
Meu post nao foi em resposta ao seu.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Nao há necessidade.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
07/04/2013 09h42 - Atualizado em 07/04/2013 10h36
África do Sul enviará tropas ao Congo em missão da ONU
Objetivo é neutralizar grupos armados em conflito no leste do país.
Tamanho e permanência das tropas vai depender dos termos estabelecidos.
Da Reuters
A África do Sul irá enviar tropas para a República Democrática do Congo, parte de uma missão das Nações Unidas para neutralizar os grupos armados em conflito no leste do país, afirmou um porta-voz militar sul-africano neste domingo (7).
A decisão vem em um momento em que a África do Sul se confronta com o seu pior revés militar desde o fim do apartheid, em 1994. Treze de seus soldados morreram no mês passado em um tiroteio contra rebeldes na vizinha República Centro-Africana.
"A mobilização de tropas para a República Democrática do Congo não tem nada a ver com a República Centro-Africana. Nem o incidene na República Centro-Africana influencia a decisão de enviar as tropas para o Congo. São dois assuntos diferentes", disse o brigadeiro general Xolani Mabanga à Reuters.
O tamanho e o tempo da mobilização das tropas vai depender dos termos estabelecidos pelas Nações Unidas, acrescentou ele.
O Conselho de Segurança aprovou por unanimidade no fim de março uma resolução estabelecendo a chamada brigada de intervenção, como parte das forças da ONU no Congo, conhecidas como MONUSCO.
Esta é a primeira vez que as Nações Unidas criam uma unidade como essa dentro de uma força de paz tradicional.
O exército do Congo luta contra rebeldes em um conflito que arrastou a parte leste do Congo de volta a uma guerra e desabrigou mais de meio milhão de pessoas.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/ ... a-onu.html
África do Sul enviará tropas ao Congo em missão da ONU
Objetivo é neutralizar grupos armados em conflito no leste do país.
Tamanho e permanência das tropas vai depender dos termos estabelecidos.
Da Reuters
A África do Sul irá enviar tropas para a República Democrática do Congo, parte de uma missão das Nações Unidas para neutralizar os grupos armados em conflito no leste do país, afirmou um porta-voz militar sul-africano neste domingo (7).
A decisão vem em um momento em que a África do Sul se confronta com o seu pior revés militar desde o fim do apartheid, em 1994. Treze de seus soldados morreram no mês passado em um tiroteio contra rebeldes na vizinha República Centro-Africana.
"A mobilização de tropas para a República Democrática do Congo não tem nada a ver com a República Centro-Africana. Nem o incidene na República Centro-Africana influencia a decisão de enviar as tropas para o Congo. São dois assuntos diferentes", disse o brigadeiro general Xolani Mabanga à Reuters.
O tamanho e o tempo da mobilização das tropas vai depender dos termos estabelecidos pelas Nações Unidas, acrescentou ele.
O Conselho de Segurança aprovou por unanimidade no fim de março uma resolução estabelecendo a chamada brigada de intervenção, como parte das forças da ONU no Congo, conhecidas como MONUSCO.
Esta é a primeira vez que as Nações Unidas criam uma unidade como essa dentro de uma força de paz tradicional.
O exército do Congo luta contra rebeldes em um conflito que arrastou a parte leste do Congo de volta a uma guerra e desabrigou mais de meio milhão de pessoas.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/ ... a-onu.html
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
DESCRÉDITO
Expectativa prejudica missões da ONU
Entrevista: General Carlos Alberto dos Santos Cruz, que vai comandar a missão da ONU no Congo
Publicado em 28/04/2013 | ANDERSON GONÇALVES
Criadas com o objetivo de apaziguar conflitos, garantir estabilidade política e ajuda humanitária, as missões de paz desenvolvidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) há algum tempo são alvo de questionamentos. Nos últimos anos têm aumentado as críticas à atuação do órgão, por não ter conseguido promover grandes avanços em regiões problemáticas como Afeganistão, Síria e as Coreias.
Nos próximos meses, um brasileiro vai assumir o comando da missão de paz na República Democrática do Congo, país africano que sofre com a guerra civil há quase duas décadas. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, 60 anos, será o coordenador da única missão autorizada a intervir diretamente no conflito, de modo a neutralizar os grupos armados.
