Crise Econômica Mundial

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Re: Crise Econômica Mundial

#4891 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jul 22, 2012 4:48 pm

Túlio escreveu:E LEANDRO véio, por que estamos assim tão atrelados aos humores do dólar? Tipo "cai o dólar, sobe a inflação"? Pergunto porque não consigo entender, quando o dólar está alto é o fim do mundo, quando cai é a mesma coisa, é como vejo e não compreendo, pensava que estávamos desatrelados dele... :|
Neste caso não é a subida do dólar que vai pressionar a inflação, é a venda de produtos agropecuários como milho e carne do Brasil ao exterior, diminuindo a disponibilidade para abastecimento do mercado local. O aumento dos preços de produtos importados como o trigo também não vai ajudar em nada.

Com relação às variações do dólar, no médio e longo prazo o ideal é que ele esteja alto mesmo, para compensar a diferença na escala de produção e as nossas ineficiências internas. Ele até deveria cair, mas apenas junto com o aumento da nossa produtividade e a queda do "custo-Brasil". O problema é que ele esteve baixo demais por muito tempo, e uma subida muito rápida como se observou agora cria problemas com o abastecimento de insumos que passamos a importar, e que demoraremos um pouco até poder substituir (o que aliás só faremos se o dólar continuar alto). Até que isso aconteça, o aumento do dólar prejudica os preços sim, mas em princípio deveria ser um efeito temporário.


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Re: Crise Econômica Mundial

#4892 Mensagem por Túlio » Dom Jul 22, 2012 4:51 pm

Se entendi, o câmbio flutuante então deveria flutuar sempre abaixo de determinado nível do dólar então, tipo 2:1?


PS.: me perdoem todos a BURRICE, estou tentando ENTENDER... :oops: :oops: :oops: :oops:




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Re: Crise Econômica Mundial

#4893 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jul 22, 2012 5:55 pm

Túlio escreveu:Se entendi, o câmbio flutuante então deveria flutuar sempre abaixo de determinado nível do dólar então, tipo 2:1?


PS.: me perdoem todos a BURRICE, estou tentando ENTENDER... :oops: :oops: :oops: :oops:
Isso partindo do princípio de que deva existir um câmbio flutuante, algo que por exemplo a China acha desnecessário :wink: .

Mas o problema Brasil na verdade foi manter um câmbio flutuante, algo que implica em uma certa "equivalência" entre as condições econômicas internas e externas, ao mesmo tempo em que nossas taxas de juros eram absurdas, a valorização das commodities distorcia nosso comércio internacional, os EUA praticavam "equitative easings" em série, a China congelava a proporção da sua moeda com o dólar por decreto, a Coréia do Sul subsidiava as fábricas de suas indústrias, e etc... . Ou seja, insistir em ser bom moço e jogar pelas regras quando nossas cartas estavam marcadas e em uma mesa onde todo mundo carregava ases na manga :roll: .


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Re: Crise Econômica Mundial

#4894 Mensagem por Bourne » Dom Jul 22, 2012 6:53 pm

Camaradas,

Ontem me retirei de um grupo de economia no facebook que reúne muitos acadêmicos. Por que senti ao longo do tempo que eles possuem argumentos fracos sobre o que versam. Apesar de muitos com doutorado e supostas pesquisas relevantes na área. Apresentam uma miopia muito grandes sobre as relações sociais, institucionais, políticas entre outros. O resultado é que eles ficam mais seduzidos com os métodos pomposos do que resultados e implicações. Além de focarem em aspectos muito restritos da economia como crescimento, inflação e câmbio. É como se o resto não existisse. É claro que alguns se salvam. Porém são raros. Achei um ou dois. Sem exageros.

Outro aspecto é a inovação dos ortodoxos que cruzaram com alguma coisa parecida com liberais. Está cheio de membros repetindo besteiras sem saber o que querem dizer. Assim colam com argumentos que lhes agradem e são conflitantes e saem uma aberração argumentativa. Ou, pior, se esconde atrás de "ismos" como liberalismo, keynesianismo, pós-keynesiano, marxismo entre outros.

Comecei a observar isso depois que comecei a ter mais intercâmbio com o exterior. Principalmente lendo artigos produzidos nos EUA e acompanhando autores que possuem grandes contribuições. Quando se comprara o que e como se discute nos EUA e Europa com a produção no Brasil. Vira uma piada. Assuntos no Brasil que chegaram a ter coragem de falar para mim "isso é irrelevante", " não é economia" ou já foi mais que estudado por tal autor". No exterior é o tema do momento e das discussões mais acaloradas. O mais chocante é que na América Latina a discussão acompanha os países mais desenvolvidos. Parece que o Brasil saiu da idade medieval. Não falo de todos, mas a massa está assim. Peguem os artigos dos encontros regionais e nacionais no Brasil que sentirão o mesmo.

