Operações Policiais e Militares

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Re: Operações Policiais e Militares

#11206 Mensagem por henriquejr » Sex Out 12, 2012 7:41 pm

Brasileiro escreveu:Alguns palpites:

1) Há muita coisa acontecendo, e que sempre aconteceu com ou sem PCC, sendo atribuída ao PCC;
2) Bandido é oportunista. Agora todo mundo quer bancar o PCC, e cada vez que ele atacar, ele dirá que é do PCC. Há muito blefe. Um traficante que tem uma certa influência, pode tocar um pouco mais de terror se fizer uso da sigla. Além de uma questão de "grife", é mais um tempero na hora de amedrontar o povo e talvez até os rivais;



abraços]
Ainda bem que dessa vez você disse que são apenas palpites, ou seja, opinião pessoa baseado no que acha sobre o fato.

Só para formentar um pouco mais a discussão, o que seus palpites dizem sobre as "leis" e normas dos próprios bandidos e organizações criminosas? Será que algum traficante qualquer, de uma determinada região, iria querer correr o risco de provocar uma organização criminosa como o PCC, cometendo assassinatos utilizando sua "marca", para desviar a atenção da polícia e atrair para o confronto com esta? E, por último, será que realmente existem traficantes, de médio e grande porte, atuando de forma independente em São Paulo, fazendo uma espécie de concorrência com o PCC?

Só para poder entender o que é o PCC, se trata de uma espécie de milícia do tráfico de drogas, onde cobra "impostos" de seus sócios e, em compensação, lhes oferecem alguns serviços como pagamento de advogados, suborno ou ameaça de agentes público para conseguir favorecimentos, apoio contra criminosos rivais, inclusive dentro das cadeias.




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Re: Operações Policiais e Militares

#11207 Mensagem por Brasileiro » Sex Out 12, 2012 8:01 pm

Não sei do grande e do médio... Mas me parece que a "classe operária" do tráfico está doidinha com isso. Aliás, não acredito que quem ataca diretamente a polícia sejam os próprios chefes.
Ainda que sendo efetivamente comprados, para esses lambaris, poder fazer alguma coisa a mando do PCC seria o mesmo que poder entrar em campo pelo Corinthians por um dia. Mesmo assim, sempre tem por onde tirar casquinha com o medo da população. Para a polícia eu não sei, realmente é difícil, mas para assustar alguém que não goste, é bem provável que cole dizer que é do PCC e mandar ficar quieto.



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Re: Operações Policiais e Militares

#11208 Mensagem por henriquejr » Sex Out 12, 2012 11:39 pm

Brasileiro escreveu:Não sei do grande e do médio... Mas me parece que a "classe operária" do tráfico está doidinha com isso. Aliás, não acredito que quem ataca diretamente a polícia sejam os próprios chefes.
Ainda que sendo efetivamente comprados, para esses lambaris, poder fazer alguma coisa a mando do PCC seria o mesmo que poder entrar em campo pelo Corinthians por um dia. Mesmo assim, sempre tem por onde tirar casquinha com o medo da população. Para a polícia eu não sei, realmente é difícil, mas para assustar alguém que não goste, é bem provável que cole dizer que é do PCC e mandar ficar quieto.



abraços]

Brasileiro, pode acreditar, nenhum bandido, muito menos traficante, tem interesse de bater de frente com a polícia! Porque você acha que nas comunidades onde o tráfico é muito forte praticamente não se tem outros tipo de crimes?! Nenhum traficante quer a polícia dentro da comunidade atendendo ocorrências, isso afasta a "clientela" e prejudica seus negócios! É por isso que os traficantes impões leis paralelas, bastante rígidas, nas comunidades sob sua influencia.

Nenhum traficante, em sã consciência, tem interesse de provocar a polícia (o caso do RJ é atípico, por causa da corrupção policial), imagine matar policiais indiscriminadamente como vem ocorrendo. Esse tipo de coisa só ta acontecendo porque há uma organização muito organizada coordenando os ataques, e aí do bandido filiado a mesmo que descumpra as ordens que vem de seus líderes. ACHO que hoje não existe mais tráfico de drogas que não esteja sob a influência do PCC em São Paulo. Para se ter ideia, o PCC vem conseguindo filiados em praticamente todos os estados do Brasil, e a tendência é que eles dominem o tráfico de drogas nesses locais. Quem se recusa a se filiar a organização passa a ser concorrente e, consequentemente, inimigo.




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Re: Operações Policiais e Militares

#11209 Mensagem por Brasileiro » Sex Out 12, 2012 11:54 pm

Pois é Henriquejr, acredito que algumas pessoas vêem este tipo de organização como uma coisa mais ou menos estruturada, com uma base e toda uma 'cadeia alimentar' muito bem definida.

Porém, a impressão que eu tenho é que tais organizações possuem uma estruturação muito difusa, sem que haja aquelas peças que, se você tirá-las, todo o resto rui em cascata. Mais ou menos como uma planária ou uma estrela-do-mar, em que se você corta um pedaço ou arranca todos, cada uma dessas partes que sobram são capazes de formar um novo organismo independente.


