FONTE13/03/2012 10h19 - Atualizado em 13/03/2012 13h54
Idoso de 86 anos realiza sonho e cursa matemática na UFMS
Aposentado obteve aprovação após fazer Exame Nacional do Ensino Médio.
Exemplo de idoso inspira colegas mais jovens a ter força de vontade.
Aos 86 anos e com força de vontade para encarar os estudos, o aposentado Bartolomeu Queiroz começou a cursar matemática na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). As aulas tiveram início na semana passada, no campus de Aquidauana, a 143 km de Campo Grande.
Aposentado de 86 anos é calouro em curso de matemática da UFMS (Foto: Alexandre Cabral/TV Morena)
Durante a vida profissional, Queiroz foi pedreiro, carpinteiro, mestre de obras e motorista de caminhão. A dificuldade para conciliar trabalho e estudo e a necessidade de sustentar a família fizeram com que ele abandonasse a escola cinco vezes, ao longo da vida. “Parei de estudar porque eu fazia viagens com o caminhão e não tinha tempo”, disse. A volta aos estudos foi a realização de um sonho, segundo o aposentado.
Para conseguir a vaga na universidade, Queiroz cursou o Ensino de Jovens e Adultos (Enseja) em uma escola pública em frente à casa dele, em Anastácio, cidade vizinha a Aquidauana. Depois de obter o certificado, fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conseguiu a aprovação para o ensino superior. O aposentado diz que escolheu a matemática pela facilidade que tem com números.
O aposentado conta que sempre incentivou seus 12 filhos a estudar, tanto que dez já têm formação em ensino superior. Ele busca preservar em si mesmo a dedicação transmitida aos descendentes. “Sempre estudo e todos os dias estou praticando, procuro saber cada vez mais”, disse Queiroz.
O acadêmico mais velho do primeiro semestre do curso de matemática é também inspiração para os mais jovens. Adão Freitas, de 17 anos, disse que admira a determinação do colega. "Muitos jovens da minha idade não têm a força de vontade do Bartolomeu", explica.
Os responsáveis por ensinar uma pessoa tão experiente na vida encararam uma missão. “Ter um aluno com uma idade tão avançada é um desafio para qualquer professor. Fazer compreender e saber a matéria é a vitória”, disse o coordenador do curso de matemática da UFMS, Jader Otavio Dalto.
EDUCAÇÃO
Moderador: Conselho de Moderação
- Andre Correa
- Sênior
- Mensagens: 4891
- Registrado em: Qui Out 08, 2009 10:30 pm
- Agradeceu: 890 vezes
- Agradeceram: 241 vezes
- Contato:
Re: EDUCAÇÃO
Audaces Fortuna Iuvat
- Guerra
- Sênior
- Mensagens: 14202
- Registrado em: Dom Abr 27, 2003 10:47 pm
- Agradeceu: 53 vezes
- Agradeceram: 135 vezes
Re: EDUCAÇÃO
Para mim a coisa é bem mais simples. Um professor motivado é a chave do suceso.
Nenhuma outra profissão o investimento na carreira é tão importante quanto a do professor.
Não que outros investimentos não são necessário, mas a prioridade é o profissional, Porque ele é a grande engrenagem da educação.
Eu tive um professor que o cara era foda. O cara era um verdadeiro mestre. Para mim não importaria se o livro que ele me mandou ler era velho ou novo. Não importaria se a cadeira era nova ou velha ou se tinha um massagista para cada aluno. O que importa é como o cara dava a aula.
Nenhuma outra profissão o investimento na carreira é tão importante quanto a do professor.
Não que outros investimentos não são necessário, mas a prioridade é o profissional, Porque ele é a grande engrenagem da educação.
Eu tive um professor que o cara era foda. O cara era um verdadeiro mestre. Para mim não importaria se o livro que ele me mandou ler era velho ou novo. Não importaria se a cadeira era nova ou velha ou se tinha um massagista para cada aluno. O que importa é como o cara dava a aula.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- Andre Correa
- Sênior
- Mensagens: 4891
- Registrado em: Qui Out 08, 2009 10:30 pm
- Agradeceu: 890 vezes
- Agradeceram: 241 vezes
- Contato:
Re: EDUCAÇÃO
FONTEUSP entra para o 'top 100' das universidades de maior reputação
14 de março de 2012 • 21h03 • atualizado às 21h38
A Universidade de São Paulo (USP) está entre as instituições de ensino com a maior reputação no mundo
Foto: Marcos Santos/Divulgação
Divulgado na noite desta quarta-feira pelo instituto britânico Times Higher Education (THE), o ranking das melhores universidades do mundo em relação à reputação coloca a Universidade de São Paulo (USP) no seleto grupo de instituições de ensino mais bem avaliadas por acadêmicos de diversos países. Listada pela primeira vez no ranking, a USP aparece entre as 70 melhores. No topo da lista está mais uma vez a Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. Confira o top 100 aqui.
O ranking foi montado a partir de uma pesquisa para convidados com respostas de pelo menos 17 mil acadêmicos e pesquisadores de 137 países. Os resultados reforçam a posição predominante das universidades americanas. Na lista das 10 melhores estão sete instituições dos Estados Unidos, duas do Reino Unido e uma do Japão. No total, das 100 universidades que receberam a melhor reputação, 19 países estão representados, sendo que a USP é a única brasileira na lista.
No levantamento, os acadêmicos entrevistados apontaram as 15 instituições com melhor desempenho em suas áreas de estudo. Depois de Harvard - que alcançou a pontuação máxima no ranking - aparecem o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), também americano, Universidade de Cambridge (Reino Unido), Universidade de Stanford (EUA), Universidade da Califórnia - Berkeley (EUA), Universidade de Oxford (Reino Unido), Universidade de Princeton (EUA), Universidade de Tokyo (Japão), Universidade da Califórnia - Los Angeles (EUA) e Universidade de Yale (EUA).
