hmundongo escreveu:Sobre o tipo de abordagem feita no caso do publicitário há de se ver o treinamento e as requalificações que os policiais tiveram e se tiveram, pois, apesar de com o advento da Senasp algumas coisas terem melhorado, o treinamento policial é em geral muito ruim e ultrapassado, mesmo em estados como o RJ e SP. Quando eu estava na Acadepol/RJ tive como capacitação dar 25 tiros de .380 num dia e mais 25 no outro, além de 01 (UM) tiro de fuzil que foi nos sedido pelo delegado da DAS que estava realizando treino no stand e ficou com pena dos novatos. Quatro meses depois todos estávamos com uma .40 novinha e tirando serviço em delegacias, usando diáriamente fuzis e metralhadoras. Eu sempre gostei de armas e depois de formado fiz diversos cursos com meu dinheiro, além de trabalhar no interior que é mais tranquilo. Mas, e os colegas que recém formados tiveram de subir morros e trocar tiros quase diáriamente, munidos de armamentos diversos (quem conhece a PCERJ sabe a salada mista que é o armamanto pesado), tendo dado apenas um tiro de M16 na Acadepol? Assim vemos muitas abordagens equivocadas e casos como este, pois falta preparo técnico, psicológico e mesmo motivação para se trabalhar nas ruas, não sendo só salário o problema policial no Brasil, como bem disse alguém acima.
Você acabou de mostrar uma realidade muito comum no Brasil, infelizmente. Como você disse, a formação dos policiais no Brasil melhorou bastante nos últimos anos mas ainda estar muito aquém do que poderia ser razoável. Sobre a PMESP, posso afirmar com toda certeza que é a polícia mais preparada do Brasil (fazendo uma média entre todas as unidades e não em unidades específicas). Tem um sistema de formação, tanto de Soldados quanto de Oficiais, invejável e é muito bem estruturada. É uma das poucas polícias do Brasil (senão a única, já que não conheço muito bem a DPF e a PRF, nestes quesitos) que cria suas próprias doutrinas de policiamento, sempre focada nas necessidades que encontra diariamente, basta lembrar que o Método Giraldi, foi criado por um Coronel da PMESP e hoje é uma doutrina de treinamento que vem sendo empregado por praticamente todas as polícias do Brasil. Tem uma doutrina de rádio patrulhamento com apoio aéreo que não deixa a desejar a nenhuma polícia do mundo. Suas unidades são divididas por nível de força, onde começa pela Polícia Comunitária, fazendo o policiamento aproximado junto a sociedade, indo pro segundo nível de força (apoio) que é formado por unidades de policiamento de choque, como ROCAM, FORÇA TÁTICA e ROTA, cada um exercendo funções bem definidas, e no terceiro nível de força vem o GATE. Muitos vão pensar: Mais isso existe em todas as polícias do Brasil! Errado. Existe essas mesmas unidades (muitas com outros nomes) mas nenhuma funciona com tanta disciplina e doutrina como na PMESP, onde cada unidade tem sua função específica, sendo totalmente coordenado pela central de operações policiais (acho que em SP se chama COPOM).
Uma forma bem visível de ver como as coisas funcionam bem na PMESP é que dificilmente se ver seus policiais fazendo uso de armas como fuzis, mesmo se considerarmos a ROTA e a FORÇA TÁTICA, quando muito se ver é um ou outro utilizando uma submetralhadora (MT-40 ou MT-12), num estado onde é bem comum a utilização de fuzis por parte dos bandidos e onde se encontra a organização criminosa mais organizada em atuação no Brasil. Isso é sinal de uma polícia que não baseia sua atuação na "força bruta", na ostensividade exacerbada, mas sim com policiais bem preparados e com doutrinas policiais mais eficazes. Isso é visível até no fardamento dos policiais, onde não se ver aqueles policiais equipados como se fossem militares preparados para uma guerra, como é tão comum ver nas outras polícias. Até a ROTA, que é considerada uma unidade de elite, o uniforme é bem austero, quando unidades desse mesmo tipo em outros estados usam uniformes camuflados, coletes táticos, um monte de brasões, entre outras parafernálias.
Exemplo de fardamento dos policiais do primeiro nível de força (Policia Comunitária):
Na foto podemos notar que a farda tenta, ao máximo, tirar aquela imagem de polícia repressiva e militarizada demais.
Força Tática:
A farda, já demostra mais um pouco de ostensividade com uso externo do colete balístico e utilização de armamento mais potente para poder dar o devido apoio aos policiais que fazem o policiamento comunitário.
Policiais da Força Tática também são os responsáveis para dá o primeiro combate em missões de CDC, até a chegada da tropa especializada em ações de choque (BPChoque).
ROTA:
Notar a austeridade da farda da ROTA, mesmo sendo considerada uma unidade de elite.
Com relação ao caso do publicitário, não considero que foi falta de preparo dos policiais, prefiro dizer que pode ter havido erros na abordagem (o que não é incomum ocorrer) que pode ter sito provocado por uma variedade de fatores, como o estresse provocado pelos atentados que vem ocorrendo contra policiais em SP e fatores que ocorreram durante a ocorrência, como atitudes hostis da vítima, etc... juntando tudo é uma verdadeira receita para uma fatalidade.
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