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Re: Operações Policiais e Militares

#11210 Mensagem por Lirolfuti » Sáb Out 13, 2012 9:23 am

henriquejr escreveu:
Brasileiro escreveu:Alguns palpites:

1) Há muita coisa acontecendo, e que sempre aconteceu com ou sem PCC, sendo atribuída ao PCC;
2) Bandido é oportunista. Agora todo mundo quer bancar o PCC, e cada vez que ele atacar, ele dirá que é do PCC. Há muito blefe. Um traficante que tem uma certa influência, pode tocar um pouco mais de terror se fizer uso da sigla. Além de uma questão de "grife", é mais um tempero na hora de amedrontar o povo e talvez até os rivais;



abraços]
Ainda bem que dessa vez você disse que são apenas palpites, ou seja, opinião pessoa baseado no que acha sobre o fato.

Só para formentar um pouco mais a discussão, o que seus palpites dizem sobre as "leis" e normas dos próprios bandidos e organizações criminosas? Será que algum traficante qualquer, de uma determinada região, iria querer correr o risco de provocar uma organização criminosa como o PCC, cometendo assassinatos utilizando sua "marca", para desviar a atenção da polícia e atrair para o confronto com esta? E, por último, será que realmente existem traficantes, de médio e grande porte, atuando de forma independente em São Paulo, fazendo uma espécie de concorrência com o PCC?

Só para poder entender o que é o PCC, se trata de uma espécie de milícia do tráfico de drogas, onde cobra "impostos" de seus sócios e, em compensação, lhes oferecem alguns serviços como pagamento de advogados, suborno ou ameaça de agentes público para conseguir favorecimentos, apoio contra criminosos rivais, inclusive dentro das cadeias.

Hoje o Pcc e muito mais que trafico, suas atividades estao muito diversificadas.Hoje eles atuao desde financiar buracos para assaltar bancos ate aluguel de armas para as quadrilhas do "novo cangaço", matadores de aluguel e assim vai.




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Re: Operações Policiais e Militares

#11211 Mensagem por Lirolfuti » Sáb Out 13, 2012 6:54 pm

A polícia e a guerra assimétrica

Escrito por Valter Heller Dani | 13 Outubro 2012
Artigos - Movimento Revolucionário

Esta maneira sórdida de lutar, de batalha em batalha, está ganhando a guerra polícia-bandido. A polícia está cada vez mais se encolhendo, acuada por toda sorte de “entidades sociais”.


A guerra assimétrica é um expediente largamente utilizado por forças revolucionárias que remonta a Sun Tzu na obra A Arte da Guerra, tendo seu significado sido habilmente deturpado para a pueril afirmação de tratar simplesmente sobre confronto do mais fraco contra o mais forte. O princípio desta guerra, a sua finalidade mesma, é, na verdade, fazer com que um dos lados, o revolucionário, sempre tenha pleno direito e até dever de usar contra o inimigo qualquer meio por mais imoral, torpe e indigno que seja, enquanto o outro fica atrelado a uma série de deveres morais e éticos que acabam por fazê-lo sucumbir.

"Guerra Assimétrica: consiste em dar tacitamente a um dos lados beligerantes o direito absoluto de usar de todos os meios de ação, por mais vis e criminosos, explorando ao mesmo tempo como ardil estratégico os compromissos morais e legais que amarram as mãos do adversário". (Diferenças gritantes, Olavo de Carvalho, O Globo, 15 de maio de 2004).

Dentro do arsenal dos praticantes deste tipo de guerra, a mídia é uma das armas mais poderosas. Vários exemplos podem ilustrar essa prática. Um de fácil compreensão é o vasto repertório de torturas e sentenças sumárias de morte - que fazem a Inquisição parecer um passeio no parque -, adotados por Saddam Hussein quando no poder e pelos seus seguidores após sua queda. Dentre eles a amputação de membros a sangue frio e decapitações bárbaras filmadas e divulgadas na Internet apenas para aqueles que se dispuserem a procurar na rede, pois na mídia aberta existe uma proibição velada quanto a divulgação desses fatos. Do outro lado estavam os soldados americanos que, devido a uma humilhação quase que escolar infligida a um prisioneiro, a de botar uma calcinha em sua cabeça e de um ou dois safanões desferidos em outro, são bombardeados pela mídia mundial como os mais tenebrosos e malignos seres viventes. É exigida para eles uma punição exemplar que envolve, além da prisão, a perda da condição de militar, destruindo suas carreiras e conseqüentemente suas vidas. E, segundo essa mídia, essa punição é ainda muito branda para tão excruciante ato de maldade perpetrado por seres tão medonhos.

Atualmente no Brasil nada poderia exemplificar de maneira mais eloqüente o conceito acima do que o confronto entre as polícias e os bandidos. O criminoso tem a seu dispor a mais vasta proteção que um Estado optou conscientemente em adotar: em detrimento da proteção do bem maior que é a sociedade, acaba por proteger singularmente a cada bandido, pois a ideia de que sua conduta advém de seu contato com uma sociedade malvada tem muitos adeptos com grande influência.