Esse é o segundo ano que o ranking de reputação é divulgado. No ano passado, a USP não aparecia na lista e, nesta edição, a instituição paulista se destaca como a única da América Latina. "A Universidade de São Paulo tem muito a celebrar. Esse resultado pode ser um sinal do crescimento da confiança mundial em relação ao ensino no Brasil", afirma o editor do Times Higher Education, Phil Baty. Segundo ele, o resultado ajuda a atrair professores, pesquisadores, estudantes e investimentos estrangeiros que podem contribuir para melhorar ainda mais o desempenho da instituição.
Audaces Fortuna Iuvat
- Clermont
- Sênior
- Mensagens: 8842
- Registrado em: Sáb Abr 26, 2003 11:16 pm
- Agradeceu: 632 vezes
- Agradeceram: 644 vezes
Re: EDUCAÇÃO
O poder da matemática.
Merval Pereira, O Globo - 15.03.12.
Têm sido mais comuns do que desejaríamos os sinais de que o ensino de matemática entre nós está abaixo das necessidades do país, de que são exemplos os dados disponíveis, que mostram uma aprovação de apenas 42,8% dos alunos do 3 ano do ensino fundamental com os conhecimentos básicos de matemática.
Em apenas 35 cidades do país, mais da metade dos alunos do 9º ano do ensino fundamental sabe matemática, teria nota superior a 5.
Apenas 11% dos jovens que alcançam a 3ª série do ensino médio têm aprendizado suficiente na matéria.
Roberto Boclin, doutor em Educação e chefe de gabinete da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio, considera que a questão da educação, complexa por si só, “envolve pensamentos políticos que tangenciam o absurdo, como currículo único obrigatório na educação básica brasileira.
Por outro lado, destaca que “um currículo com 12 disciplinas, nem na Ásia”.
Para ele, os currículos deveriam oferecer “oportunidades de interesse diversificado, variando entre eles pelo menos de 30% a 60% dos conteúdos, com no máximo cinco disciplinas, de modo a atraírem candidatos com propostas mais adequadas às suas realidades e vocações, e assim não abandonarem o curso no meio por absoluta falta de interesse”.
Como o ensino médio é prioridade, pois do seu êxito dependem os caminhos do ensino superior ou do emprego futuro dos candidatos, “são completamente inaceitáveis evasões de 50 a 60% dos alunos ingressantes, muitos ainda no 1º ano”.
Boclin diz que “basta olhar para outros, como os países asiáticos, a Finlândia e historicamente a Alemanha, que encontraremos inúmeros modelos que poderão transformar a educação brasileira”.
Quando acabar a maré favorável dos preços na exportação das commodities, e for preciso competir na indústria da transformação, “a formação profissional será essencial”, destaca Boclin.
Para além dos vexames internacionais em exames como o do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), em que nossos representantes ficaram na 57 colocação, à frente apenas de alunos de outros oito países, o professor Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras e ex-secretário de Educação do Rio, que selecionou os exemplos da abertura da coluna, vê uma indicação de que perdemos competitividade num mundo cada vez mais dominado pela alta tecnologia, onde a matemática tem importância fundamental.
“Não resta dúvida sobre a utilidade de seu aprendizado, mesmo para aqueles que não se destinam às carreiras técnicas. Conhecer seus pormenores faz bem até quando o estudante deseja, por exemplo, escolher um curso de filosofia. Platão não foi filósofo e matemático”, analisa Niskier.
Ele ressalta que o cérebro humano, com seus reconhecidos cem bilhões de neurônios, “evoluiu para lidar com o mundo físico e se utiliza da linguagem matemática para cumprir a sua finalidade, nas questões do pensamento”.
Niskier destaca o papel da lógica em todo esse processo, citando o cientista da computação dos Estados Unidos Jeff Raskin: “A lógica humana nos foi trazida pelo mundo físico e é, portanto, concordante com ele. A matemática deriva da lógica. É por isso que a matemática é concordante com o mundo físico.”
Arnaldo Niskier ressalta que, “mesmo trabalhando com incertezas, a ciência dos números tem verdades inabaláveis, como é o caso da geometria euclidiana, hoje tão acreditada como há 300 anos a.C.
Também Francisco Antonio Doria, professor da Coppe/UFRJ, matemático e filósofo, membro da Academia Brasileira de Filosofia, toma exemplo do dia a dia para falar do nosso déficit de matemática: “Pega um smartphone. Clica em cima do ícone do GPS. Aparecem logo o mapinha e o alfinete virtual que mostram onde você está. Com precisão de centímetros. Por trás desse pequeno milagre da tecnologia, está, entre outras coisas, uma das teorias mais abstratas da ciência moderna”.
Ele se refere à Teoria da Relatividade, que Einstein anunciou e publicou em 1915. Quando foi anunciada, ensina Doria, era “tão pesadamente matemática, tão complexa, tão fora do senso comum, que, dizia-se, apenas meia dúzia de pessoas a compreendiam naquele tempo”.
A matemática manda em nossas vidas, hoje em dia, e nós mal nos tocamos a respeito, comenta Doria, que passa a relacionar: as taxas de juros que o Banco Central fixa surgem de uma técnica chamada teoria das metas de inflação, fortemente matemática; computadores funcionam com algoritmos, “e os primeiros exemplos de algoritmos aparecem numa outra área rarefeita, hiperabstrata, da ciência do século XX, a lógica matemática”.
Doria é autor, com Greg Chaitin e Newton da Costa, do livro “Gödel’s way”, sobre a história “divertida” de Kurt Gödel, matemático vienense, “notório por seu brilho, suas conversas nos cafés e porque nos seminários aos quais comparecia sempre havia uma moça bonitinha atrás dele”. Em 1931, anunciou um resultado “tão obscuro e complicado, que dizia de uma espécie de impossibilidade de se esgotarem as verdades matemáticas, o teorema da incompletude de Gödel”.
Entre as técnicas usadas para demonstrar seu resultado estão algoritmos — como os que fazem funcionar smartphones e computadores.
“Mistura de abstrato e concreto que só a matemática possui”, define Doria.
Para ele, “vivemos num mundo imerso em uma matemática, pesada, obscura, difícil — e mal o percebemos. E muito menos no Brasil, onde tem gente que ainda acha que computador é maquininha de jogar games”.
