Ministério da Defesa
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Ministério da Defesa
Revista IstoÉ
ENTREVISTA
"A Comissão da verdade é o epílogo da transição democrática"
Ministro afirma que não assumiu cargo para politizar Forças Armadas, releva manifesto militar e diz que não haverá retaliações
Claudio Dantas Sequeira e Octávio Costa
A chegada do ex-chanceler Celso Amorim ao Ministério da Defesa no ano passado provocou na caserna um estranhamento óbvio. Durante o regime militar, o diplomata foi demitido sumariamente da direção da Embrafilme ao liberar a película “Pra Frente Brasil”, que retratava os anos de repressão política. O clima de enfrentamento com pequenos grupos da reserva se acirrou com a criação da Comissão da Verdade e culminou com a divulgação, há um mês, do manifesto “Alerta à Nação – Eles que venham, aqui não passarão”, com críticas diretas ao ministro e à presidenta Dilma Rousseff. Amorim ameaçou punir os militares que assinaram o manifesto, mas acabou recuando. Preferiu determinar aos comandantes das três Forças que enviassem às fileiras uma mensagem firme de pacificação. “O mais importante é fazer com que eles vejam o inconveniente de certas posições, a que isso leva e relembrar certos deveres. O ministro civil não está aqui para politizar as Forças Armadas, mas para garantir sua missão constitucional, seu caráter profissional”, afirmou Celso Amorim em entrevista exclusiva à ISTOÉ. Sobre a Comissão da Verdade, ele garante que não há razões para temer o revanchismo, mas espera que o aniversário de 48 anos do golpe de 1964 não seja celebrado no sábado 31. “A comissão é o epílogo da transição democrática. É uma necessidade da sociedade em reconciliar-se com seu passado”, afirmou.
Istoé - Ter um civil à frente das Forças Armadas já é algo pacífico ou ainda há resistência em alguns setores da caserna?
CELSO AMORIM - Francamente, eu convivo todos os dias com militares, comandantes, o chefe do Estado-Maior e tantos outros. Nunca tive problemas desse tipo. O entrosamento, aliás, é ótimo. Há uma clara percepção, por parte deles, de que o fato de se ter um ministro da Defesa civil ajuda para certos pleitos, como reajustes e reequipamento. Além disso, eles percebem que há uma consciência sobre o trabalho profissional das Forças, que também deve ser respeitado e valorizado. O civil não está aqui para politizar as Forças Armadas. Ao contrário, para assegurar a missão constitucional e o caráter profissional dos militares, como a defesa da pátria e a garantia da lei e da ordem.
Istoé - Mas houve reação entre militares da reserva e até um manifesto polêmico contra o governo.
CELSO AMORIM - É preciso ter claro que esse tipo de iniciativa parte de oficiais da reserva. Se eu fosse contar os manifestos ou manifestações dos embaixadores da reserva quando eu era ministro das Relações Exteriores, simplesmente não dormia mais.
Istoé - A grande preocupação deles é com a Comissão da Verdade, pois muitos desses oficiais participaram da repressão. Há motivos para temer um revanchismo?
CELSO AMORIM - O que vou dizer agora é uma avaliação minha, pessoal. Acho que a Comissão da Verdade é o último capítulo da transição democrática, um epílogo. Há muito tempo estão sendo escritas outras coisas novas da fase democrática, mas ficou essa questão. É uma necessidade da sociedade em reconciliar-se consigo própria conhecendo a verdade. Como dizia o arcebispo sul-africano Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz: “A verdade cura. Às vezes ela arde, mas cura.”
Istoé - Então, não há razão para os militares temerem o trabalho da comissão?
CELSO AMORIM - Olha, quem não quiser conhecer a verdade ou permitir que a verdade seja divulgada e documentada pode até temer. Posso dizer que o governo não vai tomar nenhuma iniciativa revanchista. Certamente, não teria nenhum cabimento e a lei não permite que se faça isso. É algo que foi pactuado. Sei que o (deputado) Jair Bolsonaro não votou, mas os demais deputados aprovaram a comissão. Aliás, foi uma das poucas leis aprovadas pelo Congresso com tanto consenso. Não vejo nenhuma razão para temer uma judicialização. A própria lei que estabelece a comissão reitera a Lei da Anistia.
Istoé - Há preocupação também em relação a documentos que ainda existiriam em poder das Forças Armadas, como os da Guerrilha do Araguaia. Esses documentos existem?
CELSO AMORIM - Não me consta que existam. Depois que eu cheguei, pedi informações e me disseram que os documentos foram destruídos. Por outro lado, temos uma comissão importante que cuida do Araguaia, que tem ido lá e já identificou dois corpos. E há grandes chances de identificarmos um terceiro. Esse trabalho é contínuo e vem alcançando sucesso.
Istoé - Quando o manifesto contra a Comissão da Verdade foi divulgado, o governo reagiu ameaçando retaliar. Haverá ou não punição?
CELSO AMORIM - Não vou me prender a palavras. Deixei esse assunto a cargo dos comandantes e eles têm levado a mensagem de maneira adequada a quem interessa, fazendo esses militares da reserva enxergar certas coisas. O mais importante é fazer com que eles vejam o inconveniente de certas posições, a que isso leva e relembrar certos deveres. Podem chamar de advertência regimental, mas não vou entrar nessa discussão.
Istoé - Só para esclarecer melhor, haverá algum processo administrativo?
