O almirante norte-americano Alfred Thayer Mahan (1840-1914), um dos precursores do estudo da Geopolítica, reconheceu a fundamental importância do mar na realização da Política Nacional. Em seu entendimento do Poder Marítimo destacava que o mesmo não poderia ser baseado somente no Poder Naval representado pela existência de uma Marinha de Guerra, mas, também, de uma relevante Marinha Mercante, além de bases navais, estaleiros ativos e portos marítimos e fluviais eficientes. No Brasil a interpretação histórica do conceito e o aprofundamento do estudo do mesmo com base em fundamentos doutrinários apontaram a seguinte definição de Poder Marítimo como sendo “... a capacidade resultante da integração dos recursos de que dispõe a Nação para a utilização do mar e águas interiores, quer como instrumento de ação política e militar, quer como fator de desenvolvimento econômico e social, visando conquistar e manter os Objetivos Nacionais”.
Considerando a validade universal desta definição, o Poder Marítimo representa a parcela do Poder Nacional relacionado ao uso do mar. Sendo integrado pelo Poder Naval, Marinha Mercante, Infra-estrutura marítima e hidroviária, indústria naval, indústria de pesca, organizações e meios de pesquisa e desenvolvimento tecnológico de interesse para o uso do mar, organizações e os meios de explotação e exploração dos recursos do mar e os estabelecimentos destinados a formação e treinamento dos recursos humanos relacionados às atividades marítimas e fluviais. Sendo que a Marinha do Brasil (MB) e grande responsável pela orientação do preparo e aplicação do Poder Marítimo e da aplicação do Poder Naval.
Finalmente após vários anos de grave abandono o Poder Marítimo nacional começa a ser restabelecido através de ações que culminaram com a criação do Ministério da Pesca, investimentos na infra-estrutura portuária, na aprovação do Plano de Equipamento e Articulação da MB e na implementação do Programa de Mobilização da Indústria Nacional Marítima - PROMINP, abrangendo transporte aquaviário, construção e reparos navais, portos e terminais e indústria de navipeças, Em sintonia com esse processo modernizador, a Transpetro, subsidiária da Petrobras, através do seu Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro – PROMEF, encomendou a estaleiros nacionais em uma primeira etapa o PROMEF-1 um total de 23 navios, sendo que uma segunda etapa o PROMEF-2 em um total de 28 navios já teve a sua concorrência realizada. A estas encomendas podem ser somados mais 39 navios destinados a navegação de cabotagem a serem construídos nos próximos sete anos.
A rápida recuperação da construção naval nacional implica na necessidade de formação de pessoal especializado para tripular os novos navios a serem incorporados. No momento a Marinha Mercante brasileira conta através da Diretoria de Portos e Costas (DPC) do Comando da Marinha de uma estrutura de formação de pessoal aquaviário através do Sistema do Ensino Profissional Marítimo. Esta estrutura tem como objetivo formar, aperfeiçoar e atualizar todos os profissionais da área, sendo os cursos desenvolvidos nas capitanias dos portos, delegacias e agências marítimas ou fluviais e pelos Centros de Instrução, que abrangem as Escolas de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (Efomm), Almirante Graça Aranha (Ciaga) no Rio de Janeiro e Almirante Braz de Aguiar (Ciaba) em Belém do Pará. Estes centros estão estruturados para oferecer ensino profissional marítimo de acordo com os padrões estabelecidos pela Organização Marítima Internacional (IMO). Consciente da premente necessidade de formação de oficiais a MB aumentou recentemente de 180 para 330 as vagas de admissão para alunos no concurso para as Efomm. Entretanto falta no momento a esta notável estrutura de ensino os meios para traduzir na pratica o excelente nível de aprendizado realizado em sala de aula, para os futuros oficiais. Na MB os guarda-marinha tem a oportunidade de exercer na pratica o conhecimento teórico adquirido nos quatro anos de Escola Naval através de viagem de instrução a bordo do Navio Escola Brasil. Até pouco tempo atrás era possível o embarque dos alunos das Efomm nos navios transporte da classe Barroso Pereira, que eram muito semelhantes aos navios mercantes . Eu mesmo tive a grata visão de jovens brasileiros (rapazes e moças) vibrando a bordo do ex- NaTr Ary Parreiras no preparo para guarnecer os navios mercantes brasileiros. Com a retirada de serviço deste último bravo navio haverá um hiato na formação do pessoal, uma vez que os atuais navios em operação (NDCC e NDD) têm características predominantemente militares. Uma solução paliativa seria o fretamento de navio mercante para atuar como navio-escola, embora esta solução possa não ser a melhor, uma vez que um navio adaptado para a função não teria acomodações adequadas além de não dispor, por exemplo, de salas de aula e simuladores específicos.
