http://www.estadao.com.br/noticias/inte ... 0622,0.htm
BRASÍLIA - A decisão política de incluir a Venezuela no Mercosul, durante a campanha eleitoral em que Hugo Chávez tenta a reeleição, pode esbarrar em questões técnicas e econômicas. A apreensão, compartilhada pelo Palácio do Planalto, é de se repetir o mesmo enredo visto desde 2006, quando o país bolivariano descumpriu os compromissos de adotar as normas e o padrão aduaneiro do bloco e informar a sua lista de produtos considerados sensíveis.
Sem estes elementos, a entrada do país de Chávez no Mercosul continuará sendo apenas um gesto político, sem implicações no comércio de Brasil, Argentina e Uruguai. O uso da mesma nomenclatura de produtos, agilizaria o livre comércio entre os demais países do bloco e a Venezuela, além de permitir que outros países vendam à Venezuela pagando a mesma tarifa de importação cobrada pelos demais sócios hoje.
A preocupação em relação à Venezuela tem motivos claros. O país assinou o protocolo de adesão em 2006, mas quatro anos depois havia internalizado somente uma das mais de cem normas do bloco. O prazo consta do protocolo de adesão, mas foi descumprido. Tampouco houve evolução das negociações sobre os produtos sensíveis, artigos que a Venezuela produz e que poderiam sofrer concorrência desleal se fossem importados do Brasil, Uruguai ou Argentina sem cobrança de impostos, como prevê o Mercosul.
O Planalto avalia que estas dificuldades possam derrubar o principal argumento a favor da entrada da Venezuela: a importância do comércio com aquele país. A Venezuela, é um grande mercado e o Brasil tem interesse em vender inúmeros itens, que passam por remédios, aviões, maquinas e equipamentos e automóveis.
Interessa ao Brasil vender produtos manufaturados, mais caros, e comprar petróleo e gás, por exemplo. Por isso, o País defende maior integração econômica com a Venezuela desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados do Fundo Monetário Internacional a Venezuela possui a quarta maior economia da América Latina, atrás de Brasil, Argentina e México, além de ser membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) devido ao tamanho de suas jazidas.
O complicador, neste caso, seria o chamado "ambiente de negócios", vilipendiado de tempos em tempos pela nacionalização de setores da economia promovidas por Chávez. Daí a importância de o país bolivariano adotar as regras do Mercosul, que preveem, por exemplo a solução de disputas jurídicas por um tribunal arbitral.
A Venezuela era impedida de participar plenamente do Mercosul devido à recusa do Senado paraguaio em aprovar a adesão do país. No mês passado, Brasil, Argentina e Uruguai de uma só tacada suspenderam o Paraguai do bloco e aprovaram a adesão da Venezuela, que será selada, no dia 31 de julho, em reunião, no Rio de Janeiro. A decisão vem sofrendo críticas de juristas que não vêm base legal no ingresso venezuelano. Por isso, todos os olhos do governo brasileiro se voltam, agora, para o encontro extraordinário dos integrantes do Mercosul, no final do mês. É lá que a Venezuela terá, mais uma vez, que apresentar seus compromissos e o cronograma de cumprimento deles. O governo brasileiro gostaria que o novo integrante do bloco chegasse ao Rio de Janeiro já com os primeiros passos adotados, o que, até agora, parece que não vai acontecer. Apesar disso, o Brasil tem esperança que,
desta vez, as promessas venezuelanas saiam do papel. 
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant