Programa Espacial Brasileiro
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
DilmaX foi ao Espaço
A posse do físico Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia tem desdobramentos ainda não avaliados e mostrou o processo DilmaX em ação.A posse do físico Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia não é a mera indicação de um técnico na área, como a desatenta imprensa nacional informa.
Trata-se de etapa de uma profunda reformulação da área espacial brasileira, ou o pleno exercício do processo DilmaX. O processo de análise de tomada de decisão adotada pela Presidente Dilma Rousseff baeado em: fatos dados e números, ou mais simplesmente na realidade dos fatos.
Para que o leitor entenda este processo apresentamos uma história palaciana:
“Quando ainda gerente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no governo Luiz Inácio, foi informado à presidente Dilma Rousseff, que ela poderia ter um acompanhamento gerencial preciso da evolução das obras via imagens de satélites.
Agora no controle total do PAC, como presidente, a Senhora Dilma preside uma reunião de avaliação do PAC. Em meio a reunião a presidente solicita as fotos dos satélites, que lhe foram prometidas meses antes.
Pânico geral na mesa, alguns dos presentes olham para o céu do Planalto Central, em busca de um salvador satélite. Sob o constrangimento geral e sabedores das conseqüências um dos presentes teve de dar a notícia, estas fotos não existiam.
Fruto de um confuso compartilhamento entre os Ministérios de Defesa e Ciência e Tecnologia, e neste mais a gestão compartilhada entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com visões diferentes sobre as prioridades no espaço gerou que não havia fotos para serem apresentadas à presidente”. E também nada de concreto no programa Espacial Brasileiro
A reunião aconteceu no primeiro semestre de 2011. E as ações começaram imediatamente.”
A partir disso uma rápida evolução dos acontecimentos. É convocado o físico Marco Antonio Raupp para assumir a AEB. Os primeiros conflitos foram exatamente com o INPE, cujo presidente não aceitava subordinar-se à AEB. Sentindo de onde os ventos sopravam este anunciou a sua saída no final de 2011 e aguarda-se a indicação do substituto a partir de uma lista tríplice já apresentada pela comunidade acadêmica.
Mais importante disso foi a visita de uma grande comitiva incluindo o então ministro Jobim, comandante da Aeronáutica brig Saito, o próprio Raupp, entre outros ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), em 28 de Julho de 2011 e novamente visitado pelo novo ministro Amorim, em 4 de Novembro.
O próprio ministério da Defesa acelera projetos que estavam em velocidades burocráticas. Podemos ver pela realização de dois importantes testes:
1 - Teste do propulsor S43TM, desenvolvido para compor o segundo estágio do Veículo Lançador de Satélites 1 (VLS-1) – Novembro 2011.
2 - Ensaios de qualificação em solo do motor de foguete L5, dentro do programa de desenvolvimento de tecnologia nacional de propulsão líquida Oxigênio – etanol) pela Divisão de Propulsão Espacial do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
No campo político o feudo galáctico do Partido Socialista Brasileiros (PSB), na binacional Brasil-Ucrânia Alcantara Cyclone Space, foi desfeito com a indicação do reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), brigadeiro Reginaldo dos Santos, para diretor-geral da empresa Alcântara Cyclone Space, substituindo ao “perdido no espaço” Roberto Amaral.
Logo os governos do Brasil e Ucrânia revigoram a ACS com a assinatura de acordo em setembro com a Ucrânia propondo-se a investir US$ 250 milhões.
Com o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) é ressuscitado o Programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) que estava parado há vários anos no Ministério da Defesa. Há a possibilidade de adquirir dois satélites de comunicação, o primeiro em 2014 e o segundo em 2018. Para serem compartilhados entre o PNBL e o Ministério da Defesa (banda X).
A EMBRAER Defesa e Segurança forma uma empresa com a TELEBRAS para as atividades associadas ao Programa de Satélites. A francesa THALES forma também uma joint venture com a brasileira Andrade Gutierrez (leia-se OI), com foco nas áreas de defesa, segurança e espaço.
Foi no espaço que o Processo DilmaX realizou a mais ampla reformulação e implementação. Pelo seu caráter técnico a maior parte destes movimentos foram desapercebidos pela imprensa e até os meios políticos.
O fortalecimento do Programa Brasil-China CBERS e uma ampla gama de satélites de pesquisa e monitoramento a serem conduzidos pelo INPE até 2020. Mais a peça vital que os satélites exercem em dois programas prioritários da Defesa Brasileira : SISFRON e SISGAAz, colocam o setor espacial na prioridade nacional.
Caberá ao físico Raupp a árdua tarefa de gerenciar dar dinamismo ao Programa Espacial brasileiro.
Se é para manter o meta de 2014 do lançamento do primeiro satélite de comunicações em 2014 a decisão terá de ser tomada até março. Como compatibilizar o interesses industriais da nova EMBRAER Defesa e Segurança e a TELEBRAS?
Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet
Mauri
A posse do físico Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia tem desdobramentos ainda não avaliados e mostrou o processo DilmaX em ação.A posse do físico Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia não é a mera indicação de um técnico na área, como a desatenta imprensa nacional informa.
Trata-se de etapa de uma profunda reformulação da área espacial brasileira, ou o pleno exercício do processo DilmaX. O processo de análise de tomada de decisão adotada pela Presidente Dilma Rousseff baeado em: fatos dados e números, ou mais simplesmente na realidade dos fatos.
Para que o leitor entenda este processo apresentamos uma história palaciana:
“Quando ainda gerente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no governo Luiz Inácio, foi informado à presidente Dilma Rousseff, que ela poderia ter um acompanhamento gerencial preciso da evolução das obras via imagens de satélites.
Agora no controle total do PAC, como presidente, a Senhora Dilma preside uma reunião de avaliação do PAC. Em meio a reunião a presidente solicita as fotos dos satélites, que lhe foram prometidas meses antes.
Pânico geral na mesa, alguns dos presentes olham para o céu do Planalto Central, em busca de um salvador satélite. Sob o constrangimento geral e sabedores das conseqüências um dos presentes teve de dar a notícia, estas fotos não existiam.