A melhor solução, talvez inédita no mundo, seria a MB responsável pela formação dos profissionais de Marinha Mercante a obter com recursos do Fundo de Marinha Mercante ou do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES de um navio escola.
O navio escola teria alojamentos específicos para alunos de ambos os sexos, contaria também com salas de aula, circuito interno de TV; câmara de instrução de navegação com mesas de navegação, repetidoras-radar e repetidoras de giro, anemômetro e odômetro, repetidoras de giro para navegação visual, simuladores de passadiço, simuladores de controle de maquinas, além de um convés para abrigar cargas em containeres e um pequeno porão e respectivos guindastes de movimentação. Este navio iria inaugurar um novo conceito em formação de oficiais para a Marinha Mercante, compatível com a modernidade de pensamento da MB, além de sinalizar a vontade nacional de transformar o Brasil naquilo que e seu direito histórico uma Potencia Marítima.
Sds
Lord Nauta
Navio Escola para a Marinha Mercante
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Re: Navio Escola para a Marinha Mercante
Lord Nauta, obrigado pelo texto que traz alguma esperança no que se refere à Marinha Mercante do Brasil (de gloriosa tradição, tanto quanto nossa Marinha de Guerra).Lord Nauta escreveu:O almirante norte-americano Alfred Thayer Mahan (1840-1914), um dos precursores do estudo da Geopolítica, reconheceu a fundamental importância do mar na realização da Política Nacional. Em seu entendimento do Poder Marítimo destacava que o mesmo não poderia ser baseado somente no Poder Naval representado pela existência de uma Marinha de Guerra, mas, também, de uma relevante Marinha Mercante, além de bases navais, estaleiros ativos e portos marítimos e fluviais eficientes. No Brasil a interpretação histórica do conceito e o aprofundamento do estudo do mesmo com base em fundamentos doutrinários apontaram a seguinte definição de Poder Marítimo como sendo “... a capacidade resultante da integração dos recursos de que dispõe a Nação para a utilização do mar e águas interiores, quer como instrumento de ação política e militar, quer como fator de desenvolvimento econômico e social, visando conquistar e manter os Objetivos Nacionais”.
Considerando a validade universal desta definição, o Poder Marítimo representa a parcela do Poder Nacional relacionado ao uso do mar. Sendo integrado pelo Poder Naval, Marinha Mercante, Infra-estrutura marítima e hidroviária, indústria naval, indústria de pesca, organizações e meios de pesquisa e desenvolvimento tecnológico de interesse para o uso do mar, organizações e os meios de explotação e exploração dos recursos do mar e os estabelecimentos destinados a formação e treinamento dos recursos humanos relacionados às atividades marítimas e fluviais. Sendo que a Marinha do Brasil (MB) e grande responsável pela orientação do preparo e aplicação do Poder Marítimo e da aplicação do Poder Naval.
Finalmente após vários anos de grave abandono o Poder Marítimo nacional começa a ser restabelecido através de ações que culminaram com a criação do Ministério da Pesca, investimentos na infra-estrutura portuária, na aprovação do Plano de Equipamento e Articulação da MB e na implementação do Programa de Mobilização da Indústria Nacional Marítima - PROMINP, abrangendo transporte aquaviário, construção e reparos navais, portos e terminais e indústria de navipeças, Em sintonia com esse processo modernizador, a Transpetro, subsidiária da Petrobras, através do seu Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro – PROMEF, encomendou a estaleiros nacionais em uma primeira etapa o PROMEF-1 um total de 23 navios, sendo que uma segunda etapa o PROMEF-2 em um total de 28 navios já teve a sua concorrência realizada. A estas encomendas podem ser somados mais 39 navios destinados a navegação de cabotagem a serem construídos nos próximos sete anos.
