MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3466 Mensagem por Bourne » Sex Dez 21, 2012 5:14 am

O problema de se dividir ortodoxia e heterodoxia na estrutura financeira.

Quem reclama da ortodoxia tende a jogar esse pessoal no mesmo saco. Assim a posição dominante passa a ser "precisamos liberalizar e desregulamentar o mercado financeiro para um ambiente mais estável e prospero. Proporcionando maior bem estar aos consumidores e oportunidades as empresas". O que é uma meia verdade. Desde os anos 1960/1970 existem autores e trabalhos defendendo isso. Entretanto, começaram a surgir uma forte literatura pontuando imperfeições de mercados e outros problemas que dificultavam a operação. Entre eles a formação de bolhas especulativas, ascensão da instabilidade e possibilidade de crises.

Esta discussão ocorre dentro do que se chama ortodoxia. Um sintoma das várias posições dentro desse bloco de ideias é identificável nas mudança de como se encara crise cambiais e financeira dos países emergentes nos anos 1990. No começo da década os autores eram temerosos com os efeitos da liberalização em países frágeis. No fim chegaram a defender controle de capitais, regulação pesada no sistema financeiro e criação de uma estrutura institucional capaz de suportar um eventual movimento de liberalização. Assim introduzindo elementos como assimetria de moedas e instabilidade da integração financeira que poderiam ser consideradas heterodoxas.

No limite e quase sempre as boas discussões tendem na interação entre ideias que podem ser colocadas como ortodoxas (defesa do livre mercado e desregulamentação financeira) e heterodoxas (intervenção e regulação do sistema). Existe uma grande região cinza que podem sair argumentos e posições das mais diversas. Inclusive por que a heterodoxia também tem discussões internas complicadas. Por exemplo, autores considerados do mainstream e, portanto, ortodoxos como Krugman (aquele do Nobel e escreve no NY times) e Stiglitz (Nobel um dos arquitetos da nova regulação financeira mundial) se aproximam muito de heterodoxos como Davidson, Aglietta, Goodhart e Arestis.

Um exemplo de como é difícil distinguir o que é uma posição ortodoxa e heterodoxa pode ser vista na discussão do livro abaixo. Organizado e nascido de textos e discursos apresentados em setembro de 2009 na conferência organizada do banco mundial.
KUNT-DEMIRGUÇ, Asli; EVANOFF, Douglas D.; KAUFMAN, George G. (2011). The international financial crisis: have the rules of finance changed? New Jersey: World Scientific.
O pessoal do banco mundial chamou autores de todos o lugar e renomados para falar sobre a crise e as medidas para a construção de um novo sistema financeiro norte-americano e mundial. A motivação estava em discutir a nova regulação. Praticamentos todos os autores e que ocupam posições em instituições são no que chamariam de ortodoxia ou mainstream.

Entretanto, a posição predominante da maioria dos textos é que existe a necessidade de reformar o sistema, a maior regulação e controle das grandes instituições financeiras é essencial para a estabilidade. Autores famosos na área de finanças como Ross Levine defendiam descaradamente essa posição, incluindo a proposta de uma taxa para evitar a formação de bolhas. Outros uma agência regulatória internacional e cooperação entre países. Um dos autores é um Goodhart, um britânico que fez carreira defendendo a regulação financeira e intervenção do Banco Central.

Enquanto os poucos textos que era contra ou advertiam os problemas e custos decorrentes da regulação foi representante dos bancos norte-americanos. Por que será? :lol:




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3467 Mensagem por marcelo l. » Sex Dez 21, 2012 9:51 am

Dilma busca dialogar com o setor privado
Autor(es): Claudia Safatle
Valor Econômico - 21/12/2012


A presidente Dilma Rousseff quer "arejar" o seu governo com novas discussões e um universo mais amplo de interlocutores. Ela não está satisfeita com o desempenho da economia nos dois primeiros anos do seu mandato, mas também não pretende mudar a equipe que comanda essa área. Guido Mantega, por exemplo, deve continuar como ministro da Fazenda. Não haverá substituição de nomes na economia no curto prazo, assegurou uma fonte do Palácio do Planalto, referindo-se aos próximos seis meses "no mínimo".