Doria não tem dúvidas: “Talento e habilidade matemáticas são essenciais para se fazer capitalismo, para o crescimento econômico — e disso o Brasil tem muito pouco”.
Ainda estamos, diz ele, “à margem do que movimenta, empurra, o mundo contemporâneo”.
Merval Pereira, O Globo - 15.03.12.
Têm sido mais comuns do que desejaríamos os sinais de que o ensino de matemática entre nós está abaixo das necessidades do país, de que são exemplos os dados disponíveis, que mostram uma aprovação de apenas 42,8% dos alunos do 3 ano do ensino fundamental com os conhecimentos básicos de matemática.
Em apenas 35 cidades do país, mais da metade dos alunos do 9º ano do ensino fundamental sabe matemática, teria nota superior a 5.
Apenas 11% dos jovens que alcançam a 3ª série do ensino médio têm aprendizado suficiente na matéria.
Roberto Boclin, doutor em Educação e chefe de gabinete da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio, considera que a questão da educação, complexa por si só, “envolve pensamentos políticos que tangenciam o absurdo, como currículo único obrigatório na educação básica brasileira.
Por outro lado, destaca que “um currículo com 12 disciplinas, nem na Ásia”.
Para ele, os currículos deveriam oferecer “oportunidades de interesse diversificado, variando entre eles pelo menos de 30% a 60% dos conteúdos, com no máximo cinco disciplinas, de modo a atraírem candidatos com propostas mais adequadas às suas realidades e vocações, e assim não abandonarem o curso no meio por absoluta falta de interesse”.
Como o ensino médio é prioridade, pois do seu êxito dependem os caminhos do ensino superior ou do emprego futuro dos candidatos, “são completamente inaceitáveis evasões de 50 a 60% dos alunos ingressantes, muitos ainda no 1º ano”.
Boclin diz que “basta olhar para outros, como os países asiáticos, a Finlândia e historicamente a Alemanha, que encontraremos inúmeros modelos que poderão transformar a educação brasileira”.
Quando acabar a maré favorável dos preços na exportação das commodities, e for preciso competir na indústria da transformação, “a formação profissional será essencial”, destaca Boclin.
Para além dos vexames internacionais em exames como o do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), em que nossos representantes ficaram na 57 colocação, à frente apenas de alunos de outros oito países, o professor Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras e ex-secretário de Educação do Rio, que selecionou os exemplos da abertura da coluna, vê uma indicação de que perdemos competitividade num mundo cada vez mais dominado pela alta tecnologia, onde a matemática tem importância fundamental.
“Não resta dúvida sobre a utilidade de seu aprendizado, mesmo para aqueles que não se destinam às carreiras técnicas. Conhecer seus pormenores faz bem até quando o estudante deseja, por exemplo, escolher um curso de filosofia. Platão não foi filósofo e matemático”, analisa Niskier.
Ele ressalta que o cérebro humano, com seus reconhecidos cem bilhões de neurônios, “evoluiu para lidar com o mundo físico e se utiliza da linguagem matemática para cumprir a sua finalidade, nas questões do pensamento”.
Niskier destaca o papel da lógica em todo esse processo, citando o cientista da computação dos Estados Unidos Jeff Raskin: “A lógica humana nos foi trazida pelo mundo físico e é, portanto, concordante com ele. A matemática deriva da lógica. É por isso que a matemática é concordante com o mundo físico.”
Arnaldo Niskier ressalta que, “mesmo trabalhando com incertezas, a ciência dos números tem verdades inabaláveis, como é o caso da geometria euclidiana, hoje tão acreditada como há 300 anos a.C.
Também Francisco Antonio Doria, professor da Coppe/UFRJ, matemático e filósofo, membro da Academia Brasileira de Filosofia, toma exemplo do dia a dia para falar do nosso déficit de matemática: “Pega um smartphone. Clica em cima do ícone do GPS. Aparecem logo o mapinha e o alfinete virtual que mostram onde você está. Com precisão de centímetros. Por trás desse pequeno milagre da tecnologia, está, entre outras coisas, uma das teorias mais abstratas da ciência moderna”.
Ele se refere à Teoria da Relatividade, que Einstein anunciou e publicou em 1915. Quando foi anunciada, ensina Doria, era “tão pesadamente matemática, tão complexa, tão fora do senso comum, que, dizia-se, apenas meia dúzia de pessoas a compreendiam naquele tempo”.
A matemática manda em nossas vidas, hoje em dia, e nós mal nos tocamos a respeito, comenta Doria, que passa a relacionar: as taxas de juros que o Banco Central fixa surgem de uma técnica chamada teoria das metas de inflação, fortemente matemática; computadores funcionam com algoritmos, “e os primeiros exemplos de algoritmos aparecem numa outra área rarefeita, hiperabstrata, da ciência do século XX, a lógica matemática”.
Doria é autor, com Greg Chaitin e Newton da Costa, do livro “Gödel’s way”, sobre a história “divertida” de Kurt Gödel, matemático vienense, “notório por seu brilho, suas conversas nos cafés e porque nos seminários aos quais comparecia sempre havia uma moça bonitinha atrás dele”. Em 1931, anunciou um resultado “tão obscuro e complicado, que dizia de uma espécie de impossibilidade de se esgotarem as verdades matemáticas, o teorema da incompletude de Gödel”.
Entre as técnicas usadas para demonstrar seu resultado estão algoritmos — como os que fazem funcionar smartphones e computadores.
“Mistura de abstrato e concreto que só a matemática possui”, define Doria.
Para ele, “vivemos num mundo imerso em uma matemática, pesada, obscura, difícil — e mal o percebemos. E muito menos no Brasil, onde tem gente que ainda acha que computador é maquininha de jogar games”.
Doria não tem dúvidas: “Talento e habilidade matemáticas são essenciais para se fazer capitalismo, para o crescimento econômico — e disso o Brasil tem muito pouco”.
Ainda estamos, diz ele, “à margem do que movimenta, empurra, o mundo contemporâneo”.