Com a experiência de quem comandou a missão no Haiti entre 2007 e 2009, Santos Cruz não vê descrédito sobre a atuação da ONU. “Quando a ONU coloca uma missão em prática existe um excesso de expectativa. E quando se espera demais existe um descompasso”, afirma em entrevista à Gazeta do Povo.
Como deve atuar essa missão de paz no Congo, já que atualmente ela é a única com autorização para intervir em um conflito?
As missões são estabelecidas com a finalidade de estabilizar o país e trazer a paz para algumas regiões. Entre essas tarefas estão promover a governança e a prática política de maneira mais organizada, protegendo principalmente os civis, que não estão envolvidos diretamente nos conflitos e que são os que mais sofrem. Nosso foco principal serão crianças, mulheres e idosos, que acabam sofrendo com a falta de assistência humanitária. Também é função da ONU facilitar acordos políticos e paralisar os conflitos. Nossa missão final não muda, que é estabelecer a paz onde existe conflito.
Qual é o quadro que lhe espera no país?
Tenho acompanhado a situação do Congo, que vem de uma história bastante conturbada. O país sofreu muito com a divisão política, com os diferentes interesses e a ação de grupos rebeldes. São essas as áreas que precisam ser estabilizadas, especialmente na parte leste do país, onde estão os problemas mais graves.
O senhor acredita que existe hoje um descrédito das missões da ONU, que muitas vezes acabam não conseguindo pacificar conflitos e garantir a estabilidade de determinadas regiões?
Eu vejo as críticas como normais porque, quando se estabelece uma missão da ONU, há uma esperança de que todos os problemas sejam consertados. É preciso entender que as missões só existem em locais que já são problemáticos, que têm uma estrutura frágil, um governo frágil e conflitos sérios. Às vezes, quando a ONU coloca uma missão em prática, existe um excesso de expectativa. As missões de paz têm atuado com vigor, mas a influência da ONU também tem suas limitações. E quando se espera demais existe um descompasso. Toda missão tem seus altos e baixos, mas no geral tem-se conseguido bons resultados, com efeitos sociais positivos, estabilização política e ajuda humanitária.
O senhor comandou a missão de paz no Haiti entre 2007 e 2009. Quais as diferenças entre aquela missão e a que vai ao Congo?
Cada missão é única e a complexidade varia de acordo com as particularidades de cada país, mas existem algumas comparações que podem ser feitas. O Haiti é um país mais próximo e, por estar na América Latina, tem uma realidade que se aproxima um pouco mais de nós. Outra diferença importante é que o Haiti tem uma dimensão territorial pequena, enquanto o Congo tem praticamente o tamanho da Europa Ocidental, é um território bastante grande para ser ocupado. E as motivações dos conflitos também são diferentes. No Congo se trata de um conflito étnico, mais complexo e que tem características muito específicas.
Em que a experiência adquirida no Haiti pode ajudar nessa nova missão?
A experiência ajuda muito, já que no Haiti conseguimos colocar em prática ações importantes no processo de pacificação. E a forma de atuar deve ser semelhante, já que o foco principal são as mesmas pessoas, aquelas que estão vulneráveis e sofrendo mais.
* * * * *
Conflitos
Em quase duas décadas, guerra civil no Congo deixou milhões de mortos
Com quase 70 milhões de habitantes, a República Democrática do Congo é o segundo maior país da África. Os conflitos no país,
anteriormente chamado Zaire, tiveram início em 1994, após o genocídio de Ruanda. Em seu período mais sangrento, entre 1996 e 2003, a guerra civil deixou cerca de 4 milhões de mortos, segundo a ONU.
Diversos grupos rebeldes se ramificaram pelo país, sendo que o maior deles é o Movimento 23 de Março (M23), formado por ex-militares e que em 2012 tomou o controle de diversas áreas do Congo. Desde julho de 2010, quando a missão foi criada, 55 soldados da ONU morreram em ataques rebeldes.
Pioneira
No último dia 28 de março, uma resolução do Conselho de Segurança da ONU deu à missão de paz no país um mandato para ocupar territórios dominados por grupos rebeldes, em especial o M23. É a primeira vez que uma missão tem autoridade para usar da força a fim de recuperar as áreas dominadas pelos rebeldes.