A presidente, porém, sabe que 2013 é o último ano para seu governo apresentar resultados mais promissores. O de 2014 será dedicado à reeleição. No primeiro ano, o país cresceu 2,7%. Neste, o desempenho será pior - expansão do PIB de apenas 1% - com um agravante: a taxa de investimento está em queda sistemática. Não há tempo a perder, avaliam seus assessores.

Dilma vai buscar novos canais de diálogo. "Ela quer conversar com as pessoas que estão na operação das empresas, tanto do setor produtivo quanto do financeiro", informou a fonte.

O governo já fez a guinada para expansão da oferta

Não é possível atribuir eventuais equívocos de concepção de política econômica a terceiros. "A política econômica executada é a da presidente", disse. Mas nem tudo a agrada na gestão do dia a dia. Há um problema que esta comprometendo todo o resultado: o distanciamento do governo com o setor privado, que alimenta desconfianças em relação aos propósitos da presidente e atrasa as decisões de investimentos. Sem investimentos, não haverá crescimento.

"A Dilma, ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula, acreditava que o Estado, com seus investimentos, faria o país crescer. A Dilma, presidente da República, entendeu que há limitações e que é preciso trazer a iniciativa privada para o crescimento econômico", resumiu o assessor.

Foi essa compreensão, formada só no fim do ano passado, que a levou a dar uma guinada do "estatismo" concebido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o regime de concessões - o governo não usa a palavra privatização. No primeiro semestre deste ano foram preparados, e no segundo semestre Dilma aprovou, os programas de concessões de rodovias, ferrovias, portos e, ontem, o dos aeroportos.

Para as concessões de rodovias e ferrovias, no entanto, os técnicos oficiais trabalharam com uma taxa de retorno do capital investido de 6% a 6,5% ao ano. As duas primeiras de um total de nove rodovias vieram com uma taxa de retorno ainda mais baixa, de 5,5%, segundo os estudos de viabilidade de ambas. A explicação técnica é que essa taxa é para o projeto total, que engloba os financiamentos do BNDES a juros subsidiados (1% a 2% ao ano). O retorno para o capital próprio da concessionária é maior, de 10%. O fato é que essas retornos fomentaram mais o mau humor dos empresários. O pacote de energia, com todos os seus ruídos, só fez crescer a descrença.

Ontem, a presidente divulgou o regime de privatização de aeroportos e, com isso, concluiu o anúncio dos projetos de concessões que se propôs a fazer. Agora entra a fase de preparação dos editais e dos leilões, uma agenda mais administrativa.

Com isso, explicou uma alta fonte da área econômica, está feita a grande mudança deste governo, que passa do incentivo ao consumo para o foco na expansão da oferta. Uma passagem com tantas mudanças de regras que, na sua avaliação, "tirou vários segmentos da economia da zona de conforto". Tão logo esses pacotes sejam melhor compreendidos, voltará o ânimo, acredita.

Os resultados da política econômica este ano - medidos pela taxa de crescimento e pela inflação - decepcionaram o governo e o setor privado. A inflação do IPCA, segundo previsão do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem pelo Banco Central, deve encerrar 2012 em 5,7%, bem acima do centro da meta de 4,5%. Para 2013, as projeções indicam que deve cair para 4,8% e subir para 4,9% em 2014, último ano do mandato de Dilma.

O PIB, segundo o BC, cresce 1% este ano, assume uma trajetória crescente e chega a 3,3% no terceiro trimestre do próximo exercício. Não há, no horizonte do relatório, a previsão de uma taxa de expansão de 4% para 2013.

Muito se fez este ano, mas não o suficiente para impor dinamismo à economia. Os juros caíram para 7,25%, houve uma maxidesvalorização da taxa de câmbio, foram concedidas desonerações de folha e incentivos fiscais de cerca de R$ 45 bilhões, foi relaxada a política fiscal e as tarifas de energia começam a cair em fevereiro. Mais de R$ 100 bilhões de depósitos compulsórios foram liberados e medidas prudenciais restritivas estão sendo desfeitas.

"Não houve mudança do mix de política macroeconômica. O que houve foi um ajuste nos instrumentos do tripé", disse uma autoridade. O ajuste na taxa de câmbio se esgotou - mais depreciação vai pressionar a inflação - e, para o BC manter os juros baixos, é imperativo que a Fazenda volte a perseguir a meta cheia de superávit primário, de 3,1% do PIB, tanto em 2013 quanto em 2014.