- Wingate
- Sênior
- Mensagens: 5130
- Registrado em: Sex Mai 05, 2006 10:16 am
- Localização: Crato/CE
- Agradeceu: 819 vezes
- Agradeceram: 239 vezes
Re: EDUCAÇÃO
O problema não era a matéria, era a maneira como esta era ensinada. Os professores faziam da matemática na escola pública (a que frequentei) uma espécie de sociedade secreta onde só os iniciados (os poucos que conseguiam decifrar essa esfinge) teriam sucesso. Para o resto, restavam o exame de segunda-época (a "recuperação" de hoje) ou a reprovação.Clermont escreveu:O poder da matemática.
Merval Pereira, O Globo - 15.03.12.
Têm sido mais comuns do que desejaríamos os sinais de que o ensino de matemática entre nós está abaixo das necessidades do país, de que são exemplos os dados disponíveis, que mostram uma aprovação de apenas 42,8% dos alunos do 3 ano do ensino fundamental com os conhecimentos básicos de matemática.
Em apenas 35 cidades do país, mais da metade dos alunos do 9º ano do ensino fundamental sabe matemática, teria nota superior a 5.
Apenas 11% dos jovens que alcançam a 3ª série do ensino médio têm aprendizado suficiente na matéria.
Roberto Boclin, doutor em Educação e chefe de gabinete da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio, considera que a questão da educação, complexa por si só, “envolve pensamentos políticos que tangenciam o absurdo, como currículo único obrigatório na educação básica brasileira.
Por outro lado, destaca que “um currículo com 12 disciplinas, nem na Ásia”.
Para ele, os currículos deveriam oferecer “oportunidades de interesse diversificado, variando entre eles pelo menos de 30% a 60% dos conteúdos, com no máximo cinco disciplinas, de modo a atraírem candidatos com propostas mais adequadas às suas realidades e vocações, e assim não abandonarem o curso no meio por absoluta falta de interesse”.
Como o ensino médio é prioridade, pois do seu êxito dependem os caminhos do ensino superior ou do emprego futuro dos candidatos, “são completamente inaceitáveis evasões de 50 a 60% dos alunos ingressantes, muitos ainda no 1º ano”.
Boclin diz que “basta olhar para outros, como os países asiáticos, a Finlândia e historicamente a Alemanha, que encontraremos inúmeros modelos que poderão transformar a educação brasileira”.
Quando acabar a maré favorável dos preços na exportação das commodities, e for preciso competir na indústria da transformação, “a formação profissional será essencial”, destaca Boclin.
Para além dos vexames internacionais em exames como o do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), em que nossos representantes ficaram na 57 colocação, à frente apenas de alunos de outros oito países, o professor Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras e ex-secretário de Educação do Rio, que selecionou os exemplos da abertura da coluna, vê uma indicação de que perdemos competitividade num mundo cada vez mais dominado pela alta tecnologia, onde a matemática tem importância fundamental.
“Não resta dúvida sobre a utilidade de seu aprendizado, mesmo para aqueles que não se destinam às carreiras técnicas. Conhecer seus pormenores faz bem até quando o estudante deseja, por exemplo, escolher um curso de filosofia. Platão não foi filósofo e matemático”, analisa Niskier.
Ele ressalta que o cérebro humano, com seus reconhecidos cem bilhões de neurônios, “evoluiu para lidar com o mundo físico e se utiliza da linguagem matemática para cumprir a sua finalidade, nas questões do pensamento”.
Niskier destaca o papel da lógica em todo esse processo, citando o cientista da computação dos Estados Unidos Jeff Raskin: “A lógica humana nos foi trazida pelo mundo físico e é, portanto, concordante com ele. A matemática deriva da lógica. É por isso que a matemática é concordante com o mundo físico.”
Arnaldo Niskier ressalta que, “mesmo trabalhando com incertezas, a ciência dos números tem verdades inabaláveis, como é o caso da geometria euclidiana, hoje tão acreditada como há 300 anos a.C.
Também Francisco Antonio Doria, professor da Coppe/UFRJ, matemático e filósofo, membro da Academia Brasileira de Filosofia, toma exemplo do dia a dia para falar do nosso déficit de matemática: “Pega um smartphone. Clica em cima do ícone do GPS. Aparecem logo o mapinha e o alfinete virtual que mostram onde você está. Com precisão de centímetros. Por trás desse pequeno milagre da tecnologia, está, entre outras coisas, uma das teorias mais abstratas da ciência moderna”.
Ele se refere à Teoria da Relatividade, que Einstein anunciou e publicou em 1915. Quando foi anunciada, ensina Doria, era “tão pesadamente matemática, tão complexa, tão fora do senso comum, que, dizia-se, apenas meia dúzia de pessoas a compreendiam naquele tempo”.
A matemática manda em nossas vidas, hoje em dia, e nós mal nos tocamos a respeito, comenta Doria, que passa a relacionar: as taxas de juros que o Banco Central fixa surgem de uma técnica chamada teoria das metas de inflação, fortemente matemática; computadores funcionam com algoritmos, “e os primeiros exemplos de algoritmos aparecem numa outra área rarefeita, hiperabstrata, da ciência do século XX, a lógica matemática”.
Doria é autor, com Greg Chaitin e Newton da Costa, do livro “Gödel’s way”, sobre a história “divertida” de Kurt Gödel, matemático vienense, “notório por seu brilho, suas conversas nos cafés e porque nos seminários aos quais comparecia sempre havia uma moça bonitinha atrás dele”. Em 1931, anunciou um resultado “tão obscuro e complicado, que dizia de uma espécie de impossibilidade de se esgotarem as verdades matemáticas, o teorema da incompletude de Gödel”.
Entre as técnicas usadas para demonstrar seu resultado estão algoritmos — como os que fazem funcionar smartphones e computadores.
“Mistura de abstrato e concreto que só a matemática possui”, define Doria.
Para ele, “vivemos num mundo imerso em uma matemática, pesada, obscura, difícil — e mal o percebemos. E muito menos no Brasil, onde tem gente que ainda acha que computador é maquininha de jogar games”.