CELSO AMORIM - Não. Seria complicado, então encontramos um método mais prático e eficaz.
Istoé - O sr. acha que essa insatisfação dentro da caserna é também alimentada pelas freqüentes demandas salariais?
CELSO AMORIM - São duas coisas diferentes. A questão dos vencimentos dos militares é importantíssima. O profissionalismo dos militares deve ser respeitado. Eles são, em sua esmagadora maioria, bons profissionais, conscientes de qual é o seu papel. Não vou dizer quando ou de quanto será o reajuste, mas estamos trabalhando nisso. Não só no salário, mas na melhoria das condições de trabalho, equipamentos adequados e uma vida digna.
Istoé - Um reajuste a curto ou médio prazo é compatível com o orçamento contingenciado?
CELSO AMORIM - Quando se fala em orçamento, sabemos, obviamente, que não é satisfatório. Se compararmos, por exemplo, o orçamento da Defesa com nossas necessidades, com as necessidades de um país dos BRICs, que é a sexta economia do mundo, não é compatível. Temos que levar em conta muitos aspectos, como a dimensão do País, a vastidão do litoral e das fronteiras terrestres, os recursos naturais. Mas, se compararmos o orçamento deste ano com o do ano passado, está razoável.
Istoé - Então os projetos de investimento e modernização das Forças serão mantidos?
CELSO AMORIM - Sim. A compra dos helicópteros não foi afetada, nem o projeto do submarino nuclear ou o programa dos blindados.
Istoé - Mas e o F-X2? A compra dos caças virou uma novela que já dura mais de uma década...
CELSO AMORIM - Posso dizer que já estamos nos últimos capítulos. Tenho uma expectativa de que a compra dos aviões possa ser resolvida ainda neste semestre.
Istoé - E a troca de informações com a Índia sobre a compra que eles fizeram de 126 caças Rafale? Muita gente interpretou como mais um aval brasileiro ao avião francês.
CELSO AMORIM - Não tem sentido. Minha visita à Índia para firmarmos essa cooperação já estava marcada muito antes de eles definirem a compra. Coincidiu de optarem pelo Rafale na semana em que fui lá.
Istoé - Os outros dois concorrentes não podem reclamar de um tratamento privilegiado?
CELSO AMORIM - Não há essa possibilidade. Eu já recebi aqui delegações da Suécia em que estava presente o presidente da Saab. Está prevista uma visita do secretário de Defesa dos EUA, mas não sei se ele vai tocar no assunto. Nada disso influencia no meu julgamento.
Istoé - Nem a decisão dos EUA de cancelarem a compra dos Super Tucanos?
CELSO AMORIM - Foi algo decepcionante, sem dúvida, e me parece improvável que possam reverter o resultado. Mas não há relação, até porque estamos falando de uma compra de R$ 300 milhões e de outra de R$ 5 bilhões.
Istoé - A cooperação entre o Itamaraty e o Ministério da Defesa nem sempre funcionou satisfatoriamente. Sua vinda para cá tende a melhorar esse diálogo?
CELSO AMORIM - Sinceramente, nunca houve uma divergência muito grande. Pode ter havido algum detalhe em algum momento, mas participamos de muitas coisas juntos. Claro que minha vivência no Itamaraty talvez ajude.
Istoé - De que maneira?
CELSO AMORIM - A grande estratégia de Defesa do Brasil tem que incluir as Relações Exteriores. Creio que pode haver uma mudança de intensidade nesse sentido, especialmente na cooperação com a América do Sul. Este é um dos grandes eixos de trabalho para os próximos anos. Se para o mundo nossa política é mais de dissuasão, para a região é de cooperação.
Istoé - Falando nisso, ressurgiu agora o debate sobre a soberania das Malvinas. Como o Brasil está lidando com isso?
CELSO AMORIM - A demanda da Argentina é histórica, e o Brasil apoia, assim como todos os demais países da região. Mas nós procuramos levar isso com transparência e bom-senso. Afinal, nós também temos uma cooperação importante com o Reino Unido.
Istoé - Sobre a segurança de grandes eventos, o Brasil está preparado para receber a Copa e a Olimpíada?
CELSO AMORIM - Acho que sim. Nossas Forças Armadas têm demonstrado em várias ocasiões sua aptidão para isso. Haverá uma grande cooperação com o Ministério da Justiça. Eu já tive vários briefings, inclusive sobre a Rio +20, que me deixaram muito tranquilo. Com relação à Copa e à Olimpíada, as coisas estão caminhando normalmente.
Istoé - Houve casos recentes de ações terroristas na Noruega e na França. O sr. vê algum risco de um ataque no Brasil?
CELSO AMORIM - Não posso garantir que não haja riscos, mas estou muito confiante em que estaremos preparados. Vamos monitorar tudo, com o apoio dos sistemas de inteligência de vários órgãos.
Istoé - Neste sábado 31, completam-se 48 anos do golpe de 1964. O sr. teme que ocorram comemorações?
CELSO AMORIM - Estou muito confiante de que coisas desse tipo, sobretudo entre os militares da ativa, não ocorrerão. Mas entre os da reserva não sei. O que posso dizer é que, como ministro da Defesa, tenho humildade para afirmar que estou aprendendo a cada dia. Mas tem que ficar claro que os militares devem seguir a orientação do poder civil eleito.
