[]´sA energia dos BRICs
Em energia, 07/01/2013 às 00:15
Por Ronaldo Bicalho
Segundo os dados da Agência Internacional de Energia (AIE)*, Brasil, Rússia, Índia e China respondem por 32% da demanda de energia mundial. Entre eles o destaque fica com a China com 2.417 milhões de tep (toneladas equivalentes de petróleo)[1], que correspondem a 19% da demanda de energia do mundo[2]. A Rússia vem em seguida com 701 milhões de tep (6% da demanda mundial), depois a Índia com 692 milhões de tep (5%) e finalmente o Brasil com 265 milhões de tep (2%).
Embora a China apresente a maior demanda de energia do mundo, seu consumo per capita (1,81 tep/hab) está abaixo da média mundial (1,86 tep/hab). Do mesmo modo a Índia que, mesmo alcançando 5% da demanda mundial, apresenta um baixo consumo per capita (0,59 tep/hab). Por outro lado, a Rússia apresenta um consumo per capita de energia (4,95 tep/hab) de país desenvolvido[3]. O consumo brasileiro (1,36 tep/hab) fica em uma posição intermediária entre os BRICs, um pouco abaixo do consumo chinês. Para situar esses valores, os Estados Unidos, segundo maior consumidor de energia do mundo, têm uma demanda per capita de 7,15 tep/hab.
Se Brasil, China e Índia importam, em termos líquidos, respectivamente, 9%, 14% e 26% da energia que demandam, a Rússia exporta, em termos líquidos, o correspondente a 83% do que demanda.
Isto faz com que China, Índia e Brasil sejam responsáveis por 8%, 5% e 1%, respectivamente, das importações mundiais de energia, ao passo que a Rússia se encarrega de 12% das exportações.
No caso específico da dependência energética do petróleo e derivados, a importação liquida da China alcança 59% da sua demanda e a da Índia 76%. Já no caso da Rússia esses valores atingem (-) 256% – o que significa, na verdade, uma exportação líquida de petróleo -, e no do Brasil, praticamente, 0%, significando uma importação praticamente igual à exportação – a chamada autossuficiência.
Em termos de fontes, o carvão domina a matriz energética chinesa e a indiana com uma participação de 66% na primeira e 42% na segunda. Essa predominância do carvão faz com que 46% da demanda mundial desse combustível ocorram na China e 8% na Índia.
No caso da Rússia, a fonte principal de energia é o gás natural, que é responsável por 55% da sua matriz. Ao passo que no Brasil, as vedetes são as fontes renováveis, que alcançam 44% da matriz (somando biocombustíveis – 31% – e hidroeletricidade – 13%); embora, deva-se ressaltar que, com 39%, o petróleo ocupa uma posição respeitável na matriz brasileira.
No que concerne às perdas de transformação[4], o destaque é o Brasil. Enquanto na China, Índia e Rússia essas perdas representam, respectivamente, 30%, 27% e 24% da demanda interna bruta desses países, no Brasil elas representam 9%. Na medida em que as transformações que geram as maiores perdas são aquelas relacionadas à geração de eletricidade, a elevada participação da geração hidráulica na matriz elétrica brasileira (78%) é o que faz com que as perdas no país sejam muito menores do que nos outros BRICs[5].
No que diz respeito ao consumo setorial, na China, no Brasil e na Rússia prepondera o setor industrial, responsável, respectivamente, por 52%, 41% e 34% do consumo final energético chinês, brasileiro e russo. Em contrapartida, na Índia o grande destaque é o setor residencial, responsável por 41% do consumo final energético indiano. Destaque esse explicado pelo grande peso (77%) da lenha e dos resíduos vegetais e animais (fontes de rendimento energético muito baixo) no consumo desse setor na índia.
Em termos de emissão de CO2, a China não só é o maior emissor dos BRICs, como também do mundo, com 7.269 Mton (milhões de toneladas) de CO2. A Índia vem em seguida com 1.625 Mton, depois a Rússia com 1.518 Mton e, fechando a fila, o Brasil com 387 Mton. Para se ter uma ideia do que representam esses valores, a emissão mundial é de 30.326 Mton e a emissão dos Estados Unidos é de 5.368 Mton.
Quando se leva em conta a emissão por habitante, esses valores apresentam mudanças significativas. O maior emissor per capita dos BRICs é a Rússia com 11,16 ton/hab, seguida pela China com 5,43 ton/hab, pelo Brasil 1,99 ton/hab e, ao fim, a Índia com modestos 1,39 ton/hab. Nesse caso, a média mundial é de 4,44 ton/hab e a emissão per capita americana é de 17,31 ton/hab.
Em resumo, os BRICs apresentam quadros energéticos completamente distintos. Se a China é o maior consumidor de energia, ficando com 19% da energia mundial, o Brasil fica apenas com 2% dessa energia. Em outras palavras, em termos energéticos, o Brasil é praticamente um décimo do que é a China. China que está em um patamar energético (2.417 Mtep) completamente distinto dos outros BRICs e próximo apenas do patamar do segundo maior ator energético mundial que são os Estados Unidos (2.216 Mtep).
Embora Índia (692 Mtep) e Rússia (701 Mtep) estejam em patamares energéticos próximos, seus valores per capita são completamente díspares (0,59 tep/hab para a primeira e 4,95 tep/hab para a segunda).
Se, por um lado, Índia e China apresentam dependências energéticas elevadas, principalmente para o petróleo (Índia 76% e China 59%), por outro, a Rússia apresenta-se no cenário como um grande exportador, principalmente de petróleo (-256%). Já a característica brasileira nesses termos é a autossuficiência.
Se China e Índia são movidos a carvão (66% China e 42% Índia), a Rússia é movida a gás (55%) e o Brasil a renováveis (44%). Cabendo ressaltar o peculiar peso dos resíduos vegetais e animais na matriz indiana (25%).
Se o setor industrial puxa o consumo da China (52%), do Brasil (41%) e da Rússia (34%), é o setor residencial que puxa o consumo indiano (41 %).
Se a China contribui com impressionantes 7.269 Mton para as emissões mundiais de CO2, o Brasil contribui com 387 Mton.
Por outro lado, se a contribuição per capita para essas emissões é de apenas 1,39 ton/hab no caso da Índia, no caso da Rússia esse valor alcança 11,16 ton/hab.
Desse modo, os chamados BRICs apresentam realidades energéticas bastante distintas; o que irá implicar em políticas energéticas também distintas. Assim, o equacionamento da questão da segurança energética irá se desenvolver de diferentes formas dependendo do país em questão.
No entanto, o que une esse conjunto de países em termos de energia não é tanto a similaridade de seus contextos energéticos, mas o fato reconhecido de que, de forma conjunta ou separadamente, eles terão um papel relevante na evolução do contexto energético mundial.
PS: A Africa do Sul é um país muitas vezes considerado como sendo um dos BRICs. O país africano encontra-se em um patamar energético menor em relação a estes países. Sua demanda é de 136 Mtep e seu consumo per capita é de 2,74 tep/hab. Em termos de dependência energética, a África do Sul é uma exportadora líquida de energia (-12%); essencialmente carvão (92% das exportações energéticas). No entanto, importa praticamente todo o petróleo e derivados que utiliza. O carvão sustenta sua matriz energética com 73% de participação. Em termos de participação setorial no consumo final energético, o destaque vai para o setor industrial com 38%. Contudo, vale a pena chamar a atenção para a participação do setor residencial (26%), puxada pela forte presença da lenha e dos resíduos vegetais e animais (59%) nesse setor. As emissões de CO2 africanas atingem 346 Mton, correspondendo a um valor per capita de 6,94 ton/hab.
(*) Fontes de dados:
IEA. Key World Energy Statistics 2012. Paris: OECD/IEA, 2012.
IEA. Energy Balances Of Non OECD Countries 2012. Paris: OECD/IEA, 2012.
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[1] Todos os dados apresentados nesta postagem são para o ano de 2010.
[2] Demanda aqui significa Demanda Interna Bruta; ou seja, a quantidade de energia que é colocada à disposição do país para ser transformada e/ou consumida diretamente. Isto significa que tanto as perdas de transformação quanto as perdas de transporte, distribuição, estocagem e armazenamento estão contidas nessa demanda.
[3] 4,39 tep/hab é o consumo per capita médio dos países da OCDE.