Doria não tem dúvidas: “Talento e habilidade matemáticas são essenciais para se fazer capitalismo, para o crescimento econômico — e disso o Brasil tem muito pouco”.
Ainda estamos, diz ele, “à margem do que movimenta, empurra, o mundo contemporâneo”.
Era um terror que criou uma verdadeira ojeriza por esta matéria de vital importância que se revela maravilhosa, se for ensinada por professores realmente interessados em fazer com que o aluno se interesse por ela.
Uma pena...
Wingate
- Naval
- Sênior
- Mensagens: 1506
- Registrado em: Dom Jul 27, 2003 10:06 am
- Agradeceu: 156 vezes
- Agradeceram: 43 vezes
Re: EDUCAÇÃO
x1000.Guerra escreveu:Para mim a coisa é bem mais simples. Um professor motivado é a chave do suceso.
Nenhuma outra profissão o investimento na carreira é tão importante quanto a do professor.
Não que outros investimentos não são necessário, mas a prioridade é o profissional, Porque ele é a grande engrenagem da educação.
Eu tive um professor que o cara era foda. O cara era um verdadeiro mestre. Para mim não importaria se o livro que ele me mandou ler era velho ou novo. Não importaria se a cadeira era nova ou velha ou se tinha um massagista para cada aluno. O que importa é como o cara dava a aula.
O difícil é conseguir achar um professor motivado sem ter dignidade ($$$$).
Abraços.
"A aplicação das leis é mais importante que a sua elaboração." (Thomas Jefferson)
- Super Flanker
- Sênior
- Mensagens: 1451
- Registrado em: Sáb Mai 03, 2003 2:23 pm
- Localização: São Carlos
- Agradeceu: 29 vezes
- Agradeceram: 53 vezes
Re: EDUCAÇÃO
Alguém poderia me informar como é destinada e a % das verbas para cada faculdade estadual de São Paulo(USP, UNESP, UNICAMP)?
Abraços.
Abraços.
"A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e quem é cruel com os animais, não pode ser um bom homem." Schopenhauer
- Clermont
- Sênior
- Mensagens: 8842
- Registrado em: Sáb Abr 26, 2003 11:16 pm
- Agradeceu: 632 vezes
- Agradeceram: 644 vezes
Re: EDUCAÇÃO
Educação à francesa.
Ana Carolina Peliz - Cartas de Paris - 29.3.2012.
A escritora americana Pamela Druckerman que mora e tem filhos na França escreveu o livro "French children don’t throw food" (Crianças francesas não jogam comida fora, em tradução livre). No livro, ela tenta explicar porque as crianças francesas são mais educadas que as americanas e inglesas, porque dormem a noite, respeitam os horários das refeições e comem bem. Segundo ela, os pais não gritam e os filhos são calmos, pacientes e capazes de lidar com frustrações.
Quando vemos os franceses com seus filhos temos realmente a impressão de que educar é fácil. Eu nunca vi meus amigos franceses perderem a cabeça com seus filhos. Sempre me chamou a atenção como as crianças francesas são disciplinadas. Elas também são comunicativas e educadas. Quase sempre dizem “por favor”, “obrigada”, “me desculpe”.
Um dia eu estava em uma padaria e entraram uma mulher e sua filha que devia ter uns três anos. A mulher disse boa noite ao padeiro, como a menininha não falou nada, a mãe disse baixinho, sem se irritar, “eu não te escutei” e a menina imediatamente disse “bonsoir monsieur”.
Tenho um casal de amigos que têm três filhos. O mais velho, de cinco anos, é engraçado e extrovertido. Em seu aniversário, uma amiga brasileira da mãe ofereceu um pacote de balinhas e disse, já esperando uma crise, que ele só podia comer depois do jantar. Ele respondeu calmamente, “então vou pedir para meu pai guardá-las”.
De tanto observar cenas como esta, eu acho até que entendi o que acontece com as crianças daqui. Os franceses,em geral, não têm problemas em cumprir regras e por isso, não têm dificuldades em aplicá-las. Tanto adultos quanto crianças têm horários e os respeitam, dizem “por favor” e “obrigado”, não comem entre as refeições e se sentam à mesa para comer de maneira disciplinada.
Além disso, eles vivem numa sociedade onde as regras são, em geral, respeitadas. É fácil educar seu filho sabendo que mais tarde ele não vai ter que se perguntar porque ele é o único que respeita as regras.
Em uma sociedade como a brasileira, o problema nem é saber impor limites, mas saber onde estão eles! Como dizer que as regras devem ser respeitadas quando se vive na anarquia total?
Pelo menos uma coisa é certa ao ver os franceses com seus filhos, podemos ter certeza que impor limites e regras é positivo e possível sem perder a cabeça. Depende mais dos adultos do que das crianças.
______________________________________
Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV.
Ana Carolina Peliz - Cartas de Paris - 29.3.2012.
A escritora americana Pamela Druckerman que mora e tem filhos na França escreveu o livro "French children don’t throw food" (Crianças francesas não jogam comida fora, em tradução livre). No livro, ela tenta explicar porque as crianças francesas são mais educadas que as americanas e inglesas, porque dormem a noite, respeitam os horários das refeições e comem bem. Segundo ela, os pais não gritam e os filhos são calmos, pacientes e capazes de lidar com frustrações.
Quando vemos os franceses com seus filhos temos realmente a impressão de que educar é fácil. Eu nunca vi meus amigos franceses perderem a cabeça com seus filhos. Sempre me chamou a atenção como as crianças francesas são disciplinadas. Elas também são comunicativas e educadas. Quase sempre dizem “por favor”, “obrigada”, “me desculpe”.
Um dia eu estava em uma padaria e entraram uma mulher e sua filha que devia ter uns três anos. A mulher disse boa noite ao padeiro, como a menininha não falou nada, a mãe disse baixinho, sem se irritar, “eu não te escutei” e a menina imediatamente disse “bonsoir monsieur”.