ENTREVISTA
"A Comissão da verdade é o epílogo da transição democrática"
Ministro afirma que não assumiu cargo para politizar Forças Armadas, releva manifesto militar e diz que não haverá retaliações
Claudio Dantas Sequeira e Octávio Costa
A chegada do ex-chanceler Celso Amorim ao Ministério da Defesa no ano passado provocou na caserna um estranhamento óbvio. Durante o regime militar, o diplomata foi demitido sumariamente da direção da Embrafilme ao liberar a película “Pra Frente Brasil”, que retratava os anos de repressão política. O clima de enfrentamento com pequenos grupos da reserva se acirrou com a criação da Comissão da Verdade e culminou com a divulgação, há um mês, do manifesto “Alerta à Nação – Eles que venham, aqui não passarão”, com críticas diretas ao ministro e à presidenta Dilma Rousseff. Amorim ameaçou punir os militares que assinaram o manifesto, mas acabou recuando. Preferiu determinar aos comandantes das três Forças que enviassem às fileiras uma mensagem firme de pacificação. “O mais importante é fazer com que eles vejam o inconveniente de certas posições, a que isso leva e relembrar certos deveres. O ministro civil não está aqui para politizar as Forças Armadas, mas para garantir sua missão constitucional, seu caráter profissional”, afirmou Celso Amorim em entrevista exclusiva à ISTOÉ. Sobre a Comissão da Verdade, ele garante que não há razões para temer o revanchismo, mas espera que o aniversário de 48 anos do golpe de 1964 não seja celebrado no sábado 31. “A comissão é o epílogo da transição democrática. É uma necessidade da sociedade em reconciliar-se com seu passado”, afirmou.
Istoé - Ter um civil à frente das Forças Armadas já é algo pacífico ou ainda há resistência em alguns setores da caserna?
CELSO AMORIM - Francamente, eu convivo todos os dias com militares, comandantes, o chefe do Estado-Maior e tantos outros. Nunca tive problemas desse tipo. O entrosamento, aliás, é ótimo. Há uma clara percepção, por parte deles, de que o fato de se ter um ministro da Defesa civil ajuda para certos pleitos, como reajustes e reequipamento. Além disso, eles percebem que há uma consciência sobre o trabalho profissional das Forças, que também deve ser respeitado e valorizado. O civil não está aqui para politizar as Forças Armadas. Ao contrário, para assegurar a missão constitucional e o caráter profissional dos militares, como a defesa da pátria e a garantia da lei e da ordem.
Istoé - Mas houve reação entre militares da reserva e até um manifesto polêmico contra o governo.
CELSO AMORIM - É preciso ter claro que esse tipo de iniciativa parte de oficiais da reserva. Se eu fosse contar os manifestos ou manifestações dos embaixadores da reserva quando eu era ministro das Relações Exteriores, simplesmente não dormia mais.
Istoé - A grande preocupação deles é com a Comissão da Verdade, pois muitos desses oficiais participaram da repressão. Há motivos para temer um revanchismo?
CELSO AMORIM - O que vou dizer agora é uma avaliação minha, pessoal. Acho que a Comissão da Verdade é o último capítulo da transição democrática, um epílogo. Há muito tempo estão sendo escritas outras coisas novas da fase democrática, mas ficou essa questão. É uma necessidade da sociedade em reconciliar-se consigo própria conhecendo a verdade. Como dizia o arcebispo sul-africano Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz: “A verdade cura. Às vezes ela arde, mas cura.”
Istoé - Então, não há razão para os militares temerem o trabalho da comissão?
CELSO AMORIM - Olha, quem não quiser conhecer a verdade ou permitir que a verdade seja divulgada e documentada pode até temer. Posso dizer que o governo não vai tomar nenhuma iniciativa revanchista. Certamente, não teria nenhum cabimento e a lei não permite que se faça isso. É algo que foi pactuado. Sei que o (deputado) Jair Bolsonaro não votou, mas os demais deputados aprovaram a comissão. Aliás, foi uma das poucas leis aprovadas pelo Congresso com tanto consenso. Não vejo nenhuma razão para temer uma judicialização. A própria lei que estabelece a comissão reitera a Lei da Anistia.
Istoé - Há preocupação também em relação a documentos que ainda existiriam em poder das Forças Armadas, como os da Guerrilha do Araguaia. Esses documentos existem?
CELSO AMORIM - Não me consta que existam. Depois que eu cheguei, pedi informações e me disseram que os documentos foram destruídos. Por outro lado, temos uma comissão importante que cuida do Araguaia, que tem ido lá e já identificou dois corpos. E há grandes chances de identificarmos um terceiro. Esse trabalho é contínuo e vem alcançando sucesso.
Istoé - Quando o manifesto contra a Comissão da Verdade foi divulgado, o governo reagiu ameaçando retaliar. Haverá ou não punição?
CELSO AMORIM - Não vou me prender a palavras. Deixei esse assunto a cargo dos comandantes e eles têm levado a mensagem de maneira adequada a quem interessa, fazendo esses militares da reserva enxergar certas coisas. O mais importante é fazer com que eles vejam o inconveniente de certas posições, a que isso leva e relembrar certos deveres. Podem chamar de advertência regimental, mas não vou entrar nessa discussão.
Istoé - Só para esclarecer melhor, haverá algum processo administrativo?
CELSO AMORIM - Não. Seria complicado, então encontramos um método mais prático e eficaz.
Istoé - O sr. acha que essa insatisfação dentro da caserna é também alimentada pelas freqüentes demandas salariais?