Um criminoso, durante um confronto com a polícia, atira a esmo enquanto seu estoque de munição lhe permitir, sem se preocupar com o destino de cada projétil. O policial, por sua vez, só nesse aspecto já está em desvantagem pelo fato de que, em milésimos de segundo, deverá decidir se salva sua vida ou deixa de se defender para não por em risco a vida de inocentes. E quando um desses últimos, por uma fatalidade, acaba se ferindo, mesmo que por ação dos bandidos, a conta, não raro, é debitada à polícia.

Daí por diante o provocador da situação, que é o bandido, é deixado de lado e o foco fica inteiramente voltado à crítica áspera e injusta à polícia. Quando um policial está a serviço é obrigado a aceitar com uma calma ovina todos os tipos de insultos e ofensas, sejam elas morais, pessoais, profissionais, ou até mesmo contra sua integridade física. Caso reaja com intuito de apenas fazer cumprir a lei e nada mais, será prontamente taxado de truculento e de estar abusando do poder. Nesse momento se voltarão contra ele o agressor e todos que estão à sua volta. Num segundo momento encontrará o repúdio da imprensa e depois, para finalizar, virá a espada da Justiça pesando sobre seu pescoço.

Esta maneira sórdida de lutar, de batalha em batalha, está ganhando a guerra polícia-bandido. A polícia está cada vez mais se encolhendo, acuada por toda sorte de “entidades sociais”, pela mídia em geral, classe artística, ONGs de direitos humanos, Justiça, ministério público, entre outras instituições. O crime organizado, enquanto isso, assiste a tudo como uma astuciosa raposa que do alto da colina se deleita ao ver o fazendeiro matando suas próprias galinhas, pensando que assim conseguirá vencê-la.


Valter Heller Dani é policial civil.

http://www.midiasemmascara.org/artigos/ ... trica.html




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Re: Operações Policiais e Militares

#11212 Mensagem por Clermont » Sáb Out 13, 2012 8:10 pm

(...)"Guerra Assimétrica: consiste em dar tacitamente a um dos lados beligerantes o direito absoluto de usar de todos os meios de ação, por mais vis e criminosos, explorando ao mesmo tempo como ardil estratégico os compromissos morais e legais que amarram as mãos do adversário". (Diferenças gritantes, Olavo de Carvalho, O Globo, 15 de maio de 2004).
Um jurista argentino resumiu isso, de forma brilhante, lá pelos anos 1930, se não me falha a memória:
"Quando os comunistas invocam seu direito às liberdades democráticas para tentar destruir estas mesmas liberdades democráticas, o que estão tentando fazer é revolução com seguro de vida!"
(...) Do outro lado estavam os soldados americanos que, devido a uma humilhação quase que escolar infligida a um prisioneiro, a de botar uma calcinha em sua cabeça e de um ou dois safanões desferidos em outro, são bombardeados pela mídia mundial como os mais tenebrosos e malignos seres viventes. (...)
O texto estava muito bom. O autor podia ter evitado escrever esta infantilidade. Abu Ghraib e toda a invasão do Iraque foram crimes bem mais sérios do que "botar calcinha na cabeça".




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Re: Operações Policiais e Militares

#11213 Mensagem por Brasileiro » Sáb Out 13, 2012 8:54 pm

Um policial, que calcula e sabe muito bem contra o quê está atirando, que imprime ali a máxima violência que é permitida, está sendo responsável e sua atitude é suportada pela lei. É diferente do bandido, que não tem nada disto.

Para fazer isto que chamam de combater o crime (já personificado no imaginário popular), ou você dá suporte à polícia, com instrumentos e todo o apoio necessário para que vença a outra parte embasado por uma lei superior e evoluída; ou então dá à polícia a escada para que desça ao subsolo e combata o delinquente "de igual para igual". Esta última parece ser a visão deste autor.

Quando o autor do texto diz esta barbaridade sobre o caso de prisioneiros de guerra iraquianos, está apenas deixando mais claro o que ele quer dizer ao longo do texto. Este parágrafo não é um "ponto fora da curva", mas complementa e dá sentido a todo o resto do texto.



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Re: Operações Policiais e Militares

#11214 Mensagem por Brasileiro » Sáb Out 13, 2012 11:48 pm

Dos esquadrões ao PCC, 52 anos de violência mataram 130 mil pessoas

Assassinatos em SP aumentaram depois que passaram a ser vistos como ferramenta de controle do crime; entre 1960 e 1999, pularam de 217 casos para 6.653 e em 2000 começaram a cair
13 de outubro de 2012 |


Bruno Paes Manso, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - “Para cada policial morto, dez bandidos vão morrer”, bradou em novembro de 1968 o investigador Astorige Correia, o Correinha, na frente de jornalistas durante o enterro de Davi Parré, investigador morto por um traficante da zona norte de São Paulo conhecido como Saponga. O juramento antecipava a série de assassinatos praticada por policiais civis do famigerado esquadrão da morte liderado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.


