Bolívia
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- Sterrius
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Re: Bolívia
integração regional é dificil principalmente pq a diferença entre 1 país e outro é muito grande não so em termos de economia como desenvolvimento também.
Isso bate diretamente com os objetivos diplomáticos de cada país. De alguns poucos de ser a potencia regional. (Por mais impossível que possa parecer hoje).
Mas tem que se manter o objetivo tb nos possíveis ganhos. E eles não são pequenos! Querendo ou não são os territórios mais próximo e o mais fácil para sermos competitivos. E melhor, torna-los competitivos de forma que o futuro economico deles seja o futuro econômico do Brasil! (O ganho é acesso maior a nossos mercados e ajuda pra ficarem com competitividade internacional ).
È fato! Se o Brasil não ocupar o espaço, outra potencia vai ocupar. E ela poderá usar isso pra minar a economia/influencia brasileira!
E comparar a guerra do paraguai a tomada de uma refinaria é dose! Podiamos ter exigido o real valor da refinaria ao invés de nos contentar com 40-50% do valor dela (Pago em 3 parcelas). Mas dai a declarar guerra por 1 é destruir uma reputação de pacifista e alimentar a ideia dos anti-brasileiros em outros países de que realmente devem se distanciar da gente.
Diplomacia é também planejamento de décadas ou mesmo séculos! Não se joga isso fora por 1 refinaria.
Lembrar que tb muitas vezes nessa integração falta foco! Algum programa/plano/economia para realmente alavancar as relações. Se o Brasil pensa que vai ganhar aliados sem tirar um tostão do bolso e apenas mantendo uma balança comercial positiva para o Brasil está muito enganado.
Só olhar os "amigos" dos EUA! Todos eles tiveram um investimento que mudaram a vida daqueles países para sempre depois do pós guerra. E não foi um gasto pequeno nem de apenas 1 ano ou 2 anos, politica de curto prazo!
"Amizade" entre países se compra, não é dada de graça. E o Brasil ainda em parte não entendeu isso.
PS: Obviamente isso não vale Hoje para todos! Mas a países prontos pra aumentar a integração regional se o preço for certo.
Isso bate diretamente com os objetivos diplomáticos de cada país. De alguns poucos de ser a potencia regional. (Por mais impossível que possa parecer hoje).
Mas tem que se manter o objetivo tb nos possíveis ganhos. E eles não são pequenos! Querendo ou não são os territórios mais próximo e o mais fácil para sermos competitivos. E melhor, torna-los competitivos de forma que o futuro economico deles seja o futuro econômico do Brasil! (O ganho é acesso maior a nossos mercados e ajuda pra ficarem com competitividade internacional ).
È fato! Se o Brasil não ocupar o espaço, outra potencia vai ocupar. E ela poderá usar isso pra minar a economia/influencia brasileira!
E comparar a guerra do paraguai a tomada de uma refinaria é dose! Podiamos ter exigido o real valor da refinaria ao invés de nos contentar com 40-50% do valor dela (Pago em 3 parcelas). Mas dai a declarar guerra por 1 é destruir uma reputação de pacifista e alimentar a ideia dos anti-brasileiros em outros países de que realmente devem se distanciar da gente.
Diplomacia é também planejamento de décadas ou mesmo séculos! Não se joga isso fora por 1 refinaria.
Lembrar que tb muitas vezes nessa integração falta foco! Algum programa/plano/economia para realmente alavancar as relações. Se o Brasil pensa que vai ganhar aliados sem tirar um tostão do bolso e apenas mantendo uma balança comercial positiva para o Brasil está muito enganado.
Só olhar os "amigos" dos EUA! Todos eles tiveram um investimento que mudaram a vida daqueles países para sempre depois do pós guerra. E não foi um gasto pequeno nem de apenas 1 ano ou 2 anos, politica de curto prazo!
"Amizade" entre países se compra, não é dada de graça. E o Brasil ainda em parte não entendeu isso.
PS: Obviamente isso não vale Hoje para todos! Mas a países prontos pra aumentar a integração regional se o preço for certo.
- JT8D
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Re: Bolívia
Eu não quero que o Brasil se integre com a Bolívia. Eu quero que a Bolívia se integre com o inferno 
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- Sterrius
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Re: Bolívia
Então melhor ordenar a construção de um muro a lá os israelenses/americanos fazem e botar baterias anti aereas! E isso so vai impedir o trafico direto.