CELSO AMORIM - São duas coisas diferentes. A questão dos vencimentos dos militares é importantíssima. O profissionalismo dos militares deve ser respeitado. Eles são, em sua esmagadora maioria, bons profissionais, conscientes de qual é o seu papel. Não vou dizer quando ou de quanto será o reajuste, mas estamos trabalhando nisso. Não só no salário, mas na melhoria das condições de trabalho, equipamentos adequados e uma vida digna.
Istoé - Um reajuste a curto ou médio prazo é compatível com o orçamento contingenciado?
CELSO AMORIM - Quando se fala em orçamento, sabemos, obviamente, que não é satisfatório. Se compararmos, por exemplo, o orçamento da Defesa com nossas necessidades, com as necessidades de um país dos BRICs, que é a sexta economia do mundo, não é compatível. Temos que levar em conta muitos aspectos, como a dimensão do País, a vastidão do litoral e das fronteiras terrestres, os recursos naturais. Mas, se compararmos o orçamento deste ano com o do ano passado, está razoável.
Istoé - Então os projetos de investimento e modernização das Forças serão mantidos?
CELSO AMORIM - Sim. A compra dos helicópteros não foi afetada, nem o projeto do submarino nuclear ou o programa dos blindados.
Istoé - Mas e o F-X2? A compra dos caças virou uma novela que já dura mais de uma década...
CELSO AMORIM - Posso dizer que já estamos nos últimos capítulos. Tenho uma expectativa de que a compra dos aviões possa ser resolvida ainda neste semestre.
Istoé - E a troca de informações com a Índia sobre a compra que eles fizeram de 126 caças Rafale? Muita gente interpretou como mais um aval brasileiro ao avião francês.
CELSO AMORIM - Não tem sentido. Minha visita à Índia para firmarmos essa cooperação já estava marcada muito antes de eles definirem a compra. Coincidiu de optarem pelo Rafale na semana em que fui lá.
Istoé - Os outros dois concorrentes não podem reclamar de um tratamento privilegiado?
CELSO AMORIM - Não há essa possibilidade. Eu já recebi aqui delegações da Suécia em que estava presente o presidente da Saab. Está prevista uma visita do secretário de Defesa dos EUA, mas não sei se ele vai tocar no assunto. Nada disso influencia no meu julgamento.
Istoé - Nem a decisão dos EUA de cancelarem a compra dos Super Tucanos?
CELSO AMORIM - Foi algo decepcionante, sem dúvida, e me parece improvável que possam reverter o resultado. Mas não há relação, até porque estamos falando de uma compra de R$ 300 milhões e de outra de R$ 5 bilhões.
Istoé - A cooperação entre o Itamaraty e o Ministério da Defesa nem sempre funcionou satisfatoriamente. Sua vinda para cá tende a melhorar esse diálogo?
CELSO AMORIM - Sinceramente, nunca houve uma divergência muito grande. Pode ter havido algum detalhe em algum momento, mas participamos de muitas coisas juntos. Claro que minha vivência no Itamaraty talvez ajude.
Istoé - De que maneira?
CELSO AMORIM - A grande estratégia de Defesa do Brasil tem que incluir as Relações Exteriores. Creio que pode haver uma mudança de intensidade nesse sentido, especialmente na cooperação com a América do Sul. Este é um dos grandes eixos de trabalho para os próximos anos. Se para o mundo nossa política é mais de dissuasão, para a região é de cooperação.
Istoé - Falando nisso, ressurgiu agora o debate sobre a soberania das Malvinas. Como o Brasil está lidando com isso?
CELSO AMORIM - A demanda da Argentina é histórica, e o Brasil apoia, assim como todos os demais países da região. Mas nós procuramos levar isso com transparência e bom-senso. Afinal, nós também temos uma cooperação importante com o Reino Unido.
Istoé - Sobre a segurança de grandes eventos, o Brasil está preparado para receber a Copa e a Olimpíada?
CELSO AMORIM - Acho que sim. Nossas Forças Armadas têm demonstrado em várias ocasiões sua aptidão para isso. Haverá uma grande cooperação com o Ministério da Justiça. Eu já tive vários briefings, inclusive sobre a Rio +20, que me deixaram muito tranquilo. Com relação à Copa e à Olimpíada, as coisas estão caminhando normalmente.
Istoé - Houve casos recentes de ações terroristas na Noruega e na França. O sr. vê algum risco de um ataque no Brasil?
CELSO AMORIM - Não posso garantir que não haja riscos, mas estou muito confiante em que estaremos preparados. Vamos monitorar tudo, com o apoio dos sistemas de inteligência de vários órgãos.
Istoé - Neste sábado 31, completam-se 48 anos do golpe de 1964. O sr. teme que ocorram comemorações?
CELSO AMORIM - Estou muito confiante de que coisas desse tipo, sobretudo entre os militares da ativa, não ocorrerão. Mas entre os da reserva não sei. O que posso dizer é que, como ministro da Defesa, tenho humildade para afirmar que estou aprendendo a cada dia. Mas tem que ficar claro que os militares devem seguir a orientação do poder civil eleito.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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- Clermont
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Re: Ministério da Defesa
Ele acha ou ele tem certeza?Istoé - Sobre a segurança de grandes eventos, o Brasil está preparado para receber a Copa e a Olimpíada?
CELSO AMORIM -Acho que sim. Nossas Forças Armadas têm demonstrado em várias ocasiões sua aptidão para isso.