Fruto de um confuso compartilhamento entre os Ministérios de Defesa e Ciência e Tecnologia, e neste mais a gestão compartilhada entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com visões diferentes sobre as prioridades no espaço gerou que não havia fotos para serem apresentadas à presidente”. E também nada de concreto no programa Espacial Brasileiro
A reunião aconteceu no primeiro semestre de 2011. E as ações começaram imediatamente.”
A partir disso uma rápida evolução dos acontecimentos. É convocado o físico Marco Antonio Raupp para assumir a AEB. Os primeiros conflitos foram exatamente com o INPE, cujo presidente não aceitava subordinar-se à AEB. Sentindo de onde os ventos sopravam este anunciou a sua saída no final de 2011 e aguarda-se a indicação do substituto a partir de uma lista tríplice já apresentada pela comunidade acadêmica.
Mais importante disso foi a visita de uma grande comitiva incluindo o então ministro Jobim, comandante da Aeronáutica brig Saito, o próprio Raupp, entre outros ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), em 28 de Julho de 2011 e novamente visitado pelo novo ministro Amorim, em 4 de Novembro.
O próprio ministério da Defesa acelera projetos que estavam em velocidades burocráticas. Podemos ver pela realização de dois importantes testes:
1 - Teste do propulsor S43TM, desenvolvido para compor o segundo estágio do Veículo Lançador de Satélites 1 (VLS-1) – Novembro 2011.
2 - Ensaios de qualificação em solo do motor de foguete L5, dentro do programa de desenvolvimento de tecnologia nacional de propulsão líquida Oxigênio – etanol) pela Divisão de Propulsão Espacial do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
No campo político o feudo galáctico do Partido Socialista Brasileiros (PSB), na binacional Brasil-Ucrânia Alcantara Cyclone Space, foi desfeito com a indicação do reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), brigadeiro Reginaldo dos Santos, para diretor-geral da empresa Alcântara Cyclone Space, substituindo ao “perdido no espaço” Roberto Amaral.
Logo os governos do Brasil e Ucrânia revigoram a ACS com a assinatura de acordo em setembro com a Ucrânia propondo-se a investir US$ 250 milhões.
Com o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) é ressuscitado o Programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) que estava parado há vários anos no Ministério da Defesa. Há a possibilidade de adquirir dois satélites de comunicação, o primeiro em 2014 e o segundo em 2018. Para serem compartilhados entre o PNBL e o Ministério da Defesa (banda X).
A EMBRAER Defesa e Segurança forma uma empresa com a TELEBRAS para as atividades associadas ao Programa de Satélites. A francesa THALES forma também uma joint venture com a brasileira Andrade Gutierrez (leia-se OI), com foco nas áreas de defesa, segurança e espaço.
Foi no espaço que o Processo DilmaX realizou a mais ampla reformulação e implementação. Pelo seu caráter técnico a maior parte destes movimentos foram desapercebidos pela imprensa e até os meios políticos.
O fortalecimento do Programa Brasil-China CBERS e uma ampla gama de satélites de pesquisa e monitoramento a serem conduzidos pelo INPE até 2020. Mais a peça vital que os satélites exercem em dois programas prioritários da Defesa Brasileira : SISFRON e SISGAAz, colocam o setor espacial na prioridade nacional.
Caberá ao físico Raupp a árdua tarefa de gerenciar dar dinamismo ao Programa Espacial brasileiro.
Se é para manter o meta de 2014 do lançamento do primeiro satélite de comunicações em 2014 a decisão terá de ser tomada até março. Como compatibilizar o interesses industriais da nova EMBRAER Defesa e Segurança e a TELEBRAS?
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Colocaram mais um cientista com credenciais acadêmicas para gerenciar um programa que deveria ser basicamente de engenharia.mauri escreveu:DilmaX foi ao Espaço
A posse do físico Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia tem desdobramentos ainda não avaliados e mostrou o processo DilmaX em ação.A posse do físico Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia não é a mera indicação de um técnico na área, como a desatenta imprensa nacional informa.
Trata-se de etapa de uma profunda reformulação da área espacial brasileira, ou o pleno exercício do processo DilmaX. O processo de análise de tomada de decisão adotada pela Presidente Dilma Rousseff baeado em: fatos dados e números, ou mais simplesmente na realidade dos fatos.
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Caberá ao físico Raupp a árdua tarefa de gerenciar dar dinamismo ao Programa Espacial brasileiro.
Se é para manter o meta de 2014 do lançamento do primeiro satélite de comunicações em 2014 a decisão terá de ser tomada até março. Como compatibilizar o interesses industriais da nova EMBRAER Defesa e Segurança e a TELEBRAS?
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As grande realizações são o teste de qualificação de uma versão atualizada de um motor que voou pela primeira vez em 1997, e o de outro de combustível líquido semelhante aos que são rotineiramente construídos por particulares nos EUA, no fundo de suas garagens. E usando um combustível que ninguém mais no planeta usa atualmente ou seja, tudo agora terá que ser desenvolvido à partir do zero, com pouca possibilidade de apoio de outros países que já dominem a tecnologia de motores.
Uma enorme "wish list" de aplicações espaciais, sem conexão entre si e que há décadas não saem do papel. A Dilma quer fotos que não existem, mas e daí? É ela, que não entende nada do assunto, que vai fazer pessoalmente a revisão do programa? O Raupt, que um cientista, vai ter coragem de peitar os militares e os cientistas do IAE e do INPE, e tomar para si esta iniciativa?
Sinceramente, muito pouco auspicioso isto tudo. Eu ficaria mais animado se o programa estivesse nas mãos de algum brigadeiro reformado com formação no ITA, ou quem sabe de algum ex-executivo da Embraer. Enquanto forem economistas e cientistas escolhidos por razões partidárias acho que o programa vai continuar produzindo principalmente PDF's e Powepoint's.
