:: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
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- talharim
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Os Uruguaios ja tem tropas naquele buraco a alguns anos pelo que fiquei sabendo toda semana tem troca de tiros com esse contingente uruguaio da ONU porem os tipos de milicia que atuam por la sao extermamente mal nutridos,mal equipados,mal treinados formados por combatentes de 8 anos de idade armados com AK-47 enfim nada muito diferente de uma favela brasileira .
Se o EB estiver interessado basta trocar experiencia com nosso hermanos acho que nao tem problema .
Se o EB estiver interessado basta trocar experiencia com nosso hermanos acho que nao tem problema .
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one behind me."
General George S. Patton.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Ninguem questiona a capacidade o exército Brasileiro de operar naquela área, o exército Brasileiro nunca envergonhou o nosso país, sempre demonstrou pericia a competência em todas as missões que colocaram na mesa deles.talharim escreveu:Os Uruguaios ja tem tropas naquele buraco a alguns anos pelo que fiquei sabendo toda semana tem troca de tiros com esse contingente uruguaio da ONU porem os tipos de milicia que atuam por la sao extermamente mal nutridos,mal equipados,mal treinados formados por combatentes de 8 anos de idade armados com AK-47 enfim nada muito diferente de uma favela brasileira .
Se o EB estiver interessado basta trocar experiencia com nosso hermanos acho que nao tem problema .
A unica coisa que nos deixa com o pé atras é nossa elite politica, que é muito imprevisível e na maioria das vezes para o lado negativo.
- FCarvalho
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
A questão aqui não é de competência ou de capacidade do EB. A questão é: o que ganhamos politicamente frente a uma participação, que efetivamente, irá se tornar uma ação de combate, com todas as suas consequência e efeitos colaterais?
Quem seria o presidente ou o deputado/senador que gostaria de ter o nome envolvido ou estampado no jornal como sendo o responsável pela morte de, não poucos, militares brasileiros em uma missão supostamente de "paz" da ONU?
Quem vocês acham que vai se arriscar a assinar o cheque?
Vamos pensar meu povo. O General está sendo autorizado a participar desta missão, por que simplesmente oficiais generais não voltam em sacos pretos de missões da ONU. Além da, obviamente, clara auto-promoção política do país, tão decantada e buscada pela nossa governança atual.
Ele vai comandar a tropa da ONU já estabelecida no TO, mais a tal brigada de intervenção/FOE's, que, até onde saiba, a priori serão de tropas africanas, salvo engano. Ninguém no ocidente, em sã consciência vai mandar tropas para o Congo, pois sabe-se que aquilo ali não passa de um matadouro. E ninguém tem interesses econômicos no lugar que justifiquem o envio de tropas para garantir seus interesses como no Mali.
O Congo é um país pobre, longe e ignorado a décadas pela Europa e USA. A ONU não tem capacidade de resolver os problemas internos deles no curto/médio prazo. E assim, sem dispor de recursos e nem de quem se interesse por seus problemas, os congoleses vão continuar como estão: mendigando atenção e apoio para uma matança que já é secular.
Não temos como "fazer a diferença" enviando tropas para o Congo, como gosta de dizer o MD. Então, se não podemos colaborar, essencialmente, parar a melhoria efetiva do quadro atual do conflito congolês enviando tropas para lá, em qualquer prazo razoável ( a não ser que queiramos a nossa versão congolesa do Vietnã) não vejo porque simplesmente, seja por motivos humanitários ou meramente militares, venhamos a fazê-lo, ou só para satisfazer o ego de quem quer que seja no planalto. Nossos militares não podem, penso, servir de pau de escora, ou pior, de pau-mandado, para a mesquinharia política de quem quer que seja neste país. Se alguém quer arriscar a vida em busca de promoção pessoal, que bote o seu na reta, e não o de outrem.
Chega dessa visão medíocre(mesquinha) e patológica de ffaa's a moda "exército da salvação". As ffaa's brasileira servem para defender o Brasil. Se algum militar brasileiro tiver que morrer defendendo algum país, que seja o nosso. E não os interesses alheios. Mesmo que estes 'interesses' sejam de uns e outros de aqui dentro de casa mesmo. Mas para isso, nós temos um poder judiciário.
abs.
Quem seria o presidente ou o deputado/senador que gostaria de ter o nome envolvido ou estampado no jornal como sendo o responsável pela morte de, não poucos, militares brasileiros em uma missão supostamente de "paz" da ONU?
