MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Modelo para os aeroportos racha governo
Regras para aeroportos opõem grupos no governo
Autor(es): Por Daniel Rittner | De Brasília
Valor Econômico - 27/08/2012
O pacote de novas concessões de aeroportos divide o governo. Ao contrário do que ocorreu no desenho das medidas para rodovias e ferrovias, a presidente Dilma Rousseff hesita sobre o caminho a seguir e abre espaço para divergências.
O primeiro grupo, chamado de "privatista", defende novas concessões, começando pelo Galeão (Rio) e Confins (Belo Horizonte), incluindo pelo menos um aeroporto no Nordeste e a privatização de dois terminais médios - Goiânia e Vitória. O segundo grupo apoia o modelo de parcerias público-privadas (PPPs) tendo a Infraero como sócia majoritária. A ideia não agrada as quatro grandes operadoras globais que disputaram os leilões de fevereiro, foram derrotadas e que serão agora consultadas sobre as PPPs: Fraport (Frankfurt), Aéroports de Paris (Charles de Gaulle), a BAA (Heathrow) e a holandesa Schipol (Amsterdã).
A elaboração do pacote de novas concessões de aeroportos jogou o governo em uma zona de atrito constante entre dois grupos que guardam divergências ideológicas. Ao contrário do que vinha ocorrendo no desenho das medidas para rodovias e ferrovias, áreas nas quais a presidente Dilma Rousseff formou convicção rapidamente do caminho a seguir e seus principais auxiliares falavam a mesma língua, o mal estar entre essas duas alas se acentuou com a hesitação dela em torno do futuro dos aeroportos. Nada está fechado até agora.
O primeiro grupo é chamado de "privatista" no Palácio do Planalto. Estão nele o ministro Wagner Bittencourt (Secretaria de Aviação Civil), Luciano Coutinho (presidente do BNDES), Marcelo Guaranys (presidente da Agência Nacional de Aviação Civil) e Antônio Henrique Silveira (secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda).
Todos defendem novas concessões, começando pelo Galeão (Rio) e Confins (Belo Horizonte), mas incluindo pelo menos um aeroporto no Nordeste. Eles também levaram ao gabinete presidencial a ideia de privatizar dois terminais médios - Goiânia e Vitória - que têm um histórico de problemas graves com o Tribunal de Contas da União (TCU) e exigem investimentos em ampliação da capacidade.
No segundo grupo, destaca-se o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Ele chegou ao ápice de sua força no governo Dilma e hoje é considerado o "cérebro" da ala que combate novas privatizações e defende o fortalecimento da Infraero. Nenhuma reunião sobre aeroportos é feita sem a sua presença. O grupo tem ainda a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o secretário-executivo dela, Beto Vasconcelos, uma espécie de "pupilo" de Dilma.
O grau de divergências e a incerteza da presidente podem levar ao adiamento do anúncio de novas medidas. "Vamos deixar isso para outubro", sugeriu Arno, na última reunião. Foi uma das poucas vezes em que Dilma demonstrou discordância com ele, na frente dos demais auxiliares, e cobrou empenho para fechar o restante do pacote em setembro.
Arno mexeu no plano de aviação regional, elaborado durante meses pela Secretaria de Aviação Civil, para incluir o ressurgimento de um subsídio do governo às companhias aéreas para viabilizar novas rotas entre pequenos municípios do interior. E foi pai da ideia de fazer parcerias público-privadas (PPPs) para atrair um sócio estrangeiro à Infraero, que continuaria como majoritária na gestão dos aeroportos.
Os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) chegaram a participar de algumas reuniões, mas se manifestaram de forma tímida e não são considerados protagonistas no debate. O comportamento do presidente da Infraero, Gustavo do Vale, intriga os dois lados. Ele chegou à estatal como um entusiasta das concessões, mas hoje acredita que tem condições de tocar obras no Galeão e em Confins com recursos públicos, além de ressaltar o fato de que pode comprometer sua capacidade financeira caso perca mais aeroportos lucrativos para a administração da iniciativa privado. Nas palavras de um conhecedor do que se passa nessas reuniões, Vale tem "coração privatista" e "cabeça estatizante", mas manifesta apoio à ideia das PPPs.
Inclinada a favor do segundo grupo, Dilma determinou uma ida de Gleisi e de Bittencourt à Europa, para conversas pessoais com grandes operadores de aeroportos. Quatro gigantes serão sondadas e receberão explicações detalhadas sobre o modelo alternativo que ela pensa em aplicar: a alemã Fraport (Frankfurt), a francesa Aéroports de Paris (Charles de Gaulle), a britânica BAA (Heathrow) e a holandesa Schipol (Amsterdã).
Todas essas operadoras participaram do leilão de fevereiro, em associação com grupos nacionais, mas perderam a disputa por Guarulhos, Viracopos e Brasília. Em contatos informais com empreiteiras brasileiras, disseram não ter interesse em uma associação com a Infraero nos moldes das PPPs propostas agora pelo governo. A missão de Gleisi e Bittencourt à Europa estava sendo programada para esta semana e pode ser confirmada hoje.
Dilma, agora disposta a levar adiante as PPPs, tem demonstrado irritação nas últimas reuniões e seus auxiliares estão convencidos de que sua decisão ainda pode tomar um rumo diferente. No ano passado, quando os assessores presidenciais entraram em sua sala para uma reunião conclusiva sobre a proposta de privatizar o aeroporto de Guarulhos, ela surpreendeu a todos: "Quero incluir Viracopos e Brasília". Ninguém tinha sido avisado e os dois outros aeroportos sequer constavam da pauta. Para um auxiliar de Dilma, é um sinal de que "às vezes ela decide com o fígado".
Se vingar o modelo de PPPs com participação majoritária da Infraero, é provável que ela ganhe mais flexibilidade nas contratações, saindo definitivamente das amarras da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações). Se as dificuldades levarem Dilma a optar pela continuidade das privatizações, é certo que haverá mudanças.
Nesse caso, a tendência mais forte é que não haja obrigatoriedade de os consórcios incluírem uma operadora estrangeira no grupo, como ocorreu no leilão de fevereiro. Uma vez definidos os vencedores da disputa, haveria a exigência de, aí sim, encaixar uma grande operadora no negócio. A outra hipótese é aumentar o requisito de movimentação mínima de passageiros em um aeroporto estrangeiro. Esse número foi de 5 milhões por ano no primeiro e pode subir a níveis próximos de 30 milhões por ano, limitando a concorrência às maiores operadoras mundiais.
Hoje, o retrato é de pouca força política do grupo a favor das privatizações. Bittencourt e Guaranys foram apontados como responsáveis pela ausência dos grupos mais robustos na lista de vencedores do primeiro leilão. Antônio Henrique Silveira tem estudado profundamente o assunto, mas tem evitado entrar em conflito, nas reuniões. Apesar de Gleisi e Beto Vasconcelos estarem a poucos metros do gabinete de Dilma, os assessores da presidente avaliam que o futuro dos aeroportos hoje depende, em boa parte, das propostas que apenas duas pessoas lhe levarem: Luciano Coutinho e Arno Augustin.
Enquanto isso, o desencontro das informações veiculadas recentemente sobre as concessões de aeroportos, que reflete a indefinição dentro do próprio governo, constrange o Palácio do Planalto e tem levado o gabinete presidencial a disparar telefonemas que buscam identificar, entre os participantes das reuniões, quem está na origem dos vazamentos.
Regras para aeroportos opõem grupos no governo
Autor(es): Por Daniel Rittner | De Brasília
Valor Econômico - 27/08/2012
O pacote de novas concessões de aeroportos divide o governo. Ao contrário do que ocorreu no desenho das medidas para rodovias e ferrovias, a presidente Dilma Rousseff hesita sobre o caminho a seguir e abre espaço para divergências.
O primeiro grupo, chamado de "privatista", defende novas concessões, começando pelo Galeão (Rio) e Confins (Belo Horizonte), incluindo pelo menos um aeroporto no Nordeste e a privatização de dois terminais médios - Goiânia e Vitória. O segundo grupo apoia o modelo de parcerias público-privadas (PPPs) tendo a Infraero como sócia majoritária. A ideia não agrada as quatro grandes operadoras globais que disputaram os leilões de fevereiro, foram derrotadas e que serão agora consultadas sobre as PPPs: Fraport (Frankfurt), Aéroports de Paris (Charles de Gaulle), a BAA (Heathrow) e a holandesa Schipol (Amsterdã).
A elaboração do pacote de novas concessões de aeroportos jogou o governo em uma zona de atrito constante entre dois grupos que guardam divergências ideológicas. Ao contrário do que vinha ocorrendo no desenho das medidas para rodovias e ferrovias, áreas nas quais a presidente Dilma Rousseff formou convicção rapidamente do caminho a seguir e seus principais auxiliares falavam a mesma língua, o mal estar entre essas duas alas se acentuou com a hesitação dela em torno do futuro dos aeroportos. Nada está fechado até agora.
O primeiro grupo é chamado de "privatista" no Palácio do Planalto. Estão nele o ministro Wagner Bittencourt (Secretaria de Aviação Civil), Luciano Coutinho (presidente do BNDES), Marcelo Guaranys (presidente da Agência Nacional de Aviação Civil) e Antônio Henrique Silveira (secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda).
Todos defendem novas concessões, começando pelo Galeão (Rio) e Confins (Belo Horizonte), mas incluindo pelo menos um aeroporto no Nordeste. Eles também levaram ao gabinete presidencial a ideia de privatizar dois terminais médios - Goiânia e Vitória - que têm um histórico de problemas graves com o Tribunal de Contas da União (TCU) e exigem investimentos em ampliação da capacidade.
No segundo grupo, destaca-se o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Ele chegou ao ápice de sua força no governo Dilma e hoje é considerado o "cérebro" da ala que combate novas privatizações e defende o fortalecimento da Infraero. Nenhuma reunião sobre aeroportos é feita sem a sua presença. O grupo tem ainda a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o secretário-executivo dela, Beto Vasconcelos, uma espécie de "pupilo" de Dilma.
O grau de divergências e a incerteza da presidente podem levar ao adiamento do anúncio de novas medidas. "Vamos deixar isso para outubro", sugeriu Arno, na última reunião. Foi uma das poucas vezes em que Dilma demonstrou discordância com ele, na frente dos demais auxiliares, e cobrou empenho para fechar o restante do pacote em setembro.
Arno mexeu no plano de aviação regional, elaborado durante meses pela Secretaria de Aviação Civil, para incluir o ressurgimento de um subsídio do governo às companhias aéreas para viabilizar novas rotas entre pequenos municípios do interior. E foi pai da ideia de fazer parcerias público-privadas (PPPs) para atrair um sócio estrangeiro à Infraero, que continuaria como majoritária na gestão dos aeroportos.
Os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) chegaram a participar de algumas reuniões, mas se manifestaram de forma tímida e não são considerados protagonistas no debate. O comportamento do presidente da Infraero, Gustavo do Vale, intriga os dois lados. Ele chegou à estatal como um entusiasta das concessões, mas hoje acredita que tem condições de tocar obras no Galeão e em Confins com recursos públicos, além de ressaltar o fato de que pode comprometer sua capacidade financeira caso perca mais aeroportos lucrativos para a administração da iniciativa privado. Nas palavras de um conhecedor do que se passa nessas reuniões, Vale tem "coração privatista" e "cabeça estatizante", mas manifesta apoio à ideia das PPPs.
Inclinada a favor do segundo grupo, Dilma determinou uma ida de Gleisi e de Bittencourt à Europa, para conversas pessoais com grandes operadores de aeroportos. Quatro gigantes serão sondadas e receberão explicações detalhadas sobre o modelo alternativo que ela pensa em aplicar: a alemã Fraport (Frankfurt), a francesa Aéroports de Paris (Charles de Gaulle), a britânica BAA (Heathrow) e a holandesa Schipol (Amsterdã).
Todas essas operadoras participaram do leilão de fevereiro, em associação com grupos nacionais, mas perderam a disputa por Guarulhos, Viracopos e Brasília. Em contatos informais com empreiteiras brasileiras, disseram não ter interesse em uma associação com a Infraero nos moldes das PPPs propostas agora pelo governo. A missão de Gleisi e Bittencourt à Europa estava sendo programada para esta semana e pode ser confirmada hoje.