Depois de tudo isso entendo por que tenho facilidade em aprovar artigos no exterior. Ou em algum raro congresso brasileiro. O mais assustador é que no Brasil sou marginalizados, mas nos EUA faço parte do mainstream economics. Estou ali com os pesquisadores da Universidade da Califórnia, Chicago, Harvard, Columbia entre outras. Não por acaso o maior acolhimento a meu projeto de doutorado foi na USP. O que significa que preciso investir no exterior e me livrar da mediocridade da área nacional.

O que isso tem a ver com a economia brasileira e crise econômica mundial. Acredito que muita coisa e explica muitos aspectos.




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Re: Crise Econômica Mundial

#4895 Mensagem por Túlio » Dom Jul 22, 2012 7:26 pm

Vai haver SUICÍDIO EM MASSA nesse grupo do Face. [003] [003] [003] [003]

Sério agora, sabes que és uma pessoa a quem presto muita atenção em macroeconomia, a josta é que sou tão BURRO que custo a entender metade, daí ficar torrando outros amigos como o Leandro além de ti para ver se pego alguma compreensão disso...




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Re: Crise Econômica Mundial

#4896 Mensagem por Bourne » Dom Jul 22, 2012 7:56 pm

Vai nada. Estão ocupados demais se lambendo. :lol:




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Re: Crise Econômica Mundial

#4897 Mensagem por marcelo l. » Dom Jul 22, 2012 8:19 pm

Thanks to the World Congress of the Game Theory Society at Bilgi University, this week Istanbul is hosting four Nobel Prize winners in Economics.
John Nash, who was played by Russell Crowe in A Beautiful Mind, is speaking with three other fellow laureates today at the appropriately-named Nobel Panel. Nash is one of the forefathers of modern game theory and developed the concept of “Nash equilibrium”. The idea can best be illustrated by the canonical Prisoner’s Dilemma:
Footballers Alexander and Abraham are arrested as part of a match-fixing investigation. The prosecutor puts them in separate rooms and offers them the same deal: If one testifies against the other, the rat goes free and the other gets a five-year sentence. If both remain silent, they each receive a one-year sentence. And if both decide to testify, each is handed a three-year sentence.
Nash equilibrium is a set of strategies, where no player has anything to gain by changing his own strategy unilaterally. In this game, the equilibrium outcome is both men testifying because each footballer can be better off by ratting regardless of what the other does. However, they would have been better off had both remained silent.
Bank of America strategists David Woo and Athanasios Vamvakidis have applied the concept to the Eurozone. Keeping the payoff structure the same, they replace the footballers with Germany and Greece, with the former’s options being Eurobonds and No Eurobonds, and the latter’s Austerity and No Austerity. The two countries will not cooperate in equilibrium, meaning that Greece will not undertake austerity and Germany will not OK Eurobonds.
This simple construct ignores many real-life complications, but it does capture the main problem that neither side is able to pre-commit credibly to the solution that would make both better off (Austerity, Eurobonds). Note that fiscal union would be the enforcement mechanism that would ensure each country lived up to is promises.
Woo and Anthanasios then calculate the costs and benefits of a voluntary exit from the Eurozone for the major core and periphery countries. They try to estimate the chances for an orderly exit as well as the impact on growth, borrowing costs and the country’s balance sheet following an exit.
Their analysis is only a simplification, but the results are striking. First, while everyone is expecting Greece to exit first, Italy and Ireland have the highest incentives to leave. Italy has a good chance of an orderly exit and stands to benefit from competitiveness, growth and even balance sheet gains. On the other hand, while it is the country most likely to achieve an orderly exit, Germany has the lowest incentive to leave, as it would suffer from lower growth, higher borrowing costs and a negative balance sheet effect.
Using these payoffs, the strategists then devise a three-period game, where Italy first decides whether or not to exit. If it doesn’t, Germany could pay her to stay and then Italy again answers the question, “should I stay or should I go”. The Nash equilibrium of this game is for Italy to exit in the first period.
It seems, therefore, that game theory does not predict a bright future for the Eurozone.