Quem vocês acham que vai se arriscar a assinar o cheque?
Vamos pensar meu povo. O General está sendo autorizado a participar desta missão, por que simplesmente oficiais generais não voltam em sacos pretos de missões da ONU. Além da, obviamente, clara auto-promoção política do país, tão decantada e buscada pela nossa governança atual.
Ele vai comandar a tropa da ONU já estabelecida no TO, mais a tal brigada de intervenção/FOE's, que, até onde saiba, a priori serão de tropas africanas, salvo engano. Ninguém no ocidente, em sã consciência vai mandar tropas para o Congo, pois sabe-se que aquilo ali não passa de um matadouro. E ninguém tem interesses econômicos no lugar que justifiquem o envio de tropas para garantir seus interesses como no Mali.
O Congo é um país pobre, longe e ignorado a décadas pela Europa e USA. A ONU não tem capacidade de resolver os problemas internos deles no curto/médio prazo. E assim, sem dispor de recursos e nem de quem se interesse por seus problemas, os congoleses vão continuar como estão: mendigando atenção e apoio para uma matança que já é secular.
Não temos como "fazer a diferença" enviando tropas para o Congo, como gosta de dizer o MD. Então, se não podemos colaborar, essencialmente, parar a melhoria efetiva do quadro atual do conflito congolês enviando tropas para lá, em qualquer prazo razoável ( a não ser que queiramos a nossa versão congolesa do Vietnã) não vejo porque simplesmente, seja por motivos humanitários ou meramente militares, venhamos a fazê-lo, ou só para satisfazer o ego de quem quer que seja no planalto. Nossos militares não podem, penso, servir de pau de escora, ou pior, de pau-mandado, para a mesquinharia política de quem quer que seja neste país. Se alguém quer arriscar a vida em busca de promoção pessoal, que bote o seu na reta, e não o de outrem.
Chega dessa visão medíocre(mesquinha) e patológica de ffaa's a moda "exército da salvação". As ffaa's brasileira servem para defender o Brasil. Se algum militar brasileiro tiver que morrer defendendo algum país, que seja o nosso. E não os interesses alheios. Mesmo que estes 'interesses' sejam de uns e outros de aqui dentro de casa mesmo. Mas para isso, nós temos um poder judiciário.
abs.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Vou discordar de alguns companheiros. O Congo está sim dentro de nossa zona de influência, onde deveremos concentrar nossos esforços, que é o Atlântico Sul. Penso que qualquer ação nossa naquele país deveria ser em conjunto com os angolanos que tem uma larga fronteira com o Congo e com a África do Sul. É um projeto de longo prazo e difícil implementação mas o Congo poderia sim acabar sob influencia brasileira e de seus aliados Angola, Namíbia e África do Sul.
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Vamos tentar examinar de um modo mais objetivo a questão:
Estamos há quase dez anos no comando (com tropas nossas) de uma (termo-chave) Missão de Manutenção de Paz no Haiti. Morreram Brasileiros lá (só no terremoto de 2010 morreram DEZOITO Militares) e não o fizeram por outro País mas pelo Brasil! Não saímos de lá por causa disso e nem tivemos protestos-monstro nas ruas idem.
O próximo passo lógico é comandar (com tropas nossas) uma (termo-chave) Missão de Imposição de Paz. E pode muito bem ser no Congo sim! Se buscamos protagonismo internacional, é um preço que necessariamente ser pago.
Tá, mas e por quê?
Estamos sob as vistas do mundo. Nele há gente de olho no que temos. Mostrar PROFISSIONALISMO e CAPACIDADE, em termos Militares, deixa muita gente por aí pensando se não é uma fria se meter conosco...
Os ganhos OPERACIONAIS são imensos: me parece indiscutível que as deficiências do URUTU no Haiti pesaram não apenas nos ROB do Guarani mas mesmo na decisão de ir em frente com o Programa. Veremos o que os Uruguayos viram sobre o FAL/FAP e talvez até sobre o IA2, o que no mínimo renderá um estudo detalhado a respeito do atual EB comparado às exigências da guerra moderna, isso incluindo seu GC, Pel e Cia, e equipamentos correlatos.