Dilma, agora disposta a levar adiante as PPPs, tem demonstrado irritação nas últimas reuniões e seus auxiliares estão convencidos de que sua decisão ainda pode tomar um rumo diferente. No ano passado, quando os assessores presidenciais entraram em sua sala para uma reunião conclusiva sobre a proposta de privatizar o aeroporto de Guarulhos, ela surpreendeu a todos: "Quero incluir Viracopos e Brasília". Ninguém tinha sido avisado e os dois outros aeroportos sequer constavam da pauta. Para um auxiliar de Dilma, é um sinal de que "às vezes ela decide com o fígado".
Se vingar o modelo de PPPs com participação majoritária da Infraero, é provável que ela ganhe mais flexibilidade nas contratações, saindo definitivamente das amarras da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações). Se as dificuldades levarem Dilma a optar pela continuidade das privatizações, é certo que haverá mudanças.
Nesse caso, a tendência mais forte é que não haja obrigatoriedade de os consórcios incluírem uma operadora estrangeira no grupo, como ocorreu no leilão de fevereiro. Uma vez definidos os vencedores da disputa, haveria a exigência de, aí sim, encaixar uma grande operadora no negócio. A outra hipótese é aumentar o requisito de movimentação mínima de passageiros em um aeroporto estrangeiro. Esse número foi de 5 milhões por ano no primeiro e pode subir a níveis próximos de 30 milhões por ano, limitando a concorrência às maiores operadoras mundiais.
Hoje, o retrato é de pouca força política do grupo a favor das privatizações. Bittencourt e Guaranys foram apontados como responsáveis pela ausência dos grupos mais robustos na lista de vencedores do primeiro leilão. Antônio Henrique Silveira tem estudado profundamente o assunto, mas tem evitado entrar em conflito, nas reuniões. Apesar de Gleisi e Beto Vasconcelos estarem a poucos metros do gabinete de Dilma, os assessores da presidente avaliam que o futuro dos aeroportos hoje depende, em boa parte, das propostas que apenas duas pessoas lhe levarem: Luciano Coutinho e Arno Augustin.
Enquanto isso, o desencontro das informações veiculadas recentemente sobre as concessões de aeroportos, que reflete a indefinição dentro do próprio governo, constrange o Palácio do Planalto e tem levado o gabinete presidencial a disparar telefonemas que buscam identificar, entre os participantes das reuniões, quem está na origem dos vazamentos.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
PIB do 2º trimestre poderia ser maior se a demanda externa tivesse ajudado
Autor(es): Por Tainara Machado e Francine De Lorenzo | De São Paulo
Valor Econômico - 27/08/2012
A economia brasileira deve apresentar no segundo trimestre crescimento superior ao visto no trimestre anterior, estimam economistas. A média das projeções de 11 instituições coletadas pelo Valor Data aponta expansão de 0,46% no Produto Interno Bruto (PIB) entre o primeiro e o segundo trimestres, feitos os ajustes sazonais, pouco acima da alta de 0,2% no trimestre anterior. As previsões variam de avanço de 0,3% a 0,8%. A divulgação do resultado pelo IBGE está prevista para esta sexta-feira.
Esse número, no entanto, poderia ser um pouco maior não fosse a perda provocada pelo setor externo. Na conta dos economistas, a demanda interna já deve dar resposta mais forte aos estímulos do governo. De acordo com a média das projeções coletadas pelo Valor Data para esse indicador com dez instituições, o investimento deve deixar três trimestres consecutivos de queda e subir 0,4% no segundo trimestre, em relação ao primeiro, feitos os ajustes sazonais. O consumo das famílias deve ter crescimento ainda mais robusto - as projeções variam entre alta de 0,7% e crescimento de 1,2%.
Somados, os dois indicadores apontam para um crescimento da demanda interna superior ao da média da economia, que foi puxada para baixo pela entrada das importações e menor dinamismo das exportações.
De acordo com os cálculos da BB-DTVM, entre abril e junho a economia brasileira deve ter crescido 0,3% em relação ao primeiro trimestre, feitos os ajustes sazonais, alta apenas ligeiramente superior à expansão de 0,2% do PIB observada no trimestre anterior. A aceleração da demanda doméstica, no entanto, será mais forte: de aumento de 0,6% entre janeiro e março para crescimento de 1,1% no segundo trimestre. "O PIB só não responderá com mais força a esse número porque parte desse crescimento foi atendido por importações", explica Marcelo Arnosti, economista-chefe da gestora de recursos.
Para o Itaú Unibanco, estímulos concedidos pelo governo tiveram papel decisivo na sustentação do consumo - que continuou sendo o principal motor do PIB - no segundo trimestre. Pelos cálculos do banco, apenas a redução do IPI para automóveis deve responder por 0,3 ponto percentual do crescimento do PIB entre o primeiro e o segundo trimestre. Nesse período, a instituição acredita que a economia brasileira tenha se expandido 0,5%, feitos os ajustes sazonais.
Para o investimento, o cenário é de retomada, ainda que moderada, em relação ao tombo de 1,8% observado no primeiro trimestre. Robson Pereira, economista do Bradesco, avalia que, se confirmada, a alta esperada de 0,4% para a formação bruta de capital fixo será importante por reverter o processo de queda na contração dos investimentos, que já dura três trimestres, "abrindo espaço para números melhores nos próximos meses".
Arnosti, da BB-DTVM, avalia que apesar das altas esperadas para o consumo e o investimento, o resultado do segundo trimestre ainda será fraco por causa do setor externo, que deve dar contribuição negativa para o crescimento do país entre abril e junho, não só pelo aumento de 2,2% das importações, mas também por causa da queda de 3,5% das exportações no período.
Pereira, do Bradesco, estima que o setor externo "tirou" do PIB brasileiro no segundo trimestre 0,5 ponto percentual. As exportações, afirma, foram abaladas por medidas protecionistas de parceiros como a Argentina e pela fraqueza econômica no ambiente internacional. O economista Leandro Padulla, da MCM Consultores, ainda acrescenta que a greve nos portos também deve ter prejudicado a balança comercial brasileira.
Pelo lado da oferta, o destaque negativo deve ficar com a indústria, para a qual se espera retração de 2,3% no período, segundo o Itaú. "Esse resultado será uma correção, após alta de 1,7% no primeiro trimestre. O comportamento da indústria no PIB ficará mais coerente com a produção industrial", diz o economista Aurélio Bicalho, do Itaú.
Para Arnosti, a produção industrial deve recuar também em função de um processo de ajuste de estoques que segue em curso, apesar dos estímulos já concedidos ao setor e do patamar de câmbio mais favorável observado no período. Padulla, da MCM, faz avaliação semelhante. "As medidas do governo, como o corte do IPI e a redução dos juros, tiveram um efeito limitado na economia devido aos estoques ainda altos. Com o ajuste, a produção será retomada e o consumo deve crescer mais rápido nos próximos meses", diz.
Fernanda Consorte, economista do Santander, também espera reação significativa da atividade no segundo semestre, apoiada na demanda. Para ela, bancos menos receosos em função da queda da taxa de inadimplência devem contribuir para que o crédito volte a ter papel importante na sustentação do consumo.
O crédito, avalia Arnosti, da BB-DTVM, deve dar suporte adicional a um cenário de demanda sustentada pela massa salarial e pelo efeito defasado e cumulativo de ciclo de afrouxamento monetário de 4,5 pontos percentuais desde agosto do ano passado. Esses elementos, diz Arnosti, tornam possível que o país cresça 4% no fim do ano em relação a igual período de 2011, como sustenta com alguma ênfase o BC.
Autor(es): Por Tainara Machado e Francine De Lorenzo | De São Paulo
Valor Econômico - 27/08/2012
A economia brasileira deve apresentar no segundo trimestre crescimento superior ao visto no trimestre anterior, estimam economistas. A média das projeções de 11 instituições coletadas pelo Valor Data aponta expansão de 0,46% no Produto Interno Bruto (PIB) entre o primeiro e o segundo trimestres, feitos os ajustes sazonais, pouco acima da alta de 0,2% no trimestre anterior. As previsões variam de avanço de 0,3% a 0,8%. A divulgação do resultado pelo IBGE está prevista para esta sexta-feira.
Esse número, no entanto, poderia ser um pouco maior não fosse a perda provocada pelo setor externo. Na conta dos economistas, a demanda interna já deve dar resposta mais forte aos estímulos do governo. De acordo com a média das projeções coletadas pelo Valor Data para esse indicador com dez instituições, o investimento deve deixar três trimestres consecutivos de queda e subir 0,4% no segundo trimestre, em relação ao primeiro, feitos os ajustes sazonais. O consumo das famílias deve ter crescimento ainda mais robusto - as projeções variam entre alta de 0,7% e crescimento de 1,2%.
Somados, os dois indicadores apontam para um crescimento da demanda interna superior ao da média da economia, que foi puxada para baixo pela entrada das importações e menor dinamismo das exportações.
De acordo com os cálculos da BB-DTVM, entre abril e junho a economia brasileira deve ter crescido 0,3% em relação ao primeiro trimestre, feitos os ajustes sazonais, alta apenas ligeiramente superior à expansão de 0,2% do PIB observada no trimestre anterior. A aceleração da demanda doméstica, no entanto, será mais forte: de aumento de 0,6% entre janeiro e março para crescimento de 1,1% no segundo trimestre. "O PIB só não responderá com mais força a esse número porque parte desse crescimento foi atendido por importações", explica Marcelo Arnosti, economista-chefe da gestora de recursos.
Para o Itaú Unibanco, estímulos concedidos pelo governo tiveram papel decisivo na sustentação do consumo - que continuou sendo o principal motor do PIB - no segundo trimestre. Pelos cálculos do banco, apenas a redução do IPI para automóveis deve responder por 0,3 ponto percentual do crescimento do PIB entre o primeiro e o segundo trimestre. Nesse período, a instituição acredita que a economia brasileira tenha se expandido 0,5%, feitos os ajustes sazonais.
Para o investimento, o cenário é de retomada, ainda que moderada, em relação ao tombo de 1,8% observado no primeiro trimestre. Robson Pereira, economista do Bradesco, avalia que, se confirmada, a alta esperada de 0,4% para a formação bruta de capital fixo será importante por reverter o processo de queda na contração dos investimentos, que já dura três trimestres, "abrindo espaço para números melhores nos próximos meses".
Arnosti, da BB-DTVM, avalia que apesar das altas esperadas para o consumo e o investimento, o resultado do segundo trimestre ainda será fraco por causa do setor externo, que deve dar contribuição negativa para o crescimento do país entre abril e junho, não só pelo aumento de 2,2% das importações, mas também por causa da queda de 3,5% das exportações no período.
Pereira, do Bradesco, estima que o setor externo "tirou" do PIB brasileiro no segundo trimestre 0,5 ponto percentual. As exportações, afirma, foram abaladas por medidas protecionistas de parceiros como a Argentina e pela fraqueza econômica no ambiente internacional. O economista Leandro Padulla, da MCM Consultores, ainda acrescenta que a greve nos portos também deve ter prejudicado a balança comercial brasileira.
Pelo lado da oferta, o destaque negativo deve ficar com a indústria, para a qual se espera retração de 2,3% no período, segundo o Itaú. "Esse resultado será uma correção, após alta de 1,7% no primeiro trimestre. O comportamento da indústria no PIB ficará mais coerente com a produção industrial", diz o economista Aurélio Bicalho, do Itaú.
Para Arnosti, a produção industrial deve recuar também em função de um processo de ajuste de estoques que segue em curso, apesar dos estímulos já concedidos ao setor e do patamar de câmbio mais favorável observado no período. Padulla, da MCM, faz avaliação semelhante. "As medidas do governo, como o corte do IPI e a redução dos juros, tiveram um efeito limitado na economia devido aos estoques ainda altos. Com o ajuste, a produção será retomada e o consumo deve crescer mais rápido nos próximos meses", diz.