[4] Para ser utilizada nos equipamentos existentes hoje para o consumo de energia é necessário que a energia apresente determinadas características físico/químicas. A transformação é justamente a etapa da cadeia energética encarregada de fazer essa adequação. Um exemplo dessa transformação é feita na refinaria, na qual o petróleo é transformado em derivados de petróleo (gasolina, diesel, óleo combustível, etc.); outro são as centrais elétricas, nas quais uma série de insumos (gás natural, energia nuclear, energia hidráulica, diesel, bagaço, lenha, etc.) pode ser transformada em eletricidade.
[5] Outro país que apresenta baixas perdas de transformação, por exemplo, é o Canadá. As perdas nesse país alcançam 9% da demanda interna bruta. As razões são as mesmas; ou seja, a preponderância da geração hídrica na matriz elétrica (60%).
http://infopetro.wordpress.com/2013/01/ ... dos-brics/
Geopolítica Energética
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Re: Geopolítica Energética
Uma análise sobre matriz energética entre os países do BRICS
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Re: Geopolítica Energética
EUA serão os maiores produtores de petróleo do mundo, diz relatório
Elisabeth Rosenthal
15/11/201206h00

Até o ano 2017, aproximadamente, os Estados Unidos vão superar a Arábia Saudita na posição de maior produtor mundial de petróleo – e vão se tornar exportadores líquidos de petróleo até 2030, de acordo com um relatório divulgado na última segunda-feira (12) pela Agência Internacional de Energia (AIE).
Esse aumento da produção de petróleo norte-americana, combinado com as novas políticas dos EUA para melhorar sua eficiência energética, significa que os país vai se tornar “quase autossuficiente” para suprir suas necessidades energéticas dentro de cerca de duas décadas – uma “drástica reversão da tendência” observada na maior parte dos países mais desenvolvidos, diz o relatório.
“Os fundamentos dos sistemas globais de energia estão mudando”, disse em entrevista, antes do lançamento do documento, Fatih Birol, economista-chefe da AIE. A agência está sediada em Paris e produz o relatório anual World Energy Outlook (Perspectiva sobre a Energia Mundial).
A AIE, que assessora os países industrializados em questões energéticas, havia previsto anteriormente que a Arábia Saudita seria a maior produtora mundial de energia até 2035.
O relatório também prevê que a demanda mundial por energia saltará de 35% para 46% entre 2010 e 2035 caso as políticas que têm sido propostas sejam realmente postas em prática. A maior parte desse crescimento virá da China, da Índia e do Oriente Médio, onde a classe consumidora está crescendo rapidamente.
Segundo o relatório, as consequências desse cenário terão um “potencial de longo alcance” para os mercados comerciais e de energia de todo o mundo.
Birol observou, por exemplo, que o petróleo do Oriente Médio, que costumava ter como destino os EUA, provavelmente será redirecionado para a China. O carvão extraído nos EUA, que tem enfrentado uma queda na demanda em seu mercado de origem, já está sendo redirecionado para a Europa e a China.
Há vários componentes impulsionando essa mudança repentina no fornecimento de energia em todo o mundo, mas o principal motor desse novo cenário é o ressurgimento da produção de petróleo e gás dos EUA, especialmente após a liberação de novas reservas de xisto, de onde podem ser extraídos petróleo e gás. A adoção generalizada de técnicas como o fraturamento hidráulico e a perfuração horizontal tornaram essas reservas muito mais acessíveis e, no caso do gás natural, resultaram em um excesso de oferta que fizeram os preços despencar.
O relatório prevê que os Estados Unidos ultrapassarão a Rússia como o principal produtor mundial de gás natural em 2015.
As fortes declarações e previsões específicas feitas pela agência de energia dão um novo peso às tendências que têm se tornado cada vez mais evidentes nos últimos 12 meses.
“Essas conclusões surpreendentes confirmam uma série de projeções recentes”, disse Michael Levi, pesquisador sênior para energia e meio ambiente do Conselho de Relações Exteriores dos EUA.
Formada em 1974 por um grupo de países importadores de petróleo – incluindo os Estados Unidos – após a crise do petróleo, a Agência Internacional de Energia monitora e analisa as tendências globais relacionadas à energia para garantir um fornecimento seguro e sustentável.
Levi disse que o relatório da AIE é, no geral, uma “boa notícia” para os Estados Unidos, pois destaca as novas fontes de energia do país. Mas ele advertiu que ser autossuficiente não significa que o país conseguirá se distanciar das oscilação dos preços da energia, uma vez que os preços do petróleo são definidos pelos mercados mundiais.
“Poderemos ficar um pouco menos vulneráveis a choques de preços, poderemos ficar um pouco mais protegidos. Mas não teremos a independência energética que algumas pessoas afirmam”, disse ele.
Além disso, observou Levi, a previsão da AIE em relação à autossuficiência norte-americana pressupõe que o país avançará com as medidas destinadas a otimizar a eficiência no consumo de gasolina dos carros e a reduzir o consumo de energia de residências e eletrodomésticos.
“A oferta e a demanda, juntas, resultaram nessa conclusão surpreendente”, disse Levi.
Birol disse que a previsão da AIE relacionada ao avanço da autossuficiência energética dos EUA é composta por duas variáveis: 55% desse aumento estão relacionados à maior produção de petróleo e 45% refletem a melhoria da eficiência energética nos EUA, principalmente aquela vinculada às novas normas para a economia de combustível pelos automóveis adotadas pelo governo Obama. Birol acrescentou que políticas ainda mais rígidas para promover a eficiência energética se fazem necessárias nos EUA e em muitos outros países.
O relatório afirma que vários outros fatores também podem ter um grande impacto sobre os mercados mundiais de energia ao longo dos próximos anos. Entre esses fatores estão a recuperação da indústria petrolífera do Iraque, que levaria a um novo fluxo de oferta, e a decisão de alguns países, especialmente da Alemanha e do Japão, de suspender o uso de energia nuclear após o desastre de Fukushima.
As novas fontes de energia vão ajudar a economia dos EUA, disse Birol, pois fornecerão um fluxo de energia barata e constante em relação ao restante do mundo. A AIE estima que os preços da energia elétrica ficarão aproximadamente 50% mais baixos nos Estados Unidos do que na Europa, em grande parte devido ao aumento do número de estações geradoras movidas a gás natural barato, o que ajudará as indústrias e os consumidores dos EUA.
Mas, para o planeta, a mensagem que fica é mais séria, se considerarmos as mudanças climáticas. Embora o gás natural seja frequentemente elogiado por gerar em emissões de carbono relativamente baixas em relação ao petróleo ou ao carvão, o novo mercado global de energia pode dificultar ainda mais a prevenção do aquecimento global – que pode alcançar níveis perigosos.
A redução da dependência de carvão dos EUA só vai significar que o carvão passará a ser utilizado em outros lugares, diz o relatório. E o uso de carvão, que atualmente é o combustível mais sujo disponível no mercado, continua aumentando em outros países. A demanda por carvão da China atingirá seu pico por volta de 2020 e, em seguida, ficará estável até 2035, prevê o relatório. Em 2025, a Índia vai superar os Estados Unidos como a segunda maior usuária de carvão do mundo.
O relatório recomenda que não utilizemos mais de um terço das reservas comprovadas de combustíveis fósseis até 2050 para restringir o aquecimento global a 2 graus Celsius, como recomendam muitos cientistas.
Tal restrição é extremamente improvável – a menos que seja firmado um tratado internacional de adesão obrigatória até 2017, que obrigaria os países a limitar o crescimento de suas emissões, afirmou Birol. Ele acrescentou que o avanço de tecnologias para captar e armazenar dióxido de carbono também será crucial.
“O relatório confirma que, considerando-se as políticas atuais, vamos ultrapassar em muito todas as metas seguras para as emissões”, disse Levi. “Isso deve acabar com a ideia de que o boom do gás natural vai nos salvar dessa situação”.
Tradutor: Cláudia Gonçalves
Elisabeth Rosenthal
15/11/201206h00

Até o ano 2017, aproximadamente, os Estados Unidos vão superar a Arábia Saudita na posição de maior produtor mundial de petróleo – e vão se tornar exportadores líquidos de petróleo até 2030, de acordo com um relatório divulgado na última segunda-feira (12) pela Agência Internacional de Energia (AIE).
Esse aumento da produção de petróleo norte-americana, combinado com as novas políticas dos EUA para melhorar sua eficiência energética, significa que os país vai se tornar “quase autossuficiente” para suprir suas necessidades energéticas dentro de cerca de duas décadas – uma “drástica reversão da tendência” observada na maior parte dos países mais desenvolvidos, diz o relatório.
“Os fundamentos dos sistemas globais de energia estão mudando”, disse em entrevista, antes do lançamento do documento, Fatih Birol, economista-chefe da AIE. A agência está sediada em Paris e produz o relatório anual World Energy Outlook (Perspectiva sobre a Energia Mundial).
A AIE, que assessora os países industrializados em questões energéticas, havia previsto anteriormente que a Arábia Saudita seria a maior produtora mundial de energia até 2035.
O relatório também prevê que a demanda mundial por energia saltará de 35% para 46% entre 2010 e 2035 caso as políticas que têm sido propostas sejam realmente postas em prática. A maior parte desse crescimento virá da China, da Índia e do Oriente Médio, onde a classe consumidora está crescendo rapidamente.
Segundo o relatório, as consequências desse cenário terão um “potencial de longo alcance” para os mercados comerciais e de energia de todo o mundo.
Birol observou, por exemplo, que o petróleo do Oriente Médio, que costumava ter como destino os EUA, provavelmente será redirecionado para a China. O carvão extraído nos EUA, que tem enfrentado uma queda na demanda em seu mercado de origem, já está sendo redirecionado para a Europa e a China.
Há vários componentes impulsionando essa mudança repentina no fornecimento de energia em todo o mundo, mas o principal motor desse novo cenário é o ressurgimento da produção de petróleo e gás dos EUA, especialmente após a liberação de novas reservas de xisto, de onde podem ser extraídos petróleo e gás. A adoção generalizada de técnicas como o fraturamento hidráulico e a perfuração horizontal tornaram essas reservas muito mais acessíveis e, no caso do gás natural, resultaram em um excesso de oferta que fizeram os preços despencar.
O relatório prevê que os Estados Unidos ultrapassarão a Rússia como o principal produtor mundial de gás natural em 2015.
As fortes declarações e previsões específicas feitas pela agência de energia dão um novo peso às tendências que têm se tornado cada vez mais evidentes nos últimos 12 meses.
“Essas conclusões surpreendentes confirmam uma série de projeções recentes”, disse Michael Levi, pesquisador sênior para energia e meio ambiente do Conselho de Relações Exteriores dos EUA.
Formada em 1974 por um grupo de países importadores de petróleo – incluindo os Estados Unidos – após a crise do petróleo, a Agência Internacional de Energia monitora e analisa as tendências globais relacionadas à energia para garantir um fornecimento seguro e sustentável.
Levi disse que o relatório da AIE é, no geral, uma “boa notícia” para os Estados Unidos, pois destaca as novas fontes de energia do país. Mas ele advertiu que ser autossuficiente não significa que o país conseguirá se distanciar das oscilação dos preços da energia, uma vez que os preços do petróleo são definidos pelos mercados mundiais.
“Poderemos ficar um pouco menos vulneráveis a choques de preços, poderemos ficar um pouco mais protegidos. Mas não teremos a independência energética que algumas pessoas afirmam”, disse ele.
Além disso, observou Levi, a previsão da AIE em relação à autossuficiência norte-americana pressupõe que o país avançará com as medidas destinadas a otimizar a eficiência no consumo de gasolina dos carros e a reduzir o consumo de energia de residências e eletrodomésticos.
“A oferta e a demanda, juntas, resultaram nessa conclusão surpreendente”, disse Levi.
Birol disse que a previsão da AIE relacionada ao avanço da autossuficiência energética dos EUA é composta por duas variáveis: 55% desse aumento estão relacionados à maior produção de petróleo e 45% refletem a melhoria da eficiência energética nos EUA, principalmente aquela vinculada às novas normas para a economia de combustível pelos automóveis adotadas pelo governo Obama. Birol acrescentou que políticas ainda mais rígidas para promover a eficiência energética se fazem necessárias nos EUA e em muitos outros países.
O relatório afirma que vários outros fatores também podem ter um grande impacto sobre os mercados mundiais de energia ao longo dos próximos anos. Entre esses fatores estão a recuperação da indústria petrolífera do Iraque, que levaria a um novo fluxo de oferta, e a decisão de alguns países, especialmente da Alemanha e do Japão, de suspender o uso de energia nuclear após o desastre de Fukushima.
As novas fontes de energia vão ajudar a economia dos EUA, disse Birol, pois fornecerão um fluxo de energia barata e constante em relação ao restante do mundo. A AIE estima que os preços da energia elétrica ficarão aproximadamente 50% mais baixos nos Estados Unidos do que na Europa, em grande parte devido ao aumento do número de estações geradoras movidas a gás natural barato, o que ajudará as indústrias e os consumidores dos EUA.
Mas, para o planeta, a mensagem que fica é mais séria, se considerarmos as mudanças climáticas. Embora o gás natural seja frequentemente elogiado por gerar em emissões de carbono relativamente baixas em relação ao petróleo ou ao carvão, o novo mercado global de energia pode dificultar ainda mais a prevenção do aquecimento global – que pode alcançar níveis perigosos.
A redução da dependência de carvão dos EUA só vai significar que o carvão passará a ser utilizado em outros lugares, diz o relatório. E o uso de carvão, que atualmente é o combustível mais sujo disponível no mercado, continua aumentando em outros países. A demanda por carvão da China atingirá seu pico por volta de 2020 e, em seguida, ficará estável até 2035, prevê o relatório. Em 2025, a Índia vai superar os Estados Unidos como a segunda maior usuária de carvão do mundo.
O relatório recomenda que não utilizemos mais de um terço das reservas comprovadas de combustíveis fósseis até 2050 para restringir o aquecimento global a 2 graus Celsius, como recomendam muitos cientistas.
Tal restrição é extremamente improvável – a menos que seja firmado um tratado internacional de adesão obrigatória até 2017, que obrigaria os países a limitar o crescimento de suas emissões, afirmou Birol. Ele acrescentou que o avanço de tecnologias para captar e armazenar dióxido de carbono também será crucial.
“O relatório confirma que, considerando-se as políticas atuais, vamos ultrapassar em muito todas as metas seguras para as emissões”, disse Levi. “Isso deve acabar com a ideia de que o boom do gás natural vai nos salvar dessa situação”.
Tradutor: Cláudia Gonçalves
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Geopolítica Energética
Combustível EUA serão maiores produtores de petróleo do mundo em 2017
A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que os Estados Unidos da América vão ser “os maiores produtores de petróleo do mundo”, dentro de cinco anos, ultrapassando a Arábia Saudita e a Rússia.
22:00 - 12 de Novembro de 2012 | Por Notícias Ao Minuto
http://www.noticiasaominuto.com/economi ... PX9FSdEFNM
O economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, considera que os Estados Unidos serão “os maiores produtores de petróleo do mundo”, daqui a cinco anos, ultrapassando a Arábia Saudita e a Rússia, que são actualmente o primeiro e segundo maiores produtores mundiais de 'ouro negro'. Dizem os especialistas que o lugar cimeiro pode garantir o poderio económico mundial aos EUA.
No relatório divulgado esta segunda-feira, ‘World Energy Outlook’, em Londres, a AIE prevê que, graças ao aumento da produção de petróleo ligeiro e gás de xisto, os EUA vão aumentar a sua produção tornando-se no maior produtor do mundo dentro de cinco anos. A AIE antecipa que o país será auto-suficiente em 2030 e, depois disso, tornar-se-á exportador.
Em entrevista à Agência Efe, o economista Birol confirmou que se advinha “uma mudança radical" no mercado global de energia, nos próximos anos, liderada pelos Estados Unidos, Canadá e Iraque.
Com o aparecimento de novos métodos de extracção, os EUA vão passar a ser líderes de mercado, o que irá ter efeitos importantes na economia do país. As crescentes reservas de crude extraídas através de novas tecnologias, como a infra-estrutura hidráulica, contribuem para o aumento da produção. Juntamente com os biocombustíveis (como o etanol) e os derivados do gás natural (como o etano e o butano), a AIE antecipa que os EUA em breve estarão a produzir mais do que a Arábia Saudita, que está a extrair um pouco menos de 10 milhões de barris diários de petróleo.
