marino escreveu:Vou afundar todos os navios de guerra e mercantes do país atacante, onde quer que eles se encontrem.
E vou lançar mísseis em suas instalações portuárias, em sua infra-estrutura crítica próxima ao litoral, no que for possível atingir.
Você vai afundar todos os navios de guerra e mercantes do país atacante ?
Que país atacante seria esse, que você consegue afundar todos os navios mercantes ?
Você quer afundar a marinha do Paraguai, ou a da Guiana ?
Você não pode fazer nada de substancial com três submarinos. Pode ameaçar, mas não pode fazer nada que altere o desfecho de um conflito com três submarinos para atacar navios inimigos. É muito, muito pouco.
A não ser que o único inimigo em vista seja a Argentina e o Brasil pudesse ver-se envolvido num incidente ao estilo das Malvinas.
De resto, um confronto com o Grande Satã (ao gosto da esquerda brasileira), qualquer reação desse tipo seria sempre contraproducente, porque eles teriam sempre capacidade para provocar dez a vinte vezes mais dano.
Esse tipo de confrontos são académicos e completamente irrealistas nos dias de hoje.
Eu sei que muita gente tem um grande apreço pelos submarinos e pelas suas capacidades e características. É famosa a frase «só há dois tipos de navios, os submarinos e os alvos».
Mas isso não ultrapassa o facto de que, nas duas guerras mundiais, os submarinos tiveram um papel preponderante, e nas duas guerras mundiais, as forças que se basearam em submarinos perderam.
E na guerra fria também perderam.
Esta é a realidade dos fatos históricos. Não podemos deixar de considera-la.
Os países do lado ganhador, também possuem submarinos, mas eles são acessórios e não a arma principal e mais cara das marinhas. E é por isso que os aliados europeus e os Estados Unidos ganharam a I a II e a guerra fria.
A discussão entre as várias teses decorreu no Brasil, mas foi condicionada pelas opções do poder político e de um presidente de um partido da esquerda radical, que se caracterizou sempre pelo ódio aos americanos.
Do meu ponto de vista, que é o de quem acompanha a situação brasileira de relativamente perto, o Brasil do Partido dos Trabalhadores encontrou na opção nuclear uma forma de grangear apoios e comer bastantes votos no eleitorado da direita conservadora brasileira que sempre apoiou o projeto.
A aquisição dos submarinos está diretamente ligada à histeria anti-americana do Partido dos Trabalhadores, e foi também mais uma forma de criar fatos para desviar a atenção de escândalos de corrupção.
E neste aspecto, o Brasil é exatamente igual a outros países (democracias, claro). Nem é mais nem é menos.
Mas o que foi discutido no Brasil está discutido e se você quiser discutir discute e se não quiser discutir porque acha que não há mais nada para discutir não discute.
No entanto, como já referi anteriormente, a discussão pode estar esquecida no Brasil, mas ninguém pode ficar inquieto ou espantado, quando em países estrangeiros as pessoas e os analistas fazem a pergunta:
Para que o Brasil precisa de submarinos nucleares ?
Já disse e repito. Essa pergunta está automaticamente respondida por quem considera razões nacionalistas que por natureza não são racionais. Eu até entendo essas razões muito bem e já falei com muita gente que sem ter noção nenhuma do assunto, acha que o Brasil deve ter submarinos nucleares.
Muitas vezes sem entender que um SNA não transporta mísseis atómicos e achando que com esse navio o Brasil pode atacar Nova Iorque.
Mas por muito que se tente, a cada argumento favorável ao submarino nuclear de ataque tem dois ou três contrários.
Lembro aqui, também mais uma vez: Eu até acho que os submarinos nucleares de ataque fazem sentido, mas só se o Brasil optar de forma clara pela construção de uma marinha com capacidade para formar uma Task Force, com um porta-aviões (da dimensão do São Paulo ou do de Gaulle francês) como núcleo de uma força de que terão que fazer parte duas fragatas ASW, uma ou duas fragatas de defesa aérea e naturalmente pelo menos um submarino (além de navios de reabastecimento).
Não podendo desenvolver esse tipo de meios em tempo útil, a opção por adquirir os submarinos acaba sendo de nenhuma utilidade, porque tudo o que eles podem fazer como arma defensiva, pode ser feito por um número maior de submarinos convencionais.
marino escreveu:O AIP não serve para deslocamentos, pois a energia das células de combustível acabaria em pouco tempo. Serve para quando já em posição, na ZP, o SSK economize baterias.
A velocidade não é vital para um sub?
Se o AIP não servisse para deslocamento, porque os países que compraram o sistema pagaram dinheiro por ele ?
A Alemanha, a Itália, Portugal, a Coreia, os países escandinavos, a Grécia, a Turquia e recentemente Israel, compraram esse tipo de sistema.
O AIP locomove os navios a baixa velocidade. Essa baixa velocidade permite ao navio continuar a navegar de forma quase invisível. Permite por exemplo lançar torpedos a abandonar lentamente a área, mantendo-se indetetável e aumentando exponencialmente a dificuldade de interceção por parte dos meios anti-submarinos.
Os americanos por exemplo, não têm já grande problema com as frotas de submarinos nucleares estrangeiras, porque os sensores conseguem detetar a maioria dos submarinos com alguma facilidade.
Por isso o interesse deles em fazer exercícios para testar a capacidade dos meios ASW da US Navy na deteção de submarinos com propulsão AIP.
A mais poderosa marinha do mundo, tem neste momento mais preocupações com a possibilidade de proliferação de submarinos com AIP que com a proliferação de submarinos com propulsão nuclear.
Eles são um alvo mais complicado, porque os submarinos com AIP são mais baratos e potencialmente mais numerosos.
Voltando ao tópico:
O que o Brasil precisa como arma principal para a defesa e controle marítimo do Atlântico Sul, não são submarinos nucleares. São porta-aviões bem armados e protegidos. Se esses navios forem do tipo que referi acima, então, e só então faria sentido dispor de submarinos nucleares de ataque como força protetora.
Cumprimentos