Engraçado ver essa situação, porque pelo menos aqui no meu estado, o RN, o relacionamento entre PM, PC e AP é, no geral, muito boa! Não sei como funciona por aí, mas aqui a guarda externa dos presídios ainda é feita pela PM, ficando os APs responsáveis pela parte interna. Aqui a PM fornece treinamento e até armamento para os APs. Até pouco tempo atrás as escoltas de presos, em deslocamentos, era realizado pela PM, hoje já existe uma unidade especializada em Escolta formada unicamente por APs, e quem fez todo curso de capacitação para a criação deste grupo foi a PM, inclusive as armas utilizadas nessa função foram repassadas pela PM (Espingardas cal 12 e fuzis 5.56). Antes quem fazia as operações anti-motim e de intervenção nos presídios era o BPChoque, da PM, recentemente foi criado o Grupo de Operações Especiais (GOE) formado exclusivamente por APs, que hoje são responsáveis pelas intervenções nos presídios, o BPChoque indo apenas no apoio, e quem formou este pessoal e equipou foi a PM. Recentemente recebemos, por meio de doação, cerca de 5 mil pistolas PT100, da PMESP, com isso, todos os Revolveres de 7 e 8 tiros (todos semi-novos) foram repassados aos APs e para PC, para que os agentes possam utilizar para porte. É triste saber que por aí ainda predomina esse clima de rivalidade, sem razão de existir, já que cada instituição tem suas atribuições definidas.Túlio escreveu:henriquejr escreveu: Túlio, você poderia explicar os motivos dessas diferenças que você tem em relação a BM? Pergunto isso porque realmente fiquei curioso em saber!![]()
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Em linhas gerais seu sistema é muito diferente do nosso: a abordagem ao Cidadão, por exemplo, e principalmente pelos mais novos (incluindo oficiais), é em linhas gerais bem grosseira, arrogante mesmo; aquela viagem de "paisano é paisano, militar é militar", dividindo a Sociedade em dois, sendo o "paisano" um ser inferior; a rivalidade conosco, APs, porque perderam a chance de tomar conta dos EPs (a PMO era deles e retomamos) e isso rendia muitas diárias corridas; a impunibilidade em fugas (tem cada história...) de presos; o treinamento e visão militar, a meu ver desnecessária para quem é Polícia; e por aí vai, cupincha, a Bala Maré tem muita kôza buena mas também - e institucionalmente - muita de que discordo. Mas sou apenas um "paisano"...![]()
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PS.: ao colega que perguntou sobre os meus 50 disparos mensais, eles saem - sempre saíram - do meu bolso, o recuo e a balística a curta distância do .38 comum (CHOG 158 grains) são muito semelhantes às da munição que uso na rua (.38 +P+ 125 grains), dá para treinar sem passar fome...![]()
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Com relação sobre o relacionamento entre a BM e a população civil, pelo que você fala ta parecendo com a PM/RN a 20 anos atrás. Como entrei na instituição em 2006, só sei que era assim porque sempre ouço as historias dos mais antigos sobre como era a formação. Eles contam que uma das primeiras coisas que se ensinava nas academias era que o maior inimigo do policial era o cidadão! Hoje em dia, quando ouço algo parecido com isso, não consigo nem acreditar! Hoje em dia a formação, pelo menos aqui no RN, é completamente voltada a proteção do cidadão, baseado nas doutrinas de policiamento comunitário, onde dita que o nosso maior parceiro é o cidadão! Nos cursos de formação de hoje aprendemos que o cidadão é o nosso cliente, somos simples prestadores de serviços a sociedade!
Sobre as abordagens, dos mais novos, eu até entendo o que você fala, e confirmo que realmente acontece com certa frequência. Ocorre que durante os treinamentos aprendemos sempre a abordar com excesso de cautela, sempre nos mostram exemplos de abordagens mal feitas e suas consequências muitas vezes trágicas, e isso faz com que o policial saia da academia muito doutrinado naquele padrão de abordagem, é tanto que quando colocam recém formados pra trabalhar conosco é normal os mais antigos chamarem a atenção dos mais novos depois da abordagem, pedindo pra ter mais sensibilidade com quem esta sendo abordado, pra utilizar do bom senso na forma de abordar, etc...
Mas é aquele negócio, independente da forma da abordagem, o fato é que praticamente ninguém gosta de ser abordado pela polícia. A maioria dos cidadãos tem na cabeça que só quem deve ser abordado é vagabundo, etc... muita gente, ao serem abordadas se sentem humilhadas, mesmo quando a revista pessoal é feita de forma educada e dentro dos parâmetros corretos.
Sobre o antigo código de rádio, colocado por você, realmente eu não conhecia! Quando entrei o alfabeto universal já era utilizado por aqui a um bom tempo! Sensacional essa sua contribuição, é sempre bom saber como as coisas eram antes!!