Finge que o problema não existe. Quem sabe um dia ele some
Finge que o problema não existe. Quem sabe um dia ele some
- Alcantara
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Re: Bolívia
Ok, não se deve ir à guerra por um refinaria, concordo. Mas deve-se ter em mente os interesses nacionais EM PRIMEIRO LUGAR. O Império não se "resentia" em intervir ativamente quando isso era necessário para defender os nossos interesses.Sterrius escreveu:E comparar a guerra do paraguai a tomada de uma refinaria é dose! Podiamos ter exigido o real valor da refinaria ao invés de nos contentar com 40-50% do valor dela (Pago em 3 parcelas). Mas dai a declarar guerra por 1 é destruir uma reputação de pacifista e alimentar a ideia dos anti-brasileiros em outros países de que realmente devem se distanciar da gente.
Diplomacia é também planejamento de décadas ou mesmo séculos! Não se joga isso fora por 1 refinaria.
Acontece que, hoje em dia, o Brasil não faz faler o seu ponto de vista e sim tenta COMPRAR a aceitação do seu ponto de vista. Você, para comprar um carro, aceitaria que o vendedor fizesse um "test-drive" em você (ou na sua esposa, na sua filha, etc)? Pois é... é assim que eu vejo as relações do Brasil com a América Latina. Estão sempre procurando um jeito de dar uma f*d@ no Brasil...
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E outra vez concordo contigo, diplomacia se faz com DÉCADAS de experiências. Mas não sei se as décadas de experiência do Itamaraty foram levadas em consideração após a tomada do poder pelo PT. Muita coisa foi mudada. O pragmatismo foi deixado de lado e secundado em favor de afinidades políticas (exemplo: Honduras 2009).
Editado pela última vez por Alcantara em Ter Dez 04, 2012 1:27 pm, em um total de 1 vez.
"Se o Brasil quer ser, então tem que ter!"
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Re: Bolívia
E mais recentemente na suspensão do Paraguai do Mercosul. E a posterior aprovação da Venezuela com uma operação do tipo "fast track" aproveitando a ausência momentânea do Paraguai (era justamente barrada pelo senado paraguaio).Alcantara escreveu:Sterrius escreveu: E outra vez concordo contigo, diplomacia se faz com DÉCADAS de experiências. Mas não sei se as décadas de experiência do Itamaraty foram levadas em consideração após a tomada do poder pelo PT. Muita coisa foi mudada. O pragmatismo foi deixado de lado e secundado em favor de afinidades políticas (exemplo: Honduras 2009).
Coloca ideologia nisso.
- Túlio
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Re: Bolívia
Nada tenho contra a entrada da Venezuela. Algumas razões:
Já compra horrores de nós, com união aduaneira então...
Mal ou bem temos que reconhecer que a tale de União do Pacífico - ou sei lá como chamam aquele negócio de Chile, Colômbia e México - é uma ameaça. Fortalecer o Mercosul é a resposta.
O Chávez -
TINHA que ser o Chávez
- passa mas a Venezuela fica. Seu grande mercado também.
O dito cujo está trazendo seus cupinchas bovinos junto com ele. Mais mercados para nós.
O Paraguai: QUEM É O PARAGUAI? Só serve para nos vender o que não presta e encher o saco querendo mais grana por Itaipu, para a qual contribui(u) com uma margem de rio e só. Eu os deixaria de fora de uma vez por todas...
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“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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- Sávio Ricardo
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Re: Bolívia
Dos bolivarianos, incluindo a Argentina (
), a Venezuela é o que menos nos causa problemas.
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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
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Re: Bolívia
A Argentina não tem escolha: dada a falta de moedas fortes, arrisca a cair em novo default. Ou segura as importações ou se vai pro beleléu de vez. Não queria estar no lugar deles (CCC pelo S&P e caindo)...
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Re: Bolívia
Nem sou contra a ampliação do Narcosul. Sou apenas contra a forma pela qual a Venezuela foi inserida.
- suntsé
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Re: Bolívia
Eu não sou contra a forma em que a Venezuela foi inserida. Tinha que dar um foda-se ao paraguaí mesmo, que é uma republiqueta que por ideologice acha que tem moral para ditar como a banda toca.wagnerm25 escreveu:Nem sou contra a ampliação do Narcosul. Sou apenas contra a forma pela qual a Venezuela foi inserida.
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Re: Bolívia
Eu não sou a favor da anexão daquele país, sem se eles implorassem para anexarmos eles.Sávio Ricardo escreveu:Sou a favor da anexação do Paraguai![]()
Acaba com esse emplório.