Do lado externo, a economia americana deve crescer entre 2% e 2,5%, o risco de aterrissagem abrupta na China está praticamente afastado e o PIB, lá, deve situar-se entre 7,5% e 8%. Da Europa não deverá vir nem a ocorrência de um "evento" nem crescimento. A cena externa, portanto, prossegue desinflacionária.

O desafio de Dilma para 2013 é convencer os empresários a investir mais, aumentar a oferta de bens e serviços na economia, buscar inovação e viabilizar um caminho de crescimento sustentado para o país. "Uma coisa, porém, é fazer o Estado investir. Outra é convencer uma empresa privada a usar seu dinheiro para investir. Aí é preciso se ter uma relação com os empresários que, na área econômica, ninguém tem", ponderou o assessor da presidente.

É nessa direção que a presidente pretende atuar para obter o que se acredita que esteja faltando: a confiança do setor privado nas suas reais intenções. "Esse é um governo permeável", assegurou a fonte.

Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3468 Mensagem por NettoBR » Sex Dez 21, 2012 10:34 am

marcelo l. escreveu:"A Dilma, ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula, acreditava que o Estado, com seus investimentos, faria o país crescer. A Dilma, presidente da República, entendeu que há limitações e que é preciso trazer a iniciativa privada para o crescimento econômico", resumiu o assessor.
Resumindo: é cada um no seu quadrado... 8-]




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3469 Mensagem por LeandroGCard » Sex Dez 21, 2012 10:42 am

NettoBR escreveu:Resumindo: é cada um no seu quadrado... 8-]
Sem dúvida.

O problema é descobrir qual deveria ser o quadrado de quem... :wink: .


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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3470 Mensagem por Marechal-do-ar » Sex Dez 21, 2012 10:53 am

Ou... Quando ela era ministra da casa civil percebeu que o Lula não era competente o bastante para fazer o país crescer sozinho, quando ela assumiu descobriu que ela mesma também não é...




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3471 Mensagem por Bourne » Sex Dez 21, 2012 10:14 pm

Qualquer governo teria o mesmo problema. E duvido que fosse tão diferente da Dona Dilma. O problema é estrutural e a resposta vai estar na cooperação entre iniciativa privada e pública.

Para efeitos de propaganda pode se dizer que Lula fez milagre e fez a coisa crescer. Ou, para oposição, a Presidenta está destruindo o país e terá um futuro negro (by Salsicha) :lol:




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3472 Mensagem por Marechal-do-ar » Sex Dez 21, 2012 10:52 pm

Desculpe esquartejar seu post desse jeito, mas precisa para ordenar as ideias:
Bourne escreveu:a resposta vai estar na cooperação entre iniciativa privada e pública.
"se quer que algo saia bem feito faça você mesmo"
Quando a resposta está na cooperação geralmente isso significa por a culpa em outro quando der errado.

A iniciativa privada não tem um representante, não tem uma vontade, geralmente assumimos que a iniciativa privada vai onde existir lucro, a iniciativa privada é parte da população para quem o governo deve governar, sem beneficar de mais ou de menos.

Sendo assim ações governamentais podem dirigir ações da iniciativa privada em uma direção ou outra, se essa direção não for possível ou for muito cara (quer dizer, teria que se pagar um lucro injustamente alto) o governo visando o bem público deveria intervir, fazendo por conta própria se preciso, ex: a construção de um aeroporto, rodovia ou usina nuclear.
Bourne escreveu:O problema é estrutural
Existe uma legislção antiquada que atrapalha tudo, e isso não é responsabilidade do executivo, o que não depende de legislação, é culpa do executivo.
Bourne escreveu:Qualquer governo teria o mesmo problema. E duvido que fosse tão diferente da Dona Dilma.
O motivo de alguns problemas estruturais são conhecidos, infraestrutura cara (ou inexistente)¹, falta de fiscalização², excesso de mimos², falta da execução de leis³, etc, em tudo isso um governo mais disposto a trabalhar poderia fazer diferente.