http://www.hurriyetdailynews.com/ugly-i ... CatID=430a

o "jogo da eurozone" está aqui o artigo em pdf https://www.sugarsync.com/pf/D6844487_8642451_909374




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Re: Crise Econômica Mundial

#4898 Mensagem por Bourne » Seg Jul 23, 2012 10:49 am

Pesquisando sobre a União Monetária Latina :|

Não serviu para evitar a primeira guerra mundial.
History

By a convention dated 23 December 1865,[1] France, Belgium, Italy, and Switzerland formed the Latin Monetary Union and agreed to change their national currencies to a standard of 4.5 grams of silver or 0.290322 gram of gold (a ratio of 15.5 to 1) and make them freely interchangeable. The agreement came into force on 1 August 1866.[2] The four nations were joined by Spain and Greece in 1868, and Romania, Bulgaria, Venezuela, Serbia and San Marino in 1889. In 1904, the Danish West Indies were also placed on this standard but did not join the Union itself. When Albania emerged from the Ottoman Empire as an independent nation in 1912, coins of the Latin Monetary Union from France, Italy, Greece, and Austria-Hungary began to circulate in place of the Ottoman Lira. Albania did not however mint its own coins, or issue its own paper money until it adopted an independent monetary system in 1925.[3]

The LMU served the function of facilitating trade between different countries by setting the standards by which gold and silver currency could be minted and exchanged. In this manner a French trader could accept Italian lire for his goods with confidence that it could be converted back to a comparable amount of francs.

With the tacit agreement of Napoleon III of France, Giacomo Cardinal Antonelli, the administrator of the Papal Treasury, embarked[when?] on an ambitious increase in silver coinage without the prescribed amount of metal.[4] The papal coins quickly became debased and excessively circulated in other union states[5], to the profit of the Holy See, but eventually[when?] Swiss and French banks rejected papal coins and the Papal States were ejected from the Union[when?].[2]

By 1873, the decreasing value of silver made it profitable to mint silver in exchange for gold at the Union's standard rate of 15.5 ounces to 1. Indeed, in all of 1871 and 1872 the French mint had received just 5,000,000 francs of silver for conversion to coin, but in 1873 alone received 154,000,000 francs. Fearing an influx of silver coinage, the member nations of the Union agreed in Paris on January 30, 1874, to limit the free conversion of silver temporarily. By 1878, with no recovery in the silver price in sight, minting of silver coinage was suspended absolutely.[6] From 1873 onwards, the Union was on a de facto gold standard.
[edit]Failure




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Re: Crise Econômica Mundial

#4899 Mensagem por NettoBR » Seg Jul 23, 2012 12:33 pm

Bourne escreveu:Ontem me retirei de um grupo de economia no facebook que reúne muitos acadêmicos. Por que senti ao longo do tempo que eles possuem argumentos fracos sobre o que versam. Apesar de muitos com doutorado e supostas pesquisas relevantes na área. Apresentam uma miopia muito grandes sobre as relações sociais, institucionais, políticas entre outros. O resultado é que eles ficam mais seduzidos com os métodos pomposos do que resultados e implicações. Além de focarem em aspectos muito restritos da economia como crescimento, inflação e câmbio. É como se o resto não existisse. É claro que alguns se salvam. Porém são raros. Achei um ou dois. Sem exageros.
Esse é o lado bom da nova geração, aumentam ainda mais o horizonte que os dinossauros criaram. :lol:

O que mata são aqueles que dizem: "Como assim estou errado?? Eu já fazia isso quando você nasceu..." :roll:




"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo."
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Re: Crise Econômica Mundial

#4900 Mensagem por Bourne » Seg Jul 23, 2012 12:52 pm

O problema é que os jovens estão perdidos. Trágico. Estão piores que os antecessores. Não pensam. Repetem modismos.

A saída é aprender a escrever inglês e conquistar a América. Nem que seja a América Latina. :lol:




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Re: Crise Econômica Mundial

#4901 Mensagem por Sterrius » Seg Jul 23, 2012 2:39 pm

Quebrar os modismos e realmente avançar é difícil.

Resta torcer para que nossas faculdades de economia um dia se livrem dessa visão atrasada.

Mas creio que isso se explica em parte pela forma como nossa economia evoluiu. Nunca houve até pouco tempo atrás real necessidade de passar muito do "ismo". Fora uma ou outra área nunca passamos de importadores.

Agora que a uma demanda para se especializar em alguma(s) cadeia(s) de produção tecnológica(s) com conteúdo e produção nacional que possam alavancar o país. Faltam pessoas para preencher as vagas e levar essa ideia a frente.