Fernanda Consorte, economista do Santander, também espera reação significativa da atividade no segundo semestre, apoiada na demanda. Para ela, bancos menos receosos em função da queda da taxa de inadimplência devem contribuir para que o crédito volte a ter papel importante na sustentação do consumo.
O crédito, avalia Arnosti, da BB-DTVM, deve dar suporte adicional a um cenário de demanda sustentada pela massa salarial e pelo efeito defasado e cumulativo de ciclo de afrouxamento monetário de 4,5 pontos percentuais desde agosto do ano passado. Esses elementos, diz Arnosti, tornam possível que o país cresça 4% no fim do ano em relação a igual período de 2011, como sustenta com alguma ênfase o BC.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Gestores de fundos de hedge brasileiros, historicamente, não tiveram que trabalhar duro para ganhar bons retornos. Eles têm usado taxas do país altíssimos juros como a base de sua estratégia de investimento, muitas vezes superando facilmente os mercados de ações como as taxas estavam em casa dos dois dígitos. Mas, desde agosto do ano passado, com taxas tendo sido cortado para um dígito, os investidores estão começando a questionar esta estratégia. Eles estão exigindo que os gestores de fundos de hedge investir em ativos mais arriscados - de títulos corporativos de renda variável - para reforçar retornos. Esta mudança tem o potencial de transformar a indústria de fundos de hedge no Brasil - ou seja, se a inflação, uma preocupação constante no país, não forçar um recuo da política de baixa taxa.
A grande maioria dos fundos de hedge brasileiros, detendo mais de 95 por cento destes ativos mais arriscados, são os fundos multimercado - o nome para qualquer fundo que pode investir em mais de uma classe de activos. Eles têm tradicionalmente seguido uma fórmula bastante simples para o sucesso, apelidado de "kit Brasil": Eles investem a maior parte de seus ativos em doméstico de renda fixa, em seguida, jogar um pouco de moedas, títulos no exterior e de ações nacionais para uma boa medida. É uma estratégia de baixa volatilidade, mas também um lucrativo, porque as taxas de juros têm sido tão alta. Mas, com as taxas do Banco Central do Brasil cortantes, os dias de dinheiro fácil pode ser mais. Taxas overnight no Brasil agora são 8 por cento, em comparação com 12,5 por cento em 2011. Enquanto que eleva o preço das obrigações dos gestores existentes, isso também significa que as compras de títulos novos passará a oferecer rendimentos mais baixos.
Como resultado, os gerentes multimercado agora estão sendo obrigados a repensar o kit Brasil. Hoje, eles estão ramificando-se para além dos de renda fixa fortemente orientadas para estratégias que favoreçam e estão em busca de retornos em outros ativos e mercados. Gerentes intrépidos estão aprimorando seus fundos existentes ou os novos lançamentos para aproveitar maior volatilidade de estratégias, tais como longo-curto equidade, que falharam anteriormente a pegar. Eles estão usando derivados para adicionar alavancagem, comprando títulos corporativos, estendendo-se para uma ampla cesta de moedas e se aprofundar ainda mais no mercado de capitais brasileiro. Alguns gestores são mesmo correndo longo estratégias de curto, embora este último ainda representam apenas 2,3 por cento do mercado da Anbima multimercado total.
"Conselheiros e investidores institucionais estão começando a perceber que a era dos retornos reais de 6 por cento, mais pode estar por trás de nós", diz Armínio Fraga, fundador da Gávea Investimentos, no Rio de Janeiro. "Eles terão de repensar estratégias de carteira e olhar para investimentos de longo prazo. É um grande tema de debate. "
Gerentes estão lançando novos fundos para tentar tirar proveito da ânsia recente para a diversidade. Recentemente, SPX Capital lançado no Rio de Janeiro e Investimentos Ibiúna começou em São Paulo, ambas as empresas oferecem estratégias de hedge funds. No geral, os gestores de fundos de hedge brasileiros estão começando a expandir seus horizontes, Jacobsen diz: "Hoje, há algumas estratégias muito boas e gestores no mercado. Mas a maioria não têm volume ainda. "
É uma mudança radical para a indústria brasileira de fundos de hedge, que historicamente tem mantido um perfil de investimento profundamente conservadora, dado a obsessão dos investidores com o CDI, referência do Brasil taxa de juro overnight. Fundos multimercado investir cerca de 80 a 90 por cento de seus ativos totais em renda fixa doméstica, ea correlação entre o mercado de títulos brasileiro e multimercados é impressionante.
Mas, com as taxas de agora em 8 por cento e, possivelmente, cair ainda mais, e com a inflação consistentemente a correr mais de 5 por cento, os gestores de fundos de hedge terá que provar que eles fazem mais do que apenas investir em títulos. O banco central cortou a taxa em 4,5 por cento desde agosto do ano passado, reduzindo retornos em contas de poupança que usam as taxas overnight. Presidente do Banco Central Alexandre Tombini, a quem a presidente Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores, nomeado no início do ano passado, logo após a sua inauguração própria em janeiro de 2011, é visto como dovish e cooperando com a unidade do governo para impulsionar o crescimento do PIB. Muitos observadores do mercado acha que taxas mais baixas estão aqui para ficar, a inflação permanece desde domado. (Banco central do Brasil é ultra-sensível à inflação, dada a história do país com hiperinflação tão recentemente quanto 1980.)
Os fundos de hedge especializados em mais mandatos agressivos acreditam que a sua vez chegou. "Como no Brasil as taxas de descer, a demanda por capital próprio e alternativas irá aumentar substancialmente", diz Alexandre De Zagottis, CEO da boutique de ativos Investimentos gerente Advis em São Paulo. "Os fundos de baixa volatilidade não vai fazer bem, porque é difícil de cobrar 2 por cento e depois não fornecer retornos elevados." De Zagottis co-gerencia 8.000 milhões de reais (3,96 bilhões dólar) com gestores de carteira Eduardo Bodra e Julio Marote. Fundo de hedge da empresa Enduro voltou 17,96 por cento através de 08 de agosto deste ano e 33,67 por cento para os 12 meses a essa data.
cont.
são 4 partes, essa é apenas a primeira.
http://www.institutionalinvestor.com/Ar ... -Dial.html
Boa notícia por que discute para o "grande público interessado" sobre as mudanças do mercado de hedge do Brasil.
A grande maioria dos fundos de hedge brasileiros, detendo mais de 95 por cento destes ativos mais arriscados, são os fundos multimercado - o nome para qualquer fundo que pode investir em mais de uma classe de activos. Eles têm tradicionalmente seguido uma fórmula bastante simples para o sucesso, apelidado de "kit Brasil": Eles investem a maior parte de seus ativos em doméstico de renda fixa, em seguida, jogar um pouco de moedas, títulos no exterior e de ações nacionais para uma boa medida. É uma estratégia de baixa volatilidade, mas também um lucrativo, porque as taxas de juros têm sido tão alta. Mas, com as taxas do Banco Central do Brasil cortantes, os dias de dinheiro fácil pode ser mais. Taxas overnight no Brasil agora são 8 por cento, em comparação com 12,5 por cento em 2011. Enquanto que eleva o preço das obrigações dos gestores existentes, isso também significa que as compras de títulos novos passará a oferecer rendimentos mais baixos.
Como resultado, os gerentes multimercado agora estão sendo obrigados a repensar o kit Brasil. Hoje, eles estão ramificando-se para além dos de renda fixa fortemente orientadas para estratégias que favoreçam e estão em busca de retornos em outros ativos e mercados. Gerentes intrépidos estão aprimorando seus fundos existentes ou os novos lançamentos para aproveitar maior volatilidade de estratégias, tais como longo-curto equidade, que falharam anteriormente a pegar. Eles estão usando derivados para adicionar alavancagem, comprando títulos corporativos, estendendo-se para uma ampla cesta de moedas e se aprofundar ainda mais no mercado de capitais brasileiro. Alguns gestores são mesmo correndo longo estratégias de curto, embora este último ainda representam apenas 2,3 por cento do mercado da Anbima multimercado total.
"Conselheiros e investidores institucionais estão começando a perceber que a era dos retornos reais de 6 por cento, mais pode estar por trás de nós", diz Armínio Fraga, fundador da Gávea Investimentos, no Rio de Janeiro. "Eles terão de repensar estratégias de carteira e olhar para investimentos de longo prazo. É um grande tema de debate. "
Gerentes estão lançando novos fundos para tentar tirar proveito da ânsia recente para a diversidade. Recentemente, SPX Capital lançado no Rio de Janeiro e Investimentos Ibiúna começou em São Paulo, ambas as empresas oferecem estratégias de hedge funds. No geral, os gestores de fundos de hedge brasileiros estão começando a expandir seus horizontes, Jacobsen diz: "Hoje, há algumas estratégias muito boas e gestores no mercado. Mas a maioria não têm volume ainda. "
É uma mudança radical para a indústria brasileira de fundos de hedge, que historicamente tem mantido um perfil de investimento profundamente conservadora, dado a obsessão dos investidores com o CDI, referência do Brasil taxa de juro overnight. Fundos multimercado investir cerca de 80 a 90 por cento de seus ativos totais em renda fixa doméstica, ea correlação entre o mercado de títulos brasileiro e multimercados é impressionante.
Mas, com as taxas de agora em 8 por cento e, possivelmente, cair ainda mais, e com a inflação consistentemente a correr mais de 5 por cento, os gestores de fundos de hedge terá que provar que eles fazem mais do que apenas investir em títulos. O banco central cortou a taxa em 4,5 por cento desde agosto do ano passado, reduzindo retornos em contas de poupança que usam as taxas overnight. Presidente do Banco Central Alexandre Tombini, a quem a presidente Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores, nomeado no início do ano passado, logo após a sua inauguração própria em janeiro de 2011, é visto como dovish e cooperando com a unidade do governo para impulsionar o crescimento do PIB. Muitos observadores do mercado acha que taxas mais baixas estão aqui para ficar, a inflação permanece desde domado. (Banco central do Brasil é ultra-sensível à inflação, dada a história do país com hiperinflação tão recentemente quanto 1980.)
Os fundos de hedge especializados em mais mandatos agressivos acreditam que a sua vez chegou. "Como no Brasil as taxas de descer, a demanda por capital próprio e alternativas irá aumentar substancialmente", diz Alexandre De Zagottis, CEO da boutique de ativos Investimentos gerente Advis em São Paulo. "Os fundos de baixa volatilidade não vai fazer bem, porque é difícil de cobrar 2 por cento e depois não fornecer retornos elevados." De Zagottis co-gerencia 8.000 milhões de reais (3,96 bilhões dólar) com gestores de carteira Eduardo Bodra e Julio Marote. Fundo de hedge da empresa Enduro voltou 17,96 por cento através de 08 de agosto deste ano e 33,67 por cento para os 12 meses a essa data.
cont.
são 4 partes, essa é apenas a primeira.
http://www.institutionalinvestor.com/Ar ... -Dial.html
Boa notícia por que discute para o "grande público interessado" sobre as mudanças do mercado de hedge do Brasil.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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- marcelo l.
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
objetivo deste trabalho é explicar porque a produção mensal da indústria de transformação está estagnada desde o início de 2010. Para dar uma resposta temos que pensar em uma economia com dois setores. O primeiro é o de serviços, com as características: a) de ser grande no mercado de mão de obra e ter elevada participação no PIB; e b) de ser fechado ao comércio internacional, operando como um “fixador de preços”. O segundo é o industrial, que é bem menor no mercado de mão de obra e também no PIB, mas é muito aberto ao mercado internacional, operando em uma situação próxima à de um “tomador de preços”.