- wagnerm25
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Re: Bolívia
O Paraguai nunca quebrou nenhuma regra. O Senado deles achou por bem não aprovar (ou atrasar a aprovação) e isso é parte do jogo, uma prerrogativa que lhe cabia de acordo com as normas do bloco.suntsé escreveu:Eu não sou contra a forma em que a Venezuela foi inserida. Tinha que dar um foda-se ao paraguaí mesmo, que é uma republiqueta que por ideologice acha que tem moral para ditar como a banda toca.wagnerm25 escreveu:Nem sou contra a ampliação do Narcosul. Sou apenas contra a forma pela qual a Venezuela foi inserida.
O que não é parte do jogo é suspender o Paraguai por uma questão interna que foi resolvida de acordo com as regras que eles possuem e aprovam para então aproveitar-se disso e inserir a Venezuela.
- marcelo l.
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Re: Bolívia
Negócios na Bolívia, que deseja o Mercosul
Sergio Leo
Valor Econômico - 03/12/2012
As negociações para entrada da Bolívia no Mercosul, a serem iniciadas oficialmente com a reunião do bloco, nesta semana, começam em um momento dos mais delicados da relação do país andino com o Brasil. Enquanto avança a cooperação bilateral no combate às drogas e aos crimes transfronteiriços, brasileiros no país cobram apoio de Brasília para defender os interesses de empresas prejudicadas nos negócios, de cidadãos vitimados por um Judiciário kafkiano, de produtores rurais com terrenos invadidos sem amparo da polícia e Justiça locais e dos donos de carros, que tiveram seus carros roubados e recuperados, mas não devolvidos até hoje.
O governo Evo Morales tem pressa para entrar no Mercosul, onde espera encontrar apoio econômico, e está às voltas com um escândalo político, do tipo que de vez em quando assola países da região. Altos funcionários do governo foram presos após o desbaratamento de um esquema que incluía extorsão contra oposicionistas presos, ameaças a juízes e documentos forjados para prisão e soltura de indivíduos.
A quadrilha foi desmascarada com intervenção do FBI, a polícia federal dos EUA, com quem o governo boliviano passou a cooperar, após gestões do governo americano e até um pedido pessoal ao presidente Evo Morales do ator Sean Penn, amigo de uma vítima dos bandidos.
Ingresso no bloco deveria pressionar governo boliviano
A prisão da quadrilha foi provocado pelo caso dantesco de um americano preso há 18 meses "preventivamente", que teve seus bens apreendidos e vendidos pelos bandidos, aproveitando a máquina de governo. Nada parecido ocorreu com cidadãos do Brasil lá, mas estudantes brasileiros se queixam de achaques da polícia, que lhes cobra documentos, cuja entrega é inexplicavelmente retardada pela burocracia boliviana.
O mesmo retardo ocorre com papéis de regularização de terras, expondo fazendeiros a ações arbitrárias. Também sem explicação está o atraso na devolução de centenas de automóveis brasileiros roubados e apreendidos em território boliviano, onde apodrecem sem liberação.
É séria a situação de empresas brasileiras atraídas à Bolívia por negociações com o governo ou empresários locais. Caso notável é o da D"Andrea Agrimport, empresa contratada para fornecer máquinas e montar uma fábrica de papel estatal. O governo boliviano deveria garantir as obras de engenharia e fornecimento de gás, água e eletricidade - serviços contratados (e não entregues até hoje) a uma empresa boliviana dirigida pelo irmão de um bem conectado vice-ministro de governo.
O diretor da empresa brasileira teve o contrato rescindido por acusação de descumprimento de prazos, autoridades bolivianas o acusam - sem provas - nos jornais de entregar máquinas velhas, teve rejeitadas (por pressão do governo, segundo alega) suas tentativas de recorrer a arbitragem e só na sexta-feira, quase um ano depois de iniciado o caso, permitiu-se que fosse ouvido no processo.
O risco de intervenções indevidas sobre árbitros em disputa judicial também paira sobre a OAS, que, ameaçada de multas questionáveis, prepara sua retirada do país, após ver atoladas, em conflitos políticos, obras de estradas contratadas pelo governo boliviano.
Há um ano, a Votorantim tenta viabilizar o maior investimento privado previsto no país, uma fábrica de cimento, de US$ 180 milhões, já aprovada pelo governo boliviano, que não dá, porém, as necessárias garantias de fornecimento de gás. Autoridades locais alegam falta de estudos para comprovar que não haverá ameaça ao contrato de fornecimento de gás ao Brasil ou ao ambiente.