Leandro G. Card
Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
LeandroGCard escreveu:Colocaram mais um cientista com credenciais acadêmicas para gerenciar um programa que deveria ser basicamente de engenharia.mauri escreveu:DilmaX foi ao Espaço
A posse do físico Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia tem desdobramentos ainda não avaliados e mostrou o processo DilmaX em ação.A posse do físico Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência e Tecnologia não é a mera indicação de um técnico na área, como a desatenta imprensa nacional informa.
Trata-se de etapa de uma profunda reformulação da área espacial brasileira, ou o pleno exercício do processo DilmaX. O processo de análise de tomada de decisão adotada pela Presidente Dilma Rousseff baeado em: fatos dados e números, ou mais simplesmente na realidade dos fatos.
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Caberá ao físico Raupp a árdua tarefa de gerenciar dar dinamismo ao Programa Espacial brasileiro.
Se é para manter o meta de 2014 do lançamento do primeiro satélite de comunicações em 2014 a decisão terá de ser tomada até março. Como compatibilizar o interesses industriais da nova EMBRAER Defesa e Segurança e a TELEBRAS?
Nelson Düring
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As grande realizações são o teste de qualificação de uma versão atualizada de um motor que voou pela primeira vez em 1997, e o de outro de combustível líquido semelhante aos que são rotineiramente construídos por particulares nos EUA, no fundo de suas garagens. E usando um combustível que ninguém mais no planeta usa atualmente ou seja, tudo agora terá que ser desenvolvido à partir do zero, com pouca possibilidade de apoio de outros países que já dominem a tecnologia de motores.
Uma enorme "wish list" de aplicações espaciais, sem conexão entre si e que há décadas não saem do papel. A Dilma quer fotos que não existem, mas e daí? É ela, que não entende nada do assunto, que vai fazer pessoalmente a revisão do programa? O Raupt, que um cientista, vai ter coragem de peitar os militares e os cientistas do IAE e do INPE, e tomar para si esta iniciativa?
Sinceramente, muito pouco auspicioso isto tudo. Eu ficaria mais animado se o programa estivesse nas mãos de algum brigadeiro reformado com formação no ITA, ou quem sabe de algum ex-executivo da Embraer. Enquanto forem economistas e cientistas escolhidos por razões partidárias acho que o programa vai continuar produzindo principalmente PDF's e Powepoint's.
Leandro G. Card
Perfeito Leandro, sem contar que é a milésima vez nos últimos 30 anos que o programa espacial brasileiro é "reformulado", esta piada espacial que chamamos de "programa espacial", muda, muda pra sempre continuar igual.
Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Eu entendo o nivel de ceticismo dos senhores, mas o fato do Raupp assumir o MCT me traz esperanças. Acho que nunca tivemos um ministro tão entusiasta pela area e se ele tiver um bom jogo de cintura politico, pode trazer bons beneficios pra area.
Eu acredito muito na iniciativa privada, e acho que o Brasil tem total de capacidade de desenvolver a area. Felizmente, eu tenho observado bons indicativos com novas empresas entrando no pool aeroespacial.
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
O problema é que é mais um cientista/administrador cuidando de uma área onde seriam necessários engenheiros e projetistas. E por mais experiência que o Raupp tenha fazendo pesquisa e administrando departamentos acadêmicos, e ainda que tenha muito interesse no setor espacial, esta área de projetos e desenvolvimento industial simplesmente não é a área dele.Anunnarca escreveu:Eu entendo o nivel de ceticismo dos senhores, mas o fato do Raupp assumir o MCT me traz esperanças. Acho que nunca tivemos um ministro tão entusiasta pela area e se ele tiver um bom jogo de cintura politico, pode trazer bons beneficios pra area.
Eu acredito muito na iniciativa privada, e acho que o Brasil tem total de capacidade de desenvolver a area. Felizmente, eu tenho observado bons indicativos com novas empresas entrando no pool aeroespacial.
Na verdade o problema do programa espacial brasileiro está na falta de definição de objetivos, esta etapa foi feita apenas lá atrás, no início da década de 80, e depois dos militares desistirem de montar um arsenal de mísseis nucleares os objetivos não foram revistos de forma consistente até hoje. E se isso não for feito não haverá muito o que fazer, o PEB continuará patinando simplesmente por perseguir objetivos que não estão mais de acordo com a realidade.
Para você ter uma idéia, o próprio IAE lançou há cerca de 1 mês uma "consulta à sociedade" perguntando a diversas pessoas com algum conhecimento do assunto mas sem nenhuma ligação nem com o governo e nem com a área espacial em si, o que se achava que iria acontecer com o mercado de lançamentos espaciais nos próximos anos. Pelo tom das perguntas o que se buscava era nitidamente alguma idéia dos tipos de satélites que poderiam estar sendo desenvolvidos no futuro imediato (no Brasil e no mundo) e a taxa esperada de lançamentos, para que se pudesse identificar um nicho de mercado para um eventual foguete brasileiro sucessor do VLS. Isso é o tipo de pesquisa que se faz quando se quer lançar um produto no mercado para ganhar dinheiro, mas esta deveria ser a última preocupação do pessoal do IAE, pois os objetivos comerciais são a última prioridade dos programas espaciais, principalmente no nosso caso onde as chances de sucesso comercial são mínimas.
O que deveria estar sendo feito era uma coordenação com todas os setores interessados como os militares, as indústrias, os centros de pesquisa em geral (e não apenas os focados na pesquisa espacial) e os possíveis usuários das aplicações espaciais, para definir as prioridades de desenvolvimento do programa espacial de forma clara. Depois NECESSARIAMENTE seria definido um orçamento anual para o PEB pelo menos para os próximos 10 anos, o qual não poderia SOB NENHUMA HIPÓTESE ser contingenciado. E só então se começaria a falar em quais objetivos deveriam ser buscados neste período e logo após. Aí as ações a serem tomadas poderiam ser definidas em função das tais prioridades e da verba , e o que estivesse fora destes dois parâmetros simplesmente não seria sequer cogitado.