- cassiosemasas
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Re: Ministério da Defesa
como todo diplomata, eles nunca tem certreza de nada...ou quase nada...Citação:
Istoé - Sobre a segurança de grandes eventos, o Brasil está preparado para receber a Copa e a Olimpíada?
CELSO AMORIM -Acho que sim. Nossas Forças Armadas têm demonstrado em várias ocasiões sua aptidão para isso.
Ele acha ou ele tem certeza?
sempre andando na ambiguidade!
...
- FCarvalho
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Re: Ministério da Defesa
Tem coisas no Brasil que só mesmo para os netos e bisnetos de quem os tiver, não terem que aturar.Marino escreveu:Revista IstoÉ
ENTREVISTA
"A Comissão da verdade é o epílogo da transição democrática"
Ministro afirma que não assumiu cargo para politizar Forças Armadas, releva manifesto militar e diz que não haverá retaliações
Claudio Dantas Sequeira e Octávio Costa
Istoé - Ter um civil à frente das Forças Armadas já é algo pacífico ou ainda há resistência em alguns setores da caserna?
CELSO AMORIM - Francamente, eu convivo todos os dias com militares, comandantes, o chefe do Estado-Maior e tantos outros. Nunca tive problemas desse tipo. O entrosamento, aliás, é ótimo. Há uma clara percepção, por parte deles, de que o fato de se ter um ministro da Defesa civil ajuda para certos pleitos, como reajustes e reequipamento. Além disso, eles percebem que há uma consciência sobre o trabalho profissional das Forças, que também deve ser respeitado e valorizado. O civil não está aqui para politizar as Forças Armadas. Ao contrário, para assegurar a missão constitucional e o caráter profissional dos militares, como a defesa da pátria e a garantia da lei e da ordem.
Ué, um militar não seria apto ou competente para fazer o mesmo?
Istoé - A grande preocupação deles é com a Comissão da Verdade, pois muitos desses oficiais participaram da repressão. Há motivos para temer um revanchismo?
CELSO AMORIM - O que vou dizer agora é uma avaliação minha, pessoal. Acho que a Comissão da Verdade é o último capítulo da transição democrática, um epílogo. Há muito tempo estão sendo escritas outras coisas novas da fase democrática, mas ficou essa questão. É uma necessidade da sociedade em reconciliar-se consigo própria conhecendo a verdade. Como dizia o arcebispo sul-africano Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz: “A verdade cura. Às vezes ela arde, mas cura.”
Posição no mínimo passional e/ou arrogante. De que parte da sociedade ele está falando? Em nome de quem?
Istoé - Então, não há razão para os militares temerem o trabalho da comissão?
CELSO AMORIM - Olha, quem não quiser conhecer a verdade ou permitir que a verdade seja divulgada e documentada pode até temer. Posso dizer que o governo não vai tomar nenhuma iniciativa revanchista. Certamente, não teria nenhum cabimento e a lei não permite que se faça isso. É algo que foi pactuado. Sei que o (deputado) Jair Bolsonaro não votou, mas os demais deputados aprovaram a comissão. Aliás, foi uma das poucas leis aprovadas pelo Congresso com tanto consenso. Não vejo nenhuma razão para temer uma judicialização. A própria lei que estabelece a comissão reitera a Lei da Anistia.
Quem garante que o revanchismo de membros do PT e da esquerda e da falsa centro-esquerda deste país, não mudarão as regras a seu bel prazer para permitir punições? Os recalcados da ditadura até hoje não engolem o gosto do próprio rémedio que eles mesmos ajudaram a impor ao país. Que político é confiável neste país, com todo esse proselitismo hipócrita e politicamente correto das esquerda no Brasil?
Istoé - Quando o manifesto contra a Comissão da Verdade foi divulgado, o governo reagiu ameaçando retaliar. Haverá ou não punição?
CELSO AMORIM - Não vou me prender a palavras. Deixei esse assunto a cargo dos comandantes e eles têm levado a mensagem de maneira adequada a quem interessa, fazendo esses militares da reserva enxergar certas coisas. O mais importante é fazer com que eles vejam o inconveniente de certas posições, a que isso leva e relembrar certos deveres. Podem chamar de advertência regimental, mas não vou entrar nessa discussão.
Interessante. Os clubes militares são organizações civis de direito particular. Em nada devem ao Estado sobre suas atitudes e/ou afirmações, salvo aquelas que prescindam da legalidade. Que espécie de democracia petista é essa onde só se pode falar aquilo que é politicamente correto? Do contrário, não posso defender minhas opiniões e/ou pontos de vista? A visão da história passou a ser monolítica? Pois está o que o populacho queria. Um regime de exceção light.
Istoé - Só para esclarecer melhor, haverá algum processo administrativo?
CELSO AMORIM - Não. Seria complicado, então encontramos um método mais prático e eficaz.
Hipocrisia em alta conta. Como não conseguiram nada na lei para tentar calar os milicos da reserva, apelaram para os cmmtes e estes que se f...dam para dar um jeito de calar os "insubordinados". Se sobrar, sobra para eles, não? Um verdadeiro esculacho da "ordem e hierarquia".
Istoé - Então os projetos de investimento e modernização das Forças serão mantidos?
CELSO AMORIM - Sim. A compra dos helicópteros não foi afetada, nem o projeto do submarino nuclear ou o programa dos blindados.