A reação do governo à crise de 2008 foi provocar a redução da taxa de juros e dos superávits primários, ao lado da expansão do crédito por parte de bancos públicos, visando estimular a demanda agregada, que é a soma das demandas por serviços e por produtos industriais. A expansão da demanda do setor de serviços elevou a demanda de mão de obra, que foi a grande responsável pela queda acentuada da taxa de desemprego, provocando o crescimento dos salários reais. Mas no caso da indústria, o aumento da demanda por produtos industriais não levou à expansão da produção. Embora a taxa real de juros tenha caído o suficiente para que, tudo o mais mantido constante, tivesse ocorrido o aumento da utilização de capacidade, retirando o hiato da produção industrial do território negativo e ampliando a produção, o que ocorreu foi o contrário. A elevação dos salários combinada com a estagnação da produtividade do trabalho na indústria levou a um aumento do custo unitário do trabalho, que foi suficiente não somente para anular o estímulo vindo da queda da taxa real de juros, como para levar à ampliação do hiato negativo de produto e à queda da utilização de capacidade instalada.
E para onde foi a demanda de produtos industriais que não pode ser atendida pelo aumento da produção? Como a indústria é um setor muito aberto ao comércio internacional, seu destino foi o aumento das importações líquidas. Ao vazar para o
exterior na forma de importações líquidas, essa ampliação da demanda retirou parte do crescimento do PIB, contribuindo para a desaceleração do crescimento econômico.
Com esse modelo simples explicamos vários “puzzles” da economia brasileira atual. Como foi possível, por exemplo, a ocorrência simultânea de queda do nível de emprego na indústria com a elevação dos salários pagos pelo setor, levando ao aumento do custo unitário do trabalho? Como foi possível ter ao mesmo tempo uma economia com pleno emprego (ou acima dele) no mercado de mão de obra, ao lado de uma queda na utilização de capacidade na indústria?
O curioso é que a nossa explicação para o que ocorreu não faz qualquer menção à valorização cambial. Não que ela não tenha ocorrido. Primeiro, porque somente foi possível realizar uma expansão tão forte da absorção em relação ao produto devido aos ganhos de relações de troca, o que leva à valorização do câmbio real. Segundo, porque com o mercado de trabalho operando próximo de uma situação de pleno emprego, ocorreu o crescimento dos salários reais, elevando os preços dos bens “domésticos” relativamente aos bens “internacionais”, ou seja, valorizando o câmbio real. Terceiro, porque após a depreciação ocorrida em 2008, o câmbio nominal voltou a se apreciar, devido ao rápido retorno dos ingressos de capitais.
A força dos ingressos de capitais pode ter levado a uma apreciação do câmbio real maior do que a decorrente do crescimento da absorção; dos ganhos de relações de troca; e da elevação dos salários reais, mas mesmo na sua ausência, o câmbio real teria se valorizado. As evidências empíricas apresentadas neste trabalho mostram que não é preciso usar o argumento de uma valorização cambial determinada exogenamente para explicar o que se passou com a indústria brasileira.
Nas próximas seções detalhamos como tudo isso foi possível.
A REAÇÃO À CRISE DE 2008
Na crise de 2008 o Brasil teve uma recessão que foi profunda, porém curta e concentrada no setor industrial. Enquanto o PIB da indústria por dois trimestres consecutivos mostrou quedas que ocorreram a taxas anualizadas superiores a 20%, a contração no setor de serviços ocorreu à taxa anualizada de 10% por apenas um trimestre. O governo reagiu à crise estimulando o crescimento da demanda. A taxa SELIC caiu de 13,75% em janeiro de 2009 para 8,75% em julho, levando as taxas reais de juros de mercado para pouco acima de 4% ao ano no mês de outubro de 2009; o crédito de bancos oficiais se expandiu a uma taxa de 12 meses que superou 30% em 2009; foram cortados impostos e ampliados os gastos públicos, reduzindo o superávit primário em 2 pontos porcentuais do PIB.
Com estes estímulos, a economia saiu rapidamente da recessão, e em pouco tempo a produção mensal da indústria de transformação já havia voltado ao pico prévio. Porém, superada a fase das políticas contracíclicas, o governo continuou estimulando a expansão da demanda, e em 2010 colheu um crescimento do PIB de 7,5%. A maior ampliação da demanda veio da expansão do consumo. Medido a preços constantes do ano 2000, o consumo das famílias passou de uma média próxima de 63% do PIB em 2006 e 2007, para perto de 66% no período de 2009 a 2012, como mostra o gráfico 1. Mas ocorreu também uma elevação da formação bruta de capital fixo, que voltou a oscilar entre 19% e 20% do PIB depois de encolher para 16% no auge da recessão. Por algum tempo, a indústria de transformação elevou a produção, respondendo à ampliação de demanda, mas a partir do início de 2010 não mais conseguiu crescer.
Gráfico 1 – Consumo/PIB e Investimentos/PIB – a preços constantes do ano 2000
No gráfico 2 estão superpostas a produção industrial mensal e uma proxy mensal do PIB estimada pelo Banco Central (o IBC-Br). Há algum tempo a indústria vem perdendo participação no PIB, mas com base nestas duas séries em uma amostra de janeiro de 2003 a novembro de 2008 rejeita-se a hipótese de uma quebra de estrutura. Estes dados mostram que até novembro de 2008 há uma relação muito estável entre o crescimento da indústria e o crescimento do PIB. A quebra de estrutura somente ocorreu na crise de 2008, e daí em diante o PIB persistiu se elevando, ainda que a taxas mais baixas do que no período encerrado em 2008, mas a produção da indústria de transformação manteve-se estagnada desde o início de 2010, caindo nos últimos meses.
Gráfico 2 – Produção Industrial e proxy do PIB estimada pelo BC
EMPREGO, SALÁRIOS REAIS E O CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO
O peso do setor de serviços no mercado de mão de obra é muito maior do que o da indústria. Em 2009, a indústria contratava perto de 20 milhões de trabalhadores, e o setor de serviços contratava 60 milhões, com a proporção de 1 para 3 mantendo-se ao longo dos anos, como é mostrado na tabela 1. Os dados do CAGED mostram que os fluxos de contratação de mão de obra pelo setor de serviços sempre se mantiveram bem acima dos fluxos de contratação por parte da indústria. Foi devido ao vigor da demanda de mão de obra por parte do setor de serviços que a taxa de desemprego declinou.
Tabela 1 – Pessoal empregado (em milhões de trabalhadores)
O resultado é a elevação contínua do salário médio real na indústria. Isto não seria um problema se a produtividade média da mão de obra na indústria estivesse crescendo à uma taxa próxima à de elevação dos salários, como ocorria entre 2004 e 2007, mantendo o custo unitário do trabalho na indústria flutuando em torno de um patamar estável. Mas a partir do início de 2010 há uma queda gradual da produtividade média da indústria, que coincide com a paralização da produção industrial, e que ocorre ao lado da elevação dos salários reais, como se vê no gráfico 4.
Gráfico 4 – Salários médios e produtividade média do trabalho na indústria
Durante a fase aguda da crise, ao final de 2008, ocorreu uma implosão da produtividade média do trabalho. A produção caiu mais do que o nível de emprego, e segundo a PIMES ocorreu um ajuste pequeno nas horas trabalhadas por trabalhador. O colapso temporário do crédito que se seguiu à quebra do Lehman Brothers explica porque a queda da produção e da produtividade por trabalhador foi tão intensa e tão rápida. Quem continuou trabalhando manteve os salários reais, em parte devido à pequena variação das horas trabalhadas por trabalhador, mas em parte porque o setor de serviços sofreu muito pouco durante a crise, mantendo o nível de emprego e impedindo o crescimento maior da taxa de desemprego. Ao longo desse curto ciclo de queda da produção e da produtividade os salários reais não declinaram. A restauração do crédito e dos pagamentos na economia global removeram a restrição à continuidade da produção, o que ao lado das medidas contracíclicas empurraram a produção e a produtividade da indústria brasileira para níveis “normais” em um período muito mais curto do que nos demais países.
O comportamento do custo unitário do trabalho é visto no gráfico 5. De fato, entre 2004 e a segunda metade de 2008, o custo unitário do trabalho oscilou em torno de um patamar estável. Por um breve momento, no auge da crise, o custo unitário do trabalho explodiu, mas isso foi devido à implosão da produtividade média da mão de obra. A rapidez da recessão logo corrigiu esse comportamento. A partir do início de 2010, o custo unitário do trabalho já se eleva fortemente, saindo de uma média de 0,95 em torno do início de 2010, para próximo de 1,05 no último mês disponível.
Gráfico 5 – Custo unitário do trabalho na indústria
Qual foi o efeito dessa elevação na produção industrial? Para dar uma resposta vamos trabalhar com dois modelos: um explicativo do hiato da produção industrial; e outro explicativo do hiato do nível de utilização da capacidade instalada (estimado pela FGV) na indústria. Ambos são definidos como os desvios com relação ao respectivo filtro HP. Há duas variáveis independentes de natureza doméstica: a taxa real de juros de mercado (os swaps de 360 dias deflacionados pela taxa de inflação esperada 12 meses à frente); e o custo unitário do trabalho, além de duas variáveis dummy para captar movimentos exacerbados em dois meses durante o auge da queda da produção, e da própria variável endógena defasada de um período para captar a dinâmica do ajuste. Incluímos, também, uma medida do hiato da produção industrial mundial, para captar o contágio de ciclos externos. Os resultados estão na tabela 3.
Tabela 3 – Modelos explicativos dos hiatos da produção e do NUCI
Notas: estimativas realizadas com base em dados mensais, de janeiro de 2002 a março de 2012. Os números entre parênteses abaixo dos coeficientes são as estatísticas t de Student.
Independentemente de qual seja a variável endógena escolhida, e independentemente de incluirmos ou não as dummies e o hiato do resto do mundo, o custo unitário do trabalho e a taxa real de juros mostram sempre coeficientes negativos que diferem significativamente de zero, com probabilidade nula de serem obtidos ao acaso. Uma queda da taxa real de juros atua (com defasagens) elevando a utilização de capacidade e elevando a produção relativamente à sua tendência, com o aumento do custo unitário do trabalho produzindo o efeito contrário. Como a taxa real de juros caiu nos meses após a crise, a utilização de capacidade teria que ter se elevado, e o hiato (negativo) da produção industrial teria que ter se reduzido, mas a elevação do custo unitário do trabalho atuou na direção contrária.
No gráfico 6 comparamos os valores observados do hiato da produção com as projeções dinâmicas, quer incluindo, quer excluindo o hiato do resto do mundo. Nas projeções dinâmicas os valores estimados não são obtidos usando os valores efetivamente observados da variável endógena em t-1, mas sim os seus valores estimados pelo próprio modelo. Os dados indicam que as projeções traçam muito bem a fase de estagnação ocorrida depois do início de 2010.
Gráfico 6 – Hiato da produção industrial – valores observados e projeções dinâmicas
Se a indústria fosse um setor fechado ao comércio internacional, atuando como “fixador de preços”, como é predominantemente o caso do setor de serviços, o aumento de custos representado pela elevação do custo unitário do trabalho poderia ter sido (pelo menos parcialmente) repassado para os preços. A magnitude do repasse dependeria da elasticidade preço da demanda. Mas a indústria de transformação é um setor aberto, e se não for exatamente um “tomador de preços” está muito próximo dessa situação. Isto significa que a elevação do custo unitário do trabalho leva ao estreitamento das margens, o que desestimula a produção, e produz o comportamento observado do hiato da produção.
A expansão forte da demanda agregada de bens (domésticos e internacionais) elevou a demanda de mão de obra e os salários reais. No entanto, atuou desestimulando a produção industrial.
AUMENTO DA ABSORÇÃO E DAS IMPORTAÇÕES LÍQUIDAS
Desde 2005, a absorção vem se expandindo a uma velocidade superior à do PIB. O crescimento das importações líquidas foi temporariamente interrompido durante a recessão de 2008, mas de 2009 em diante ocorreu um crescimento muito forte. Avaliadas a preços constantes do ano 2000, as importações líquidas passaram de perto de 1% do PIB, no início de 2009, para mais de 6% do PIB, da metade de 2011 em diante (gráfico 7).
Gráfico 7 – Absorção, PIB e Importações líquidas a preços constantes do ano 2000
omo ficou evidente da observação dos dados mostrados anteriormente no gráfico 1, a aceleração no crescimento da absorção em relação ao PIB não veio apenas da expansão do consumo das famílias, mas também, ainda que em menor escala, da formação bruta de capital fixo. A expansão da absorção em relação ao PIB também coincide com a aceleração dos ganhos de relações de troca. Desde 2005 há um movimento de elevação das relações de troca, mas esse crescimento se acelerou em 2010 (gráfico 8).