A lista de prioridades e de objetivos poderia ser revista a cada 4 anos, logo no início de cada novo governo. Já a verba só poderia ser ampliada com adicionais, nenhuma redução poderia ser feita em programas já em andamento. Esta verba não precisaria ser imensa,como acham alguns que falam que o governo deveria gastar mais de U$ 1 bilhão por ano, que é o que gasta a Índia. Daria para fazer muita com 200 ou 300 milhões por ano, basicamente o que se gasta hoje, se os objetivos fossem claros e a coisa fosse bem feita. Aprovar uma verba assim, verdadeiro dinheiro de pinga para os gastos do governo, por um período definido, não deveria ser difícil. Ou então é melhor o país desistir logo deste campo da pesquisa espacial.
Coisas como a Alcântara-Cyclone Space poderiam existir sem problemas, mas quem tivesse interesse que arranjasse uma verba própria paralela à do PEB, sem afetar o orçamento deste (cortar dinheiro do PEB para gastar centenas de milhões na infra-estrutura de Ancântara para esta empresa seria inadmissível em qualquer país sério). Ou um SGB com participação nacional, por exemplo, que não poderia sequer ser imaginado agora tamanha a defasagem do país nesta área. Se quisermos um satélite estácionário para um prazo menor que 5-10 anos ele deverá ser simplesmente adquirido fora com verba dos órgãos interessados (ministérios das comunicações, da defesa, etc...), e nem um centavo ou homem-hora do PEB deveriam se envolver com isso. No máximo poderia ser negociado um certo acompanhamento por alguns engenheiros brasileiros, só para tentar ver o que vai dentro de um satélite assim. Mas só teremos realmente pessoal com a necessária vivência em projetos espaciais para fazer alguma coisa útil em um projeto destes daqui a muitos anos (e isso se tudo correr muito bem), e até lá a tecnologia já terá evoluido para algo diferente mesmo, então porque perder tempo com isso agora, ainda mais arriscando atrasar o próprio lançamento do SGB e prejudicar os órgãos que precisam dos serviços dele? E assim ficaria bem mais fácil dizer não a estas parcerias internacionais malucas que aparecem de vez em quando e que só atrapalham, era só mostrar que elas não estariam dentro das prioridades ou não haveria verba prevista. Se algum político quisesse ainda assim insistir ótimo, era só ele mesmo arranjar a verba (por exemplo aprovando uma emenda parlamentar ao orçamento).
Eram declarações e principalmente ações neste sentido que eu queria ver, mas estou esperando já há uns 20 anos e até agora nada. E com o Raupp na chefia do programa ainda não apareceu nada neste sentido, só repetições do de sempre, então ainda estou esperando. Sentado.
Um abraço,
Leandro G. Card
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Empresas do país devem investir em ciência
Em entrevista à Folha, novo ministro da ciência reforça papel das parcerias com setor privado
O físico Marco Antonio Raupp assumiu ontem o MCTI (Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação) e já elegeu como prioridade o estímulo da ciência por meio de parcerias com empresas.
"Temos exemplos de sucesso na ciência brasileira. Precisamos parar de reclamar de falta de recursos e nos espelhar neles", disse.
Para o físico, que deve seguir a linha de seu antecessor, Aloizio Mercadante, a ciência que dá certo no país está nos setores de petróleo, agricultura e aviação, em que as pesquisas são feitas com a colaboração entre universidades e grandes empresas.
Em entrevista exclusiva à Folha, Raupp afirmou que quer reformular o programa espacial brasileiro. A ideia é que AEB (Agência Espacial Brasileira) e Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), duas instituições que Raupp já comandou, parem de concorrer entre si.
Folha - Qual será o maior desafio da sua gestão?
Marco Antonio Raupp - É estabelecer uma parceria com o setor produtivo para dar consistência à pesquisa tecnológica no país.
Mas poucas empresas fazem ciência no Brasil.
Temos exemplos de empresas que fazem pesquisa de ponta. O sistema de pesquisa e inovação da Petrobras levou à superação de questões importantes na produção de petróleo. Importávamos petróleo e, hoje, somos exportadores. Também temos o bom exemplo da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]. Hoje, produzimos no Centro-Oeste, que até há pouco tempo não tinha nada. Isso sem falar na Embraer [Empresa Brasileira de Aeronáutica]. Temos de seguir esses exemplos. Há propostas que quero implementar para isso.
Quais propostas?
A Embrapii [Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial], que o [Aloizio] Mercadante deixa para eu implementar. O que a Embrapa fez para a agricultura a Embrapii tem de fazer para a indústria. Nesse momento em que as exportações estão caindo, isso é vital.
As empresas têm de investir também. Precisamos criar condições para que elas vejam que poderão ter benefício econômico a partir de pesquisa. Esse é um grande desafio para o plano plurianual que vou desenhar para os anos de 2012 a 2015.
Falta pesquisador no Brasil?
Sim. Nossa pós-graduação se concentrou em formar pessoas para as próprias universidades. Agora, precisamos de gente para trabalhar nas empresas e nas instituições governamentais. Temos uma brutal necessidade de engenheiros. É preciso formá-los e trazer gente de fora. O programa Ciência sem Fronteiras possibilita justamente isso.
Embrapii e Ciência sem Fronteiras são projetos da gestão de Mercadante. Seu governo será de continuidade?
É o mesmo governo. Não vou reinventar a roda. Minha missão é acelerar a roda.
Há grandes projetos aprovados ainda sem recursos, como o reator multipropósito do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), o novo anel de luz síncrotron e a parceria com o ESO (Observatório Europeu do Sul). Qual será a sua prioridade?
Esses projetos são importantes para a ciência brasileira. É preciso viabilizá-los mesmo que tenhamos de distribuir o orçamento em vários anos. E há outros, como o programa espacial.
O programa espacial será o foco da sua gestão?
Sempre foi prioridade, mas existem muitos problemas. Sempre fui crítico à maneira como o sistema espacial está articulado, com duas instituições concorrendo entre si: a AEB e o Inpe. No ministério, olharei para essa questão.
Inpe e AEB serão unificados?
Não, a ideia é manter as instituições de maneira que AEB e Inpe não concorram entre si. Não podemos misturar política espacial com fazer satélite. Mas Inpe e AEB têm de atuar juntas. O governo não quer as duas trabalhando separadamente porque isso é perder dinheiro.