Tenho um casal de amigos que têm três filhos. O mais velho, de cinco anos, é engraçado e extrovertido. Em seu aniversário, uma amiga brasileira da mãe ofereceu um pacote de balinhas e disse, já esperando uma crise, que ele só podia comer depois do jantar. Ele respondeu calmamente, “então vou pedir para meu pai guardá-las”.
De tanto observar cenas como esta, eu acho até que entendi o que acontece com as crianças daqui. Os franceses,em geral, não têm problemas em cumprir regras e por isso, não têm dificuldades em aplicá-las. Tanto adultos quanto crianças têm horários e os respeitam, dizem “por favor” e “obrigado”, não comem entre as refeições e se sentam à mesa para comer de maneira disciplinada.
Além disso, eles vivem numa sociedade onde as regras são, em geral, respeitadas. É fácil educar seu filho sabendo que mais tarde ele não vai ter que se perguntar porque ele é o único que respeita as regras.
Em uma sociedade como a brasileira, o problema nem é saber impor limites, mas saber onde estão eles! Como dizer que as regras devem ser respeitadas quando se vive na anarquia total?
Pelo menos uma coisa é certa ao ver os franceses com seus filhos, podemos ter certeza que impor limites e regras é positivo e possível sem perder a cabeça. Depende mais dos adultos do que das crianças.
______________________________________
Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV.
- Wingate
- Sênior
- Mensagens: 5130
- Registrado em: Sex Mai 05, 2006 10:16 am
- Localização: Crato/CE
- Agradeceu: 819 vezes
- Agradeceram: 239 vezes
Re: EDUCAÇÃO
E os franceses têm (não sei se o nível é ainda o mesmo) aquela instituição educacional conhecida por "Lycée" que foi (ou é ainda) um paradigma em termos de ensino.Clermont escreveu:Educação à francesa.
Ana Carolina Peliz - Cartas de Paris - 29.3.2012.
A escritora americana Pamela Druckerman que mora e tem filhos na França escreveu o livro "French children don’t throw food" (Crianças francesas não jogam comida fora, em tradução livre). No livro, ela tenta explicar porque as crianças francesas são mais educadas que as americanas e inglesas, porque dormem a noite, respeitam os horários das refeições e comem bem. Segundo ela, os pais não gritam e os filhos são calmos, pacientes e capazes de lidar com frustrações.
Quando vemos os franceses com seus filhos temos realmente a impressão de que educar é fácil. Eu nunca vi meus amigos franceses perderem a cabeça com seus filhos. Sempre me chamou a atenção como as crianças francesas são disciplinadas. Elas também são comunicativas e educadas. Quase sempre dizem “por favor”, “obrigada”, “me desculpe”.
Um dia eu estava em uma padaria e entraram uma mulher e sua filha que devia ter uns três anos. A mulher disse boa noite ao padeiro, como a menininha não falou nada, a mãe disse baixinho, sem se irritar, “eu não te escutei” e a menina imediatamente disse “bonsoir monsieur”.
Tenho um casal de amigos que têm três filhos. O mais velho, de cinco anos, é engraçado e extrovertido. Em seu aniversário, uma amiga brasileira da mãe ofereceu um pacote de balinhas e disse, já esperando uma crise, que ele só podia comer depois do jantar. Ele respondeu calmamente, “então vou pedir para meu pai guardá-las”.
De tanto observar cenas como esta, eu acho até que entendi o que acontece com as crianças daqui. Os franceses,em geral, não têm problemas em cumprir regras e por isso, não têm dificuldades em aplicá-las. Tanto adultos quanto crianças têm horários e os respeitam, dizem “por favor” e “obrigado”, não comem entre as refeições e se sentam à mesa para comer de maneira disciplinada.
Além disso, eles vivem numa sociedade onde as regras são, em geral, respeitadas. É fácil educar seu filho sabendo que mais tarde ele não vai ter que se perguntar porque ele é o único que respeita as regras.
Em uma sociedade como a brasileira, o problema nem é saber impor limites, mas saber onde estão eles! Como dizer que as regras devem ser respeitadas quando se vive na anarquia total?
Pelo menos uma coisa é certa ao ver os franceses com seus filhos, podemos ter certeza que impor limites e regras é positivo e possível sem perder a cabeça. Depende mais dos adultos do que das crianças.
______________________________________
Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV.
Wingate
- cabeça de martelo
- Sênior
- Mensagens: 39601
- Registrado em: Sex Out 21, 2005 10:45 am
- Localização: Portugal
- Agradeceu: 1143 vezes
- Agradeceram: 2869 vezes
- Wingate
- Sênior
- Mensagens: 5130
- Registrado em: Sex Mai 05, 2006 10:16 am
- Localização: Crato/CE
- Agradeceu: 819 vezes
- Agradeceram: 239 vezes
Re: EDUCAÇÃO
O liceu (em sua concepçao francesa) tinha tradição de fornecer uma educação formal rigorosa aos alunos além de educá-los dentro da tal civilidade (se posso chamar assim..) citada pela garota da entrevista. Seria a base fundamental para a formação de futuros cidadãos (em tese...hoje não sei mais...).cabeça de martelo escreveu:Liceu? Isso é a escola que se faz antes da universidade (10º ao 12º ano).
Um exemplo (francês) desse tipo de escola no Brasil (é para quem tem $$$):
http://www.flp-sp.com.br/br/presentation.php
Wingate
- Bourne
- Sênior
- Mensagens: 21087
- Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
- Localização: Campina Grande do Sul
- Agradeceu: 3 vezes
- Agradeceram: 21 vezes
Re: EDUCAÇÃO
Discuso bonito.
O problema é que quem tem oportunidades na iniciativa privada ou alta administração pública começa a desistir dos programas acadêmicos. A ação da seleção natural tende a deixar os piores na docência/pesquisa. Não que seja o salário de professor seja ruim. Porém sobreviver até lá com bolsa de doutorado de R$ 1,8 mil sem condições. Principalmente quando está sendo assediado por empresas querendo te pagar quatro ou cinco mil com um monte de agrados, mas se aceitar vai estudar o que eles querem e desiste do doutorado acadêmico. Como ocorreu com cinco de doze da minha turma. Muitos doutorando tem família, responsabilidades e não tem tanta liberdade para se aventurar.