Equipamentos nossos que têm tudo para dar certo naquele TO encontrarão uma bela vitrine. Por exemplo, não desprezaria a hipótese de a FAB participar com Super Tucanos e E/R-99 e mais adiante talvez até com o 390. O Guarani mostraria (ou não) a que veio e finalmente se encontraria pretexto para adquirir kits de blindagem adicional, atualmente só temos os suportes para eles. Também as opções de armamento deste veículo poderiam ser testadas num TO real. Teríamos ainda a chance de saber o que lhe falta, quais seus pontos fracos que não apareceram nos testes. O Marruá idem. Creio que até a nossa atual Doutrina seria revisada em grande parte, ao nos depararmos com situações de enfrentamento particularmente violentas. O sangue derramado em tais situações pouparia muito mais ao aprendermos a maneira certa de fazer as coisas na vida real e não em um quartel.
Finalmente, nossas FFAA encontrariam a chance de ter vários integrantes que seriam autênticos VETERANOS DE GUERRA, gente experimentada em ferozes combates REAIS! Isso influiria também nos integrantes de EM e talvez até (eu diria PROVAVELMENTE) no que se ensina na AMAN e ECEME, por exemplo.
Assim, me parece uma idéia a ser pensada e debatida...
Estamos há quase dez anos no comando (com tropas nossas) de uma (termo-chave) Missão de Manutenção de Paz no Haiti. Morreram Brasileiros lá (só no terremoto de 2010 morreram DEZOITO Militares) e não o fizeram por outro País mas pelo Brasil! Não saímos de lá por causa disso e nem tivemos protestos-monstro nas ruas idem.
O próximo passo lógico é comandar (com tropas nossas) uma (termo-chave) Missão de Imposição de Paz. E pode muito bem ser no Congo sim! Se buscamos protagonismo internacional, é um preço que necessariamente ser pago.
Tá, mas e por quê?
Estamos sob as vistas do mundo. Nele há gente de olho no que temos. Mostrar PROFISSIONALISMO e CAPACIDADE, em termos Militares, deixa muita gente por aí pensando se não é uma fria se meter conosco...
Os ganhos OPERACIONAIS são imensos: me parece indiscutível que as deficiências do URUTU no Haiti pesaram não apenas nos ROB do Guarani mas mesmo na decisão de ir em frente com o Programa. Veremos o que os Uruguayos viram sobre o FAL/FAP e talvez até sobre o IA2, o que no mínimo renderá um estudo detalhado a respeito do atual EB comparado às exigências da guerra moderna, isso incluindo seu GC, Pel e Cia, e equipamentos correlatos.
Equipamentos nossos que têm tudo para dar certo naquele TO encontrarão uma bela vitrine. Por exemplo, não desprezaria a hipótese de a FAB participar com Super Tucanos e E/R-99 e mais adiante talvez até com o 390. O Guarani mostraria (ou não) a que veio e finalmente se encontraria pretexto para adquirir kits de blindagem adicional, atualmente só temos os suportes para eles. Também as opções de armamento deste veículo poderiam ser testadas num TO real. Teríamos ainda a chance de saber o que lhe falta, quais seus pontos fracos que não apareceram nos testes. O Marruá idem. Creio que até a nossa atual Doutrina seria revisada em grande parte, ao nos depararmos com situações de enfrentamento particularmente violentas. O sangue derramado em tais situações pouparia muito mais ao aprendermos a maneira certa de fazer as coisas na vida real e não em um quartel.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Eu só tenho uma dúvida: custo? No Haiti já foi uma fortuna sem previsão de saída. Imagina uma guerra real, com perdas humanas e materiais. Como você disse bem, ia revolucionar muitas cabeças, mas custaria uma fortuna, e no meio da missão teríamos a velha ladainha: temos que nos retirar porque não podemos sustentar um gasto militar se no Brasil ainda tem gente passando fome. Parece piada, mas foi o mote da decisão perpétua de adiamento da licitação militar mais urgente do Brasil: FX.Túlio escreveu:Vamos tentar examinar de um modo mais objetivo a questão:
Estamos há quase dez anos no comando (com tropas nossas) de uma (termo-chave) Missão de Manutenção de Paz no Haiti. Morreram Brasileiros lá (só no terremoto de 2010 morreram DEZOITO Militares) e não o fizeram por outro País mas pelo Brasil! Não saímos de lá por causa disso e nem tivemos protestos-monstro nas ruas idem.
O próximo passo lógico é comandar (com tropas nossas) uma (termo-chave) Missão de Imposição de Paz. E pode muito bem ser no Congo sim! Se buscamos protagonismo internacional, é um preço que necessariamente ser pago.
Tá, mas e por quê?