Pois é. Traduzindo em miúdos, continuamos com o mínimo básico necessário.... como sempre.
Istoé - A cooperação entre o Itamaraty e o Ministério da Defesa nem sempre funcionou satisfatoriamente. Sua vinda para cá tende a melhorar esse diálogo?
CELSO AMORIM - Sinceramente, nunca houve uma divergência muito grande. Pode ter havido algum detalhe em algum momento, mas participamos de muitas coisas juntos. Claro que minha vivência no Itamaraty talvez ajude.
Alguém precisa lembrar a este senhor que o MD e o Itamaraty são como água e óleo. Nunca se misturam. São a face oposta de uma mesma moeda.
Istoé - Sobre a segurança de grandes eventos, o Brasil está preparado para receber a Copa e a Olimpíada?
CELSO AMORIM - Acho que sim. Nossas Forças Armadas têm demonstrado em várias ocasiões sua aptidão para isso. Haverá uma grande cooperação com o Ministério da Justiça. Eu já tive vários briefings, inclusive sobre a Rio +20, que me deixaram muito tranquilo. Com relação à Copa e à Olimpíada, as coisas estão caminhando normalmente.
Como nenhum politico neste país tem culhão e nem vontade de resolver a questão da segurança pública no Brasil, de verdade, ficam as ffaa's condenadas a ser eternos apêndices do MJ e SSP's. Incompetência e negligência não se resolvem com "missões complementares."
Istoé - Neste sábado 31, completam-se 48 anos do golpe de 1964. O sr. teme que ocorram comemorações?
CELSO AMORIM - Estou muito confiante de que coisas desse tipo, sobretudo entre os militares da ativa, não ocorrerão. Mas entre os da reserva não sei. O que posso dizer é que, como ministro da Defesa, tenho humildade para afirmar que estou aprendendo a cada dia. Mas tem que ficar claro que os militares devem seguir a orientação do poder civil eleito.
Voltamos ao inicio. Este povo do Planalto ou tem uma baita sensação de inferioridade ou um sério problema de auto-estima. Um governo de um país que se diz democrático, coisa que os políticos invariavelmente adoram lembrar constantemente às ffaa's - como se fossem elas a grande/verdadeira ameaça a democracia - ninguém pode discordar da versão politicamente correta da interpretação da verdade histórica do grupelho que ocasionalmente está no poder. Alguma semelhança com o rgime que eles tmanto criticam, não é mera coincidência...
abs
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Re: Ministério da Defesa
Oras, mas neste país quem saberia mais sobre o que se passa entre o MD e o MRE do que o próprio Celso Amorim, que foi chefe das duas pastas?FCarvalho escreveu: Alguém precisa lembrar a este senhor que o MD e o Itamaraty são como água e óleo. Nunca se misturam. São a face oposta de uma mesma moeda.
Além do mais, por mais consciência que ele tenha dessas divergências, nada mais construtivo do que levantá-las como problemas, já que é de interesse nacional que os dois trabalhem juntos e estejam o mais entrosados possível.
E jogar a questão da segurança pública nas mãos das FA's?Como nenhum politico neste país tem culhão e nem vontade de resolver a questão da segurança pública no Brasil, de verdade, ficam as ffaa's condenadas a ser eternos apêndices do MJ e SSP's. Incompetência e negligência não se resolvem com "missões complementares."
Não é a missão delas, paraquedistas e FN não são foram feitos para isso. Assim como recapear pistas.
Se alguém nesse país tiver "colhões" para resolver a questão da segurança pública no Brasil, terá de fazer por meio das polícias e do ministério da justiça. Do contrário será apenas mais um falador metido a valente.
A não ser numa ocupação do Alemão, greves policiais e demais casos excepcionais não vejo absulutamente a menor necessidade das FA quanto à segurança pública.
Nossa constituição (a mesma que dá anistia a torturadores) prevê deveres para com o cidadão brasileiro, seja ele culpado ou inocente, então façamos o correto.
Para problemas internos, a polícia, para agressões externas, as forças armadas. Irá facilitar demais a nossa vida lá na frente se misturarmos menos as coisas no presente e criarmos a menor quantidade possível de precedentes desastrosos.
abraços]
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Re: Ministério da Defesa
Início do Prefácio da livro Admirável Mundo Novo. O livro é de 1931 e prefácio é de 1946. demonstra uma visão do autor passados alguns anos de escrita a obra.
http://www.alfredo-braga.pro.br/discuss ... onovo.htmlPrefácio ao Admirável Mundo Novo
Aldous Huxley
1946
O remorso crônico, e com isto todos os moralistas estão de acordo, é um sentimento bastante indesejável. Se considerais ter agido mal, arrependei-vos, corrigi os vossos erros na medida do possível e tentai conduzir-vos melhor na próxima vez. E não vos entregueis, sob nenhum pretexto, à meditação melancólica das vossas faltas. Rebolar no lodo não é, com certeza, a melhor maneira de alguém se lavar.
