Se eu tivesse $$$, optaria por uma dessas...
Mutantes de raça flex
Confira o comparativo entre as versões top com motor flex de Chevrolet S10 e Ford Ranger
A expressiva renovação vista este ano nas picapes médias possibilitou aos fãs do segmento a chance de assistir a uma luta inédita: Chevrolet S10 contra Ford Ranger em versões com motor bicombustível.
Um confronto que até pouco tempo atrás era impossível de ocorrer, uma vez que só o modelo da GM dispunha de opção flex.
Para descobrir qual é a melhor, selecionamos as versões top com cabine dupla de cada uma delas e promovemos um duelo de gigantes, com direito à presença do primeiro proprietário de uma nova Ranger no país, o campeão do TUF Brasil, Cezar Mutante.
O atleta de MMA ganhou a picape durante o reality show de combate e, apaixonado por desafios, topou nossa proposta de "lutar" contra a S10, defendida aqui pelo jovem Eduardo Nicholas. Hora então de conferir a batalha ou como costuma dizer o apresentador das lutas do UFC: "iiiiiittttsss time"!
Do lado esquerdo, a desafiante Ford Ranger, equipada com motor 2.5 flexível de 173 cv e preço sugerido de R$ 87.500 para a versão LTD. À direita, a nova geração da Chevrolet S10, que parte de R$ 81.648 na opção LTZ, com propulsor 2.4 bicombustível de 147 cv.
Resultado? Nocaute da Ranger sobre a S10 com oito pontos de vantagem, conquistados graças à maior oferta de conforto e desempenho e pela pequena diferença nas parciais do quesito bolso.
Os números do propulsor já dão uma pista sobre a superioridade da Ford em performance. Com 24,7 mkgf de torque, a novata flex é mais ágil nas acelerações e retomadas. De 0 a 100 km/h, por exemplo, são gastos 11s8. A Chevrolet, com seus 24,1 mkgf, percorre o mesmo trecho em 14s1.
O conjunto motor/transmissão da Ranger também ganha em eficiência. Além da maior potência, o bloco 2.5 vibra bem menos que o da S10. Em marcha lenta, o motorista da Chevrolet sente até o banco balançar. Na Ford, você só notará o balanço ao olhar para a manopla do câmbio manual de cinco marchas, de engates curtos, mas um tanto ásperos. A caixa da GM, por sua vez, não é tão justinha, embora as mudanças sejam mais precisas.
Em pisos irregulares, a vantagem é, de novo, da picape de Mutante, que absorve com suavidade os impactos e não pula tanto. Na S10, o pula-pula da cabine é intenso, tornando-se muito incômodo em longos trajetos.
No embate de conforto, as picapes merecem elogios por serem espaçosas, muito bem acabadas e caprichosas em equipamentos. São de série, para as duas, itens como freios com ABS, airbag frontal, ar-condicionado digital, direção
hidráulica, rodas de liga leve e bancos de couro com regulagem elétrica para o motorista.
Mas para justificar seus quase R$ 6.000 de diferença, a Ranger acrescenta airbags laterais e de cortina, sensor de ré, controle eletrônico de estabilidade (ESP) e GPS, apesar de estar disponível em uma tela muito pequena.
Ao volante, ambas são gostosas de dirigir e oferecem satisfatório campo de visão. A Ranger, no geral, agrada mais com seu volante de melhor empunhadura e câmbio semelhante ao de sedãs. Uma pena que o vão livre entre os bancos dianteiros seja pequeno e faça com que o condutor esbarre o braço no do passageiro ao trocar de marcha. Na S10 isso não ocorre e há uma oferta muito maior de porta-objetos.
O espaço para quem vai atrás é amplo nas duas, mas com algumas ressalvas: enquanto a GM disponibiliza porta-copos no consolea Ford traz apoio de cabeça para quem vai no meio.
Na caçamba, a Ranger impõe respeito com seus 1.180 litros, mas peca pela ausência do borrachão de proteção, item de série no bagageiro da S10, de 1.061 l.
Quando o assunto é dinheiro, contudo, as duas flex não são nada animadoras. Além de desvalorizarem bastante (12,5% para a S10 e 11,1% para a Ranger), cobram caro pelas três primeiras revisões. As da Ford totalizam R$ 1.532 contra R$ 1.528 da rival.
O seguro também é pesado. A melhor apólice da Ranger foi cotada a R$ 3.020, enquanto a da GM ficou em R$ 3.132.
No saldo das peças de reposição, o susto maior é dado pela Chevrolet, cujo pacote sai por R$ 5.687. Na Ranger, R$ 3.733.
Na hora de abastecer, quem decepciona mais é a versão flex da Ford, que faz média de 4,7 km/l na cidade e 6,2 km/l na estrada, com etanol. A S10 bebe um pouco menos: 4,9 km/l e 8,2 km/l, respectivamente. Na briga, chega a ser um cruzado, mas fraco para derrubar a picape Mutante.
CHEVROLET S10 LTZ
BOM
+ Entrega praticamente os mesmos itens de conforto da rival e custa menos.
+ Tem melhores médias de consumo: 4,9 km/l na cidade e 8,2 km/l na estrada.
+ Ganha com facilidade da Ranger no quesito porta-objetos.
+ Nela, o condutor troca as marchas sem esbarrar no braço da pessoa ao lado.
RUIM
- Elevada desvalorização: no primeiro ano, são consideráveis 12,5%.
- Peças de reposição. O pacote básico é R$ 1.954 mais caro que o da Ranger.
- As vibrações do motor são sentidas até nos bancos quando ela está parada.
- Basta uma ondulação no asfalto para sentir o intenso pula-pula da cabine.
FORD RANGER LTD
BOM
+ Exceto pela alavanca do câmbio, mal se sente a vibração do motor.
+ Desempenho. Ganha da rival em potência e força do motor.
+ É mais gostosa de dirigir e, em curvas, sua carroceria não inclina tanto.
+ Traz de série airbags frontais, laterais e de cortina. Na S10, só há os frontais.
RUIM
- Bebe mais que um pinguço até na estrada, onde faz média de 6,2 km/l.
- As revisões até os 30.000 km, assim como as da S10, são bastante caras.
- Poderia ter sistema Sync de comando de voz, como New Fiesta e EcoSport.
- Apesar do bom isolamento acústico, o nível de ruídos de seu motor é maior.
1º Ford Ranger 128
A vitória de Cezar Mutante, ops, da nova Ranger deve-se à maior vantagem nos quesitos conforto e desempenho. No aspecto bolso, ela também tem algumas virtudes, como as peças de reposição mais baratas. Mas peca pelo fato de consumir muito combustível. Preço maior? Detalhes como ESP, GPS e câmera de ré fazem a diferença valer a pena.
2º Chevrolet S10 120
Mesmo custando menos, a picape da GM provoca alguns sustos no bolso. Que o digam o seguro e as peças básicas de reposição, de valores bem elevados. Também desagradam na S10 o "agito" da cabine ao passar por pisos irregulares. Ela pula demais e ainda incomoda pelo excesso de vibrações do motor quando se está em marcha lenta.