Na semana passada, a fatídica sentença voltou a assombrar o cotidiano dos paulistas como se as 130 mil mortes ocorridas em 52 anos tivessem sido insuficientes para dar lições. O homicídio de policiais militares na Baixada Santista e em Taboão da Serra provocaram uma sequência de 20 homicídios nos bairros vizinhos. Moradores que viram o massacre apontaram PMs à paisana como suspeitos.

Em dois momentos distantes, separados por mais de meio século, a vingança continua fazendo a engrenagem dos homicídios girar. Para compreender a violência nos dias de hoje, é fundamental entender a variação dos homicídios nos últimos 52 anos. A epidemia dos assassinatos começa no fim dos anos 1960, depois que as mortes a bala passam a ser vistas como uma maneira de se manter o controle dos roubos em uma cidade que crescia desordenadamente.

Antes disso, o mundo do crime em São Paulo era quase romântico, palco dos desviantes que vagavam na boca do lixo perto da Estação da Luz e da velha rodoviária do centro. No chamado Quadrilátero do Pecado, região da Avenida Duque de Caxias, que no futuro se transformaria na cracolândia, em vez de revólveres, os malandros usavam navalhas em noitadas abastecidas por anfetaminas e destilados.

Mais do que um reduto de criminosos violentos, o submundo paulistano era palco de contravenções e contraventores que vendiam sexo, jogos de azar e drogas leves. Assassinatos, nesse tempo, eram a opção dos vilões, malvados e loucos. “Os tempos eram outros. O crime que mais assustava era o furto qualificado, quando o ladrão invadia um comércio ou uma casa quando o dono estava fora”, lembra o criminalista Roberto Von Hyde, de 82 anos, que defendeu criminosos perseguidos pelo esquadrão, além de João Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz Vermelha, que em 1967 foi preso por assaltar casas e matar quatro pessoas.

“Crimes de sangue” envolviam geralmente histórias de maridos traídos, que, movidos pelo ódio incontrolável, muitas vezes matavam a si próprios em tragédias passionais à la Nelson Rodrigues. Entre 1960 e 1965, em mais da metade dos assassinatos em São Paulo, corpos de vítimas foram encontrados dentro de casa, revelando forte associação entre esse tipo de crime e paixões domésticas mal resolvidas.

Por serem ações tresloucadas, os assassinos sofriam controle acirrado de instituições e da sociedade. Casos como o de Benedito Moreira de Carvalho, que ficou conhecido como o Monstro de Guaianases ao ser acusado de violentar e matar dez mulheres entre 1950 e 1953, tornavam o homicida um pária, odiado e caçado como personagem de filme de terror.


Mudança

A epidemia de assassinatos em São Paulo começou quando homicídios passaram a ser vistos como ferramenta para limpar a sociedade dos bandidos. Com o crescimento dos roubos e dos assaltos a banco no fim dos anos 1960, viraram instrumento de extermínio ou vingança para ser usado em benefício da população com medo.

Em vez de monstros, os homicidas que alegavam agir em defesa da sociedade e tornar a cidade mais segura se transformaram em heróis. Os chamados “presuntos” eram desovados em estradas de São Paulo, depois de serem retirados de presídios como o Tiradentes.

Chefe do esquadrão da morte, o delegado Fleury - que começou em 1968 a matar suspeitos com ajuda de outros integrantes do bando - virou um dos ídolos do período, recebendo homenagens em letras de canções populares. E os métodos cruéis do esquadrão também ganharam prestígio durante o regime militar. Técnicas de tortura e assassinatos passaram a ser usadas por integrantes do Exército e da Polícia Militar no combate à guerrilha e para desbaratar os grupos de esquerda. Em 1969, Fleury estava à frente da emboscada que levou à morte do líder comunista Carlos Marighella na Alameda Casa Branca.

Rota

No combate ao crime comum, policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) assumiram nos anos 1970 o posto de “caçadores de bandidos”, celebrados pela população. “Em bairros das periferias, a população pedia para beijar nossa mão”, lembra o coronel Niomar Cyrne Bezerra, ex-comandante da Rota na época.

Nos anos 1980, saiu da PM um dos principais matadores da história da cidade. O soldado Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo Bruno, morto há duas semanas depois de ficar 27 anos na prisão, iniciou sua carreira de justiceiro matando a soldo de comerciantes. Logo justiceiros pipocaram por todos os cantos de São Paulo. De forma geral, todos alegavam matar bandidos em defesa dos trabalhadores.

Em 1987, depois da prisão de Francisco Vital da Silva, justiceiro conhecido como Chico Pé de Pato, a população do Jardim das Oliveiras, na zona leste, foi em peso ao Fórum de Santana pedir sua liberdade.

Com o passar dos anos, no entanto, foi ficando mais claro que os homicídios, em vez de controlarem o crime, acabavam provocando novos assassinatos, em círculos ininterruptos de violência. Se por um lado eliminavam suspeitos, consolidavam também nesses bairros o medo da morte e estimulavam o desejo de vingança.