A rápida recuperação da construção naval nacional implica na necessidade de formação de pessoal especializado para tripular os novos navios a serem incorporados. No momento a Marinha Mercante brasileira conta através da Diretoria de Portos e Costas (DPC) do Comando da Marinha de uma estrutura de formação de pessoal aquaviário através do Sistema do Ensino Profissional Marítimo. Esta estrutura tem como objetivo formar, aperfeiçoar e atualizar todos os profissionais da área, sendo os cursos desenvolvidos nas capitanias dos portos, delegacias e agências marítimas ou fluviais e pelos Centros de Instrução, que abrangem as Escolas de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (Efomm), Almirante Graça Aranha (Ciaga) no Rio de Janeiro e Almirante Braz de Aguiar (Ciaba) em Belém do Pará. Estes centros estão estruturados para oferecer ensino profissional marítimo de acordo com os padrões estabelecidos pela Organização Marítima Internacional (IMO). Consciente da premente necessidade de formação de oficiais a MB aumentou recentemente de 180 para 330 as vagas de admissão para alunos no concurso para as Efomm. Entretanto falta no momento a esta notável estrutura de ensino os meios para traduzir na pratica o excelente nível de aprendizado realizado em sala de aula, para os futuros oficiais. Na MB os guarda-marinha tem a oportunidade de exercer na pratica o conhecimento teórico adquirido nos quatro anos de Escola Naval através de viagem de instrução a bordo do Navio Escola Brasil. Até pouco tempo atrás era possível o embarque dos alunos das Efomm nos navios transporte da classe Barroso Pereira, que eram muito semelhantes aos navios mercantes . Eu mesmo tive a grata visão de jovens brasileiros (rapazes e moças) vibrando a bordo do ex- NaTr Ary Parreiras no preparo para guarnecer os navios mercantes brasileiros. Com a retirada de serviço deste último bravo navio haverá um hiato na formação do pessoal, uma vez que os atuais navios em operação (NDCC e NDD) têm características predominantemente militares. Uma solução paliativa seria o fretamento de navio mercante para atuar como navio-escola, embora esta solução possa não ser a melhor, uma vez que um navio adaptado para a função não teria acomodações adequadas além de não dispor, por exemplo, de salas de aula e simuladores específicos.
A melhor solução, talvez inédita no mundo, seria a MB responsável pela formação dos profissionais de Marinha Mercante a obter com recursos do Fundo de Marinha Mercante ou do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES de um navio escola.
O navio escola teria alojamentos específicos para alunos de ambos os sexos, contaria também com salas de aula, circuito interno de TV; câmara de instrução de navegação com mesas de navegação, repetidoras-radar e repetidoras de giro, anemômetro e odômetro, repetidoras de giro para navegação visual, simuladores de passadiço, simuladores de controle de maquinas, além de um convés para abrigar cargas em containeres e um pequeno porão e respectivos guindastes de movimentação. Este navio iria inaugurar um novo conceito em formação de oficiais para a Marinha Mercante, compatível com a modernidade de pensamento da MB, além de sinalizar a vontade nacional de transformar o Brasil naquilo que e seu direito histórico uma Potencia Marítima.
Sds
Lord Nauta
Tive a oportunidade de trabalhar por algum tempo em transporte internacional, onde pude constatar com tristeza que a maioria esmagadora de nossas exportações/importações estava sendo feita em navios de bandeira estrangeira, numa dependência que considero (não sei se estou certo) muito perigosa para nossa soberania.
Espero que a situação mude realmente e que venhamos a ter novamente uma Marinha Mercante eficiente e atuante, com navios construídos no Brasil por brasileiros.
Grato,
Wingate
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Re: Navio Escola para a Marinha Mercante
Em minha opinião a reconstrução da marinha mercante juntamente com a malha ferroviária do país deveriam estar entre as principais prioridades do GF.
Sds
Lord Nauta
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Lord Nauta
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Re: Navio Escola para a Marinha Mercante
Alguns navios escola mercantes em operação:
State of Maine (USA)
Enterprise (USA)
Patriot STATE (USA)
Texas Cliper II (USA)
Ever Trust (Singapura)
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Lord Nauta
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Lord Nauta