1) Depois de muito blablabla, 20% de redução no preço da energia, falta só mais uma redução de 50%, até la a industria de alumínio fica na China e diversos bens de consumo só com subsídio, um governante mais duro nas negociações pdoeria fazer a diferença.

2) Muitos contratos com a iniciatvia privada não foram cumpridos por parte da iniciativa privada, partindo do pressuposto que esta vai atrás de lucro e o mais lucrativo é não cumprir então, o resultado é esperado, cabe ao governo uma fiscalização mais dura que a atual, ao invés disso o que temos é subsídios e protecionismo, isso não deixa claro que toda a população é beneficiada como deveria.

3) Bilhões em multas não pagas e que a tal da iniciativa privada não pretende pagar, sem uma atitude mais dura podemos prever o que vai acontecer com essas multas.


Enfim, sim, o governante poderia fazer mais do que faz, o que, na minha opinião, significa ser mais duro e comprar briga com muita gente, mas é justamente para isso que precisamos de um poder executivo, em uma empresa privada um presidente que age da forma que a atual presidente age recebe o adjetivo de "frouxo".




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3473 Mensagem por marcelo l. » Sáb Dez 22, 2012 9:12 pm

Para não dizerem que só sai notícia ruim com gráficos sobre o Brasil...

Imagem

Para não discutir muito a metodologia do Mckinsey, o link abaixo tem a matéria e mais gráficos, estes por sinal dão uma ideia mesmo para quem não quiser ler o texto.

http://www.mckinsey.com/insights/mgi/re ... ufacturing




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3474 Mensagem por Rodrigoiano » Dom Dez 23, 2012 12:19 am

E a taxa de desemprego de novembro ficou em 4,9%! :shock: 8-] O segundo menor resultado, só perdendo para dezembro de 2011. Será que agora em dezembro, com os empregos temporários de Natal, bateremos o recorde?




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3475 Mensagem por Brasileiro » Seg Dez 24, 2012 11:10 am

Fico olhando essas estimativas do mercado para o crescimento de 2013.

Li que caiu de 3,4 para 3,3...

http://g1.globo.com/economia/mercados/n ... a-569.html

Mas me veio à cabeça um questionamento

Não é esse mesmo mercado que cria essas previsões, aquele que irá decidir por investir/produzir ou não?

Explicando melhor, como eles podem se basear nestes números para tomarem suas decisões se os próprios números (que eles mesmos criam) são influenciados pelas decisões que eles mesmos tomam?

Isto não me parece muito honesto.


abraços]




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3476 Mensagem por Marechal-do-ar » Seg Dez 24, 2012 11:17 am

Brasileiro, não são as mesmas pessoas, mercado é um termo muito abrangente.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3477 Mensagem por Bourne » Seg Dez 24, 2012 12:26 pm

Creio que combinar milhares de empreses, dezenas de setores e milhões de consumidores é meio difícil. :mrgreen:

Agora sério.

O boletim Focus é baseado no achismo de cem instituições financeiras sobre as variáveis econômicas como PIB, inflação entre outros. Basicamente indica as tendências do que mercado financeiro acha. E como é uma média não quer dizer que todas estimem esse número e tracem a estratégia baseada neles. Algumas vão fazer o estudo sério para tirar algum valor e outras chutam alguma coisa. Ao longo do tempo essas previsões tendem a convergir para as variáveis reais observadas. O motivo é que o pessoal do Focus ajusta a previsão e chega cada vez mais perto. No fim indica apenas uma tendência vista por um grupo muito restrito.

Os outras grandes empresas, consultorias, investidores e governos tem um modelo muito mais sofisticado de previsão para gerar informações para consumo interno. Principalmente na área deles. Por que eles precisam de informações para saber como traçar a estratégia de atuação nos próximos meses, trimestres e anos. Não quer dizer que vá acontecer, mas é um indicativo.

Um exemplo de quem divulga algo mais próximo da realidade e abrangente é a FIESP.
Brasil deve crescer 3% em 2013, prevê Fiesp
Em 2012, crescimento deve ser de 1%, projetou o presidente da entidade

Rodrigo Petry e Guilherme Waltenberg, do

Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/noti ... reve-fiesp

Paulo Skaf: para o presidente da Fiesp, os juros menores e a desoneração da folha de pagamentos são fatores que devem contribuir para maior crescimento do país no ano que vem

São Paulo - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse, nesta sexta-feira, que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 3% em 2013. A projeção contrasta com a previsão de 4% divulgada pelo governo federal.