O Conselho de Segurança diz que o caso tem “base excepcional”, “não cria precedente” e também não prejudica os princípios que gerem as missões de paz.
http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/co ... oes-da-ONU
Expectativa prejudica missões da ONU
Entrevista: General Carlos Alberto dos Santos Cruz, que vai comandar a missão da ONU no Congo
Publicado em 28/04/2013 | ANDERSON GONÇALVES
Criadas com o objetivo de apaziguar conflitos, garantir estabilidade política e ajuda humanitária, as missões de paz desenvolvidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) há algum tempo são alvo de questionamentos. Nos últimos anos têm aumentado as críticas à atuação do órgão, por não ter conseguido promover grandes avanços em regiões problemáticas como Afeganistão, Síria e as Coreias.
Nos próximos meses, um brasileiro vai assumir o comando da missão de paz na República Democrática do Congo, país africano que sofre com a guerra civil há quase duas décadas. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, 60 anos, será o coordenador da única missão autorizada a intervir diretamente no conflito, de modo a neutralizar os grupos armados.
Com a experiência de quem comandou a missão no Haiti entre 2007 e 2009, Santos Cruz não vê descrédito sobre a atuação da ONU. “Quando a ONU coloca uma missão em prática existe um excesso de expectativa. E quando se espera demais existe um descompasso”, afirma em entrevista à Gazeta do Povo.
Como deve atuar essa missão de paz no Congo, já que atualmente ela é a única com autorização para intervir em um conflito?
As missões são estabelecidas com a finalidade de estabilizar o país e trazer a paz para algumas regiões. Entre essas tarefas estão promover a governança e a prática política de maneira mais organizada, protegendo principalmente os civis, que não estão envolvidos diretamente nos conflitos e que são os que mais sofrem. Nosso foco principal serão crianças, mulheres e idosos, que acabam sofrendo com a falta de assistência humanitária. Também é função da ONU facilitar acordos políticos e paralisar os conflitos. Nossa missão final não muda, que é estabelecer a paz onde existe conflito.
Qual é o quadro que lhe espera no país?
Tenho acompanhado a situação do Congo, que vem de uma história bastante conturbada. O país sofreu muito com a divisão política, com os diferentes interesses e a ação de grupos rebeldes. São essas as áreas que precisam ser estabilizadas, especialmente na parte leste do país, onde estão os problemas mais graves.
O senhor acredita que existe hoje um descrédito das missões da ONU, que muitas vezes acabam não conseguindo pacificar conflitos e garantir a estabilidade de determinadas regiões?
Eu vejo as críticas como normais porque, quando se estabelece uma missão da ONU, há uma esperança de que todos os problemas sejam consertados. É preciso entender que as missões só existem em locais que já são problemáticos, que têm uma estrutura frágil, um governo frágil e conflitos sérios. Às vezes, quando a ONU coloca uma missão em prática, existe um excesso de expectativa. As missões de paz têm atuado com vigor, mas a influência da ONU também tem suas limitações. E quando se espera demais existe um descompasso. Toda missão tem seus altos e baixos, mas no geral tem-se conseguido bons resultados, com efeitos sociais positivos, estabilização política e ajuda humanitária.
O senhor comandou a missão de paz no Haiti entre 2007 e 2009. Quais as diferenças entre aquela missão e a que vai ao Congo?
Cada missão é única e a complexidade varia de acordo com as particularidades de cada país, mas existem algumas comparações que podem ser feitas. O Haiti é um país mais próximo e, por estar na América Latina, tem uma realidade que se aproxima um pouco mais de nós. Outra diferença importante é que o Haiti tem uma dimensão territorial pequena, enquanto o Congo tem praticamente o tamanho da Europa Ocidental, é um território bastante grande para ser ocupado. E as motivações dos conflitos também são diferentes. No Congo se trata de um conflito étnico, mais complexo e que tem características muito específicas.
Em que a experiência adquirida no Haiti pode ajudar nessa nova missão?
A experiência ajuda muito, já que no Haiti conseguimos colocar em prática ações importantes no processo de pacificação. E a forma de atuar deve ser semelhante, já que o foco principal são as mesmas pessoas, aquelas que estão vulneráveis e sofrendo mais.