De acordo com o jornal Expansión, através da auto-suficiência energética, que significa preços mais baixos para o sector industrial, os Estados Unidos vão aumentar a sua competitividade.
Para alcançar a auto-suficiência, os EUA devem aumentar a poupança de energia, o que, para Birol, pode ser alcançada através das medidas de eficiência introduzidas pela administração de Obama, que tencionam precisamente reduzir a procura de crude. E o economista da AIE antecipa que, se este cenário se realizar, os EUA vão mesmo deixar de importar petróleo do Médio Oriente.
A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que os Estados Unidos da América vão ser “os maiores produtores de petróleo do mundo”, dentro de cinco anos, ultrapassando a Arábia Saudita e a Rússia.
22:00 - 12 de Novembro de 2012 | Por Notícias Ao Minuto
http://www.noticiasaominuto.com/economi ... PX9FSdEFNM
O economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, considera que os Estados Unidos serão “os maiores produtores de petróleo do mundo”, daqui a cinco anos, ultrapassando a Arábia Saudita e a Rússia, que são actualmente o primeiro e segundo maiores produtores mundiais de 'ouro negro'. Dizem os especialistas que o lugar cimeiro pode garantir o poderio económico mundial aos EUA.
No relatório divulgado esta segunda-feira, ‘World Energy Outlook’, em Londres, a AIE prevê que, graças ao aumento da produção de petróleo ligeiro e gás de xisto, os EUA vão aumentar a sua produção tornando-se no maior produtor do mundo dentro de cinco anos. A AIE antecipa que o país será auto-suficiente em 2030 e, depois disso, tornar-se-á exportador.
Em entrevista à Agência Efe, o economista Birol confirmou que se advinha “uma mudança radical" no mercado global de energia, nos próximos anos, liderada pelos Estados Unidos, Canadá e Iraque.
Com o aparecimento de novos métodos de extracção, os EUA vão passar a ser líderes de mercado, o que irá ter efeitos importantes na economia do país. As crescentes reservas de crude extraídas através de novas tecnologias, como a infra-estrutura hidráulica, contribuem para o aumento da produção. Juntamente com os biocombustíveis (como o etanol) e os derivados do gás natural (como o etano e o butano), a AIE antecipa que os EUA em breve estarão a produzir mais do que a Arábia Saudita, que está a extrair um pouco menos de 10 milhões de barris diários de petróleo.
De acordo com o jornal Expansión, através da auto-suficiência energética, que significa preços mais baixos para o sector industrial, os Estados Unidos vão aumentar a sua competitividade.
Para alcançar a auto-suficiência, os EUA devem aumentar a poupança de energia, o que, para Birol, pode ser alcançada através das medidas de eficiência introduzidas pela administração de Obama, que tencionam precisamente reduzir a procura de crude. E o economista da AIE antecipa que, se este cenário se realizar, os EUA vão mesmo deixar de importar petróleo do Médio Oriente.
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Re: Geopolítica Energética
E com isso continua o plano de no medio/longo prazo sair do atoleiro do oriente medio. E ao mesmo tempo cortar os governos daqueles países de dinheiro que usam para exportar suas politicas!
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Re: Geopolítica Energética
Interessante o quão dinâmico e imprevisível é o futuro.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: Geopolítica Energética
Sem a necessidade de depender do petróleo de regiões instáveis dá maior liberdade a política externa norte-americana. Agora só falta os países do oriente médio fazerem amizade com China, Índia, Coreia entre outros e começarem a brigar entre si. Se bem que Arábia Saudita e Qatar estão mexendo os pauzinhos na Síria e África.
Sendo produção nacional pode criar incetivos ao consumo e produção sem criar dependência do exterior. No fim das contas vai acabar saindo mais barato e seguro.
E o Pré-Sal acho que vira para consumo interno e nada mais
Sendo produção nacional pode criar incetivos ao consumo e produção sem criar dependência do exterior. No fim das contas vai acabar saindo mais barato e seguro.
E o Pré-Sal acho que vira para consumo interno e nada mais

Produção de petróleo nos EUA tem a maior alta da história
Autor(es): Por Asjylyn Loder | Bloomberg
Valor Econômico - 20/12/2012
Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/c ... a-historia
Os EUA tiveram este ano a maior expansão de sua produção de petróleo desde que o primeiro poço comercial americano foi aberto no país, em 1859, revertendo a crença de que o país dependeria cada vez mais de petróleo estrangeiro.
A produção cresceu 766 mil barris por dia, um recorde, para o maior nível em 15 anos, mostram dados do governo. Isso deixa o país a caminho de superar a Arábia Saudita como maior produtor do mundo em 2020. As importações líquidas de petróleo caíram mais de 38% desde o pico em 2005, e agora respondem por 41% da demanda, abaixo dos 60% de sete anos trás, aproximando os EUA de sua independência energética.
Sete anos depois de o presidente George W. Bush declarar que "os EUA são viciados em petróleo, grande parte do qual é importado de regiões instáveis do mundo", o país tem tanto petróleo que lhe foi possível assumir a mesma à posição que os europeus, barrando as exportações do Irã sem pressionar o preço de referência americano para acima de US$ 100 o barril. E a capacidade de refino contribuiu para tornar os EUA o maior fornecedores mundial de combustível. Mesmo na Venezuela, onde ativos da Exxon Mobil foram expropriados, mais e mais carros são movidos a gasolina produzida nos EUA.
"Os EUA têm uma grande dianteira, no Século XXI, no sentido de manter seu status de superpotência", disse Ed Morse, diretor mundial de pesquisas de commodities no Citigroup, em Nova York. "Não havia absolutamente nenhuma maneira de prever o nível de crescimento da oferta de petróleo."
A mais recente corrida ao petróleo nos EUA foi estimulada por uma nova tecnologia que tornou a abertura de poços mais rápida, mais barata e melhor para extrair o petróleo de formações rochosas, ainda que tenha criado preocupações ambientais sobre o risco de contaminação da água potável e de intensificar as emissões de gases que provocam o efeito estufa.
Os produtores, interessados em lucrar com os preços que estão acima de US$ 75 há mais de dois anos, instalaram mais de 1.432 plataformas de perfuração, o maior número já registrado desde 1987.
Os EUA produzirão em média de 6,41 milhões de barris por dia este ano, uma alta de 14% em relação a 2011, segundo relatório de 11 de dezembro do Departamento de Energia. É o maior crescimento anual em barris desde o início das atividades no setor, quando o poço Drake, na Pensilvânia, deflagrou a primeira corrida ao petróleo americano, em 1859. A Arábia Saudita bombeou 9,7 milhões de barris por dia em novembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Agência Internacional de Energia, com sede em Paris, disse no mês passado que os EUA estão a caminho de tornar-se o maior produtor em cerca de oito anos.
"A revolução do óleo de xisto é uma coisa muito nova", disse Francisco Blanch, chefe de pesquisa de commodities no Bank of America Merrill Lynch. "Isso começou do zero no último ano e meio".
Os estoques do país cresceram 13%, um recorde, neste ano, e as refinarias nos EUA estão pagando menos pelo petróleo do que a maior parte do resto do mundo. O óleo americano, de baixas densidade e teor de enxofre, custa menos para ser processado que os de altas densidade e elevado teor de enxofre, bombeados pela Arábia Saudita e pela Venezuela. Mantida no país por restrições a exportações e limitações de transporte, a enxurrada desse óleo provocou uma queda no preço interno, para até US$ 28 por barril a menos que o tipo Brent, um mix europeu que é referencial para os preços de mais de metade do petróleo do mundo.
Esse desconto proporcionou às refinarias da costa do Golfo do México uma vantagem sobre os concorrentes e ajudou os EUA a se tornarem um exportador líquido de combustível no último ano, pela primeira vez desde 1949, ultrapassando a Rússia como maior exportador. A Venezuela quintuplicou suas importações dos EUA, neste ano, para um recorde de 196 mil barris por dia, em setembro.
A crescente produção dos EUA também ampliou a influência do país no mercado mundial, obrigando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) a fazer uma escolha desagradável: elevar a produção para baixar os preços e manter sua participação de mercado ou manter os preços altos para sustentar os gastos dos país, subsidiando, assim, a concorrência dos produtores americanos, capazes de fornecer óleo a refinarias locais a um preço inferior.