Também a arte tem a sua moral e grande parte das regras dessa moral são idênticas, ou pelo menos análogas, às regras da ética vulgar. O remorso, por exemplo, é tão indesejável no que diz respeito à nossa má conduta como no que se relaciona com a nossa má arte. O que aí existe de mau deve ser encontrado, reconhecido e, se possível, evitado no futuro. Meditar longamente sobre as fraquezas literárias de há vinte anos, tentar remendar uma obra defeituosa para lhe dar uma perfeição que ela não tinha quando da sua primitiva execução, passar a idade madura a tentar remediar os pecados artísticos cometidos e legados por essa pessoa diferente que cada um é na sua juventude, tudo isto, certamente, é vão e fútil. E eis porque este atual Admirável Mundo Novo é o mesmo que o antigo. Os seus defeitos, como obra de arte, são consideráveis; mas para os corrigir ser-me-ia necessário escrever novamente o livro, e durante essse novo trabalho de redação, ao qual me entregaria na qualidade de pessoa mais velha e diferente, destruiria provavelmente não apenas alguns defeitos do romance, mas também os méritos que ele poderia ter possuído na origem. Por esta razão, resistindo à tentação de me rebolar no remorso artístico, prefiro considerar que o ótimo é inimigo do bom e depois pensar noutra coisa.
Saudações,
Luciano.
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Suas decisões de ontem definiram sua atual situação.
As decisões de hoje definirão quem você será e onde estará amanhã.
Luciano.
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Re: Ministério da Defesa
Ele tem certeza da capacidade de prevenção e reação ao terrorismo no âmbito Militar das Forças Armadas.Clermont escreveu:Ele acha ou ele tem certeza?Istoé - Sobre a segurança de grandes eventos, o Brasil está preparado para receber a Copa e a Olimpíada?
CELSO AMORIM -Acho que sim. Nossas Forças Armadas têm demonstrado em várias ocasiões sua aptidão para isso.
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Re: Ministério da Defesa
Mas é engraçado como ele expressa sua certeza com o verbo "achar"....Sd Young Guns 2 escreveu:Ele tem certeza da capacidade de prevenção e reação ao terrorismo no âmbito Militar das Forças Armadas.Clermont escreveu: Ele acha ou ele tem certeza?
Audaces Fortuna Iuvat
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Re: Ministério da Defesa
Ajuda muito. Ajuda tanto ter um civil como ministro que passamos oito anos sem reajuste no governo FHC, no governo Lula ficaram um ano enrolando para dar um reajuste aprcelado em dois anos.Marino escreveu:CELSO AMORIM - Francamente, eu convivo todos os dias com militares, comandantes, o chefe do Estado-Maior e tantos outros. Nunca tive problemas desse tipo. O entrosamento, aliás, é ótimo. Há uma clara percepção, por parte deles, de que o fato de se ter um ministro da Defesa civil ajuda para certos pleitos, como reajustes e reequipamento.
Necessidade da sociedade ou necessidade da esquerda de destorcer ainda mais a verdade sobre a ditadura?É uma necessidade da sociedade em reconciliar-se consigo própria conhecendo a verdade.
Alguém entendeu isso?Istoé - Só para esclarecer melhor, haverá algum processo administrativo?
CELSO AMORIM - Não. Seria complicado, então encontramos um método mais prático e eficaz.
Estou ouvindo essa conversa fiada a 20 anos.CELSO AMORIM - São duas coisas diferentes. A questão dos vencimentos dos militares é importantíssima. O profissionalismo dos militares deve ser respeitado. Eles são, em sua esmagadora maioria, bons profissionais, conscientes de qual é o seu papel. Não vou dizer quando ou de quanto será o reajuste, mas estamos trabalhando nisso. Não só no salário, mas na melhoria das condições de trabalho, equipamentos adequados e uma vida digna.
Que argumento para um governo que foi eleito para dar continuidade ao anterior.Istoé - Um reajuste a curto ou médio prazo é compatível com o orçamento contingenciado?
CELSO AMORIM - Quando se fala em orçamento, sabemos, obviamente, que não é satisfatório. Se compararmos, por exemplo, o orçamento da Defesa com nossas necessidades, com as necessidades de um país dos BRICs, que é a sexta economia do mundo, não é compatível. Temos que levar em conta muitos aspectos, como a dimensão do País, a vastidão do litoral e das fronteiras terrestres, os recursos naturais. Mas, se compararmos o orçamento deste ano com o do ano passado, está razoável.
Ainda bem, porque cancelar um projeto da defesa para 2030 seria a prova concreta de como a defesa esta sendo levada só na base da promessa eleitoral.Istoé - Então os projetos de investimento e modernização das Forças serão mantidos?
CELSO AMORIM - Sim. A compra dos helicópteros não foi afetada, nem o projeto do submarino nuclear ou o programa dos blindados.
Novo governo, novo ministro promessa velha.Istoé - Mas e o F-X2? A compra dos caças virou uma novela que já dura mais de uma década...
CELSO AMORIM - Posso dizer que já estamos nos últimos capítulos. Tenho uma expectativa de que a compra dos aviões possa ser resolvida ainda neste semestre.
O F/x é o maior destruidor de credibilidade da história politica desse pais.Istoé - E a troca de informações com a Índia sobre a compra que eles fizeram de 126 caças Rafale? Muita gente interpretou como mais um aval brasileiro ao avião francês.
CELSO AMORIM - Não tem sentido. Minha visita à Índia para firmarmos essa cooperação já estava marcada muito antes de eles definirem a compra. Coincidiu de optarem pelo Rafale na semana em que fui lá.
Istoé - Os outros dois concorrentes não podem reclamar de um tratamento privilegiado?
CELSO AMORIM - Não há essa possibilidade. Eu já recebi aqui delegações da Suécia em que estava presente o presidente da Saab. Está prevista uma visita do secretário de Defesa dos EUA, mas não sei se ele vai tocar no assunto. Nada disso influencia no meu julgamento.