É o que revela a história do matador César de Santana Souza, que nos anos 1990 dizia ter matado mais de 50 pessoas no Grajaú, na zona sul. Ele praticou o primeiro homicídio por vingança, depois que um amigo foi morto em um campinho de futebol. Jurado de morte por inimigos que queriam vingança, passou a matar por razões cada vez mais banais, sempre que pressentia que corria risco de ser morto. Ele chegou a acreditar que a violência o ajudaria a dominar o bairro. Depois de um tempo, percebeu, no entanto, que homicídios serviam apenas para provocar novos homicídios. Em 2006, terminou assassinado por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que passaram a vender drogas em seu bairro.

Grupos mataram mais que a ditadura


Tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, o esquadrão da morte representou o começo da epidemia de assassinatos. Não pela quantidade de homicídios de seus integrantes, mas por colocar em prática uma nova forma de ver o mundo e lidar com assassinatos em sociedades em processo de urbanização.

O esquadrão começou no Rio em 1958 e serviu de modelo para o resto do Brasil, inclusive São Paulo. Policiais paulistas conversavam com os cariocas antes de se organizar para matar. O Espírito Santo, Estado que liderou o ranking dos assassinatos no Brasil nos anos 1980 e 1990, também teve seu esquadrão.

Considerando levantamentos policiais do período, entre 1963 e 1975 os grupos de extermínio formados por policiais mataram quase 900 pessoas no Rio (654) e em São Paulo (200) - mais do que os 20 anos de regime militar.
http://www.estadao.com.br/noticias/cida ... 5059,0.htm


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Re: Operações Policiais e Militares

#11215 Mensagem por prp » Sáb Out 13, 2012 11:56 pm

Esse texto é uma grande merda.
Sem embasamento nenhum o imbecil lê os gráficos e dá o veredito. Um completo imbecil. É por causa de retardados como esse que nossa sociedade está se transformando em um completo caos.




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Re: Operações Policiais e Militares

#11216 Mensagem por Brasileiro » Dom Out 14, 2012 10:25 am

Meu chapa, as vezes tenho a impressão de que algumas pessoas pensam que os bandidos vêem de outra galáxia, brotam do chão, caem do céu, qualquer coisa, menos a hipótese de que se formam no seio da nossa sociedade, de onde também nascem policiais, advogados e deputados, que às vezes também são bandidos.

O que o texto faz muito bem é nos mostrar como foi que o brasileiro perdeu o respeito à vida, como conseguimos tornar a morte uma coisa tão banal. E para o incômodo de muitos, o texto explica que esta cultura de banalização da vida e da morte também tem raízes na forma de atuação da própria polícia nos últimos 50 anos.

A grande lição talvez seja a de que, quando se banaliza a morte, é impossível separar por classes, bandido ou mocinho, a vida humana em si se torna banal.


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Re: Operações Policiais e Militares

#11217 Mensagem por wagnerm25 » Dom Out 14, 2012 6:42 pm

Mais um. A coisa tá feia.
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14/10/2012 - 09h27

PM de folga é morto com tiros de fuzil na zona sul de SP
Um policial militar de folga foi morto com tiros de fuzil em uma padaria no Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, na noite deste sábado (13).




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Re: Operações Policiais e Militares

#11218 Mensagem por Lirolfuti » Dom Out 14, 2012 9:22 pm

Em gravações, criminosos ordenam execução de policiais militares em SP
PF, MP e Polícia Civil de SP investigam participação de facção nos crimes.
Conversas dos criminosos foram gravadas com autorização da Justiça.

nvestigações da Polícia Federal, do Ministério Público e da Polícia Civil paulista conseguiram registrar conversas de criminosos nas quais eles ordenam e até estabelecem prazo para a execução de policiais.

“Tem um ‘salve’ para passar aqui”, diz um deles, em uma gravação. Na gíria do crime, "salve" significa um comunicado de uma quadrilha para criminosos que estão presos, e também para os que estão nas ruas. Gravações obtidas pela reportagem do Fantástico revelam que um desses “salves”, enviado em agosto passado, era para matar policiais.

A conversa prossegue: “Se eles pegar (sic) um de nós, na covardia, cai dois deles.”
“Então, já era, é isso que eu gosto.(risos)”

Os criminosos dão prazo para a execução dos policiais: “Fica determinado o prazo de 10 dias para ser concluída a cobrança.”

No último dia 3 de outubro, câmeras de segurança registram a execução do soldado Fábio de Sá, em São Vicente, litoral paulista. Pela primeira vez, a mulher dele falou sobre o assassinato. “Uma pessoa honesta, trabalhadora, pai de família, indo embora só por causa de uma profissão”, disse.

Nos dois dias seguintes à morte do policial, aconteceram 11 assassinatos na Baixada Santista. Em nenhum desses, a vítima era da Polícia Militar. Os atiradores ainda não foram identificados. Investigações apuram se existe um grupo de extermínio na região, formado por policiais.

Depois dessa sequência de crimes, mais uma morte de um policial militar: no dia 7 de outubro, em Santos, a vítima foi o sargento Marcelo Fukuhara. Há cerca de um mês, segundo a família, ele se envolveu em uma operação em que três rapazes foram mortos. Na versão da polícia, houve troca de tiros.