E se as pessoas influentes daqui não lhe escutam o certo é fazer isso mesmo. Ganhar reconhecimento no exterior, chegará um ponto em que elas serão forçadas a lhe escutar nem que sejam para tentar rebater suas ideias com mais do que apenas um "irrelevante!".




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Re: Crise Econômica Mundial

#4902 Mensagem por marcelo l. » Ter Jul 24, 2012 4:04 pm

Como parte do ECFR do projecto Reinvenção , estamos executando uma série de posts a olhar para questões específicas relacionadas com temáticas que a Europa enfrenta enquanto tenta lidar com a crise financeira. No quarto desta série, Ivan Krastev olha para o colapso do império soviético para as aulas.

-

Em 1992 o mundo acordou sem a União Soviética no mapa. Uma das duas superpotências mundiais desabaram na ausência de guerra ou de uma invasão alienígena ou qualquer outro desenvolvimento catastrófico. Embora os soviéticos estavam em declínio irreversível a partir do nada 1970 foi pré-determinado de seu colapso no final do século 20. Em 1985, 1986 e mesmo em 1989, a desintegração da União Soviética era tão inconcebível para os analistas do dia como a perspectiva para a desintegração da União Europeia é para os especialistas hoje. É esse salto do "impensável" para a "inevitável" que torna a experiência de desintegração soviética uma nota de rodapé útil nas discussões atuais sobre o futuro da crise europeia e as escolhas que os líderes europeus enfrentam.

Afinal, a crise atual da UE tem demonstrado claramente que o risco da desintegração da União Europeia não é apenas um artifício retórico, um tigre de papel usado por políticos assustados para impor austeridade em seus eleitores descontentes. É não só da Europa mas a política economias europeias, que está em crise. O humor do público é melhor descrito como uma combinação de pessimismo e de raiva: o último levantamento Futuro da Europa sugere que, embora a maioria dos europeus concordam que a UE é um bom lugar para viver em sua confiança no desempenho económico da União e da sua capacidade para desempenhar um papel importante na política global diminuiu. Mais de seis em qualquer dez europeus estão convencidos de que as vidas daqueles que são as crianças de hoje será mais difícil do que as vidas de pessoas de sua própria geração. O que é mais preocupante, quase 90 por cento dos europeus vê uma grande lacuna entre o que o público quer eo que os governos fazem. Apenas um terço dos europeus sentem suas contagens de voto na UE e apenas 18 por cento dos italianos e 15 por cento dos gregos sentem que o seu voto conta, mesmo em seu próprio país. Então, como é impensável desintegração?

A ordem soviética "ruiu como um castelo de cartas" - escreveu o eminente historiador Martin Malia ", porque sempre foi um castelo de cartas". A UE não é um castelo de cartas. Enquanto a União Europeia nunca foi seduzido pelas tentações do comunismo e de planejamento central, não é imune aos vícios de complexidade. A UE é o mais sofisticado quebra-cabeça político que a história já conhecida. A UE é o governo ininteligível que a massa dos europeus não pode entender. Eles não podem entender como a função da União e é ainda mais difícil de entender o que o colapso da União significa. No caso da União Soviética, o colapso significa que um estado desapareceu dos mapas e uma dúzia de novos estados surgiu e ela significava o fim do sistema comunista. Mas a UE não é um estado. Se o projeto falhar nada mudaria em mapas. E mesmo se a UE se desintegra se não todos, pelo menos, a maioria dos Estados membros permanecerá democracias de mercado. Então, como podemos definir desintegração? Poderíamos falar de desintegração se um país ou dois deixaram a zona euro ou a própria União? É o fim do euro no final da UE?

A experiência soviética sugere algumas dicas úteis para responder a tais perguntas.

Colapso da União Soviética nos ensina que o fato de que os custos econômicos da desintegração seria muito alto não é uma razão para não que isso aconteça. A percepção da desintegração como "impensável" poderia incentivar os decisores políticos para tentar empurrar política perigosa liderada pela crença de que "nada realmente ruim pode acontecer" a longo prazo, esperando que algumas políticas anti-UE ou retórica pode ser útil no curto prazo. O colapso da União Soviética é a demonstração mais poderosa que a desintegração da UE não precisa ser o resultado da vitória das forças anti-UE sobre as forças pró-UE. Se isso acontecer o mais provável será a conseqüência não intencional da disfuncionalidade crescente do sistema e leitura errada elites "da dinâmica política em suas próprias sociedades.