A empresa já encaminhou essas garantias à diplomacia boliviana, mas o fato de que os sócios da brasileira são empresários afastados do grupo alinhado com o governo é apontado por conhecedores do caso como um dos possíveis motivos das dificuldades.
Nem todas as histórias têm o Brasil como vítima e a Bolívia no papel de vilão. Com a greve nas aduanas brasileiras, uma operação de fabricação de cimento da fábrica da Votorantim no Mato Grosso, com uso de matéria-prima dos sócios bolivianos, sofre com retenções arbitrárias dos fiscais no Brasil, que chegam a levar dias para liberar caminhões, que antes transitavam diariamente, por mais de uma vez, pela fronteira. Falta cimento na Bolívia, e o Brasil tem parte de culpa nisso. Assim como os produtores de soja se queixam de que o Ministério da Agricultura levou um ano para liberar os papéis necessários à venda, no mercado do Brasil, do grão excedente boliviano.
Os bolivianos queixam-se, ainda, do atraso no repasse de cerca de US$ 700 milhões prometidos pelo Brasil pelos componentes nobres do gás importado da Bolívia. A falta de diálogo claro em temas como esse e as peraltices da burocracia brasileira não são o que se esperaria de um líder regional. Menos ainda é aceitável que, pelo temor de parecer uma espécie de subpotência imperialista, o Brasil deixe de exigir do governo boliviano revisão das decisões oficiais que causam injustamente prejuízo a cidadãos brasileiros no país vizinho - como fez o governo dos EUA no caso do americano preso arbitrariamente.
A Bolívia tem um bom argumento: as mazelas na Justiça e em outras instâncias de poder não são dirigidas contra o Brasil, mas um problema tradicional, contra o qual, teoricamente, tem atuado o presidente Evo Morales. Também lembram a mudança tectônica no arcabouço jurídico do país após a Constituição votada em 2009, com regras inéditas- de difícil absorção, aliás, já que permitem decisões judiciais paralelas, segundo a tradição dos povos indígenas.
Isolada na Comunidade Andina das Nações, de quem depende, mas que adota um franco liberalismo, a Bolívia, para entrar no Mercosul, terá não poucos desafios. O Brasil, na condição de líder regional, perderá uma oportunidade de peso se não aproveitar o processo de inclusão para cobrar e promover maior transparência e previsibilidade nas ações do governo boliviano - que, aliás, anuncia a edição, em breve, de uma lei de proteção ao investidor.
Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras
Sergio Leo
Valor Econômico - 03/12/2012
As negociações para entrada da Bolívia no Mercosul, a serem iniciadas oficialmente com a reunião do bloco, nesta semana, começam em um momento dos mais delicados da relação do país andino com o Brasil. Enquanto avança a cooperação bilateral no combate às drogas e aos crimes transfronteiriços, brasileiros no país cobram apoio de Brasília para defender os interesses de empresas prejudicadas nos negócios, de cidadãos vitimados por um Judiciário kafkiano, de produtores rurais com terrenos invadidos sem amparo da polícia e Justiça locais e dos donos de carros, que tiveram seus carros roubados e recuperados, mas não devolvidos até hoje.
O governo Evo Morales tem pressa para entrar no Mercosul, onde espera encontrar apoio econômico, e está às voltas com um escândalo político, do tipo que de vez em quando assola países da região. Altos funcionários do governo foram presos após o desbaratamento de um esquema que incluía extorsão contra oposicionistas presos, ameaças a juízes e documentos forjados para prisão e soltura de indivíduos.
A quadrilha foi desmascarada com intervenção do FBI, a polícia federal dos EUA, com quem o governo boliviano passou a cooperar, após gestões do governo americano e até um pedido pessoal ao presidente Evo Morales do ator Sean Penn, amigo de uma vítima dos bandidos.
Ingresso no bloco deveria pressionar governo boliviano
A prisão da quadrilha foi provocado pelo caso dantesco de um americano preso há 18 meses "preventivamente", que teve seus bens apreendidos e vendidos pelos bandidos, aproveitando a máquina de governo. Nada parecido ocorreu com cidadãos do Brasil lá, mas estudantes brasileiros se queixam de achaques da polícia, que lhes cobra documentos, cuja entrega é inexplicavelmente retardada pela burocracia boliviana.