À reportagem do Fantástico, a mulher do sargento disse que bandidos foram flagrados em telefonemas planejando a morte dele. “Apareceu uma história assim: o japonês, o anjo da guarda dele é forte, mas uma hora ele vai dormir”, contou Rosana Gonçalves, viúva do sargento Fukuhara.

Ela conta que os superiores do marido sabiam das ameaças, mas nenhuma providência foi tomada. “Nunca, formalmente, meu marido foi escoltado. Eu espero que os comandantes, honrem a farda que eles vestem, que eles busquem quem tirou a vida do meu marido”, disse.

Um dia depois da morte do sargento Fukuhara, o alvo foi o soldado Hélio de Barros, assassinado em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Em menos de cinco horas, num raio de dois quilômetros, outras sete pessoas foram mortas.

“De um lado, tem uma maior capacidade do estado na repressão do delito. Do outro lado, infelizmente, uma resistência por parte dessa delinquência. A população pode e deve permanecer tranquila porque haverá aplicação da lei”, afirmou Márcio Elias Rosa, procurador-geral de Justiça

O Ministério Público e as polícias Civil e Federal investigam a facção que age dentro e fora dos presídios paulistas. Em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, integrantes desse bando declaram guerra contra a PM. Foi em uma conferência, com vários criminosos, em agosto passado.

Um suspeito de chefiar a quadrilha do lado de fora das cadeias lê uma mensagem: “Em cima das execuções covardes, realizadas pelos policiais militares, partindo diretamente da Rota, a resposta será à altura, pois sangue derramado se cobra do mesmo modo”.

Antes desse "salve” geral, a ação da Rota com o maior número de mortes este ano tinha acontecido em maio, na Zona Leste de São Paulo: seis homens morreram, segundo a versão da polícia, em uma troca de tiros.

Mas uma testemunha disse ter presenciado um desses suspeitos levar chutes e ser executado. Três policiais estão presos, acusados dessa morte. “O que nós devemos fazer é investigar, identificar, prender, processar essas pessoas, e não matá-las”, declarou o promotor de Justiça Roberto Wider.

A mensagem da quadrilha tem a matemática do crime. A cada comparsa morto - chamado de "irmão" -, dois policiais devem ser executados. “A partir dessa data, 8/8/2012, foi determinado como missão cobrar a morte do irmão à altura, executando dois policiais da mesma corporação que cometeu o ato da covardia”, diz um criminoso.

E se o prazo de 10 dias para matar os pms não for cumprido... “Caso não for tomada atitude nesse prazo e cobrada a morte do irmão, caberá punição rígida. Boa sorte para todos.”

As escutas telefônicas indicam que a ordem para executar policiais militares tem que ser repassada para o maior número possível de criminosos, em várias partes do estado:
“49 já pegou(sic) o salve.”
“Entendeu tudo. O salve é tenebroso, velho.”

Mês passado, em Santo André, no ABC, a polícia encontrou explosivos com dois integrantes da quadrilha. Eles levavam este outro comunicado: "Tem que matar os 'botas'. Deve usar bombas e armas pesadas. Sem dó". Bota significa policial militar.

“A diligência foi realizada pela Polícia Militar. Isso foi encaminhado para Polícia Civil, foi lavrado o flagrante. As duas corporações da polícia têm conhecimento desse recado da facção criminosa”, disse o promotor Roberto Wider.

Segundo as investigações, um grupo de criminosos obedeceu as ordens da quadrilha e matou dois policiais do interior do estado, em setembro.

Os assassinos falam em código:
“Você sabe se o pessoal de Araraquara, o irmão lá, alugou a casa?”
“Não.”

Policiais federais, policiais civis e promotores que escutaram mais de 100 horas de gravações não têm duvida: "alugar uma casa" quer dizer "matar um policial".

De acordo com as investigações, em 13 de setembro, um criminoso da região de Araraquara avisou que a morte de um policial estava próxima:
“O pessoal falou que entre hoje e amanhã, vai alugar.”
“Fechou.”

No dia 14 de setembro, em São Carlos, o soldado Marco Aurélio de Santi foi assassinado. No dia seguinte, na vizinha Araraquara, bandidos executaram o sargento Adriano Simões da Silva.

Segundo as investigações, os assassinatos foram confirmados por telefone:
“A casa foi alugada mesmo?”
“Foi, foi.”

A reportagem do Fantástico procurou o Governo do Estado e a Secretaria de Segurança Pública para falar sobre essas gravações, mas eles não quiseram se pronunciar. Durante a semana, o governador e o secretário deram entrevistas sobre a recente onda de violência.

“Fica muito cômodo debitar tudo a uma facção criminosa, mas na realidade o crime é muito bem organizado. E nós estamos combatendo e isso está causando uma série de preocupação para eles e há essa revolta. Há um oportunismo. Pode fazer acerto de contas e debitar na polícia esse momento que estamos passando”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.

“Morte de policiais é uma forma do crime intimidar o Estado. E o Estado não vai ser intimidado”, declarou o governador Geraldo Alckmin.