Os avanços sem precedentes surgiram tão rapidamente que a indústria petrolífera está correndo para se reposicionar. A vazão no oleoduto Seaway, de 800 km, cujo fluxo foi invertido no ano passado e agora leva óleo americano para o sul, rumo às refinarias da costa do Golfo, em vez de levar importações para o norte, será expandida dos atuais 150 mil para 400 mil barris/dia já no início de 2013.
Produtores de combustíveis no Nordeste dos EUA, à beira da insolvência um ano atrás, começaram a substituir óleo importado trazido por petroleiros da África, Europa e Oriente Médio por óleo local mais barato trazido por via férrea.
A exportação de petróleo é limitada por regras criadas pelo Congresso após o embargo do petróleo pelos árabes em 1973. Exportar pode ser necessário para evitar que um excesso de óleo deprima o preço e desencoraje a perfuração, disse Blanch, do Bank of America. O petróleo do tipo WTI, referência nos EUA, poderá cair para até US$ 50 o barril nos próximos dois anos, a menos que a lei seja flexibilizada.
O surto petrolífero, junto com a produção recorde de gás natural, permitiu aos EUA suprir 83% de suas necessidades energéticas nos primeiros oito meses de 2012, em tendência para ser a maior desde 1991. A última vez em que houve autossuficiência foi em 1952.
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Re: Geopolítica Energética
Isso irá afetar significativamente a geopolítica e economia global.Bourne escreveu:Sem a necessidade de depender do petróleo de regiões instáveis dá maior liberdade a política externa norte-americana. Agora só falta os países do oriente médio fazerem amizade com China, Índia, Coreia entre outros e começarem a brigar entre si. Se bem que Arábia Saudita e Qatar estão mexendo os pauzinhos na Síria e África.
Sendo produção nacional pode criar incetivos ao consumo e produção sem criar dependência do exterior. No fim das contas vai acabar saindo mais barato e seguro.
E o Pré-Sal acho que vira para consumo interno e nada mais![]()
Produção de petróleo nos EUA tem a maior alta da história
Autor(es): Por Asjylyn Loder | Bloomberg
Valor Econômico - 20/12/2012
Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/c ... a-historia
Os EUA tiveram este ano a maior expansão de sua produção de petróleo desde que o primeiro poço comercial americano foi aberto no país, em 1859, revertendo a crença de que o país dependeria cada vez mais de petróleo estrangeiro.
A produção cresceu 766 mil barris por dia, um recorde, para o maior nível em 15 anos, mostram dados do governo. Isso deixa o país a caminho de superar a Arábia Saudita como maior produtor do mundo em 2020. As importações líquidas de petróleo caíram mais de 38% desde o pico em 2005, e agora respondem por 41% da demanda, abaixo dos 60% de sete anos trás, aproximando os EUA de sua independência energética.
Sete anos depois de o presidente George W. Bush declarar que "os EUA são viciados em petróleo, grande parte do qual é importado de regiões instáveis do mundo", o país tem tanto petróleo que lhe foi possível assumir a mesma à posição que os europeus, barrando as exportações do Irã sem pressionar o preço de referência americano para acima de US$ 100 o barril. E a capacidade de refino contribuiu para tornar os EUA o maior fornecedores mundial de combustível. Mesmo na Venezuela, onde ativos da Exxon Mobil foram expropriados, mais e mais carros são movidos a gasolina produzida nos EUA.
"Os EUA têm uma grande dianteira, no Século XXI, no sentido de manter seu status de superpotência", disse Ed Morse, diretor mundial de pesquisas de commodities no Citigroup, em Nova York. "Não havia absolutamente nenhuma maneira de prever o nível de crescimento da oferta de petróleo."
A mais recente corrida ao petróleo nos EUA foi estimulada por uma nova tecnologia que tornou a abertura de poços mais rápida, mais barata e melhor para extrair o petróleo de formações rochosas, ainda que tenha criado preocupações ambientais sobre o risco de contaminação da água potável e de intensificar as emissões de gases que provocam o efeito estufa.
Os produtores, interessados em lucrar com os preços que estão acima de US$ 75 há mais de dois anos, instalaram mais de 1.432 plataformas de perfuração, o maior número já registrado desde 1987.
Os EUA produzirão em média de 6,41 milhões de barris por dia este ano, uma alta de 14% em relação a 2011, segundo relatório de 11 de dezembro do Departamento de Energia. É o maior crescimento anual em barris desde o início das atividades no setor, quando o poço Drake, na Pensilvânia, deflagrou a primeira corrida ao petróleo americano, em 1859. A Arábia Saudita bombeou 9,7 milhões de barris por dia em novembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Agência Internacional de Energia, com sede em Paris, disse no mês passado que os EUA estão a caminho de tornar-se o maior produtor em cerca de oito anos.
"A revolução do óleo de xisto é uma coisa muito nova", disse Francisco Blanch, chefe de pesquisa de commodities no Bank of America Merrill Lynch. "Isso começou do zero no último ano e meio".
Os estoques do país cresceram 13%, um recorde, neste ano, e as refinarias nos EUA estão pagando menos pelo petróleo do que a maior parte do resto do mundo. O óleo americano, de baixas densidade e teor de enxofre, custa menos para ser processado que os de altas densidade e elevado teor de enxofre, bombeados pela Arábia Saudita e pela Venezuela. Mantida no país por restrições a exportações e limitações de transporte, a enxurrada desse óleo provocou uma queda no preço interno, para até US$ 28 por barril a menos que o tipo Brent, um mix europeu que é referencial para os preços de mais de metade do petróleo do mundo.
Esse desconto proporcionou às refinarias da costa do Golfo do México uma vantagem sobre os concorrentes e ajudou os EUA a se tornarem um exportador líquido de combustível no último ano, pela primeira vez desde 1949, ultrapassando a Rússia como maior exportador. A Venezuela quintuplicou suas importações dos EUA, neste ano, para um recorde de 196 mil barris por dia, em setembro.
A crescente produção dos EUA também ampliou a influência do país no mercado mundial, obrigando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) a fazer uma escolha desagradável: elevar a produção para baixar os preços e manter sua participação de mercado ou manter os preços altos para sustentar os gastos dos país, subsidiando, assim, a concorrência dos produtores americanos, capazes de fornecer óleo a refinarias locais a um preço inferior.
Os avanços sem precedentes surgiram tão rapidamente que a indústria petrolífera está correndo para se reposicionar. A vazão no oleoduto Seaway, de 800 km, cujo fluxo foi invertido no ano passado e agora leva óleo americano para o sul, rumo às refinarias da costa do Golfo, em vez de levar importações para o norte, será expandida dos atuais 150 mil para 400 mil barris/dia já no início de 2013.
Produtores de combustíveis no Nordeste dos EUA, à beira da insolvência um ano atrás, começaram a substituir óleo importado trazido por petroleiros da África, Europa e Oriente Médio por óleo local mais barato trazido por via férrea.
A exportação de petróleo é limitada por regras criadas pelo Congresso após o embargo do petróleo pelos árabes em 1973. Exportar pode ser necessário para evitar que um excesso de óleo deprima o preço e desencoraje a perfuração, disse Blanch, do Bank of America. O petróleo do tipo WTI, referência nos EUA, poderá cair para até US$ 50 o barril nos próximos dois anos, a menos que a lei seja flexibilizada.
O surto petrolífero, junto com a produção recorde de gás natural, permitiu aos EUA suprir 83% de suas necessidades energéticas nos primeiros oito meses de 2012, em tendência para ser a maior desde 1991. A última vez em que houve autossuficiência foi em 1952.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Geopolítica Energética
Eu já acho que para eles o futuro é beeem previsível.Penguin escreveu:Interessante o quão dinâmico e imprevisível é o futuro.
![Cool 8-]](./images/smilies/icon_cool.gif)
Liderança na geopolítica mundial é 1º linha, e para isso fazem planos de muito longo prazo, armando por baixo dos panos e depois fazem "cara de paisagem" dizendo que não podem prever o que acontecerá no futuro...