Gráfico 8 – Relações de troca
cont.
CONCLUSÕES
A letargia na qual a indústria entrou a partir do início de 2010 é uma consequência da forma como o governo reagiu à crise iniciada em 2008. A proposição de que o remédio keynesiano da política fiscal expansionista levaria à recuperação era válida durante a recessão, mas era totalmente inadequada de 2010 em diante, quando já estávamos em uma situação próxima do pleno emprego no mercado de mão de obra. A partir daquele ponto, a demanda agregada não se expandiu enfrentando uma oferta agregada infinitamente elástica. As elevações de salários reais, combinadas com as transferências de renda e com uma expansão acentuada do crédito, estimulariam ainda mais o consumo. O governo expandiu os gastos correntes e as famílias expandiram o consumo, contribuindo para elevar a absorção.
A elevação dos salários reais acima da produtividade média do trabalho na indústria atuou impedindo uma maior utilização de capacidade na indústria, e como esta é aberta ao comércio internacional, foi fácil direcionar o excesso de demanda gerado pelas políticas fiscal e monetária expansionistas para o aumento das importações líquidas. Os ganhos das relações de troca permitiram que não ocorresse um desequilíbrio externo preocupante, o que permitiu que se prosseguisse com a intensa expansão da absorção.
Em nenhum momento o governo se preocupou em corrigir o rumo da política econômica, e a perplexidade com relação ao aumento das importações de bens industrializados, combinada com a letargia da indústria, levou a uma crítica exacerbada à valorização do real. O câmbio nominal se valorizou, e o governo reagiu com intervenções no mercado de câmbio. Talvez até pudesse até ter feito mais neste campo, evitando que o real se fortalecesse tanto quanto de fato se fortaleceu. Neste ponto, no entanto, limitou-se aos brados contra a “guerra cambial”, à qual atribuía a letargia da indústria, que era provocada por ele mesmo.
Mas mesmo que tivesse evitado uma valorização maior do câmbio nominal, enfrentaria a valorização do câmbio real. Primeiro, porque com a insuficiência das poupanças domésticas, a elevação da formação bruta de capital fixo, que esteve longe de ser excessiva, teria contribuído para que o câmbio real se valorizasse. Segundo, porque ao continuar expandindo fortemente a demanda em uma situação na qual o mercado de mão de obra estava extremamente aquecido, provocou a elevação dos salários reais, o que trouxe duas consequências: o aumento do preço relativo dos bens “domésticos” relativamente aos bens “internacionais”; e a elevação do custo unitário do trabalho na indústria, que apesar dos estímulos da queda da taxa real de juros levaram a um hiato negativo de produto crescente ao lado de uma queda na utilização de capacidade.
Os erros de política econômica, mais do que a valorização cambial, estão por trás da letargia da indústria no período de 2010 em diante.
http://www.brasil-economia-governo.org. ... esde-2010/
cortei o texto para não ficar muito grande e também por que tem muita imagem (gráficos). É mais para colocar outra visão, agora o cambio faz parte por que já vinha valorizado...
A reação do governo à crise de 2008 foi provocar a redução da taxa de juros e dos superávits primários, ao lado da expansão do crédito por parte de bancos públicos, visando estimular a demanda agregada, que é a soma das demandas por serviços e por produtos industriais. A expansão da demanda do setor de serviços elevou a demanda de mão de obra, que foi a grande responsável pela queda acentuada da taxa de desemprego, provocando o crescimento dos salários reais. Mas no caso da indústria, o aumento da demanda por produtos industriais não levou à expansão da produção. Embora a taxa real de juros tenha caído o suficiente para que, tudo o mais mantido constante, tivesse ocorrido o aumento da utilização de capacidade, retirando o hiato da produção industrial do território negativo e ampliando a produção, o que ocorreu foi o contrário. A elevação dos salários combinada com a estagnação da produtividade do trabalho na indústria levou a um aumento do custo unitário do trabalho, que foi suficiente não somente para anular o estímulo vindo da queda da taxa real de juros, como para levar à ampliação do hiato negativo de produto e à queda da utilização de capacidade instalada.
E para onde foi a demanda de produtos industriais que não pode ser atendida pelo aumento da produção? Como a indústria é um setor muito aberto ao comércio internacional, seu destino foi o aumento das importações líquidas. Ao vazar para o
exterior na forma de importações líquidas, essa ampliação da demanda retirou parte do crescimento do PIB, contribuindo para a desaceleração do crescimento econômico.
Com esse modelo simples explicamos vários “puzzles” da economia brasileira atual. Como foi possível, por exemplo, a ocorrência simultânea de queda do nível de emprego na indústria com a elevação dos salários pagos pelo setor, levando ao aumento do custo unitário do trabalho? Como foi possível ter ao mesmo tempo uma economia com pleno emprego (ou acima dele) no mercado de mão de obra, ao lado de uma queda na utilização de capacidade na indústria?
O curioso é que a nossa explicação para o que ocorreu não faz qualquer menção à valorização cambial. Não que ela não tenha ocorrido. Primeiro, porque somente foi possível realizar uma expansão tão forte da absorção em relação ao produto devido aos ganhos de relações de troca, o que leva à valorização do câmbio real. Segundo, porque com o mercado de trabalho operando próximo de uma situação de pleno emprego, ocorreu o crescimento dos salários reais, elevando os preços dos bens “domésticos” relativamente aos bens “internacionais”, ou seja, valorizando o câmbio real. Terceiro, porque após a depreciação ocorrida em 2008, o câmbio nominal voltou a se apreciar, devido ao rápido retorno dos ingressos de capitais.
A força dos ingressos de capitais pode ter levado a uma apreciação do câmbio real maior do que a decorrente do crescimento da absorção; dos ganhos de relações de troca; e da elevação dos salários reais, mas mesmo na sua ausência, o câmbio real teria se valorizado. As evidências empíricas apresentadas neste trabalho mostram que não é preciso usar o argumento de uma valorização cambial determinada exogenamente para explicar o que se passou com a indústria brasileira.
Nas próximas seções detalhamos como tudo isso foi possível.
A REAÇÃO À CRISE DE 2008
Na crise de 2008 o Brasil teve uma recessão que foi profunda, porém curta e concentrada no setor industrial. Enquanto o PIB da indústria por dois trimestres consecutivos mostrou quedas que ocorreram a taxas anualizadas superiores a 20%, a contração no setor de serviços ocorreu à taxa anualizada de 10% por apenas um trimestre. O governo reagiu à crise estimulando o crescimento da demanda. A taxa SELIC caiu de 13,75% em janeiro de 2009 para 8,75% em julho, levando as taxas reais de juros de mercado para pouco acima de 4% ao ano no mês de outubro de 2009; o crédito de bancos oficiais se expandiu a uma taxa de 12 meses que superou 30% em 2009; foram cortados impostos e ampliados os gastos públicos, reduzindo o superávit primário em 2 pontos porcentuais do PIB.
Com estes estímulos, a economia saiu rapidamente da recessão, e em pouco tempo a produção mensal da indústria de transformação já havia voltado ao pico prévio. Porém, superada a fase das políticas contracíclicas, o governo continuou estimulando a expansão da demanda, e em 2010 colheu um crescimento do PIB de 7,5%. A maior ampliação da demanda veio da expansão do consumo. Medido a preços constantes do ano 2000, o consumo das famílias passou de uma média próxima de 63% do PIB em 2006 e 2007, para perto de 66% no período de 2009 a 2012, como mostra o gráfico 1. Mas ocorreu também uma elevação da formação bruta de capital fixo, que voltou a oscilar entre 19% e 20% do PIB depois de encolher para 16% no auge da recessão. Por algum tempo, a indústria de transformação elevou a produção, respondendo à ampliação de demanda, mas a partir do início de 2010 não mais conseguiu crescer.
Gráfico 1 – Consumo/PIB e Investimentos/PIB – a preços constantes do ano 2000
No gráfico 2 estão superpostas a produção industrial mensal e uma proxy mensal do PIB estimada pelo Banco Central (o IBC-Br). Há algum tempo a indústria vem perdendo participação no PIB, mas com base nestas duas séries em uma amostra de janeiro de 2003 a novembro de 2008 rejeita-se a hipótese de uma quebra de estrutura. Estes dados mostram que até novembro de 2008 há uma relação muito estável entre o crescimento da indústria e o crescimento do PIB. A quebra de estrutura somente ocorreu na crise de 2008, e daí em diante o PIB persistiu se elevando, ainda que a taxas mais baixas do que no período encerrado em 2008, mas a produção da indústria de transformação manteve-se estagnada desde o início de 2010, caindo nos últimos meses.
Gráfico 2 – Produção Industrial e proxy do PIB estimada pelo BC
EMPREGO, SALÁRIOS REAIS E O CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO
O peso do setor de serviços no mercado de mão de obra é muito maior do que o da indústria. Em 2009, a indústria contratava perto de 20 milhões de trabalhadores, e o setor de serviços contratava 60 milhões, com a proporção de 1 para 3 mantendo-se ao longo dos anos, como é mostrado na tabela 1. Os dados do CAGED mostram que os fluxos de contratação de mão de obra pelo setor de serviços sempre se mantiveram bem acima dos fluxos de contratação por parte da indústria. Foi devido ao vigor da demanda de mão de obra por parte do setor de serviços que a taxa de desemprego declinou.
Tabela 1 – Pessoal empregado (em milhões de trabalhadores)
O resultado é a elevação contínua do salário médio real na indústria. Isto não seria um problema se a produtividade média da mão de obra na indústria estivesse crescendo à uma taxa próxima à de elevação dos salários, como ocorria entre 2004 e 2007, mantendo o custo unitário do trabalho na indústria flutuando em torno de um patamar estável. Mas a partir do início de 2010 há uma queda gradual da produtividade média da indústria, que coincide com a paralização da produção industrial, e que ocorre ao lado da elevação dos salários reais, como se vê no gráfico 4.
Gráfico 4 – Salários médios e produtividade média do trabalho na indústria
Durante a fase aguda da crise, ao final de 2008, ocorreu uma implosão da produtividade média do trabalho. A produção caiu mais do que o nível de emprego, e segundo a PIMES ocorreu um ajuste pequeno nas horas trabalhadas por trabalhador. O colapso temporário do crédito que se seguiu à quebra do Lehman Brothers explica porque a queda da produção e da produtividade por trabalhador foi tão intensa e tão rápida. Quem continuou trabalhando manteve os salários reais, em parte devido à pequena variação das horas trabalhadas por trabalhador, mas em parte porque o setor de serviços sofreu muito pouco durante a crise, mantendo o nível de emprego e impedindo o crescimento maior da taxa de desemprego. Ao longo desse curto ciclo de queda da produção e da produtividade os salários reais não declinaram. A restauração do crédito e dos pagamentos na economia global removeram a restrição à continuidade da produção, o que ao lado das medidas contracíclicas empurraram a produção e a produtividade da indústria brasileira para níveis “normais” em um período muito mais curto do que nos demais países.
O comportamento do custo unitário do trabalho é visto no gráfico 5. De fato, entre 2004 e a segunda metade de 2008, o custo unitário do trabalho oscilou em torno de um patamar estável. Por um breve momento, no auge da crise, o custo unitário do trabalho explodiu, mas isso foi devido à implosão da produtividade média da mão de obra. A rapidez da recessão logo corrigiu esse comportamento. A partir do início de 2010, o custo unitário do trabalho já se eleva fortemente, saindo de uma média de 0,95 em torno do início de 2010, para próximo de 1,05 no último mês disponível.