Cinco mil policiais que trabalhavam em serviços burocráticos ou estavam participando de cursos foram para ruas do Estado de São Paulo para reforçar a segurança.

A família de uma mulher casada com um policial adotou medidas para se proteger. “A gente não pode mais sair com os filhos, que está propenso a gente ser alvejado por esses criminosos. A gente não pode falar que o nosso esposo é policial. a gente vive escondido”, disse.

Fantástico: “E ele pensa em abandonar a profissão?”
R – “Não. Não pensa. Mesmo indignado, ele vai continuar.

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2 ... em-sp.html




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Re: Operações Policiais e Militares

#11219 Mensagem por felipexion » Seg Out 15, 2012 12:00 am

A segurança pública que não queremos

De acordo com o Mapa da Violência no Brasil, do Instituto Sangari (2012), Alagoas é o estado da federação com a maior taxa de homicídio em todo o país, perfazendo 66,8% por cem mil habitantes. No relatório de 2011, da mesma instituição, o Estado também aparece na liderança do ranking nacional da violência com 60,3% e em 2010 com 59,6%.

Além de figurar como o estado mais violento do Brasil, Alagoas ainda se destaca em outras áreas, aparecendo também na liderança do analfabetismo e da pobreza. A necessidade de ações dos organismos governamentais (mas também da sociedade civil organizada) com vistas à formulação de políticas públicas é um imperativo de primeira ordem. A precariedade dos instrumentos de segurança pública é evidenciada em relatórios oficiais, nos quais se constatam, pelos números, a ineficiência do aparato público na resolução dos casos de homicídios no estado. Em 2005 a capital, Maceió, registrou 667 homicídios, entretanto apenas 52 foram apurados; em 2006 foram 938 homicídios com 36 apurados; em 2007 foram 930 homicídios e 27 apurados; em 2008 o número de homicídios aumenta para 1.123, com apenas 104 apurados[1].

A ineficiência dos órgãos públicos na resolução dos casos de homicídios em Maceió e em todo o estado cria uma espécie de impunidade institucional na qual o próprio Poder Público estabelece as condições objetivas que possibilitam a existência de tal fenômeno. Será que o aumento desordenado de homicídios em Alagoas não vem ocorrendo exatamente por causa da ausência de resolução dos crimes de homicídio? Será que a impunidade institucional não vem contribuindo de forma decisiva para que os conflitos sociais cada vez mais se traduzam em assassinatos? São questões importantes e que merecem atenção.

Além do estado de violência vivenciado por Alagoas, deve-se destacar seu grau elevado de pobreza. A Pesquisa de Mapeamento e Qualificação da Exclusão Social do Estado realizada pelo Núcleo Temático de Assistência Social (NUTAS) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), revela em 1998 que 71,49% da população de Alagoas e 52,64% da população de Maceió vivia em situação de exclusão social.

Chama atenção o fato de que os dois fenômenos sociais, violência e pobreza, têm crescido gradativamente. Diante dessa situação surgem mais questões importantes: há relação entre as duas variáveis? O aumento da violência está associado ao aumento da pobreza em Alagoas? A ausência do Poder Público na resolução dos crimes de homicídios, associado ao aumento da pobreza tem contribuído para o aumento da violência? Ou nenhuma dessas variáveis tem relação com o crescimento da violência? Se faz necessário, portanto, que a academia, governos e sociedade procure respostas a essas questões com a finalidade de retirar Alagoas desse estado de violência em que se encontra.

Por outro lado, a iniciativa tomada pelo Governo de Alagoas e pelo Governo Federal certamente não vai reduzir os altos índices da violência. O Programa Brasil Mais Seguro não estabelece relação entre as diversas áreas sociais que necessitam de atenção por parte do Poder Público. O tal programa não prevê o incentivo de ações que envolva a população em atividades relacionadas a geração de emprego e renda, em incentivos à pratica esportiva, na fomentação de atividades culturais, e em ações que envolva a população em projetos sociais.

O Programa Brasil Mais Seguro, que destina 25 milhões do Governo Federal e 18 milhões do Governo de Alagoas, estabelece como meta, apenas, melhorar as investigações e fortalecer o policiamento, além de estabelecer como eixos fundamentais o investimento em investigações de crimes violentos, fortalecer o policiamento ostensivo e controle de armas.

É importante salientar que as ações previstas pelo programa são importantes e que precisam, de fato, serem implementadas. Os índices realmente apontam para a necessidade de ações efetivas de enfrentamento ao crime. Entretanto, o programa coloca os governos a focar suas ações e investir recursos públicos nas consequências do problema, deixando de lado suas causas.

Um modelo de segurança pública que vislumbra a violência como o único problema a ser resolvido e a ação repressiva como solução é um modelo fadado ao fracasso. Considerando que segurança pública é apenas um elemento de um conjunto de necessidades presentes nas relações sociais. Desta forma, pode-se dizer que melhorar a educação, gerar emprego, criar condições dignas de moradia, incentivar o esporte, a cultura e proporcionar o lazer também é investir em segurança pública. Esse sim é um modelo de segurança capaz de caminhar na resolução e eliminação desse estado de violência por qual passa Alagoas. Ao invés de diminuir o Estado é preciso ampliá-lo para o atendimento às populações que mais necessita de sua assistência.