Para mestrandos que fazem os cursos em cidades baratas como Campinas, Curitiba, Porto Alegre até que vai. Porém em São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis vai sofrer. Porém como normalmente não tem responsabilidades fica dentro do aceitável. Ainda que esteja abaixo bem abaixo do mercado e viver em outra cidade não é algo simples e barato. Para doutores esquece.Sem condições de morar em uma cidade como São Paulo com R$ 1,8 mil por mês. Ainda que em uma universidade como a USP nos programas de história e economia tem fila de espera. Pelo menos um ano para conseguir a bolsa. Como o cara fica um ano em SP para fazer as matérias obrigatórias?Ministro diz que vai reajustar bolsas de pós-graduação
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou nesta terça-feira que vai reajustar os valores das bolsas oferecidas a alunos de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). "Temos de construir um reajuste das bolsas da Capes o mais rápido possível, para corrigir a defasagem", disse, durante entrevista dada a correspondentes estrangeiros em Brasília.
A manifestação do ministro veio menos de uma semana depois de mestrandos e doutorandos realizarem uma paralisação nacional para cobrar o aumento nos valores das bolsas, congelados há quatro anos. Hoje, no Brasil, o aluno de mestrado ganha R$ 1,2 mil; de doutorado, R$ 1,8 mil; de pós-doutorado, R$ 3,3 mil; e professor visitante nacional sênior recebe R$ 8,9 mil. No exterior, o valor varia conforme o país, a modalidade e a condição familiar.
Segundo matéria publicada no portal do MEC, Mercadante acredita que o programa Ciência sem Fronteiras não faz sentido sem a recomposição dos valores das bolsas no País e no exterior. A meta do governo Dilma Rousseff é enviar 100 mil alunos, da graduação ao pós-doutorado, para uma temporada de estudos em universidades estrangeiras até 2014.
O último reajuste de bolsas de pós-graduação no País ocorreu em junho de 2008, quando as de mestrado passaram de R$ 940 para os atuais R$ 1,2 mil e as de doutorado subiram de R$ 1,3 mil para R$ 1,8 mil. Entre 2004 e 2008, houve três aumentos - as bolsas obtiveram reajuste de 67% sobre os valores de 2002.
De acordo com o MEC, nos últimos quatro anos a Capes expandiu o Sistema Nacional de Pós-Graduação e aumentou a oferta de bolsas. Em 2008, diz o governo, havia cerca de 40 mil bolsistas no País; em 2011, esse número saltou para 71 mil, o que representa um crescimento de 75%.
Para Elisangela Lizardo, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), a manifestação do ministro foi uma sinalização importante em direção ao reajuste, mas ainda não é a hora de comemorar. Segundo informações publicadas no site da entidade, Elisagela deve viajar a Brasília para acompanhar a discussão sobre o aumento.
O problema é que quem tem oportunidades na iniciativa privada ou alta administração pública começa a desistir dos programas acadêmicos. A ação da seleção natural tende a deixar os piores na docência/pesquisa. Não que seja o salário de professor seja ruim. Porém sobreviver até lá com bolsa de doutorado de R$ 1,8 mil sem condições. Principalmente quando está sendo assediado por empresas querendo te pagar quatro ou cinco mil com um monte de agrados, mas se aceitar vai estudar o que eles querem e desiste do doutorado acadêmico. Como ocorreu com cinco de doze da minha turma. Muitos doutorando tem família, responsabilidades e não tem tanta liberdade para se aventurar.
- marcelo l.
- Sênior
- Mensagens: 6097
- Registrado em: Qui Out 15, 2009 12:22 am
- Agradeceu: 138 vezes
- Agradeceram: 66 vezes
Re: EDUCAÇÃO
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
- Sterrius
- Sênior
- Mensagens: 5140
- Registrado em: Sex Ago 01, 2008 1:28 pm
- Agradeceu: 115 vezes
- Agradeceram: 323 vezes
Re: EDUCAÇÃO
estranho e curioso ver que israel, EUA e alemanha estão com jovens com menos educação que seus pais.
Brasil como o movimento pela educação universitaria é recente (meados de 90) so espero esse ponteiro acelerando nas proximas 1-2 decadas.
Brasil como o movimento pela educação universitaria é recente (meados de 90) so espero esse ponteiro acelerando nas proximas 1-2 decadas.
Re: EDUCAÇÃO
Visão simples para melhorar a educação.
Premissa 1. Aumentar os salários dos professores.
Problema: Ao aumentar salários temos que cobrar desempenho. Na média, os nossos professores são adversos a avaliação. Os sindicatos que os representam são adversos a qualquer medida que vincule aumentos de salários a resultados individuais. Nossos funcionários públicos são adversos a horários e controle de freqüência, no Brasil enrolamos o começo da aula e a terminamos mais cedo, nas universidade publicas sempre esticamos ao máximo os feriados.. Em alguns lugares da rede publica chega-se a perder 1 mês por ano apenas com faltas de professores.
Premissa 2. Tornar a escola um bom ambiente de trabalho.
Problema: O trafico de drogas hoje domina varias regiões onde escolas estão instaladas, dentro de muitas delas, alunos traficam livremente, vão armados as aulas. A insegurança é generalizada. Qual a chance de um diretor de uma escola destas expulsar um “estudante” que carrega um revolver na bolsa? Qual a chance de um professor retirar um “estudante” deste da sala de aula por indisciplina? Professores e diretores fecham os olhos para o problema e sem encará-lo de frente não há como progredir. O poder publico se otime.
Premissa 3. Avaliar corretamente os alunos.
Problema: Ao fazer isto poucos irão passar dos níveis médios e fundamentais, ai precisamos enfrentar um dilema político, vale a pena dar um diploma de ensino médio ou menos superior a um analfabeto funcional? Vamos continuar com estes indicadores mentirosos sobre escolaridade no Brasil?
Premissa 4. Ensino superior INFELIZMENTE é para poucos os que tem bagagem cultural para dele se aproveitar.