O mesmo retardo ocorre com papéis de regularização de terras, expondo fazendeiros a ações arbitrárias. Também sem explicação está o atraso na devolução de centenas de automóveis brasileiros roubados e apreendidos em território boliviano, onde apodrecem sem liberação.
É séria a situação de empresas brasileiras atraídas à Bolívia por negociações com o governo ou empresários locais. Caso notável é o da D"Andrea Agrimport, empresa contratada para fornecer máquinas e montar uma fábrica de papel estatal. O governo boliviano deveria garantir as obras de engenharia e fornecimento de gás, água e eletricidade - serviços contratados (e não entregues até hoje) a uma empresa boliviana dirigida pelo irmão de um bem conectado vice-ministro de governo.
O diretor da empresa brasileira teve o contrato rescindido por acusação de descumprimento de prazos, autoridades bolivianas o acusam - sem provas - nos jornais de entregar máquinas velhas, teve rejeitadas (por pressão do governo, segundo alega) suas tentativas de recorrer a arbitragem e só na sexta-feira, quase um ano depois de iniciado o caso, permitiu-se que fosse ouvido no processo.
O risco de intervenções indevidas sobre árbitros em disputa judicial também paira sobre a OAS, que, ameaçada de multas questionáveis, prepara sua retirada do país, após ver atoladas, em conflitos políticos, obras de estradas contratadas pelo governo boliviano.
Há um ano, a Votorantim tenta viabilizar o maior investimento privado previsto no país, uma fábrica de cimento, de US$ 180 milhões, já aprovada pelo governo boliviano, que não dá, porém, as necessárias garantias de fornecimento de gás. Autoridades locais alegam falta de estudos para comprovar que não haverá ameaça ao contrato de fornecimento de gás ao Brasil ou ao ambiente.
A empresa já encaminhou essas garantias à diplomacia boliviana, mas o fato de que os sócios da brasileira são empresários afastados do grupo alinhado com o governo é apontado por conhecedores do caso como um dos possíveis motivos das dificuldades.
Nem todas as histórias têm o Brasil como vítima e a Bolívia no papel de vilão. Com a greve nas aduanas brasileiras, uma operação de fabricação de cimento da fábrica da Votorantim no Mato Grosso, com uso de matéria-prima dos sócios bolivianos, sofre com retenções arbitrárias dos fiscais no Brasil, que chegam a levar dias para liberar caminhões, que antes transitavam diariamente, por mais de uma vez, pela fronteira. Falta cimento na Bolívia, e o Brasil tem parte de culpa nisso. Assim como os produtores de soja se queixam de que o Ministério da Agricultura levou um ano para liberar os papéis necessários à venda, no mercado do Brasil, do grão excedente boliviano.
Os bolivianos queixam-se, ainda, do atraso no repasse de cerca de US$ 700 milhões prometidos pelo Brasil pelos componentes nobres do gás importado da Bolívia. A falta de diálogo claro em temas como esse e as peraltices da burocracia brasileira não são o que se esperaria de um líder regional. Menos ainda é aceitável que, pelo temor de parecer uma espécie de subpotência imperialista, o Brasil deixe de exigir do governo boliviano revisão das decisões oficiais que causam injustamente prejuízo a cidadãos brasileiros no país vizinho - como fez o governo dos EUA no caso do americano preso arbitrariamente.
A Bolívia tem um bom argumento: as mazelas na Justiça e em outras instâncias de poder não são dirigidas contra o Brasil, mas um problema tradicional, contra o qual, teoricamente, tem atuado o presidente Evo Morales. Também lembram a mudança tectônica no arcabouço jurídico do país após a Constituição votada em 2009, com regras inéditas- de difícil absorção, aliás, já que permitem decisões judiciais paralelas, segundo a tradição dos povos indígenas.
Isolada na Comunidade Andina das Nações, de quem depende, mas que adota um franco liberalismo, a Bolívia, para entrar no Mercosul, terá não poucos desafios. O Brasil, na condição de líder regional, perderá uma oportunidade de peso se não aproveitar o processo de inclusão para cobrar e promover maior transparência e previsibilidade nas ações do governo boliviano - que, aliás, anuncia a edição, em breve, de uma lei de proteção ao investidor.
Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Bolívia
Sávio Ricardo escreveu:Sou a favor da anexação do Paraguai![]()
Acaba com esse emplório.
Tá doido Sávio


Brava Gente, Brasileira!!!