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Conflitos
Em quase duas décadas, guerra civil no Congo deixou milhões de mortos
Com quase 70 milhões de habitantes, a República Democrática do Congo é o segundo maior país da África. Os conflitos no país,
anteriormente chamado Zaire, tiveram início em 1994, após o genocídio de Ruanda. Em seu período mais sangrento, entre 1996 e 2003, a guerra civil deixou cerca de 4 milhões de mortos, segundo a ONU.
Diversos grupos rebeldes se ramificaram pelo país, sendo que o maior deles é o Movimento 23 de Março (M23), formado por ex-militares e que em 2012 tomou o controle de diversas áreas do Congo. Desde julho de 2010, quando a missão foi criada, 55 soldados da ONU morreram em ataques rebeldes.
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No último dia 28 de março, uma resolução do Conselho de Segurança da ONU deu à missão de paz no país um mandato para ocupar territórios dominados por grupos rebeldes, em especial o M23. É a primeira vez que uma missão tem autoridade para usar da força a fim de recuperar as áreas dominadas pelos rebeldes.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Como falei lá no começo. O Brasil, Angola e África do Sul deveriam impor a paz no Congo e manter aquele país dentro da aliança do Atlântico Sul.FCarvalho escreveu:07/04/2013 09h42 - Atualizado em 07/04/2013 10h36
África do Sul enviará tropas ao Congo em missão da ONU
Objetivo é neutralizar grupos armados em conflito no leste do país.
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Da Reuters
A África do Sul irá enviar tropas para a República Democrática do Congo, parte de uma missão das Nações Unidas para neutralizar os grupos armados em conflito no leste do país, afirmou um porta-voz militar sul-africano neste domingo (7).
A decisão vem em um momento em que a África do Sul se confronta com o seu pior revés militar desde o fim do apartheid, em 1994. Treze de seus soldados morreram no mês passado em um tiroteio contra rebeldes na vizinha República Centro-Africana.
desabrigou mais de meio milhão de pessoas.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Seria curioso ver os velhos inimigos trabalhando juntos.Angola e África do Sul
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a vida é assim: esquenta e esfria,
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
delmar escreveu:Como falei lá no começo. O Brasil, Angola e África do Sul deveriam impor a paz no Congo e manter aquele país dentro da aliança do Atlântico Sul.
Que Aliança???? Ou, melhor, a África do Sul e Angola sabem disso? Ou franceses e ingleses que sempre mandaram naquelas bandas.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Os alemães não estão trabalhando junto com os franceses? Os japoneses com os americanos? E pior, o Viet Nam não está de namoro também com os americanos? Os países não tem amigos, tem interesses comuns.rodrigo escreveu:Seria curioso ver os velhos inimigos trabalhando juntos.Angola e África do Sul
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Sabem Bourne, sabem! Tem ocorrido uma série de reuniões entre presidentes, militares e diplomatas destes tres países, mais a Namíbia. Recentemente ainda a tia Dilma fez uma visita a estes países, assim como nosso MD.Bourne escreveu:delmar escreveu:Como falei lá no começo. O Brasil, Angola e África do Sul deveriam impor a paz no Congo e manter aquele país dentro da aliança do Atlântico Sul.
Que Aliança???? Ou, melhor, a África do Sul e Angola sabem disso? Ou franceses e ingleses que sempre mandaram naquelas bandas.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Considerando também que a África do Sul então inimiga visceral de Angola era aquela do APARTHEID.delmar escreveu:Os alemães não estão trabalhando junto com os franceses? Os japoneses com os americanos? E pior, o Viet Nam não está de namoro também com os americanos? Os países não tem amigos, tem interesses comuns.rodrigo escreveu: Seria curioso ver os velhos inimigos trabalhando juntos.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Sim, mas os tenentes e capitães que combateram o MPLA e Cuba agora são os generais sul africanos.Wingate escreveu:Considerando também que a África do Sul então inimiga visceral de Angola era aquela do APARTHEID.delmar escreveu: Os alemães não estão trabalhando junto com os franceses? Os japoneses com os americanos? E pior, o Viet Nam não está de namoro também com os americanos? Os países não tem amigos, tem interesses comuns.
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