Gráfico 5 – Custo unitário do trabalho na indústria
Qual foi o efeito dessa elevação na produção industrial? Para dar uma resposta vamos trabalhar com dois modelos: um explicativo do hiato da produção industrial; e outro explicativo do hiato do nível de utilização da capacidade instalada (estimado pela FGV) na indústria. Ambos são definidos como os desvios com relação ao respectivo filtro HP. Há duas variáveis independentes de natureza doméstica: a taxa real de juros de mercado (os swaps de 360 dias deflacionados pela taxa de inflação esperada 12 meses à frente); e o custo unitário do trabalho, além de duas variáveis dummy para captar movimentos exacerbados em dois meses durante o auge da queda da produção, e da própria variável endógena defasada de um período para captar a dinâmica do ajuste. Incluímos, também, uma medida do hiato da produção industrial mundial, para captar o contágio de ciclos externos. Os resultados estão na tabela 3.
Tabela 3 – Modelos explicativos dos hiatos da produção e do NUCI
Notas: estimativas realizadas com base em dados mensais, de janeiro de 2002 a março de 2012. Os números entre parênteses abaixo dos coeficientes são as estatísticas t de Student.
Independentemente de qual seja a variável endógena escolhida, e independentemente de incluirmos ou não as dummies e o hiato do resto do mundo, o custo unitário do trabalho e a taxa real de juros mostram sempre coeficientes negativos que diferem significativamente de zero, com probabilidade nula de serem obtidos ao acaso. Uma queda da taxa real de juros atua (com defasagens) elevando a utilização de capacidade e elevando a produção relativamente à sua tendência, com o aumento do custo unitário do trabalho produzindo o efeito contrário. Como a taxa real de juros caiu nos meses após a crise, a utilização de capacidade teria que ter se elevado, e o hiato (negativo) da produção industrial teria que ter se reduzido, mas a elevação do custo unitário do trabalho atuou na direção contrária.
No gráfico 6 comparamos os valores observados do hiato da produção com as projeções dinâmicas, quer incluindo, quer excluindo o hiato do resto do mundo. Nas projeções dinâmicas os valores estimados não são obtidos usando os valores efetivamente observados da variável endógena em t-1, mas sim os seus valores estimados pelo próprio modelo. Os dados indicam que as projeções traçam muito bem a fase de estagnação ocorrida depois do início de 2010.
Gráfico 6 – Hiato da produção industrial – valores observados e projeções dinâmicas
Se a indústria fosse um setor fechado ao comércio internacional, atuando como “fixador de preços”, como é predominantemente o caso do setor de serviços, o aumento de custos representado pela elevação do custo unitário do trabalho poderia ter sido (pelo menos parcialmente) repassado para os preços. A magnitude do repasse dependeria da elasticidade preço da demanda. Mas a indústria de transformação é um setor aberto, e se não for exatamente um “tomador de preços” está muito próximo dessa situação. Isto significa que a elevação do custo unitário do trabalho leva ao estreitamento das margens, o que desestimula a produção, e produz o comportamento observado do hiato da produção.
A expansão forte da demanda agregada de bens (domésticos e internacionais) elevou a demanda de mão de obra e os salários reais. No entanto, atuou desestimulando a produção industrial.
AUMENTO DA ABSORÇÃO E DAS IMPORTAÇÕES LÍQUIDAS
Desde 2005, a absorção vem se expandindo a uma velocidade superior à do PIB. O crescimento das importações líquidas foi temporariamente interrompido durante a recessão de 2008, mas de 2009 em diante ocorreu um crescimento muito forte. Avaliadas a preços constantes do ano 2000, as importações líquidas passaram de perto de 1% do PIB, no início de 2009, para mais de 6% do PIB, da metade de 2011 em diante (gráfico 7).
Gráfico 7 – Absorção, PIB e Importações líquidas a preços constantes do ano 2000
omo ficou evidente da observação dos dados mostrados anteriormente no gráfico 1, a aceleração no crescimento da absorção em relação ao PIB não veio apenas da expansão do consumo das famílias, mas também, ainda que em menor escala, da formação bruta de capital fixo. A expansão da absorção em relação ao PIB também coincide com a aceleração dos ganhos de relações de troca. Desde 2005 há um movimento de elevação das relações de troca, mas esse crescimento se acelerou em 2010 (gráfico 8).
Gráfico 8 – Relações de troca
cont.
CONCLUSÕES
A letargia na qual a indústria entrou a partir do início de 2010 é uma consequência da forma como o governo reagiu à crise iniciada em 2008. A proposição de que o remédio keynesiano da política fiscal expansionista levaria à recuperação era válida durante a recessão, mas era totalmente inadequada de 2010 em diante, quando já estávamos em uma situação próxima do pleno emprego no mercado de mão de obra. A partir daquele ponto, a demanda agregada não se expandiu enfrentando uma oferta agregada infinitamente elástica. As elevações de salários reais, combinadas com as transferências de renda e com uma expansão acentuada do crédito, estimulariam ainda mais o consumo. O governo expandiu os gastos correntes e as famílias expandiram o consumo, contribuindo para elevar a absorção.
A elevação dos salários reais acima da produtividade média do trabalho na indústria atuou impedindo uma maior utilização de capacidade na indústria, e como esta é aberta ao comércio internacional, foi fácil direcionar o excesso de demanda gerado pelas políticas fiscal e monetária expansionistas para o aumento das importações líquidas. Os ganhos das relações de troca permitiram que não ocorresse um desequilíbrio externo preocupante, o que permitiu que se prosseguisse com a intensa expansão da absorção.
Em nenhum momento o governo se preocupou em corrigir o rumo da política econômica, e a perplexidade com relação ao aumento das importações de bens industrializados, combinada com a letargia da indústria, levou a uma crítica exacerbada à valorização do real. O câmbio nominal se valorizou, e o governo reagiu com intervenções no mercado de câmbio. Talvez até pudesse até ter feito mais neste campo, evitando que o real se fortalecesse tanto quanto de fato se fortaleceu. Neste ponto, no entanto, limitou-se aos brados contra a “guerra cambial”, à qual atribuía a letargia da indústria, que era provocada por ele mesmo.
Mas mesmo que tivesse evitado uma valorização maior do câmbio nominal, enfrentaria a valorização do câmbio real. Primeiro, porque com a insuficiência das poupanças domésticas, a elevação da formação bruta de capital fixo, que esteve longe de ser excessiva, teria contribuído para que o câmbio real se valorizasse. Segundo, porque ao continuar expandindo fortemente a demanda em uma situação na qual o mercado de mão de obra estava extremamente aquecido, provocou a elevação dos salários reais, o que trouxe duas consequências: o aumento do preço relativo dos bens “domésticos” relativamente aos bens “internacionais”; e a elevação do custo unitário do trabalho na indústria, que apesar dos estímulos da queda da taxa real de juros levaram a um hiato negativo de produto crescente ao lado de uma queda na utilização de capacidade.
Os erros de política econômica, mais do que a valorização cambial, estão por trás da letargia da indústria no período de 2010 em diante.
http://www.brasil-economia-governo.org. ... esde-2010/
cortei o texto para não ficar muito grande e também por que tem muita imagem (gráficos). É mais para colocar outra visão, agora o cambio faz parte por que já vinha valorizado...
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Quanto ganha a elite do funcionalismo público com graduação. Pelo menos esses não tem muito o que reclamar.
Entretanto, olhem os ganhos dos professores de federais. O que inclui todos os benefícios de professor federal. Quem quiser mais tem que ir atrás de algum projeto do BNDES, IPEA ou órgão semelhante. Mesmo assim restrito a professores doutores que não vão ganhar nem dois mil de adicional por alguns meses. Essa é a realidade para a maioria e vai continuar por mais uma ou duas décadas pela proposta do governo.
Precisa perguntar por que muitos jovens mestres e doutores preferem cargos na burocracia do que dar aula?
Por isso que vou dar aula em cursinho ou pós-graduação sempre tem um docente de federal tirando meu serviço.
Entretanto, olhem os ganhos dos professores de federais. O que inclui todos os benefícios de professor federal. Quem quiser mais tem que ir atrás de algum projeto do BNDES, IPEA ou órgão semelhante. Mesmo assim restrito a professores doutores que não vão ganhar nem dois mil de adicional por alguns meses. Essa é a realidade para a maioria e vai continuar por mais uma ou duas décadas pela proposta do governo.
Precisa perguntar por que muitos jovens mestres e doutores preferem cargos na burocracia do que dar aula?
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Já esperava isso.
O crescimento raquítico do PIB é uma grande motivação para reduzir impostos.
Veio junto até com redução de juros do BNDES para investimento. Bacana. É mais importante que a redução do IPI.
O crescimento raquítico do PIB é uma grande motivação para reduzir impostos.
Veio junto até com redução de juros do BNDES para investimento. Bacana. É mais importante que a redução do IPI.
29/08/2012 17h04 - Atualizado em 29/08/2012 19h30
Governo prorroga IPI menor para carros, linha branca e móveis
Benefício para veículos será mantido até outubro, informou Guido Mantega.
Se não fosse renovado, corte no imposto começaria a vencer na sexta (31).
Fábio Amato
Do G1, em Brasília
http://g1.globo.com/economia/noticia/20 ... ranca.html
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quarta-feira (29) a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para vários setores, entre eles a linha branca e os automóveis. O benefício começaria a vencer na próxima sexta (31).
saiba mais
Setor de máquinas e equipamentos pede incentivos ao governo
Empresários pedem a Mantega prorrogação de IPI reduzido
Para os produtos da chamada linha branca – que inclui fogões e geladeiras – o benefício foi prorrogado até dezembro. No caso dos veículos, o IPI menor foi estendido até outubro.
O ministro também anunciou a prorrogação do corte do IPI para móveis, painéis e laminados, para materiais de construção e para bens de capital. Para esses setores, o benefício venceria entre setembro e dezembro. Em alguns casos, a prorrogação vai até o fim de 2013.
De acordo com Mantega, a renúncia fiscal (valor que o governo deixa de arrecadar), de setembro de 2012 até dezembro de 2013, será de R$ 5,5 bilhões.
“A economia brasileira já está numa gradual recuperação. Porém, ainda é preciso continuar dando estímulo pra os investimentos e para o consumo”, disse o ministro, que também anunciou linhas de financiamento e redução de juros para aquisição de máquinas, equipamentos e caminhões.
A redução de IPI é uma das medidas adotadas pelo governo para tentar incentivar o consumo e, com isso, aquecer a economia e elevar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) num momento em que o país sente os efeitos do agravamento da crise internacional.
Em todos os casos, informou o ministro, houve manutenção dos cortes sobre a alíquota do IPI que já vinham sendo praticados.
“Espero que, com as medidas que estamos tomando e a redução de preços, um dia os brasileiros tenham oportunidade de comprar carros aqui dentro pelo mesmo preço praticado lá fora"
Guido Mantega, ministro da Fazenda
Veículos
O corte do IPI, no caso dos veículos, depende da potência do motor e do local em que ele é produzido (se nacional ou importado). Para carros novos com motor de mil cilindradas (1.0) e fabricados no Brasil, que são os mais vendidos, a alíquota normal do imposto foi de 7% para 0%.
Já para os importados com o mesmo tipo de motor, a alíquota foi de 37% para 30%.
Mantega afirmou que o benefício para as montadoras será estendido por tempo menor porque "a reação do setor [às medidas de estímulo] foi mais rápida e o custo da desoneração é maior." A renúncia fiscal do governo em favor dos fabricantes de veículos, apenas entre setembro e outubro, vai ser de R$ 800 milhões.
Segundo o ministro, as vendas de carros novos no segundo trimestre de 2012 tiveram alta de 33,4% sobre o primeiro trimestre.
Linha branca e material de construção
Os eletrodomésticos da linha branca também têm corte variado. Para fogões, a alíquota, que era de 4% antes dos cortes, foi mantida em 0%. No caso de máquinas de lavar, era de 20% e fica em 10%. As geladeiras tinham IPI de 15% e agora é de 5%. Para os tanquinhos, que tinham incidência de 10%, fica em 0%.
No caso dos materiais de construção, o corte no IPI valeria até o fim de 2012 e foi prorrogado até o fim de 2013. O benefício inclui uma série de produtos, entre eles cimento, tintas, vernizes, dobradiças, chuveiros e telhas. Com o corte no imposto, a alíquota do imposto sobre esses itens varia entre 0% e 10%.