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"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Bueno, quem quer fazer churrasco primeiro precisa matar o boi (ou ir ao açougue ). Se não tem boi nem dinheiro para o açougue, simples: fica mesmo no véio feijão com arroz, sem churrasco (que é para quem PODE!)!
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
abs.Túlio escreveu:Vamos tentar examinar de um modo mais objetivo a questão:
Estamos há quase dez anos no comando (com tropas nossas) de uma (termo-chave) Missão de Manutenção de Paz no Haiti. Morreram Brasileiros lá (só no terremoto de 2010 morreram DEZOITO Militares) e não o fizeram por outro País mas pelo Brasil! Não saímos de lá por causa disso e nem tivemos protestos-monstro nas ruas idem.
Sim, concordo. Mas porque eles morreram de morte morrida, e não de morte matada. Foi uma situação psicologicamente muita menos traumática de se lidar do que se estes mesmos 18 tivessem morrido em "outras circunstancias". Deu para impingir-lhes o papel de heróis abnegados e desinteressados. Coisa que os zés aqui adoram ver nas ffaa's, e era tudo que o governo precisava para amenizar a questão. Além do que, todo mundo gosta de heróis. No Brasil, principalmente de heróis-mortos, com mortes heroicas. Coisas do nosso humanismo macunaimico tupiniquim. A notar, o presidente à época sequer compareceu ao velório, funerais, ou de quaisquer homenagens ao mortos. Mas mandou seu representantes. Porque será?
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Nosso protagonismo internacional estaria, ou deve estar, atrelado aos interesses de outros ou aos nossos. Se são aos nossos, o que ganhamos como país (sim, a questão que se impõe aqui são os ganhos coletivos, e não individuais e/ou institucionais) mandando nossos soldados servir de bucha de canhão para uma missão que desde o começo já nasceu fadada ao fracasso?
Tá, mas e por quê?
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Isso podemos mostrar fazendo o que já vimos fazemos até agora. Sem precisar matar ninguém, e nem morrer para isso. Lembro-me agora de uma frase de um oficial americano que li não sei onde, sobre nossas tropas a serviço da ONU onde ele diz: "...são bons soldados. Mas usam equipamentos muito antiquados." Humanamente, nossos militares são mais do que reconhecidos lá fora seja pelo seu profissionalismo, seja por sua capacidade. Não precisamos provar nada a ninguém neste sentido. Prova maior disso, é o próprio convite em riste ao general para o comando da missão no Congo. O que precisamos, na verdade, é aqui dentro tomar vergonha na cara e dar fim, de uma vez por todas a esta dicotomia esdruxula entre as ffaa's brasileiras lá fora e aqui dentro.
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Bom, entendo que esta questão também estão sendo dirimidas no Haiti. Só não sabemos se o EB acorreu a tomar nota do aprendizado. O envio do "Guará" ao Haiti talvez responda em partes a essa questão.
Equipamentos nossos que têm tudo para dar certo naquele TO encontrarão uma bela vitrine. Por exemplo, não desprezaria a hipótese de a FAB participar com Super Tucanos e E/R-99 e mais adiante talvez até com o 390. O Guarani mostraria (ou não) a que veio e finalmente se encontraria pretexto para adquirir kits de blindagem adicional, atualmente só temos os suportes para eles. Também as opções de armamento deste veículo poderiam ser testadas num TO real. Teríamos ainda a chance de saber o que lhe falta, quais seus pontos fracos que não apareceram nos testes. O Marruá idem. Creio que até a nossa atual Doutrina seria revisada em grande parte, ao nos depararmos com situações de enfrentamento particularmente violentas. O sangue derramado em tais situações pouparia muito mais ao aprendermos a maneira certa de fazer as coisas na vida real e não em um quartel.
Tudo bem que a participação em um TO real é um grande chamariz e uma jogada de marketing inigualável para a venda de produtos militares brasileiros. O ST é um ótimo exemplo. Mas precisamos mesmo disso para vender mais lá fora, colocando a vida de nossos militares em risco só para servir de garotos propaganda. Meus impostos não pagam a vida de nenhum deles, e não gostaria de vê-los sendo usados para este tipo de coisa. Se queremos vender bem o que produzimos, aproveitemos por sermos os primeiros a ter coerência e começar a comprá-los nas quantidades necessárias e impositivas a nossa defesa, dando cabo ao PAED na sua integralidade, sem meias desculpas e devaneios. Se nós não damos a atenção e demonstramos o interesse indispensável aos nossos próprios produtos, podemos esperar que outros o façam, porque os viu serem usados em algum conflito perdido em um fim de mundo qualquer na áfrica ou ásia?