O Inpe tem sofrido para contratar pessoas após a aposentadoria de funcionários. Como resolver essa questão?
Temos de ter um aparato legal para conseguir contratar de maneira mais flexível. Mas me pergunto se é o Estado que deve contratar todas as pessoas para fazer pesquisa no país. É evidente que não. Por isso insisto nas parcerias com o setor privado.
As parcerias com o setor produtivo são a sua estratégia para aumentar os recursos para ciência? Hoje temos 1,1% do PIB em ciência. A meta para 2010 era 1,5%...
Não adianta a gente ficar falando que precisa de mais recursos para fazer um projeto se não justificamos a proposta. E precisamos buscar o dinheiro. Não podemos ficar parados esperando alguma coisa acontecer.
Mauri
Em entrevista à Folha, novo ministro da ciência reforça papel das parcerias com setor privado
O físico Marco Antonio Raupp assumiu ontem o MCTI (Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação) e já elegeu como prioridade o estímulo da ciência por meio de parcerias com empresas.
"Temos exemplos de sucesso na ciência brasileira. Precisamos parar de reclamar de falta de recursos e nos espelhar neles", disse.
Para o físico, que deve seguir a linha de seu antecessor, Aloizio Mercadante, a ciência que dá certo no país está nos setores de petróleo, agricultura e aviação, em que as pesquisas são feitas com a colaboração entre universidades e grandes empresas.
Em entrevista exclusiva à Folha, Raupp afirmou que quer reformular o programa espacial brasileiro. A ideia é que AEB (Agência Espacial Brasileira) e Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), duas instituições que Raupp já comandou, parem de concorrer entre si.
Folha - Qual será o maior desafio da sua gestão?
Marco Antonio Raupp - É estabelecer uma parceria com o setor produtivo para dar consistência à pesquisa tecnológica no país.
Mas poucas empresas fazem ciência no Brasil.
Temos exemplos de empresas que fazem pesquisa de ponta. O sistema de pesquisa e inovação da Petrobras levou à superação de questões importantes na produção de petróleo. Importávamos petróleo e, hoje, somos exportadores. Também temos o bom exemplo da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária]. Hoje, produzimos no Centro-Oeste, que até há pouco tempo não tinha nada. Isso sem falar na Embraer [Empresa Brasileira de Aeronáutica]. Temos de seguir esses exemplos. Há propostas que quero implementar para isso.
Quais propostas?
A Embrapii [Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial], que o [Aloizio] Mercadante deixa para eu implementar. O que a Embrapa fez para a agricultura a Embrapii tem de fazer para a indústria. Nesse momento em que as exportações estão caindo, isso é vital.
As empresas têm de investir também. Precisamos criar condições para que elas vejam que poderão ter benefício econômico a partir de pesquisa. Esse é um grande desafio para o plano plurianual que vou desenhar para os anos de 2012 a 2015.
Falta pesquisador no Brasil?
Sim. Nossa pós-graduação se concentrou em formar pessoas para as próprias universidades. Agora, precisamos de gente para trabalhar nas empresas e nas instituições governamentais. Temos uma brutal necessidade de engenheiros. É preciso formá-los e trazer gente de fora. O programa Ciência sem Fronteiras possibilita justamente isso.
Embrapii e Ciência sem Fronteiras são projetos da gestão de Mercadante. Seu governo será de continuidade?
É o mesmo governo. Não vou reinventar a roda. Minha missão é acelerar a roda.
Há grandes projetos aprovados ainda sem recursos, como o reator multipropósito do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), o novo anel de luz síncrotron e a parceria com o ESO (Observatório Europeu do Sul). Qual será a sua prioridade?
Esses projetos são importantes para a ciência brasileira. É preciso viabilizá-los mesmo que tenhamos de distribuir o orçamento em vários anos. E há outros, como o programa espacial.
O programa espacial será o foco da sua gestão?
Sempre foi prioridade, mas existem muitos problemas. Sempre fui crítico à maneira como o sistema espacial está articulado, com duas instituições concorrendo entre si: a AEB e o Inpe. No ministério, olharei para essa questão.
Inpe e AEB serão unificados?
Não, a ideia é manter as instituições de maneira que AEB e Inpe não concorram entre si. Não podemos misturar política espacial com fazer satélite. Mas Inpe e AEB têm de atuar juntas. O governo não quer as duas trabalhando separadamente porque isso é perder dinheiro.
O Inpe tem sofrido para contratar pessoas após a aposentadoria de funcionários. Como resolver essa questão?
Temos de ter um aparato legal para conseguir contratar de maneira mais flexível. Mas me pergunto se é o Estado que deve contratar todas as pessoas para fazer pesquisa no país. É evidente que não. Por isso insisto nas parcerias com o setor privado.
As parcerias com o setor produtivo são a sua estratégia para aumentar os recursos para ciência? Hoje temos 1,1% do PIB em ciência. A meta para 2010 era 1,5%...
Não adianta a gente ficar falando que precisa de mais recursos para fazer um projeto se não justificamos a proposta. E precisamos buscar o dinheiro. Não podemos ficar parados esperando alguma coisa acontecer.
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
LeandroGCard escreveu:Fica realmente difícil não ver, o problema é que ninguém sequer pára para prestar atenção, o assunto não interessa a ninguém. E infelizmente parece que vai continuar sem interessar, apesar das declarações em contrário.sapao escreveu:E tem gente no alto escalão que já está vendo isso.
O problema sempre é a tal da vaidade...
Está se referindo à ACS? Se for, é outro esquema que acho bem pouco auspicioso, além de que mesmo que venha a dar certo não vai acrescentar nada em termos tecnológicos ao país (até o combustível será importado da China !!!).Mas pode esperar que vem coisa nova por ai.
Infelizmente de fora, mas felizmente porque alguma coisa vai andar.
Agora, se for alguma outra coisa, poderia dar mais detalhes?
Leandro G. Card
Leandro, lembra dos detalhes que você pediu?