O ministro anunciou ainda a inclusão de novos itens na lista de materiais de construção que vão contar com IPI reduzido a partir de setembro. Entre eles estão piso laminado, piso de madeira sólida e placas de gesso, cujo imposto cai de 5% para 0% até o final de 2013.
Já para os bens de capital (máquinas e equipamentos), que contariam com IPI zerado até 31 de dezembro, o benefício foi estendido para o fim de 2013. Entre os itens contemplados, estão equipamento de refrigeração, partes e acessórios de máquinas e bombas centrífugas.
Manutenção de empregos
Mantega afirmou que a prorrogação do IPI menor a esses setores continua condicionada à manutenção de empregos e repasse do benefício aos consumidores.
O ministro disse que os dados demonstram que a redução do imposto tem chegado aos consumidores por meio de preços mais baixos. “Os preços desses produtos têm caído. Tivemos algumas oscilações, mas os fabricantes têm repassado a redução para os consumidores”, disse.
Ele declarou ainda que não descarta novas medidas de desoneração e redução de custos, “embora a economia já esteja dando sinais de reação.”
Questionado sobre a rentabilidade das montadoras presentes no país e se a considerava alta, Mantega disse que não tem informações sobre o assunto, mas que espera uma redução ainda maior no valor dos carros nacionais.
“Espero que, com as medidas que estamos tomando e a redução de preços, um dia os brasileiros tenham oportunidade de comprar carros aqui dentro pelo mesmo preço praticado lá fora”, disse.
Reuniões
Nos últimos dois dias, Mantega e sua equipe se reuniram com representantes de setores beneficiados pela redução do IPI, que apresentaram dados para convencer o governo sobre a necessidade de prorrogação da medida.
O ministro também recebeu representantes de fabricantes de máquinas e equipamentos, que também contam com redução de IPI, mas vieram pedir ao ministro medidas adicionais do governo para ajudar o setor em momento de acirramento da competição com produtos importados.
Financiamento
Mantega anunciou ainda a prorrogação de linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para compra de bens de capital, dentro do chamado Programa de Sustentação do Investimento (PIS).
A linha, que tem R$ 230 bilhões em autorização para crédito, venceria no dia 31 de agosto e agora vigora até o dia 31 de dezembro de 2012.
Além disso, informou o ministro, essa linha contará com redução de juros para compra de caminhões, máquinas e equipamentos, de 5,5% para 2,5% ao ano. Ela conta com um ano de carência e prazo de 120 meses para pagamento.
Outra novidade anunciada por Mantega foi a criação de linha de financiamento para compra de bens de capital usados (caminhões, máquinas, tratores e aeronaves comerciais, entre outros). Os juros vão ser TJLP (5,5%) mais 1%, mais remuneração básica de 1,88%. Mantega também anunciou nova linha de crédito para refinanciamento, que não tem juros definidos.
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
BRASÍLIA - Atento ao cenário de baixo crescimento, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou nesta quarta-feira os juros básicos da economia pela nona vez seguida desde agosto do ano passado. A taxa básica (Selic) caiu de 8% ao ano para 7,5% ao ano como previa a maioria dos economistas. A decisão foi unânime e sem viés.
Porém, comunicado divulgado pelo colegiado ao final da reunião de hoje teve um tom diferente do que fora adotado no corte anterior. Segundo o colegiado, novos cortes deverão ser feitos com a “máxima parcimônia”.
“Considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar um ajuste adicional das condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com a máxima parcimônia”, afirmou o colegiado.
Os economistas já diminuíam as previsões para a taxa de juros por causa dos sinais de fraqueza das grandes economias mundiais, do crescimento no Brasil muito aquém do esperado e da inflação que não tem oferecido riscos.
A previsão do mercado está em 5,19% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor amplo (IPCA), medida oficial da inflação, neste ano. Para o crescimento, a projeção para este ano é de 1,73% - bem longe dos 3% de crescimento que o governo prevê oficialmente.
http://oglobo.globo.com/economia/copom- ... no-5941207
Porém, comunicado divulgado pelo colegiado ao final da reunião de hoje teve um tom diferente do que fora adotado no corte anterior. Segundo o colegiado, novos cortes deverão ser feitos com a “máxima parcimônia”.
“Considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar um ajuste adicional das condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com a máxima parcimônia”, afirmou o colegiado.
Os economistas já diminuíam as previsões para a taxa de juros por causa dos sinais de fraqueza das grandes economias mundiais, do crescimento no Brasil muito aquém do esperado e da inflação que não tem oferecido riscos.
A previsão do mercado está em 5,19% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor amplo (IPCA), medida oficial da inflação, neste ano. Para o crescimento, a projeção para este ano é de 1,73% - bem longe dos 3% de crescimento que o governo prevê oficialmente.
http://oglobo.globo.com/economia/copom- ... no-5941207
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Dentro do esperado. Sem novidades. Só que vai realmente ter a influência daqui seis meses a um ano. O problema não é mais os juros. Agora o inimigo é outro.
E não é a PIG.
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
RIO E BERLIM - Dois anos após sua inauguração, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), situada em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, se tornou um elefante branco para a cidade. Idealizada pela Vale dentro de sua política de atrair sócios para siderúrgicas no país e, assim, fomentar o mercado local de minério de ferro, a usina já recebeu um alívio fiscal do governo estadual de R$ 695 milhões. Com esse valor, seria possível construir 154 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou 69 escolas públicas. O dinheiro, no entanto, ajudou a erguer um empreendimento envolvido em polêmicas ambientais e trabalhistas e que foi colocado à vendas pelos alemães da ThyssenKrupp desde maio. A Thyssen chegou a estudar a possibilidade de fechar um dos seus dois altos-fornos, o que reduziria à metade sua capacidade de produção.
Conforme informou a coluna de Ancelmo Gois no GLOBO no último dia 28, o governador Sérgio Cabral avisou que cortaria todos os incentivos fiscais da usina caso a ThyssenKrupp desligasse um dos dois altos-fornos. A possibilidade foi aventada em encontro recente entre representantes da siderúrgica e o secretário da Casa Civil do governo do Estado do Rio, Regis Fichtner. Segundo uma fonte ligada à empresa, a diretoria na Alemanha quer fechar um alto-forno, mas a ideia encontra resistência entre os executivos no Brasil, já que a unidade está à venda.
— Muitas empresas do exterior (possíveis interessadas em comprar a usina) estão visitando a CSA. Por isso, é importante ela estar funcionando a todo vapor neste momento — disse a fonte.
A CSA é uma sociedade entre a brasileira Vale (26,87%) e Thyssen (73,13%). A Thyssen já ofereceu sua participação à sócia Vale, mas a mineradora rejeitou. A avaliação de especialistas brasileiros é que os alemães terão dificuldades em vender sua parte na CSA, pois hoje há no mundo, segundo dados da World Steel Association (a associação mundial de siderúrgicas), um excesso de capacidade de produção de aço de 526 milhões de toneladas por ano, ou 15 vezes a produção brasileira.
— A CSA se tornou um elefante branco. A crise pegou os alemães desprevenidos. Eles haviam se endividado e viram a demanda por seus produtos cair de uma hora para outra — afirma Pedro Galdi, analista da corretora SLW.
— É difícil encontrar comprador neste momento. O setor está de cabeça para baixo, o que tem levado a práticas predatórias — diz Marco Polo, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil.
Em Santa Cruz, nos arredores da usina, o clima é de apreensão. Funcionários desconversam, mas fornecedores confirmaram que o rumor sobre o fechamento de um dos dois altos-fornos da usina “circula há alguns meses”. A preocupação do diretor de Operações de uma das empresas que integram o complexo siderúrgico em Santa Cruz é que, caso isso aconteça, as demissões sejam inevitáveis e provoquem um efeito em cascata na cadeia produtiva. A CSA tem 5.500 empregados. Oficialmente, a matriz na Alemanha nega o possível fechamento.
— Temos um grande problema com a alta capacidade mundial de produção e a demanda fraca, o que já fez gigantes, como a Arcelor Mittal, desligar dez dos seus 32 alto-fornos, mas os nossos planos para a CSA, no momento, são de deixar os dois fornos ligados — disse ao GLOBO um porta voz da Thyssen.
Segundo ele, o grupo estuda diversas opções, incluindo a venda parcial ou total de sua fatia CSA, e haveria mais de dez empresas interessadas na siderúrgica. Os números do último balanço financeiro do grupo mostram que a situação da siderúrgica é delicada. Nos nove meses encerrados em junho, a CSA produziu apenas 2,5 milhões de toneladas de placas de aço, metade de sua capacidade. A unidade foi concebida em um projeto integrado com uma usina da Thyssen no Alabama, nos Estados Unidos. Pelo projeto, 80% da produção de placas seriam exportadas para a usina americana e os 20% restantes para usinas alemães.
Com a crise econômica mundial de 2008, a demanda por aço caiu drasticamente e ainda não se recuperou. Isso fez com que a divisão do grupo que reúne as unidades no Rio e em Alabama, a chamada Steel Americas, tivesse prejuízo de € 781 milhões entre outubro de 2011 e junho de 2012 — o ano fiscal alemão começa em outubro e termina em setembro. A perda fez o presidente mundial da Thyssen, Heinrich Hiesinger, acelerar as negociações para se desfazer das duas unidades. O executivo quer € 7 bilhões por elas.
Enquanto a Thyssen negocia a CSA, comerciantes nos arredores da fábrica temem pelo futuro da companhia e pelo de seus negócios.
— A receita do bar cresceu 15% com a chegada da CSA. Se a usina fechar, Santa Cruz fecha — diz Antônio da Silva, dono, junto com sua mulher Sebastiana, do Pinheiro’s Bar, que fica ao lado da usina.
Na crise, custo do projeto subiu
Raquel Gomes também está receosa. Ela fez do terreno onde mora um estacionamento e se gaba de já ter ganho R$ 3 mil por mês com o aluguel das vagas. Frisa, porém, que com o aumento da renda veio o aumento da poluição:
— A poeira entra na casa da gente.
Desde o início de sua construção, a CSA acumula uma sucessão de problemas. Foi alvo de ações do Ministério Público do Trabalho, contra a vinda de trabalhadores chineses, e do Ministério Público do Rio, que a acusou de crime ambiental. Em meio à crise internacional, a empresa reviu o valor do projeto, que saltou de € 3 bilhões para € 5,2 bilhões, puxados por variações no câmbio e maior custo de mão de obra.
Os incentivos fiscais obtidos pela CSA pelo governo estadual estão dentro do programa RioInvest. A empresa obteve crédito correspondente ao valor investido no projeto. Na prática, ela só paga 30% do ICMS por mês. O valor restante (70%) será pago no futuro. Os R$ 695 milhões em isenções já concedidos referem-se ao período de 2007 e 2010. A informação foi obtida a partir de requerimento do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) à secretaria estadual da Fazenda. Procurada pelo GLOBO, a secretaria não informou os valores concedidos em 2011 e 2012.
http://oglobo.globo.com/economia/csa-vi ... no-5958758
Faz pouco tempo que muitos defendiam um programa ambicioso da Vale de construir várias siderúrgicas. Se ela fizesse estaria agora com uma dívida colossal.
Conforme informou a coluna de Ancelmo Gois no GLOBO no último dia 28, o governador Sérgio Cabral avisou que cortaria todos os incentivos fiscais da usina caso a ThyssenKrupp desligasse um dos dois altos-fornos. A possibilidade foi aventada em encontro recente entre representantes da siderúrgica e o secretário da Casa Civil do governo do Estado do Rio, Regis Fichtner. Segundo uma fonte ligada à empresa, a diretoria na Alemanha quer fechar um alto-forno, mas a ideia encontra resistência entre os executivos no Brasil, já que a unidade está à venda.
— Muitas empresas do exterior (possíveis interessadas em comprar a usina) estão visitando a CSA. Por isso, é importante ela estar funcionando a todo vapor neste momento — disse a fonte.