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Re: Geopolítica Energética
Venezuela oferece óleo cru para pagar sociedade em refinaria Abreu e Lima
19/02/2013 - 04h00
A estatal venezuelana PDVSA propôs à Petrobras entregar petróleo cru, em vez de dinheiro, como pagamento por sua participação na refinaria Abreu e Lima (PE).
A Petrobras aguarda há sete anos uma definição da PDVSA sobre sua entrada na sociedade. Para não prejudicar as obras -que sofreram atraso de quatro anos e só devem terminar no final de 2014-, a estatal brasileira tocou sozinha o projeto até agora.
Inicialmente orçada em US$ 2,3 bilhões, a refinaria vai custar, ao menos, US$ 17,1 bilhões. Mais da metade desse valor já foi injetado pela Petrobras na refinaria.
A ideia da PDVSA, que deveria ficar com 40% da unidade, é fornecer ao Brasil 70 mil barris/dia em troca do valor que teria de aportar no empreendimento.
A proposta sofre rejeição dentro da Petrobras, que prefere receber em dinheiro. A decisão final, porém, também passará pelo Planalto, que acompanha as negociações.
Fechada pelos governos de Hugo Chávez e do ex-presidente Lula, a sociedade com a PDVSA nunca agradou a Petrobras. Dentre os motivos do estouro do orçamento da refinaria estão a entrada da venezuelana no projeto e a posterior indefinição sobre a sua participação.
A Petrobras teve de planejar "duas refinarias" em paralelo em um mesmo empreendimento, pois era incompatível processar, em uma mesma planta industrial, o óleo venezuelano ultrapesado e o brasileiro, mais leve.
Com a demora da PDVSA em acertar a sociedade, a Petrobras decidiu alterar o projeto e prever apenas o refino do óleo brasileiro.
As sucessivas mudanças de projeto se somaram a cancelamentos de licitações, greves de trabalhadores, dificuldade em recrutar mão de obra e inadequação do terreno escolhido. Tudo isso provocou o aumento do custo final da refinaria. A estatal alega ainda que a variação cambial encareceu o empreendimento.
Um dos motivos da indefinição da participação da estatal da Venezuela é que a empresa não apresentou garantias suficientes ao BNDES, que financia o projeto.
Apesar de um acordo final com a PDVSA não estar selado ainda, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, vê avanços na negociação. Durante a divulgação do balanço no começo do mês, a executiva disse que as discussões "evoluíram muito" recentemente.
"Temos todo o interesse em ter a PDVSA como sócia para que ela compartilhe o custo [do investimento] e o bônus do resultado."
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/12 ... lima.shtml
19/02/2013 - 04h00
A estatal venezuelana PDVSA propôs à Petrobras entregar petróleo cru, em vez de dinheiro, como pagamento por sua participação na refinaria Abreu e Lima (PE).
A Petrobras aguarda há sete anos uma definição da PDVSA sobre sua entrada na sociedade. Para não prejudicar as obras -que sofreram atraso de quatro anos e só devem terminar no final de 2014-, a estatal brasileira tocou sozinha o projeto até agora.
Inicialmente orçada em US$ 2,3 bilhões, a refinaria vai custar, ao menos, US$ 17,1 bilhões. Mais da metade desse valor já foi injetado pela Petrobras na refinaria.
A ideia da PDVSA, que deveria ficar com 40% da unidade, é fornecer ao Brasil 70 mil barris/dia em troca do valor que teria de aportar no empreendimento.
A proposta sofre rejeição dentro da Petrobras, que prefere receber em dinheiro. A decisão final, porém, também passará pelo Planalto, que acompanha as negociações.
Fechada pelos governos de Hugo Chávez e do ex-presidente Lula, a sociedade com a PDVSA nunca agradou a Petrobras. Dentre os motivos do estouro do orçamento da refinaria estão a entrada da venezuelana no projeto e a posterior indefinição sobre a sua participação.
A Petrobras teve de planejar "duas refinarias" em paralelo em um mesmo empreendimento, pois era incompatível processar, em uma mesma planta industrial, o óleo venezuelano ultrapesado e o brasileiro, mais leve.
Com a demora da PDVSA em acertar a sociedade, a Petrobras decidiu alterar o projeto e prever apenas o refino do óleo brasileiro.
As sucessivas mudanças de projeto se somaram a cancelamentos de licitações, greves de trabalhadores, dificuldade em recrutar mão de obra e inadequação do terreno escolhido. Tudo isso provocou o aumento do custo final da refinaria. A estatal alega ainda que a variação cambial encareceu o empreendimento.
Um dos motivos da indefinição da participação da estatal da Venezuela é que a empresa não apresentou garantias suficientes ao BNDES, que financia o projeto.
Apesar de um acordo final com a PDVSA não estar selado ainda, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, vê avanços na negociação. Durante a divulgação do balanço no começo do mês, a executiva disse que as discussões "evoluíram muito" recentemente.
"Temos todo o interesse em ter a PDVSA como sócia para que ela compartilhe o custo [do investimento] e o bônus do resultado."
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/12 ... lima.shtml
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Re: Geopolítica Energética
Venezuela oferece óleo cru para pagar sociedade em refinaria Abreu e Lima
A Petrobras aguarda há sete anos uma definição da PDVSA sobre sua entrada na sociedade. Para não prejudicar as obras -que sofreram atraso de quatro anos e só devem terminar no final de 2014-, a estatal brasileira tocou sozinha o projeto até agora.
"Temos todo o interesse em ter a PDVSA como sócia para que ela compartilhe o custo [do investimento] e o bônus do resultado."
Está aí uma prova da ideologia acima dos interesses do país. E dá pra ficar pior, continuando essa conversa de corno com a Venezuela.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
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Re: Geopolítica Energética
Produção em queda
A produção de petróleo da Petrobras em janeiro caiu 6,9% em comparação a janeiro de 2012, de acordo com fontes oficiais.
Em relação ao mês anterior, dezembro, o desempenho também foi frágil: queda de 3,3%. É um percentual de queda maior do que o esperado pelo mercado.
Em 24 de abril de 2006, fanfarrão, Lula dizia em alto em bom som que a autossuficiência do Brasil havia, enfim, chegado. Fala Lula:
- A autossuficiência significa que somos donos do nosso nariz. A Petrobras conseguiu o seu intento que o povo brasileiro buscou durante cinqüenta anos: ser autossuficiente.
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on- ... ua-a-cair/
A produção de petróleo da Petrobras em janeiro caiu 6,9% em comparação a janeiro de 2012, de acordo com fontes oficiais.
Em relação ao mês anterior, dezembro, o desempenho também foi frágil: queda de 3,3%. É um percentual de queda maior do que o esperado pelo mercado.
Em 24 de abril de 2006, fanfarrão, Lula dizia em alto em bom som que a autossuficiência do Brasil havia, enfim, chegado. Fala Lula:
- A autossuficiência significa que somos donos do nosso nariz. A Petrobras conseguiu o seu intento que o povo brasileiro buscou durante cinqüenta anos: ser autossuficiente.
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on- ... ua-a-cair/
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Re: Geopolítica Energética

Valor das ações da petro e vale. Impressionante como tem havido um tiroteio desenfreado em cima da petro nos ultimos 6 meses. Acho que ja ta numa boa hora pra comprar ação da petro se arrumando pra 2014-2016

Vejamos fevereiro. Já que o pré-sal esta bombando como planejado. Logo a queda de produção provavelmente vem de outros poços.
Petrobras bate recorde de produção diária no pré-sal
A Petrobras informou que, no dia 20, atingiu a produção recorde de 300 mil barris de petróleo no pré-sal das bacias de Santos e Campos. Desse volume, 83%, ou 249 mil barris, correspondem à parcela da Petrobras e o restante a das empresas parceiras.
Segundo a companhia, os seis campos localizados na Bacia de Santos produziram 129 mil barris diários, enquanto os 11 campos da bacia de Campos responderam por 57% do total, ou 171 mil barris por dia. A produção de gás natural nas duas bacias foi de 9,8 milhões de metros cúbicos diários.
Na média do mês de fevereiro, a produção de petróleo do pré-sal foi de 281 mil barris diários, uma alta de 138% em relação a um ano antes.
A Petrobras informa que a produção do pré-sal ocorre em oito plataformas, quatro delas exclusivas para a exploração nesse segmento. De acordo com a empresa, em maio, mais uma plataforma será colocada em operação na Bacia de Santos, a FPSO Cidade de Paraty, com capacidade para processar 120 mil barris diários e 5 milhões de metros cúbicos de gás.