Então, agora eu posso lhe passar:
Satélite de R$ 716 mi não terá licitação
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
O governo definiu que a compra do satélite de R$ 716 milhões para atender ao Plano Nacional de Banda Larga e às comunicações militares será feita sem licitação.
O decreto que pede a dispensa, alegando segurança nacional, foi finalizado pelos ministérios das Comunicações, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Defesa.
O satélite geoestacionário (que tem esse nome porque fica "parado" em relação a um ponto da Terra) tem previsão de lançamento em 2014. Ele será construído por uma empresa a ser formada por Telebrás (49% do capital) e Embraer Defesa (51%), que vem sendo chamada informalmente de EmbraSat.
O governo repassará à EmbraSat o dinheiro para a compra dos componentes do satélite no exterior e sua montagem ("integração"), a ser feita no Brasil.
Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o objetivo é que o satélite tenha pelo menos um "pequeno índice de nacionalização" e que a empresa integradora absorva tecnologia na montagem -e possa produzir outros satélites no futuro com maior quantidade de componentes nacionais.
fonte:Folha de São Paulo
Enfim, a curto prazo acho que é a melhor solução para termos algo que necessitamos a algumas decadas; e com a condução certa (o que tem grandes chances de acontecer com a EMBRAER no meio) acho que poderemos ter bom frutos no futuro.
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Sapão,sapao escreveu:Leandro, lembra dos detalhes que você pediu?
Então, agora eu posso lhe passar:
Satélite de R$ 716 mi não terá licitação
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
O governo definiu que a compra do satélite de R$ 716 milhões para atender ao Plano Nacional de Banda Larga e às comunicações militares será feita sem licitação.
O decreto que pede a dispensa, alegando segurança nacional, foi finalizado pelos ministérios das Comunicações, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Defesa.
O satélite geoestacionário (que tem esse nome porque fica "parado" em relação a um ponto da Terra) tem previsão de lançamento em 2014. Ele será construído por uma empresa a ser formada por Telebrás (49% do capital) e Embraer Defesa (51%), que vem sendo chamada informalmente de EmbraSat.
O governo repassará à EmbraSat o dinheiro para a compra dos componentes do satélite no exterior e sua montagem ("integração"), a ser feita no Brasil.
Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o objetivo é que o satélite tenha pelo menos um "pequeno índice de nacionalização" e que a empresa integradora absorva tecnologia na montagem -e possa produzir outros satélites no futuro com maior quantidade de componentes nacionais.
fonte:Folha de São Paulo
Enfim, a curto prazo acho que é a melhor solução para termos algo que necessitamos a algumas decadas; e com a condução certa (o que tem grandes chances de acontecer com a EMBRAER no meio) acho que poderemos ter bom frutos no futuro.
Deixa eu tentar entender isso. O projeto e os componentes do satélite serão comprados fora (além de não haver ninguém capacitado no país nem daria tempo de fazer o projeto e ainda construir o satélite até 2014), e alguém no Brasil se capacitaria a pelo menos montar o satélite e fazer os testes, provavelmente nos laboratórios do INPE. Isto está correto?
Se for assim é um começo, bem modesto, mas um começo. Mas montar alguma coisa como um satélite pode no máximo prover algum know-how, o know-why de projeto e o desenvolvimento de componentes continuam como caixas pretas. E com o histórico do país é bem provável que tão cedo não deverão ser montados outros satélites por esta Embrasat, então sinceramente não sei se este esforço agoira valerá de alguma coisa. Vamos ter que esperar e ver o que acontecerá DEPOIS desta estória do SGB para saber se a preocupação de montá-lo agora fará mesmo algum sentido ou se será só perda de tempo e esforço e melhor teria sido comprar logo o/s satélite/s pronto/s e em posição, como foi feitos com todos os Brasilsat.
De qualquer forma obrigado pelas informações.
Um grande abraço,
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Leandro,
pelo o que eu entendi, o como fazer ainda está sendo avaliado.Mas eu destaco a presença da EMBRAER no processo, que acredito segue a linha que você prega de envolvimento do setor privado com força politica!
Se você analisar, de certa maneira essa decisão "zera" alguns projetos antigos, partindo de algo novo: a inserção da iniciativa privada brasileira com força (veja que estamos falando de 700 milhões em um prazo de 2 anos) no programa espacial.
E como disse, esse modelo de comprar tudo fora e fruto de uma necessidade de decadas, que finalmente parece que vai ser resolvida.
Sobre novos satelites, abrindo uma firma privada temos o mercado nacional civil carente de satelites em varias areas (meteorologia, agricultura, sensoreamento remoto, telecomunicações); alem do mercado de Defesa com a intenção, explicita no END, de um sistema de posicionamento nacional bem como a introdução de satelites para uso exclusivamente militares (comunicações, inteligencia, link de dados).
Convenhamos que um empreitada dessas com a EMBRAER a frente tem muito mais possibilidade de vingar ao longo dos proximos governos do que uma agencia estatal, não concorda?
Até porque eu DUVIDO que eles colocassem gente e dinheiro nisso se não houvesse um estudo detalhado do mercado, e que esse estudo não indicasse que É viavel prosseguir!
Vamos aguardar,
abs
pelo o que eu entendi, o como fazer ainda está sendo avaliado.Mas eu destaco a presença da EMBRAER no processo, que acredito segue a linha que você prega de envolvimento do setor privado com força politica!
Se você analisar, de certa maneira essa decisão "zera" alguns projetos antigos, partindo de algo novo: a inserção da iniciativa privada brasileira com força (veja que estamos falando de 700 milhões em um prazo de 2 anos) no programa espacial.
E como disse, esse modelo de comprar tudo fora e fruto de uma necessidade de decadas, que finalmente parece que vai ser resolvida.
Sobre novos satelites, abrindo uma firma privada temos o mercado nacional civil carente de satelites em varias areas (meteorologia, agricultura, sensoreamento remoto, telecomunicações); alem do mercado de Defesa com a intenção, explicita no END, de um sistema de posicionamento nacional bem como a introdução de satelites para uso exclusivamente militares (comunicações, inteligencia, link de dados).