Estabelecer, portanto, um estado de policia onde o braço forte do Estado invade as casas de cidadãos de bem constrangendo-os e violando sua dignidade humana para depois lhe pedir desculpas definitivamente não é fazer segurança pública.

[1] Quadro comparativo de vítimas de homicídios dolosos somente por arma de fogo registradas no IML/Maceió, excluídas as originadas do interior (Cf. http://iml.seds.al.gov.br).

* Carlos Martins é sociólogo pela Ufal, professor e pesquisador da ação policial e das relações étnicorraciais.

http://www.brasildefato.com.br/node/10858




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Re: Operações Policiais e Militares

#11220 Mensagem por felipexion » Seg Out 15, 2012 12:03 am

Milícias mudam de estratégia para não chamar atenção

Segudo estudo da Uerj, milicianos têm menos força do que antes, controlam menos atividades econômicas, mas continuam matando com frequência; prática se espalha para outros estados

Os grupos de milicianos estão reinventando o modo de agir para não chamar a atenção do Estado e poder continuar a operar negócios criminosos altamente lucrativos. A conclusão é parte do estudo No Sapatinho – Evolução das Milícias no Rio de Janeiro (2008-2011), lançado quarta-feira (10) à noite na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

A pesquisa coordenada por Ignacio Cano e Thais Duarte, do Laboratório de Análise da Violência (LAV-Uerj), teve o patrocínio da Fundação Heinrich Böll, da Alemanha. O resultado foi transformado em um livro de 150 páginas, com textos sobre a origem das milícias no Rio, depoimentos, gráficos, tabelas e mapas que traduzem a atuação desses grupos armados no estado, principalmente na região metropolitana.

Cano explicou que as milícias foram enfraquecidas pela ação do Estado e por problemas internos de disputas, mas continuam operando nos mesmos territórios que tinham há quatro anos, só que de forma menos ostensiva.

“O esforço do Estado foi muito importante para cortar o avanço desses grupos e sua expansão, mas não conseguiu erradicar o problema. A nova milícia é muito mais discreta que a antiga. Não tem mais 50 homens armados andando por aí, não marcam mais as casas, mas é igualmente violenta e intimidadora. É um fenômeno mais sutil, eles não se candidatam na proporção que faziam antes aos cargos públicos, mas o terror e a extorsão continuam da mesma forma”, apontou o pesquisador.

Ele destacou que as evidências mostram que os grupos milicianos têm menos força do que antes, controlam menos atividades econômicas, mas continuam matando com frequência. Só que de forma dissimulada, para não chamar a atenção. Se anteriormente fazia questão de matar desafetos à luz do dia, como exemplo, agora a tendência é assassinar as vítimas e fazer desaparecer seus corpos.

Os pesquisadores constataram, observando as estatísticas oficiais, que há um aumento no número de desaparecidos, ao mesmo tempo em que se observa um declínio no de mortes violentas, em áreas de milícia.

“Há muitos assassinatos, torturas e o clima de terror nas comunidades é ainda mais alto do que anos atrás. É um sinal de alarme comprovar que a razão entre mortes violentas e desaparecidos aumenta justamente nas áreas onde a milícia atua. É um sinal sobre a possibilidade de que as milícias estejam desaparecendo com os corpos das vítimas em vez de matá-las publicamente.”

O pesquisador destacou que o apogeu de expansão das milícias foi o período 2006-2007 e que, atualmente, a repressão do Estado, inclusive com a prisão dos principais líderes, mudou sua forma de agir. “Em 2008, começou a repressão a elas e hoje em dia são muito mais tímidas em sua exposição pública. Estão se afastando do modelo do tráfico, de controle de entrada e saída [do território], de ter alguém sempre presente e indo mais na direção de grupos de extermínio ou da máfia, de forma mais sigilosa, para manter os lucros, com uma exposição menor. Os grupos não estão mais se exibindo, como eles faziam antes. Hoje, a investigação ficou mais complicada, justamente em função da discrição dessas milícias.”

Cano alerta que ao mesmo tempo em que há certa diminuição do poder miliciano no Rio, em outras partes do país novos grupos estão se organizando, nos mesmos moldes. São igualmente formados por militares, ex-militares e policiais que oferecem serviços de combate ao crime, aliados à exploração clandestina de produtos e serviços, incluindo a venda de botijões de gás, comercialização de sinal de televisão a cabo e o transporte de vans.

“Temos informações de outros estados de que fenômenos semelhantes estão começando a ocorrer. Então, o Brasil como um todo tem que começar a olhar para este problema, porque daqui a pouco não será exclusivo do Rio de Janeiro. Milícia é um negócio, você tem que conseguir pegar o dinheiro ou, pelo menos, aumentar os custos desse negócio. Prender pessoas é importante mas, em sua grande maioria, são descartáveis e acabam substituídas. Atacar o coração do negócio é essencial para poder desarticular esses grupos.”

http://www.brasildefato.com.br/node/10878




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