Experiência soviética é também uma poderosa demonstração de que as reformas ainda mais desorientados do que a falta de reformas pode levar à desintegração. Em um momento de crise os políticos pesquisa para uma "bala de prata" e muitas vezes é essa bala que provoca a morte. Foi fracasso de Gorbachev para dar sentido à natureza do sistema soviético (que pode ser preservada, mas não reformado) e sua crença equivocada na superioridade do sistema socialista que estavam na raiz do colapso da União Soviética. A idéia dos referendos sobre a Constituição Europeia que saiu pela culatra tão espetacularmente na França e na Holanda mostra o perigo de tal curso de ação.

A segunda lição que vem da análise da experiência desintegração soviética é que, na ausência de guerra ou outras situações extremas, o maior risco do projeto não é a de estabilização da periferia, mas a revolta do centro. Foi decisão da Rússia de livrar-se da União e não o desejo sempre presente das repúblicas bálticas para fugir dele que decidiu o destino do Estado soviético. E é a Alemanha do que está acontecendo na União que mais dramaticamente afetar o futuro do projecto europeu do que os problemas das economias grego ou espanhol. Quando os vencedores da integração começam a ver-se como suas principais vítimas, em seguida, os políticos devem ter certeza de que o grande problema é ao virar da esquina. Para os europeus momento não tenho razões para duvidar devoção da Alemanha para a UE, mas ao mesmo tempo assistimos a incapacidade terrível dos sul endividados países de "traduzir" suas preocupações em alemão e uma falha de crescimento da Alemanha para "traduzir" o seu propôs soluções para as línguas locais da maioria dos outros Estados membros. E não é a divergência de interesses, mas a falta de empatia que deve se preocupar mais conosco.

A terceira lição é que, se a dinâmica de desintegração prevalecer, o colapso da União ficaria mais parecido com uma "corrida bancária" do que uma revolução. Paradoxalmente, o próprio fato de que a UE e, em grande medida continua a ser um projeto de elite que determina o fato de que o risco real para a sobrevivência da UE não vem tanto da raiva dos públicos, mas a partir dos cálculos das elites. No momento em que as elites nacionais começar a questionar as perspectivas futuras da União, eles vão começar a agir de uma forma que contribui para o seu colapso. Não é decepção das pessoas, mas a confiança das elites na capacidade da União para lidar com os problemas que é o fator mais importante que afeta as chances da União para sobreviver.

A última lição e mais perturbador que sai do estudo do colapso da União Soviética é que em tempos de ameaças de desintegração atores políticos devem apostar na flexibilidade e restringir o seu impulso natural para a rigidez e soluções duradouras. Infelizmente o que assistimos na Europa de hoje é uma unidade para a rigidez. Para sair do actual status quo das políticas sem política sobre o nível de Bruxelas e política sem políticas a nível nacional, Alemanha entre outros favorece uma constelação política que pode ser melhor descrito como "democracia sem escolhas". Tomadores de decisão europeus estão a tentar salvar a União, optando por soluções políticas que amarram as mãos dos governos nacionais e radicalmente restringir as escolhas do público. Eleitores em países como Itália e Grécia podem mudar governos, mas eles não podem alterar as políticas: tomada de decisão económica é de facto retirado da política eleitorais. As expectativas são de que a nova política de disciplina fiscal vai reduzir a pressão política sobre a UE. Mas, enquanto os peritos podem concordar ou discordar com os prós e contras do pacote de política de austeridade, o que é mais importante é que o fracasso da rigidez automaticamente acelerar a crise, tornando a sobrevivência da União mais difícil. Dez anos atrás, os decisores europeus decidiram não introduzir qualquer mecanismo para deixar a moeda comum. O objetivo era fazer o desmembramento da zona euro impossível, mas agora sabemos que foi esta decisão que o torna mais vulnerável.

O poeta alemão e dissidente Wolf Biermann uma vez escreveu: "Eu só posso amar, que eu também sou livre para deixar". A estratégia dos decisores políticos europeus, no momento de políticas favor que fazem o preço de saída insuportavelmente alta, em vez de limitar o risco pode acabar aumentando-los porque o que o colapso da União Soviética nos ensina é que no tempo de grande crise, a resposta popular para "não há alternativa" é que qualquer alternativa parece melhor. Paradoxalmente, a flexibilidade é a melhor chance de sobrevivência.

http://ecfr.eu/blog/entry/reinventing_e ... et_lessons
não que eu concorde, mas dá para pensar.




