JT8D escreveu:LeandroGCard escreveu:Este é um problema bastante complexo mesmo, e se eu mencionasse alguns dos exemplos que conheço você nem acreditaria.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Agora eu fiquei curioso
[]´s,
JT
São casos de brasileiros em cargos de gerência, direção e presidência de empresas brasileiras e multinacionais que tomam as decisões mais absurdas por falta de conhecimento, visão, coragem ou simples competência, a ponto de levar seus departamentos ou mesmo a empresa inteira a fechar as portas. As situações são como nos exemplos abaixo:
- Decidir esconder do mercado um equipamento cuja representação de venda com 30% de comissão foi obtida de uma empresa dos EUA para evitar concorrência no setor de serviços, cuja renda é toda da empresa. Só que dava para vender pelo menos 1 equipamento por mês, cada um por US$350 mil (lucro de US$105 mil por unidade), e os serviços mal rendiam R$30 mil mensais nas melhores épocas.
- Donos de bancos comprando empresas industriais e colocando seus executivos financeiros de confiança para gerenciá-la, os quais imediatamente iniciavam programas de redução de custos que incluíam fechar a engenharia e trocar todos os técnicos experientes por estagiários. Em um ano o lucro dobrava, no ano seguinte os custos com a baixa qualildade engoliam os lucros, e quatro anos depois os produtos da empresa estavam fora do mercado e ela era vendida por uma fração do valor pago inicialmente (com grande prejuízo), para funcionar como simples linha de montagem de alguma multinacional. Vi isso acontecer várias vezes.
- Empresários serem convencidos a comprar linhas de fabricação inteiras que estavam sendo desativadas em outros países e transferí-las para o Brasil, só para depois descobrir que o novo produto que substituiu aquele fabricado naquela linha estava sendo exportado para nosso país com características mais avançadas, qualidade superior e custo menor.
- Empresas pagando fortunas a consultorias na Europa e nos EUA para desenvolver alguma tecnologia, só para depois ver a mesma consultoria vender a tecnologia desenvolvida para os concorrentes por uma fração do que custou desenvolvê-la.
- Empresas implementando "técnicas modernas de gestão" como Kanban, Kaizen, 5S, reengenharia, etc... como receitas de bolo, sem saber como realmente tirar vantagem delas, e gastando rios de dinheiro para obter melhorias apenas setoriais, sem aumentar a lucratividade total, ou reduções de custos que engessavam a empresa e a faziam perder mercado.
- Realização de cópias (engenharia reversa) de produtos existentes no exterior para vender aqui (coisa que os orientais fazem o tempo todo também), mas insistindo em copiar até os erros e defeitos do produto, por não conseguir identificar que eram erros e defeitos. E geralmente a reprodução dos problemas acarretava em custos enormes de produção e do produto final (pois os defeitos obviamente não constavam do projeto original), em alguns casos até inviabilizando a cópia.
- Tentativas de aperfeiçoar produtos cujo projeto foi importado sem tentar compreender as razões de cada detalhe, implicando em custos astronômicos para reproduzir o que não existia aqui quando o que existia era até melhor, em termos de materiais, subsistemas, componentes e técnicas de produção.
- Adquirir por preços elevados tecnologias avançadas de projeto e manufatura selecionadas por técnicos competentes, e depois utilizar apenas uma pequena fração do potencial desta tecnologia por desconhecimento do seu verdadeiro potencial por parte dos tomadores de decisão, que sequer compareciam às reuniões onde este potencial seria explicado (e em alguns casos as reuniões se repetiam por meses ou mesmo anos e os gestores sempre davam uma desculpa para não comparecer).
E por aí vai, acompanhei e ainda acompanho muitas outras situações deste tipo além das citadas, e não apenas em empresas pequenas e médias mas até em algumas das maiores montadores de automóveis instaladas no Brasil. Vi empresas tradicionais indo à falência ou sendo vendidas abaixo do valor por cometer repetidamente erros deste tipo. E nunca aprendiam.
É uma coisa muito triste de se observar, parece que o pessoal está só brincando de ser empresário ou executivo, sem na verdade ter nenhuma idéia do que estão fazendo. E depois correm todos para implorar proteção do governo à industria nacional, e vivem falando em privatização de tudo o que puderem meter a mão.
Leandro G. Card