Problema: Vamos fechar estas centenas de faculdades de quinta categoria no Brasil que formam bacharéis e tecnólogos de péssima qualidade? Vamos terminar com estes cursos superiores fajutos onde o sujeito recebe uma apostila e vê 2 horas de aula em um telão por semana? Estas faculdades caças níqueis (cujos donos via de regra são políticos), vão continuar assim?
Qual a utilidade de um profissional de nível superior de péssima formação? Não seria melhor no seu lugar formar um profissional técnico de nível médio de boa formação?
Premissa 5. Nem toda pesquisa cientifica serve para alguma coisa útil.
Problema: O grosso da pesquisa cientifica que é realizada no Brasil aponta apenas para o umbigo dos seus “pesquisadores” que na média tem verdadeiro pavor de serem parceiros da iniciativa privada, já que estas cobram prazos e resultados. Nossa pesquisa salvo raras exceções é um organismo que nasce e cresce com o único intuito de alimentar-se a si mesmo, dentro do corporativismo e atraso cultural da maioria das universidades. Melhorar a pesquisa cientifica no Brasil passa por um plano de estado de focar em alguns setores estratégicos para a nação, passa por fixar metas de qualidade e rentabilidade dos trabalhos, hoje apesar do seu valor, uma minoria dos projetos de pesquisa nas universidades geram algum retorno que não a sua impressão em capa dura em alguma biblioteca empoeirada.
Em resumo.
• Cobrar mais e remunerar melhor o professor.
• Expulsar das escolas alunos que não se enquadrem nos critérios de disciplina.
• Deixar passar de ano só quem esta em condições de passar.
• Enquadrar centenas de faculdades vagabundas.
• Cobrar resultados mais práticos das pesquisas acadêmicas.
Isto mexe com interesses de professores e seus sindicatos, país de aluno, donos de faculdades, pesquisadores, destrói os indicadores dos governos, coloca a visão de meritocracia na educação.
Mexe com toda a cadeia do segmento que por sua vez diz que “quero uma educação melhor desde que não mexa com o meu interesse.”
No Brasil ISTO JAMAIS vai acontecer, vai contra nossos valores, nosso “jeitinho”, a situação da educação no Brasil é somente o retrato da nossa cultura como sociedade.
Premissa 1. Aumentar os salários dos professores.
Problema: Ao aumentar salários temos que cobrar desempenho. Na média, os nossos professores são adversos a avaliação. Os sindicatos que os representam são adversos a qualquer medida que vincule aumentos de salários a resultados individuais. Nossos funcionários públicos são adversos a horários e controle de freqüência, no Brasil enrolamos o começo da aula e a terminamos mais cedo, nas universidade publicas sempre esticamos ao máximo os feriados.. Em alguns lugares da rede publica chega-se a perder 1 mês por ano apenas com faltas de professores.
Premissa 2. Tornar a escola um bom ambiente de trabalho.
Problema: O trafico de drogas hoje domina varias regiões onde escolas estão instaladas, dentro de muitas delas, alunos traficam livremente, vão armados as aulas. A insegurança é generalizada. Qual a chance de um diretor de uma escola destas expulsar um “estudante” que carrega um revolver na bolsa? Qual a chance de um professor retirar um “estudante” deste da sala de aula por indisciplina? Professores e diretores fecham os olhos para o problema e sem encará-lo de frente não há como progredir. O poder publico se otime.
Premissa 3. Avaliar corretamente os alunos.
Problema: Ao fazer isto poucos irão passar dos níveis médios e fundamentais, ai precisamos enfrentar um dilema político, vale a pena dar um diploma de ensino médio ou menos superior a um analfabeto funcional? Vamos continuar com estes indicadores mentirosos sobre escolaridade no Brasil?
Premissa 4. Ensino superior INFELIZMENTE é para poucos os que tem bagagem cultural para dele se aproveitar.
Problema: Vamos fechar estas centenas de faculdades de quinta categoria no Brasil que formam bacharéis e tecnólogos de péssima qualidade? Vamos terminar com estes cursos superiores fajutos onde o sujeito recebe uma apostila e vê 2 horas de aula em um telão por semana? Estas faculdades caças níqueis (cujos donos via de regra são políticos), vão continuar assim?
Qual a utilidade de um profissional de nível superior de péssima formação? Não seria melhor no seu lugar formar um profissional técnico de nível médio de boa formação?
Premissa 5. Nem toda pesquisa cientifica serve para alguma coisa útil.
Problema: O grosso da pesquisa cientifica que é realizada no Brasil aponta apenas para o umbigo dos seus “pesquisadores” que na média tem verdadeiro pavor de serem parceiros da iniciativa privada, já que estas cobram prazos e resultados. Nossa pesquisa salvo raras exceções é um organismo que nasce e cresce com o único intuito de alimentar-se a si mesmo, dentro do corporativismo e atraso cultural da maioria das universidades. Melhorar a pesquisa cientifica no Brasil passa por um plano de estado de focar em alguns setores estratégicos para a nação, passa por fixar metas de qualidade e rentabilidade dos trabalhos, hoje apesar do seu valor, uma minoria dos projetos de pesquisa nas universidades geram algum retorno que não a sua impressão em capa dura em alguma biblioteca empoeirada.
Em resumo.
• Cobrar mais e remunerar melhor o professor.
• Expulsar das escolas alunos que não se enquadrem nos critérios de disciplina.
• Deixar passar de ano só quem esta em condições de passar.
• Enquadrar centenas de faculdades vagabundas.
• Cobrar resultados mais práticos das pesquisas acadêmicas.
Isto mexe com interesses de professores e seus sindicatos, país de aluno, donos de faculdades, pesquisadores, destrói os indicadores dos governos, coloca a visão de meritocracia na educação.
Mexe com toda a cadeia do segmento que por sua vez diz que “quero uma educação melhor desde que não mexa com o meu interesse.”
No Brasil ISTO JAMAIS vai acontecer, vai contra nossos valores, nosso “jeitinho”, a situação da educação no Brasil é somente o retrato da nossa cultura como sociedade.