De acordo com Skaf, o crescimento será influenciado pelo corte da taxa de juros, da desoneração da folha de pagamento e da aguardada redução das contas de energia. "Em parte por essas medidas projetamos esse crescimento do PIB", disse o presidente da Fiesp.

Para Skaf, o PIB do País neste ano crescerá apenas 1%, sendo que a indústria de transformação deve recuar 3% no período. Ainda em relação ao setor industrial Skaf avalia que o grande problema continua "fora da fábrica". "O problema da indústria está na falta de competitividade". As declarações foram dadas durante almoço da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), na zona sul da Capital.

Skaf afirmou ainda que a Fiesp espera que a MP 579, que trata da renovação das concessões do setor elétrico, seja aprovada na próxima semana tanto na Câmara quanto no Senad
Eles tem um viés político nas previsões, possivelmente. Principalmente em como vender os dados. Porém possuem metodologia e técnicos tão capazes quanto o governo.

E previsão não quer dizer que vá acontecer. Isso não é Mãe Dina ou operação mediúnica. As variáveis indicam isso. Sempre podem ocorrer fatores que darão outros números. Por isso o mais fácil e recomendável é olhar para trás. E a maioria dos estudos é assim por que existe mais consistência nos dados e trazem boas informações para ações futuras.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3478 Mensagem por Brasileiro » Seg Dez 24, 2012 1:14 pm

Marechal-do-ar escreveu:Brasileiro, não são as mesmas pessoas, mercado é um termo muito abrangente.
Não são as mesmas pessoas, mas essas projeções são feitas por organizações criadas e mantidas pelos donos do capital, ditam o que os países devem fazer ou não, são consultadas no caso de se fazer -ou apoiar- ou não uma guerra. Digo, o grande capital, que são umas 500 a 1000 empresas que sozinhas controlam tudo na nossa vida, elegem e depõem governos, controlam mais do que muitos Estados inteiros ao redor do mundo.
Já não dá mais para se dizer que estas empresas vivem, vão bem ou mal nesta ou em outra realidade. Na verdade, de uma forma ou de outra, elas mesmas criam a realidade que lhes interessa.


abraços]




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3479 Mensagem por Marechal-do-ar » Seg Dez 24, 2012 2:09 pm

Brasileiro... Isso ai é paranoia...

As projeções são feitas por analistas, muitos deles não trabalham (e mal conhecem) nas indústrias ou varejo e tudo que eles sabem fazer é ver número e tirar conclusões (ou chutar) em cima disso, as empresas onde esses analistas trabalham muitas vezes são pequenas sem filiações com as grandes corporações.

No caso apresentaram uma média, olhando os números individuais de cada analista mostraria grandes discrepâncias.




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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

#3480 Mensagem por Bourne » Qui Dez 27, 2012 11:54 am

Autor(es): José Luis Oreiro
Valor Econômico – 27/12/2012

Fonte: http://jlcoreiro.wordpress.com/2012/12/ ... -27122012/

Os dados divulgados recentemente pelo IBGE a respeito do PIB do terceiro trimestre de 2012 confirmam as análises feitas anteriormente neste espaço de que a economia brasileira encontra-se numa situação de estagnação. Após um crescimento de 2,7% em 2011, a economia brasileira corre o sério risco de crescer menos do que 1% em 2012 e apresentar um crescimento inferior a 3% em 2013.

O comportamento pífio do PIB ocorre, contudo, num contexto em que a média móvel dos últimos 12 meses da taxa de desemprego nas regiões metropolitanas continua sua trajetória de queda, encontrando-se hoje num valor próximo a 5,5% da força de trabalho, menos da metade do valor observado em dezembro de 2003. Curiosamente, a estagnação da economia brasileira se dá num contexto de “pleno emprego” da força de trabalho.