Finalmente, nossas FFAA encontrariam a chance de ter vários integrantes que seriam autênticos VETERANOS DE GUERRA, gente experimentada em ferozes combates REAIS! Isso influiria também nos integrantes de EM e talvez até (eu diria PROVAVELMENTE) no que se ensina na AMAN e ECEME, por exemplo.
Túlio, em termos práticos, e do ponto de vista estritamente militar tu está coberto de razão. E nem poderia, ou teria como, contradizê-lo. Mas convenhamos. Seria sábio de nossa parte, tão amanes da nossa "paz" que somos, envidar na existência de 'veteranos de guerra' nacionais só para mudarmos a doutrina do EB, crendo que com isso ela se modificasse/avance mais rapidamente? Lembre-se que a FEB levou 25 mil à Itália, e nós ainda nos anos 80's estávamos organizados como nos anos 40's. Mesmo hoje, em pleno século XXI, com 'enes' oficiais/praças com experiência de combate nas mais diversas partes e conflitos pelo mundo a serviço da ONU, desde os anos 50's, e nós ainda temos um GC que sequer possui uma ML ou um LG. E o pessoal continua teimando em não adotar soluções diferenciadas, mesmo que a título de experiência doutrinal mesmo que nas missões lá fora, em função dessa situação de ausência de doutrina. Então não muda porque não tem doutrina, e não tem doutrina porque não muda? Mesmo com dezenas, quiçá centenas, de estudos elaborados na ECEME e/ou ESAO, a partir daquelas experiências reais, e a coisa simplesmente não muda. Não creio que é por aí que vamos avançar. Doutrina é importante. Mas, penso, a vida de nossos soldados é mais.
Assim, me parece uma idéia a ser pensada e debatida...
Vamos ver o que o nosso caro general vai ver quando lá estiver, e começar a mandar notícias. Daí poderemos ter uma melhor visão do quadro geral. Se pudermos "fazer diferença significante", como diz o nosso MD - não esqueçamos este é um princípio básico da atual politica externa nossa quanto ao envio de tropas para as missões da ONU - então poderemos saber se interessa ou não mandar mais alguém.
A notar, o general não vai só. Com certeza ele terá junto de sei um EM ainda que minúsculo a acompanhá-lo, além de contar com a colaboração de observadores militares brasileiros que lá já se encontram, e que inclusive, podem ter o seu status atual aumentado em termos de efetivo. Vamos ver.
Dentre as muitas coisas para as quais este país não está, e nunca esteve, preparado, além de copa e Olimpíada, é para uma guerra. Mesmo que ela seja do outro lado do Atlântico. Até porque, a guerra pode ser lá do outro lado; mas as notícias e as suas consequências com certeza vão chegar muito mais rápido aqui do que qualquer aprendizado que tenhamos com ela.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
Bueno, já temos dois argumentos que me parecem FULCRAIS para:
1 - A tese do Rodrigo, de que custaria injustificavelmente caro em dinheiro.
2 - A tese do FCarvalho, de que custaria injustificavelmente caro em SANGUE.
O debate permanece em aberto. Não sou propenso a me passar por dono da verdade (da mesma forma que os colegas citados), então vou esperar mais colegas comentarem/argumentarem para retomar. Essa charla pode ir longe...
1 - A tese do Rodrigo, de que custaria injustificavelmente caro em dinheiro.
2 - A tese do FCarvalho, de que custaria injustificavelmente caro em SANGUE.
O debate permanece em aberto. Não sou propenso a me passar por dono da verdade (da mesma forma que os colegas citados), então vou esperar mais colegas comentarem/argumentarem para retomar. Essa charla pode ir longe...
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
EDITADO, mas ele compareceu:A notar, o presidente à época sequer compareceu ao velório, funerais, ou de quaisquer homenagens ao mortos. Mas mandou seu representantes. Porque será?
Editado pela última vez por Andre Correa em Sáb Abr 27, 2013 2:41 pm, em um total de 1 vez.
Razão: Palavreado impróprio.
Razão: Palavreado impróprio.
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Re: :: Nova missão de paz para o Brasil? +CONGO
PUTZ, e dizer que TINHA TUDO para ser um belo e proveitoso debate, sodas...
Editado pela última vez por Túlio em Sex Abr 26, 2013 11:20 pm, em um total de 1 vez.
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