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por Demir » Ter Fev 14, 2012 7:56 pm
Há 2 horas e 48 minutos
Decisão sobre caças só deve sair a partir de maio, diz fonte
Por Sergio Leo | Valor
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff suspendeu, pelo menos até maio, qualquer decisão a respeito da compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), mas levará em consideração o novo cenário criado com a compra dos caças franceses Rafale pela Índia, na semana passada.
É o que informou ao Valor uma autoridade com assento no Palácio do Planalto, que garante haver, ainda, chances de que a FAB opte pelo Super-Hornet, da Boeing americana.
O governo, segundo a fonte, vai esperar os resultados das eleições presidenciais na França, em março, e das conversas da própria Dilma Rousseff, em abril, com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que tem feito intenso lobby pelo jato americano.
A visita do ministro da Defesa, Celso Amorim, à Índia, na semana passada, levantou, na imprensa e no setor aeronáutico, especialmente da França, a expectativa de que o Brasil siga o governo indiano, que, na última quinta-feira, anunciou a decisão de comprar os caças franceses.
Segundo apurou o Valor no ministério da Defesa, Amorim, que não previa a decisão da Índia ao partir de viagem a Nova Delhi, chegou a conversar com o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, sobre a compra dos caças.
Os indianos estão dispostos a permitir que o Brasil conheça parte da “documentação básica” que orientou o negócio, visto como uma tábua de salvação para a francesa Dassault, fabricante do Rafale - até então sem nenhum comprador internacional.
Após audiência com o ministro da Defesa do Peru, Alberto Otarola, em Brasília, Amorim negou que haja decisão sobre a compra dos caças e reafirmou que sairá do palácio do Planalto a palavra final.
O fracasso de vendas do Rafale chegou a motivar especulações sobre sua iminente retirada da linha de produção, o que provocou, em Brasília, temor de falta de peças de reposição no futuro próximo, em caso de opção no pelos franceses.
Ao mesmo tempo, com a demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, francamente contrário aos caças americanos e favorável aos Rafale, Dilma decidiu com Amorim, segundo define um assessor, “começar do zero” o processo de escolha.
Na verdade, foi mantido o relatório feito pela FAB ainda no governo Lula, com os prós e contras de cada aeronave (concorre também o Gripen, da SAAB sueca), mas os concorrentes ganharam oportunidade de melhorar suas ofertas.
Os EUA têm apresentado garantias de que será concedido ao Brasil acesso a tecnologias sensíveis e garantias nunca dadas em vendas anteriores dos caças da Boeing.
Uma das principais restrições de Jobim aos aviões dos EUA era o risco de veto do Congresso americano à venda de peças essenciais aos aviões, no futuro, por motivos políticos e estratégicos.
No Planalto, há expectativa de que as conversas de Amorim na Índia permitam comparar as condições oferecidas pela França aos dois países, e avaliar melhor os riscos envolvidos na compra dos Rafale e as perspectivas de continuidade do fornecimento das peças de reposição.
Segundo informações do ministério da Defesa, a conversa de Amorim com o primeiro-ministro indiano sobre esse tema não desceu a detalhes. Serão necessários novos contatos bilaterais para avaliação das informações oferecidas pela Índia. Dilma encontrará com Manmohan Singh em março, durante reunião do grupo conhecido como BRICS (Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul).
(Sergio Leo | Valor)