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Re: Crise Econômica Mundial

#4903 Mensagem por LeandroGCard » Qua Jul 25, 2012 4:18 pm

E só agora é que as autoridades começaram a perceber que o setor financeiro não tem credibilidade para decidir nada sozinho? E algo com o potencial de causar estragos como causou a manipulação da taxa de juros sequer tem legislação que defina eventuais penalidades criminais?
UE propõe penalidade criminal para manipulação de taxa de juros

As autoridades europeias também sugeriram que a indústria financeira não tem mais credibilidade para acertar esse tipo de taxa sem a supervisão pública ou mesmo regulamentação

25 de julho de 2012
Notícia - Economia & Negócios - Estadão



SÃO PAULO - As autoridades europeias propuseram nesta quarta-feira penalidades criminais para a manipulação de taxas como a taxa interbancária de Londres, Libor, e disse que o papel da indústria financeira em acertar essas taxas precisa de fiscalização pública.

A proposta da Comissão Europeia é uma resposta às acusações de que os banqueiros no Reino Unido manipularam a Libor, taxa usada como padrão para os juros de trilhões de dólares de produtos de crédito. A Comissão vai pedir aos governos nacionais que adotem sanções criminais pela manipulação da Libor dentro das leis nacionais.

As autoridades europeias também sugeriram que a indústria financeira não tem mais credibilidade para acertar esse tipo de taxa sem a supervisão pública ou mesmo regulamentação. "Esses índices são de fato bens públicos", afirmou Michel Barnier, comissão europeu responsável pela regulamentação financeira.

Entenda o caso

Taxa de referência mais usada em todo o mundo, a Libor é a base dos juros aplicados aos mais variados contratos financeiros – da mais complexa operação de derivativos às simples taxas cobradas nos cartões de crédito. Ela estaria presente em instrumentos financeiros que, ao redor do mundo, envolveriam quantias estimadas no mínimo em US$ 500 trilhões. A Libor, em resumo, afeta todo mundo.

O Barclays foi o primeiro banco a ser investigado, mas o número total deles pode chegar a duas dezenas entre os maiores do mundo, não só no Reino Unido, mas também nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Suíça e Japão. Gigantes como Citigroup, JP Morgan Chase, UBS, Deutsche Bank e HSBC, por exemplo.

O escândalo, que já resultou na renúncia de alguns dirigentes do Barclays, consistia em manipular a Libor para baixo, com o objetivo de dar a falsa impressão de que o mercado de financiamento interbancário não apresentava problemas de liquidez ou solvência, pouco antes e no período mais agudo da crise financeira. A prática era possível pelo método de cálculo da Libor, mas, como as investigações começam a apontar, não teria êxito sem a participação de outros bancos e a conivência do Banco da Inglaterra e de órgãos reguladores.

Com crescente importância para as finanças internacionais a partir de fins dos anos 60, a Libor é formada, diariamente, com base numa amostra de taxas declaradas que serão pagas em operações relevantes, no dia, por uma dúzia e meia de grandes bancos. Do conjunto enviado a um painel, são eliminadas as 25% taxas mais altas e as 25% mais baixas, calculando-se então a média das 50% restantes. O problema é que o sistema de cálculo prevê a utilização da taxa declarada pela instituição – não a que efetivamente será paga. A presunção era a de que os bancos diziam a verdade e que, enfim, um fiscalizava o outro.

Uma das consequências esperadas para as fraudes com a Libor, além da mudança na fórmula de cálculo, é uma enxurrada de ações de perdas e danos da parte de investidores que se sintam lesados. Mais importantes do que os custos pecuniários da fraude, contudo, serão as consequências institucionais. Afetados pelas ações judiciais em sua parte mais sensível – os ganhos do negócio –, os bancos e seus dirigentes talvez possam entender com mais facilidade que sem a confiança de seus clientes eles valem muito pouco.

As informações são da Dow Jones.
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Re: Crise Econômica Mundial

#4904 Mensagem por marcelo l. » Qui Jul 26, 2012 9:52 am

Grécia volta as notícias diz que a agonia acaba dia 20 de agosto.




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Re: Crise Econômica Mundial

#4905 Mensagem por P44 » Qui Jul 26, 2012 9:55 am

marcelo l. escreveu:Grécia volta as notícias diz que a agonia acaba dia 20 de agosto.

ah, então o fim do mundo foi antecipado.




Triste sina ter nascido português 👎
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