A CSA é uma sociedade entre a brasileira Vale (26,87%) e Thyssen (73,13%). A Thyssen já ofereceu sua participação à sócia Vale, mas a mineradora rejeitou. A avaliação de especialistas brasileiros é que os alemães terão dificuldades em vender sua parte na CSA, pois hoje há no mundo, segundo dados da World Steel Association (a associação mundial de siderúrgicas), um excesso de capacidade de produção de aço de 526 milhões de toneladas por ano, ou 15 vezes a produção brasileira.
— A CSA se tornou um elefante branco. A crise pegou os alemães desprevenidos. Eles haviam se endividado e viram a demanda por seus produtos cair de uma hora para outra — afirma Pedro Galdi, analista da corretora SLW.
— É difícil encontrar comprador neste momento. O setor está de cabeça para baixo, o que tem levado a práticas predatórias — diz Marco Polo, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil.
Em Santa Cruz, nos arredores da usina, o clima é de apreensão. Funcionários desconversam, mas fornecedores confirmaram que o rumor sobre o fechamento de um dos dois altos-fornos da usina “circula há alguns meses”. A preocupação do diretor de Operações de uma das empresas que integram o complexo siderúrgico em Santa Cruz é que, caso isso aconteça, as demissões sejam inevitáveis e provoquem um efeito em cascata na cadeia produtiva. A CSA tem 5.500 empregados. Oficialmente, a matriz na Alemanha nega o possível fechamento.
— Temos um grande problema com a alta capacidade mundial de produção e a demanda fraca, o que já fez gigantes, como a Arcelor Mittal, desligar dez dos seus 32 alto-fornos, mas os nossos planos para a CSA, no momento, são de deixar os dois fornos ligados — disse ao GLOBO um porta voz da Thyssen.
Segundo ele, o grupo estuda diversas opções, incluindo a venda parcial ou total de sua fatia CSA, e haveria mais de dez empresas interessadas na siderúrgica. Os números do último balanço financeiro do grupo mostram que a situação da siderúrgica é delicada. Nos nove meses encerrados em junho, a CSA produziu apenas 2,5 milhões de toneladas de placas de aço, metade de sua capacidade. A unidade foi concebida em um projeto integrado com uma usina da Thyssen no Alabama, nos Estados Unidos. Pelo projeto, 80% da produção de placas seriam exportadas para a usina americana e os 20% restantes para usinas alemães.
Com a crise econômica mundial de 2008, a demanda por aço caiu drasticamente e ainda não se recuperou. Isso fez com que a divisão do grupo que reúne as unidades no Rio e em Alabama, a chamada Steel Americas, tivesse prejuízo de € 781 milhões entre outubro de 2011 e junho de 2012 — o ano fiscal alemão começa em outubro e termina em setembro. A perda fez o presidente mundial da Thyssen, Heinrich Hiesinger, acelerar as negociações para se desfazer das duas unidades. O executivo quer € 7 bilhões por elas.
Enquanto a Thyssen negocia a CSA, comerciantes nos arredores da fábrica temem pelo futuro da companhia e pelo de seus negócios.
— A receita do bar cresceu 15% com a chegada da CSA. Se a usina fechar, Santa Cruz fecha — diz Antônio da Silva, dono, junto com sua mulher Sebastiana, do Pinheiro’s Bar, que fica ao lado da usina.
Na crise, custo do projeto subiu
Raquel Gomes também está receosa. Ela fez do terreno onde mora um estacionamento e se gaba de já ter ganho R$ 3 mil por mês com o aluguel das vagas. Frisa, porém, que com o aumento da renda veio o aumento da poluição:
— A poeira entra na casa da gente.
Desde o início de sua construção, a CSA acumula uma sucessão de problemas. Foi alvo de ações do Ministério Público do Trabalho, contra a vinda de trabalhadores chineses, e do Ministério Público do Rio, que a acusou de crime ambiental. Em meio à crise internacional, a empresa reviu o valor do projeto, que saltou de € 3 bilhões para € 5,2 bilhões, puxados por variações no câmbio e maior custo de mão de obra.
Os incentivos fiscais obtidos pela CSA pelo governo estadual estão dentro do programa RioInvest. A empresa obteve crédito correspondente ao valor investido no projeto. Na prática, ela só paga 30% do ICMS por mês. O valor restante (70%) será pago no futuro. Os R$ 695 milhões em isenções já concedidos referem-se ao período de 2007 e 2010. A informação foi obtida a partir de requerimento do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) à secretaria estadual da Fazenda. Procurada pelo GLOBO, a secretaria não informou os valores concedidos em 2011 e 2012.
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Faz pouco tempo que muitos defendiam um programa ambicioso da Vale de construir várias siderúrgicas. Se ela fizesse estaria agora com uma dívida colossal.
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Segundo o caderno de economia da Folha de São Paulo de hoje, devido à queda da taxa de juros e da relação dívida/PIB, a previsão é que no ano que vem o governo gaste menos com o pagamento de juros da dívida, o que acarretará um maior espaço para investimentos e desonerações.
A despeito do princípio de inflação e do crescimento muito baixo neste e no ano passado, acredito que medidas importantes e acertadas, embora ainda não suficientes, vêm sendo tomadas.
Tenho a sensação de que aos poucos nos aproximamos de um cenário para uma reforma mais ampla na questão da política tributária, que vem sendo moldada aos poucos.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercad ... 2013.shtml
abraços]
A despeito do princípio de inflação e do crescimento muito baixo neste e no ano passado, acredito que medidas importantes e acertadas, embora ainda não suficientes, vêm sendo tomadas.
Tenho a sensação de que aos poucos nos aproximamos de um cenário para uma reforma mais ampla na questão da política tributária, que vem sendo moldada aos poucos.
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- Sterrius
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Apesar dos juros menores o projeto de orçamento de 2013 está com 100bilhões a menos que o orçamento de 2012.
- Penguin
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Crescimento
PIB fraco faz Brasil perder posto de 6ª economia do mundo
Segundo dados da Economist Intelligence Unit, PIB acumulado dos últimos doze meses mostra queda do Brasil e volta do Reino Unido ao posto
Ana Clara Costa
O fraco resultado da economia brasileira no segundo trimestre sepultou a permanência do Brasil como sexta maior economia do mundo – posto que havia sido atingido no início do ano com o anúncio dos resultados econômicos de 2011, desbancando o Reino Unido. Ainda que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostre um estranho otimismo em relação aos próximos trimestres, o resultado atual – alta de 0,5% no PIB no primeiro semestre – coloca o país de volta à sétima posição, atrás de Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, China e Estados Unidos.
Segundo dados da Economist Intelligence Unit (EIU), centro de estudos econômicos ligado à tradicional revista britânica The Economist, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos últimos doze meses soma 2,391 trilhões de dólares, ante 2,415 trilhões de dólares da Grã-Bretanha. No ano passado, a economia brasileira produziu riquezas que totalizaram 2,48 trilhões de dólares, enquanto o país europeu somou 2,26 trilhões de dólares.
Segundo o analista da EIU, Robert Wood, além da desaceleração econômica, a desvalorização do real foi crucial para a queda no ranking. "Desde março, o real enfrenta expressiva queda ante o dólar e isso afetou, parcialmente, o PIB brasileiro na comparação mundial", afirma Wood. Em março de 2012, a moeda americana era cotada a 1,71 real, enquanto, no final de junho, estava em 2,03 reais – mesmo cotação desta sexta-feira. "O desempenho da economia britânica é muito fraco, mas a libra tem se mantido estável em relação ao dólar", acrescenta o economista.
Em abril deste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia alertado, em seu relatório trimestral, que o Brasil perderia o posto de sexta economia devido ao enfraquecimento do real. De acordo com o FMI, a economia brasileira deve encerrar o ano com um PIB de 2,449 trilhões de dólares, enquanto o da Grã-Bretanha deve chegar a 2,452 trilhões de dólares.
O resultado frustrante ocorre mesmo após as inúmeras medidas de estímulo anunciadas pelo governo federal: o Planalto tem tentado aquecer a economia com medidas que vão do protecionismo para estimular a indústria nacional até a pressão para o corte de juros e expansão do crédito por parte dos bancos públicos e privados. Por último, a presidente Dilma decidiu apelar para o que realmente impulsiona o crescimento sustentável do país: os investimentos em infraestrutura por meio de um agressivo plano de privatizações: o PAC das Concessões. Contudo, o anúncio veio tarde demais para salvar o PIB de 2012.
PIB fraco faz Brasil perder posto de 6ª economia do mundo
Segundo dados da Economist Intelligence Unit, PIB acumulado dos últimos doze meses mostra queda do Brasil e volta do Reino Unido ao posto
Ana Clara Costa
O fraco resultado da economia brasileira no segundo trimestre sepultou a permanência do Brasil como sexta maior economia do mundo – posto que havia sido atingido no início do ano com o anúncio dos resultados econômicos de 2011, desbancando o Reino Unido. Ainda que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostre um estranho otimismo em relação aos próximos trimestres, o resultado atual – alta de 0,5% no PIB no primeiro semestre – coloca o país de volta à sétima posição, atrás de Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, China e Estados Unidos.
Segundo dados da Economist Intelligence Unit (EIU), centro de estudos econômicos ligado à tradicional revista britânica The Economist, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos últimos doze meses soma 2,391 trilhões de dólares, ante 2,415 trilhões de dólares da Grã-Bretanha. No ano passado, a economia brasileira produziu riquezas que totalizaram 2,48 trilhões de dólares, enquanto o país europeu somou 2,26 trilhões de dólares.
Segundo o analista da EIU, Robert Wood, além da desaceleração econômica, a desvalorização do real foi crucial para a queda no ranking. "Desde março, o real enfrenta expressiva queda ante o dólar e isso afetou, parcialmente, o PIB brasileiro na comparação mundial", afirma Wood. Em março de 2012, a moeda americana era cotada a 1,71 real, enquanto, no final de junho, estava em 2,03 reais – mesmo cotação desta sexta-feira. "O desempenho da economia britânica é muito fraco, mas a libra tem se mantido estável em relação ao dólar", acrescenta o economista.
Em abril deste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia alertado, em seu relatório trimestral, que o Brasil perderia o posto de sexta economia devido ao enfraquecimento do real. De acordo com o FMI, a economia brasileira deve encerrar o ano com um PIB de 2,449 trilhões de dólares, enquanto o da Grã-Bretanha deve chegar a 2,452 trilhões de dólares.
O resultado frustrante ocorre mesmo após as inúmeras medidas de estímulo anunciadas pelo governo federal: o Planalto tem tentado aquecer a economia com medidas que vão do protecionismo para estimular a indústria nacional até a pressão para o corte de juros e expansão do crédito por parte dos bancos públicos e privados. Por último, a presidente Dilma decidiu apelar para o que realmente impulsiona o crescimento sustentável do país: os investimentos em infraestrutura por meio de um agressivo plano de privatizações: o PAC das Concessões. Contudo, o anúncio veio tarde demais para salvar o PIB de 2012.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
E não é só isso: precisa investir em mão de obra qualificada para aumentar a produtividade, na industrialização (que depende de melhor/menos pior infraestrutura e um sistema tributário mais simples e menos oneroso) pois este modelo baseado em 1) exportação de commodities esbarrou na queda da demanda e preços e 2) o aumento do consumo interno pela redução de juros e aumento da oferta de crédito ao consumidor esbarra no crescente endividamento da população.
O modelo atual pode ser tudo menos SUSTENTÁVEL...
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“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
E não é só isso: precisa investir em mão de obra qualificada para aumentar a produtividade, na industrialização (que depende de melhor/menos pior infraestrutura e um sistema tributário mais simples e menos oneroso) pois este modelo baseado em 1) exportação de commodities esbarrou na queda da demanda e preços e 2) o aumento do consumo interno pela redução de juros e aumento da oferta de crédito ao consumidor esbarra no crescente endividamento da população.
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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA
mas o crédito teve menor custo e mais abundância para investimentos também. Sem contar que o câmbio é mais favorável que há um ano atrás. Por que não cresce???
Começar a campanha de que é necessário selecionar o tipo de investimento externo que entra no país. Menos para serviços como shopping e supermercados e mais para comunicação, infraestrutura, tecnologia e similares. A última vez que escrevi isso me chamaram de comuna.
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