Entre 2014 e 2016, outras onze novas plataformas entrarão em operação para a produção no pré-sal: dez na Bacia de Santos e uma na Bacia de Campos. "Isso permitirá que a produção de petróleo operada pela Petrobras na camada pré-sal, já em 2017, superará 1 milhão de barris de petróleo por dia", afirma a companhia.
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Re: Geopolítica Energética
A nova geopolítica do petróleo
Autor(es): Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo - 23/04/2013
Relatórios recentes da Agência Internacional de Energia sobre a situação do petróleo no mundo, da Exxon sobre as perspectivas para o setor, além de estudo da Harvard Kennedy School sobre as perspectivas de crescimento da capacidade de produção e o que isso significa para o mundo, ensejam algumas reflexões acerca das profundas modificações que devem ocorrer na geopolítica internacional nos próximos anos.
Dois fatos novos deverão trazer significativas implicações políticas, econômicas e estratégicas no cenário internacional: as fontes de produção do petróleo sofrerão profundas mudanças e a demanda global, em especial da China, da índia e do Oriente Médio, deverá crescer de 35% a 46% entre 2010 e 2035.
Em 2015 os EUA deverão superar a Rússia e se transformar no maior produtor mundial de gás natural. Até 2017 os mesmos EUA devem superar a Arábia Saudita e se tomar assim um dos maiores produtores de petróleo do mundo. De importadores passarão, até 2025, a ser exportadores de líquido de combustível, graças a um significativo aumento na produção de gás (20% de 2008 a 2012) e de petróleo (37% nesse período). Isso como resultado de uma nova tecnologia na exploração de depósitos profundos em formações de xisto (fraturamento hidráulico e perfuração horizontal) e da rápida melhoria na eficiência do consumo de combustível.
O novo cenário deverá propiciar um movimento de reindustrialização nos EUA, que atrairá de volta empresas instaladas na China e no México. Esse fato reforçará a tendência de crescimento do país e da redução das emissões de gás carbônico. Com isso poderá ocorrer o enfraquecimento das resistências domésticas às decisões internacionais na área de meio ambiente. Na medida em que são construídas usinas a gás natural, mais eficientes, haverá declínio nos EUA do uso no carvão mineral, substituído por usinas térmicas, o que pode significar aumento de sua exportação para os mercados europeu e chinês.
O crescimento na produção global é resultado do grande volume de investimentos feitos nos EUA desde 2003, com seu ponto mais elevado em 2010, em reservas não convencionais no país (xisto betuminoso), no Canadá, na Venezuela (óleo superpesado) e no Brasil (pré-sal). Por outro lado, Noruega, Reino Unido, México e Irã enfrentarão até 2020 queda na capacidade produtiva. O maior potencial de produção deve concentrar-se no Iraque, nos EUA, no Canadá e no Brasil. A continuação do crescimento da produção, contudo, dependerá, segundo os relatórios, de o custo desta se manter acima de US$ 70, a preços correntes.
Esse cenário otimista do crescimento da indústria petrolífera poderá ser afetado ou por uma recessão econômica global, que engendraria a redução do consumo na China, ou por uma crise no Oriente Médio, incluindo o Irã. Com a queda da demanda, o excesso de produção poderá trazer o preço para abaixo dos US$ 50, ameaçando a produção global. Mesmo nesse cenário pouco provável, o desenvolvimento de projetos de maior custo marginal, como o pré-sal brasileiro, segundo os relatórios, não ficaria afetado.
A partir desses fatos e projeções, surgem algumas consequências geopolíticas da revolução petrolífera. O Oriente Médio poderá deixar de ser o, foco das preocupações para os principais mercados consumidores, especialmente para os EUA e a Europa. E a Ásia se tornará o principal mercado para a maior parte do petróleo do Oriente Médio, com a transformação da China em novo protagonista no cenário político dessa região.
Ao mesmo tempo, o Hemisfério Ocidental poderá recuperar a situação que tinha antes da 2.a Guerra Mundial, voltando a ser autossuficiente em petróleo. Os EUA reduziram, desde 2006, em 40% a importação do produto. Não parece provável, porém, que os EUA se isolem do resto do mundo petrolífero e não tenham influência sobre a formação dos preços do produto, nem que, no contexto da política externa, as questões do Oriente Médio percam sua importância. A Rússia, nesse contexto, deverá reduzir suas exportações de petróleo e, sobretudo, diante da concorrência dos EUA, de gás natural para a Europa. A importância política relativa russa, na Europa tenderá a diminuir, o que pode explicar o interesse de Moscou em se associar à OCDE.
Quanto às implicações desse novo cenário sobre a América Latina, o país mais afetado deverá ser a Venezuela. Em consequência da situação interna e das atitudes de Hugo Chávez, os EUA iniciaram nos últimos anos um processo de redução das aquisições de petróleo, hoje situadas ao redor de 10% da demanda norte-americana. As refinarias da costa do Golfo estão substituindo o petróleo venezuelano pelo xisto betuminoso, de produção local. O México, com produção cadente a partir de 2020, poderá tornar-se importador de petróleo, revertendo uma posição de tranquilidade nas suas contas externas. Essa situação poderá agravar-se caso ocorra a volta de maquilas norte-americanas, estimuladas pela reindustrialização favorecida pelos baixos preços do gás natural.
Argentina, por suas reservas importantes de xisto betuminoso, e Brasil, pelas reservas do pré-sal, estarão em posição privilegiada caso consigam superar as dificuldades internas que impedem a exploração das referidas reservas em sua plenitude. Nos dois países, a instabilidade jurídica, derivada da modificação das normas regulatórias, as limitações de financiamento das empresas e as dificuldades por que passam as estatais petrolíferas mostram um retrocesso em suas capacidades produtivas, justamente quando ocorre essa grande transformação na indústria de petróleo no mundo. No caso do Brasil, o petróleo do pré-sal não mais será absorvido pelo mercado americano, como inicialmente esperado. Outros destinos deverão ser buscados, em especial China e índia.
Enquanto a indústria mundial se transforma, Brasil e Argentina têm retrocesso na produção.
Autor(es): Rubens Barbosa
O Estado de S. Paulo - 23/04/2013
Relatórios recentes da Agência Internacional de Energia sobre a situação do petróleo no mundo, da Exxon sobre as perspectivas para o setor, além de estudo da Harvard Kennedy School sobre as perspectivas de crescimento da capacidade de produção e o que isso significa para o mundo, ensejam algumas reflexões acerca das profundas modificações que devem ocorrer na geopolítica internacional nos próximos anos.
Dois fatos novos deverão trazer significativas implicações políticas, econômicas e estratégicas no cenário internacional: as fontes de produção do petróleo sofrerão profundas mudanças e a demanda global, em especial da China, da índia e do Oriente Médio, deverá crescer de 35% a 46% entre 2010 e 2035.
Em 2015 os EUA deverão superar a Rússia e se transformar no maior produtor mundial de gás natural. Até 2017 os mesmos EUA devem superar a Arábia Saudita e se tomar assim um dos maiores produtores de petróleo do mundo. De importadores passarão, até 2025, a ser exportadores de líquido de combustível, graças a um significativo aumento na produção de gás (20% de 2008 a 2012) e de petróleo (37% nesse período). Isso como resultado de uma nova tecnologia na exploração de depósitos profundos em formações de xisto (fraturamento hidráulico e perfuração horizontal) e da rápida melhoria na eficiência do consumo de combustível.
O novo cenário deverá propiciar um movimento de reindustrialização nos EUA, que atrairá de volta empresas instaladas na China e no México. Esse fato reforçará a tendência de crescimento do país e da redução das emissões de gás carbônico. Com isso poderá ocorrer o enfraquecimento das resistências domésticas às decisões internacionais na área de meio ambiente. Na medida em que são construídas usinas a gás natural, mais eficientes, haverá declínio nos EUA do uso no carvão mineral, substituído por usinas térmicas, o que pode significar aumento de sua exportação para os mercados europeu e chinês.