Convenhamos que um empreitada dessas com a EMBRAER a frente tem muito mais possibilidade de vingar ao longo dos proximos governos do que uma agencia estatal, não concorda?
Até porque eu DUVIDO que eles colocassem gente e dinheiro nisso se não houvesse um estudo detalhado do mercado, e que esse estudo não indicasse que É viavel prosseguir!
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Se o governo espera para 2014 o tal lançamento, vamos dizer que em 2017 ele sai.
Mas pelo menos sai, isso que é importante.
Mas pelo menos sai, isso que é importante.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Na verdade minha dúvida principal é sobre como isso vai andar DEPOIS do lançamento do SGB. A Embraer é basicamente uma integradora na área aeronáutica, com ampla experiência no projeto de aviões, mas não tem nenhuma experiência na área espacial e não desenvolve componentes em nenhuma área. Ela pode entrar com a experiência de projetos de engenharia, o que é muito importante pois ninguém no setor espacial brasileiro entende muito desta área, mas até pelo curto prazo para o desenvolvimento deste satélite ainda terá que ser buscado praticamente tudo lá fora, então não haverá muita coisa a acrescentar neste projeto em termos de engenharia além dos procedimentos de montagem (se é que não virão de fora também).sapao escreveu:Leandro,
pelo o que eu entendi, o como fazer ainda está sendo avaliado.Mas eu destaco a presença da EMBRAER no processo, que acredito segue a linha que você prega de envolvimento do setor privado com força politica!
Se você analisar, de certa maneira essa decisão "zera" alguns projetos antigos, partindo de algo novo: a inserção da iniciativa privada brasileira com força (veja que estamos falando de 700 milhões em um prazo de 2 anos) no programa espacial.
E como disse, esse modelo de comprar tudo fora e fruto de uma necessidade de decadas, que finalmente parece que vai ser resolvida.
Sobre novos satelites, abrindo uma firma privada temos o mercado nacional civil carente de satelites em varias areas (meteorologia, agricultura, sensoreamento remoto, telecomunicações); alem do mercado de Defesa com a intenção, explicita no END, de um sistema de posicionamento nacional bem como a introdução de satelites para uso exclusivamente militares (comunicações, inteligencia, link de dados).
Convenhamos que um empreitada dessas com a EMBRAER a frente tem muito mais possibilidade de vingar ao longo dos proximos governos do que uma agencia estatal, não concorda?
Até porque eu DUVIDO que eles colocassem gente e dinheiro nisso se não houvesse um estudo detalhado do mercado, e que esse estudo não indicasse que É viavel prosseguir!
Vamos aguardar,
abs
E depois? O GF vai encomendar outros projetos de satélites para manter a continuidade da evolução da capacidade de projeto e desenvolvimento? Não acontecerão embargos internacionais a componentes (a área espacial é bem mais sensível a isso do que a aeronáutica)? Os programas em andamento há décadas no INPE vão ser repassados para a Embrasat, saindo das mãos dos pesquisadores do INPE?
Este tipo de coisa é que me interessa. Comprar um projeto e suas peças lá fora para fazer a montagem aqui é algo que acrescenta muito pouco, e se não houver continuidade sequer valerá à pena. Por isso acho que teremos agora é que esperar a passagem dos anos para ver o que virá depois do SGB, ou se esta será apenas mais uma iniciativa isolada que não acrescenta nada além de maiores custos e complicações, sem deixar nada de aproveitável no médio/longo prazo, como vários outros projetos brasileiros (vide o próprio VLS, o AMX, os sub`s IKL, etc...).
Leandro G. Card
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Para depois, como eu disse, existe a previsão no END de se montar uma rede de posicionamento nacional e mais satelites de outros usos.
Sobre os projetos do INPE, não sei mesmo como será tocado. Pode ser que venha a acontecer algo como a MECTRON, em que os projetos andem em conjunto entre entidades civil privadas e estatais. Tudo vai depender de uma coisa: o que quer o GF?
Como lá lhe disse, me parece que ele quer que o setor ande para frente, então tenho minhas esperanças no curso que a coisa está andando.
E sinceramente, você acha que o VLS, o AMX e os IKL não deixaram NADA de aproveitavel?
Eu acho que deixaram muita coisa sim.
Uma coisa é dizer que poderiam ter sido gerenciados de maneira diferente, mas acho que dizer que não deixaram nada é um exagero.
VLS: a ponta de um projeto, que começou com a cosntrução dos centros de lançamento e monitoramento. Se não houvesse esse interesse, nem isso teriamos.
AMX: um salto para o processo de produção da EMBRAER e sem a participação no projeto ela não teria condições (ou demoraria muito mais, perdendo o "timing") de produzir o ERJ-145, que foi o projeto que catapultou ela no mundo. Para a FAB foi um grande aprendizado na confecção e acompanhamento de projetos; dando origem ao que hoje é a COPAC.
IKL: capacitou não só os homems mas tambem as instalaçoes e equipamentos da MB a produzirem uma embarcação complexa como essa.
E mais importante de tudo: TODOS os projetos acima capacitaram profissionais aqui que hoje tem capacidade de absorver tecnologia.
Mas novamente, isso é o que eu acho.
Sobre os projetos do INPE, não sei mesmo como será tocado. Pode ser que venha a acontecer algo como a MECTRON, em que os projetos andem em conjunto entre entidades civil privadas e estatais. Tudo vai depender de uma coisa: o que quer o GF?
Como lá lhe disse, me parece que ele quer que o setor ande para frente, então tenho minhas esperanças no curso que a coisa está andando.
E sinceramente, você acha que o VLS, o AMX e os IKL não deixaram NADA de aproveitavel?
Eu acho que deixaram muita coisa sim.
Uma coisa é dizer que poderiam ter sido gerenciados de maneira diferente, mas acho que dizer que não deixaram nada é um exagero.
VLS: a ponta de um projeto, que começou com a cosntrução dos centros de lançamento e monitoramento. Se não houvesse esse interesse, nem isso teriamos.