Istoé - Nem a decisão dos EUA de cancelarem a compra dos Super Tucanos?
CELSO AMORIM - Foi algo decepcionante, sem dúvida, e me parece improvável que possam reverter o resultado. Mas não há relação, até porque estamos falando de uma compra de R$ 300 milhões e de outra de R$ 5 bilhões.
Como assim? Vamos comprar armas para usar só contra o resto do mundo?Istoé - De que maneira?
CELSO AMORIM - A grande estratégia de Defesa do Brasil tem que incluir as Relações Exteriores. Creio que pode haver uma mudança de intensidade nesse sentido, especialmente na cooperação com a América do Sul. Este é um dos grandes eixos de trabalho para os próximos anos. Se para o mundo nossa política é mais de dissuasão, para a região é de cooperação.
Ele não tem certeza nem disso?Istoé - Neste sábado 31, completam-se 48 anos do golpe de 1964. O sr. teme que ocorram comemorações?
CELSO AMORIM - Estou muito confiante de que coisas desse tipo, sobretudo entre os militares da ativa, não ocorrerão.
Isso para os militares é facil, basta os eleitos seguirem as orientações da lei. O que parece ser dificil é o poder civil ser realmente um poder confiavel.Mas entre os da reserva não sei. O que posso dizer é que, como ministro da Defesa, tenho humildade para afirmar que estou aprendendo a cada dia. Mas tem que ficar claro que os militares devem seguir a orientação do poder civil eleito.
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Re: Ministério da Defesa
Ninguém. Ninguém nesse pais é capaz de aplicar a complicada politica de defesa de abrir as pernas para os vizinhos e se armar para o resto do mundo. Um homem da guerra no cargo de ministro da defesa jamais aceitaria um pais como a Bolivia cagando na cabeça do pais por afinidade ideologica.Brasileiro escreveu:Oras, mas neste país quem saberia mais sobre o que se passa entre o MD e o MRE do que o próprio Celso Amorim, que foi chefe das duas pastas?
Esse papel só cabe a um diplomata com a orientação ideologica do atual.
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Re: Ministério da Defesa
Para mim ambos os lados estão se deixando levar por paixões pessoais e distorcendo a fala do MD, uns para defender o GF, outros para atacar. Pessoalmente, gostei da entrevista, mesmo não gostando de muito que acontece e muito que NÃO acontece mas não vou botar a culpa no Ministro NEM NO GF, é simplificar demais...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Ministério da Defesa
to contigo!Túlio
Para mim ambos os lados estão se deixando levar por paixões pessoais e distorcendo a fala do MD, uns para defender o GF, outros para atacar. Pessoalmente, gostei da entrevista, mesmo não gostando de muito que acontece e muito que NÃO acontece mas não vou botar a culpa no Ministro NEM NO GF, é simplificar demais...
...
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Re: Ministério da Defesa
Pois bem meu caro Túlio, então de quem é a responsabilidade (não há culpados nesta questão) sobre o "muito que acontece" ou do que não acontece?Túlio escreveu:Para mim ambos os lados estão se deixando levar por paixões pessoais e distorcendo a fala do MD, uns para defender o GF, outros para atacar. Pessoalmente, gostei da entrevista, mesmo não gostando de muito que acontece e muito que NÃO acontece mas não vou botar a culpa no Ministro NEM NO GF, é simplificar demais...
"Debatamos, pois debater é preciso."
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Re: Ministério da Defesa
certo!!!devemos dar o nome aos bois!(coisa que ainda não rolou 100%, mas aos poucos vai)os culpados para mim, ambos os lados!!essa história de vítima como diz por ai é "talk to bull sleep"(vide dona Vana)(não quero com isso diminuir nem menosprezar quem teve familiares até mesmo pais avôs mortos pelo sistema, só acho que não se reconhece que o país é o que é graças a eles e a outros que estavam do outro lado da trincheira...)que nescessidade medonha de sempre condenar um e glorificar outro, quando é plenamente possivel equilibrar a história.então de quem é a responsabilidade (não há culpados nesta questão) sobre o "muito que acontece" ou do que não acontece?
"Debatamos, pois debater é preciso."
abs.
mas como disse esse assunto provoca a cizânia...nosso país ja tem mecânismos para resolver...é pô-los em prática...e deixarmos a passionalidade, para coisas mais interessantes como o futebol
e para as nossas belas Brasileiras!!!!
...
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Re: Ministério da Defesa
Então, o que o hipotético "homem da guerra" teria feito?Guerra escreveu:Um homem da guerra no cargo de ministro da defesa jamais aceitaria um pais como a Bolivia cagando na cabeça do pais por afinidade ideologica. Esse papel só cabe a um diplomata com a orientação ideologica do atual.
Dado um golpe de estado, derrubado o Inácio da Silva e invadido a Bolívia?
Evidente que não. Pois, antes de ser um "homem da guerra", é preciso ser um "homem da lei" e a lei diz que compete ao presidente, com respaldo do Congresso, a condução da politica externa. Não ao ocupante do ministério da defesa, seja ele um "homem de guerra" ou um "homem da paz".
Eu também não gosto dessas "solidariedades socialistas" destes últimos governos do PT, mas, bem feitas as contas, depois de todos esses anos, ainda não ouvi falar de nenhum brasileiro morrendo de fome devido a ações do governo da Bolívia.