O crescimento na produção global é resultado do grande volume de investimentos feitos nos EUA desde 2003, com seu ponto mais elevado em 2010, em reservas não convencionais no país (xisto betuminoso), no Canadá, na Venezuela (óleo superpesado) e no Brasil (pré-sal). Por outro lado, Noruega, Reino Unido, México e Irã enfrentarão até 2020 queda na capacidade produtiva. O maior potencial de produção deve concentrar-se no Iraque, nos EUA, no Canadá e no Brasil. A continuação do crescimento da produção, contudo, dependerá, segundo os relatórios, de o custo desta se manter acima de US$ 70, a preços correntes.
Esse cenário otimista do crescimento da indústria petrolífera poderá ser afetado ou por uma recessão econômica global, que engendraria a redução do consumo na China, ou por uma crise no Oriente Médio, incluindo o Irã. Com a queda da demanda, o excesso de produção poderá trazer o preço para abaixo dos US$ 50, ameaçando a produção global. Mesmo nesse cenário pouco provável, o desenvolvimento de projetos de maior custo marginal, como o pré-sal brasileiro, segundo os relatórios, não ficaria afetado.
A partir desses fatos e projeções, surgem algumas consequências geopolíticas da revolução petrolífera. O Oriente Médio poderá deixar de ser o, foco das preocupações para os principais mercados consumidores, especialmente para os EUA e a Europa. E a Ásia se tornará o principal mercado para a maior parte do petróleo do Oriente Médio, com a transformação da China em novo protagonista no cenário político dessa região.
Ao mesmo tempo, o Hemisfério Ocidental poderá recuperar a situação que tinha antes da 2.a Guerra Mundial, voltando a ser autossuficiente em petróleo. Os EUA reduziram, desde 2006, em 40% a importação do produto. Não parece provável, porém, que os EUA se isolem do resto do mundo petrolífero e não tenham influência sobre a formação dos preços do produto, nem que, no contexto da política externa, as questões do Oriente Médio percam sua importância. A Rússia, nesse contexto, deverá reduzir suas exportações de petróleo e, sobretudo, diante da concorrência dos EUA, de gás natural para a Europa. A importância política relativa russa, na Europa tenderá a diminuir, o que pode explicar o interesse de Moscou em se associar à OCDE.
Quanto às implicações desse novo cenário sobre a América Latina, o país mais afetado deverá ser a Venezuela. Em consequência da situação interna e das atitudes de Hugo Chávez, os EUA iniciaram nos últimos anos um processo de redução das aquisições de petróleo, hoje situadas ao redor de 10% da demanda norte-americana. As refinarias da costa do Golfo estão substituindo o petróleo venezuelano pelo xisto betuminoso, de produção local. O México, com produção cadente a partir de 2020, poderá tornar-se importador de petróleo, revertendo uma posição de tranquilidade nas suas contas externas. Essa situação poderá agravar-se caso ocorra a volta de maquilas norte-americanas, estimuladas pela reindustrialização favorecida pelos baixos preços do gás natural.
Argentina, por suas reservas importantes de xisto betuminoso, e Brasil, pelas reservas do pré-sal, estarão em posição privilegiada caso consigam superar as dificuldades internas que impedem a exploração das referidas reservas em sua plenitude. Nos dois países, a instabilidade jurídica, derivada da modificação das normas regulatórias, as limitações de financiamento das empresas e as dificuldades por que passam as estatais petrolíferas mostram um retrocesso em suas capacidades produtivas, justamente quando ocorre essa grande transformação na indústria de petróleo no mundo. No caso do Brasil, o petróleo do pré-sal não mais será absorvido pelo mercado americano, como inicialmente esperado. Outros destinos deverão ser buscados, em especial China e índia.
Enquanto a indústria mundial se transforma, Brasil e Argentina têm retrocesso na produção.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: Geopolítica Energética
Justiça nega reintegração de posse em Belo Monte
A Justiça Federal negou pedido de reintegração de posse da empresa Norte Energia, responsável pela operação da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Rio Xingu, Pará. A solicitação era para que os manifestantes que ocupam um dos três canteiros de obras do empreendimento fossem obrigados a deixar a área. Eles estão no local desde quinta-feira (2/5).
Em nota, a assessoria da empresa informou que os detalhes necessários já foram repassados à Justiça Federal em Altamira (PA). O pedido foi protocolado nesta terça (6/5), três dias depois de o juiz federal Sérgio Wolney de Oliveira Guedes ter negado a liminar na primeira ação de reintegração de posse ajuizada pela Norte Energia.
Desde o dia 2, quando um grupo de índios, ribeirinhos e ambientalistas ocupou o canteiro Belo Monte, a cerca de 75 quilômetros de Altamira, os trabalhos estão suspensos por razões de segurança. O prejuízo com a interrupção da jornada de milhares de trabalhadores — segundo a Norte Energia, só o número de funcionários permanentemente alojados no local chega a 4 mil — ainda não foi calculado. Nenhum ato de violência contra funcionários ou de depredação do patrimônio foi registrado.
Ao negar o primeiro pedido de reintegração de posse feito pela Norte Energia, o juiz deixou claro querer evitar confrontos entre policiais e manifestantes. Segundo ele, considerada a “existência de ânimos acirrados”, o uso da força policial, “representa risco de morte para os supostos índios e para os profissionais que participariam do cumprimento da decisão”, “o que não se mostra razoável”, já que, na avaliação do juiz, “não se verificou tentativa de saída pacífica mediante conciliação das partes”.
Na avaliação da empresa, a recusa dos manifestantes em se reunir com representantes do governo federal em Altamira muda a situação. Além disso, desde o início, o grupo informou não ter “uma lista de pedidos ou reivindicações específicas” para levar à Norte Energia ou ao Consórcio Construtor Belo Monte, responsável pela construção do empreendimento.
Em uma carta divulgada por meio do site do Conselho Indigenista Missionário, organização indigenista vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, os manifestantes afirmam ter ocupado o canteiro de obras para exigir a realização da consulta prévia sobre a construção de empreendimentos que afetem populações tradicionais, como os índios, ribeirinhos e quilombolas. “Para isso, o governo federal precisa parar tudo o que está fazendo”. Com informações da Agência Brasil.
A Justiça Federal negou pedido de reintegração de posse da empresa Norte Energia, responsável pela operação da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Rio Xingu, Pará. A solicitação era para que os manifestantes que ocupam um dos três canteiros de obras do empreendimento fossem obrigados a deixar a área. Eles estão no local desde quinta-feira (2/5).
Em nota, a assessoria da empresa informou que os detalhes necessários já foram repassados à Justiça Federal em Altamira (PA). O pedido foi protocolado nesta terça (6/5), três dias depois de o juiz federal Sérgio Wolney de Oliveira Guedes ter negado a liminar na primeira ação de reintegração de posse ajuizada pela Norte Energia.
Desde o dia 2, quando um grupo de índios, ribeirinhos e ambientalistas ocupou o canteiro Belo Monte, a cerca de 75 quilômetros de Altamira, os trabalhos estão suspensos por razões de segurança. O prejuízo com a interrupção da jornada de milhares de trabalhadores — segundo a Norte Energia, só o número de funcionários permanentemente alojados no local chega a 4 mil — ainda não foi calculado. Nenhum ato de violência contra funcionários ou de depredação do patrimônio foi registrado.
Ao negar o primeiro pedido de reintegração de posse feito pela Norte Energia, o juiz deixou claro querer evitar confrontos entre policiais e manifestantes. Segundo ele, considerada a “existência de ânimos acirrados”, o uso da força policial, “representa risco de morte para os supostos índios e para os profissionais que participariam do cumprimento da decisão”, “o que não se mostra razoável”, já que, na avaliação do juiz, “não se verificou tentativa de saída pacífica mediante conciliação das partes”.
Na avaliação da empresa, a recusa dos manifestantes em se reunir com representantes do governo federal em Altamira muda a situação. Além disso, desde o início, o grupo informou não ter “uma lista de pedidos ou reivindicações específicas” para levar à Norte Energia ou ao Consórcio Construtor Belo Monte, responsável pela construção do empreendimento.
Em uma carta divulgada por meio do site do Conselho Indigenista Missionário, organização indigenista vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, os manifestantes afirmam ter ocupado o canteiro de obras para exigir a realização da consulta prévia sobre a construção de empreendimentos que afetem populações tradicionais, como os índios, ribeirinhos e quilombolas. “Para isso, o governo federal precisa parar tudo o que está fazendo”. Com informações da Agência Brasil.
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