AMX: um salto para o processo de produção da EMBRAER e sem a participação no projeto ela não teria condições (ou demoraria muito mais, perdendo o "timing") de produzir o ERJ-145, que foi o projeto que catapultou ela no mundo. Para a FAB foi um grande aprendizado na confecção e acompanhamento de projetos; dando origem ao que hoje é a COPAC.
IKL: capacitou não só os homems mas tambem as instalaçoes e equipamentos da MB a produzirem uma embarcação complexa como essa.
E mais importante de tudo: TODOS os projetos acima capacitaram profissionais aqui que hoje tem capacidade de absorver tecnologia.
Mas novamente, isso é o que eu acho.
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Sapão, quanto ao programa espacial temos que aguardar, neste setor muito foi anunciado ao longo dos anos mas na prática quase nada aconteceu, então não é mais um anúncio que vai definir se a coisa agora entrará nos eixos ou não.sapao escreveu:Para depois, como eu disse, existe a previsão no END de se montar uma rede de posicionamento nacional e mais satelites de outros usos.
Sobre os projetos do INPE, não sei mesmo como será tocado. Pode ser que venha a acontecer algo como a MECTRON, em que os projetos andem em conjunto entre entidades civil privadas e estatais. Tudo vai depender de uma coisa: o que quer o GF?
Como lá lhe disse, me parece que ele quer que o setor ande para frente, então tenho minhas esperanças no curso que a coisa está andando.
E sinceramente, você acha que o VLS, o AMX e os IKL não deixaram NADA de aproveitavel?
Eu acho que deixaram muita coisa sim.
Uma coisa é dizer que poderiam ter sido gerenciados de maneira diferente, mas acho que dizer que não deixaram nada é um exagero.
VLS: a ponta de um projeto, que começou com a cosntrução dos centros de lançamento e monitoramento. Se não houvesse esse interesse, nem isso teriamos.
AMX: um salto para o processo de produção da EMBRAER e sem a participação no projeto ela não teria condições (ou demoraria muito mais, perdendo o "timing") de produzir o ERJ-145, que foi o projeto que catapultou ela no mundo. Para a FAB foi um grande aprendizado na confecção e acompanhamento de projetos; dando origem ao que hoje é a COPAC.
IKL: capacitou não só os homems mas tambem as instalaçoes e equipamentos da MB a produzirem uma embarcação complexa como essa.
E mais importante de tudo: TODOS os projetos acima capacitaram profissionais aqui que hoje tem capacidade de absorver tecnologia.
Mas novamente, isso é o que eu acho.
Com relação aos demis projetos mencionados, eles até tiveram alguma importância na época em que foram deslanchados, mas a falta de continuidade fêz com que no final não tivessem mesmo valido à pena. O AMX teve muito pouca se é que teve alguma influência no projeto do EMB-145 (eu estava na Embraer na época e posso dte garantir isso). Poderia ter sido útil se tivéssemos em seguida partido para um caça de verdade, o que nos faz falta desde então, mas isso nunca foi feito não é mesmo? O VLS foi uma idéia ousada até demais para a década de 80, mas já se tornou uma pedra no sapato há bem mais de 20 anos e até hoje é o maior entrave para que nosso programa espacial possa deslanchar. E o aprendizado com os IKL foi ótimo, mas se perdeu de tal forma que estamos começando do zero novamente com os Scorpène-BR, a ponto de estarmos enviando estudantes para cursos de graduação na França (o que mostra que nem pessoal capacitado a receber tecnologia restou ).
Este é o problema principal do Brasil, as iniciativas são isoladas no espaço e no tempo, e a falta de continuidade faz com que se perca o pouco que se consegue desenvolver. Vamos ver se muda daqui para a frente, mas no momento estamos na mesmíssima situação em que estávamos ao final da década de 70, comprando lá fora tecnologia para começar o nosso desenvolvimento em algumas áreas mais avançadas. E do jeito que a coisa está evoluindo, apesar de todos estes projetos de que se fala agora corremos um sério risco de que nossa indústria daqui a 40 anos esteja ainda mais defasada com relação ao restante do mundo do que está hoje. Vamos rezar para que isso não aconteça, mas no momento o prognóstico não é dos mais animadores.
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Re: A Evolução do Programa Espacial Brasileiro
Americanos interessados no programa do satélite brasileiro
mpresas americanas poderão ser fornecedoras de componentes do programa Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) – a ser produzido totalmente no País, para observação militar e comunicação. A informação é do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp. Segundo ele, a coordenação-geral do programa será da Agência Espacial Brasileira (AEB).
O SGB está sendo desenvolvido pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), que é privada, com a estatal Telebras. “Estamos começando, agora, a cooperação, que se destina a atender à banda larga. É um projeto puramente industrial, pelo qual já foi constituída uma empresa da Telebras e Embraer”, disse Raupp.
De acordo com o ministro, o programa do SGB envolve compras estrangeiras e a coordenação brasileira da produção do satélite. “Duas coisas caracterizam esse projeto: as compras internacionais, que serão bastante grandes e, certamente, existem empresas americanas que poderão participar dessa escolha, e será a empresa integradora, a principal”, disse.
Ele também destacou a importância da transferência de tecnologia que ocorrerá por meio do programa. “(O segundo aspecto, que é paralelo) é um programa de (transferência de) tecnologia que coordena esse processo e que está sob o âmbito da Agência Espacial Brasileira. É algo em que, certamente, haverá cooperação. Certamente, será em nível empresarial e de indústrias.”
Além de componentes para o SGB, o Brasil tem interesse no intercâmbio de informações com os americanos para a prevenção de desastres naturais e observação oceanográfica. Os temas fizeram parte de uma série de reuniões iniciadas na segunda-feira e concluídas nesta terça-feira em Brasília, da Comissão Mista de Ciência e Tecnologia Brasil-Estados Unidos.
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, disse que a “experiência norte-americana é muito importante” nas práticas de prevenção de desastres. Segundo ele, já há uma série de ações iniciadas entre os Estados Unidos e o Brasil nessa área, que incluem programas referentes ao sistema de alerta de desastres naturais.
FONTE: Portal Terra
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