Para economistas de formação puramente keynesiana, o fenômeno da estagnação com pleno-emprego é aparentemente incompreensível. Isso porque a obtenção de um nível de emprego elevado seria um sinal claro de que o nível de demanda efetiva prevalecente na economia é muito alto, o que deveria se refletir positivamente na disposição dos empresários em realizar grandes projetos de investimento. Nesse contexto, haveria uma correlação negativa entre a taxa de desemprego e a taxa de investimento, tornando assim impossível a ocorrência de uma situação de estagnação e pleno emprego.

Medidas de estímulo à demanda são ineficazes porque não atuam para eliminar a perda de competitividade

A compreensão da lógica da estagnação com pleno emprego exige um arcabouço teórico mais abrangente do que a teoria keynesiana “fundamentalista”. De fato, a efetiva compreensão desse fenômeno exige a utilização daquilo que podemos denominar de abordagem keynesiano-estruturalista, que consiste na síntese entre a teoria macroeconômica de inspiração keynesiana com a teoria estruturalista do desenvolvimento.

Na teoria estruturalista do desenvolvimento, o crescimento de longo prazo depende da composição setorial da produção, mais especificamente depende da participação da indústria de transformação no PIB. Isso porque a indústria é o motor de crescimento de longo prazo das economias capitalistas uma vez que ela é a fonte ou a principal difusora do progresso técnico para a economia como um todo, é o setor com maiores encadeamentos para frente e para trás na cadeia produtiva, é a fonte das economias estáticas e dinâmicas de escala e o setor cujos produtos possuem a maior elasticidade renda de exportação, permitindo assim o relaxamento da restrição externa ao crescimento. Sendo assim, o crescimento da economia no longo prazo é extremamente dependente do crescimento da produção industrial.

A partir desse referencial teórico, podemos constatar que a estagnação recente da economia brasileira é decorrência da estagnação da produção industrial. Com efeito, a média móvel dos últimos 12 meses da produção física da indústria de transformação ficou estagnada ao longo do ano de 2011, apresentando uma nítida tendência de queda ao longo do ano de 2012. A estagnação/queda da produção industrial foi acompanhada pela estagnação/queda da produtividade do trabalho na indústria (decorrência da lei de Kaldor-Verdoorn). Como a indústria é o setor da economia que utiliza mais intensamente máquinas e equipamentos não é surpresa se verificar que a estagnação/queda da produção industrial tem sido seguida por uma forte contração da formação bruta de capital fixo da economia brasileira a partir do segundo trimestre de 2011.

Qual a razão da estagnação da produção industrial? Essa situação não se deve a uma suposta escassez de demanda agregada, haja vista que as vendas no varejo mantém uma nítida tendência de elevação e, mais importante, o faturamento da indústria também continua aumentando, apesar da estagnação da produção física!!!

A explicação para esses fatos é que a indústria brasileira não está conseguindo ter acesso à demanda doméstica, uma vez que o acesso a essa demanda depende da sua competitividade, a qual vem sendo corroída de forma sistemática pelo crescimento dos salários na frente da produtividade do trabalho e pela apreciação da taxa real de câmbio. De fato, a relação custo unitário do trabalho/taxa real efetiva de câmbio aumentou nada menos do que 60% entre dezembro de 2001 e dezembro de 2011. A perda de competitividade da indústria somada com uma expansão ainda robusta da demanda doméstica, em função dos efeitos combinados do crescimento dos salários e das medidas de estímulo do governo, acaba atuando como elemento catalisador do processo de substituição da produção doméstica por importações, a qual se expressa na brutal elevação do coeficiente de penetração das importações, que passou de 10% em 2003 para 21% em 2012. A substituição da produção doméstica por importações explica o aparente paradoxo do aumento do faturamento da indústria num contexto de estagnação da produção física, uma vez que a indústria brasileira está se transformando crescentemente numa maquiladora.

Por fim, o ritmo robusto de expansão da demanda doméstica atua no sentido de estimular o setor de serviços, o qual é altamente intensivo em mão de obra, razão pela qual a estagnação da produção industrial se faz acompanhar por um elevado nível de emprego.

Daqui se segue que as medidas de estímulo à demanda agregada feitas pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central são ineficazes para lidar com o problema de estagnação com pleno-emprego porque não atuam no sentido de eliminar a perda de competitividade da indústria brasileira.

José Luis Oreiro é professor do departamento de economia da Universidade de Brasília e vice-presidente da Associação Keynesiana Brasileira




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