Pepê Rezende escreveu:Penguin escreveu:
3 autoridades disseram o mesmo sobre o fracasso dos russos aqui:
1) MB
2) Ministro da Defesa
3) Comandante de Aeronáutica
Os russos nada disseram. Aliás, a Sukhoi reclamou das exigências em termos dos offsets (irreais para eles) exigidos pelo Brasil, via blog Ares sobre aviação militar (do Aviation Week).
Basta ligar os pontos.
O Flanker é um estupendo caça. Mas o F-X2 não diz respeito apenas a aquisição de caça. Esse programa é muito mais uma mini-política industrial.
Se fosse uma compra de prateleira, não duvido que o Flanker tivesse sido um dos finalistas.
[]s
Vc esquece duas autoridades que desmentiram a turma acima: Mangabeira Unger e o ministro russo de segurança. Em verdade, havia ToT e offset, que incluíam participação no T-50. Ouvi as afirmações em ON, para quem quisesse ouvir. Pediam apenas que assinássemos dois protocolos de segurança de informações e de proteção de copyright, que foram firmados meses depois. Houve uma predisposição para desclassificar os russos e classificar a Saab. Alguns argumentos que ouvi de gente que participou do processo:
1. O Su-35BM é um factóide que jamais decolará;
2. Se decolar, a Rússia não irá adquiri-lo;
3. A Rússia não tem dinheiro para desenvolvê-lo;
4. O PAK-FA jamais decolará porque os russos não sabem construir um caça stealth.
A favor da Saab, afirmavam que o avião seria desenvolvido em pouco tempo, seria barato de operar e teria encomendas grandes da Suécia.
Sabemos hoje onde está a verdade.
Abraços
Pepê
A proposito, como os russos puderam fazer uma proposta com ToT e off sets no F-X1 e não no F-X2?!
Desmentiram quando Pepê? MU em público não fez isso. Muito pelo contrário.
MU foi um grande entusiasta dessa cooperação, mas desde as fracassadas negociações com a MB as coisas não avançaram como ele queria. Me parece que a burocracia russa tem uma grande parcela de culpa nessa história.
Quanto ao Ministro russo de Segurança não posso dizer nada. Ele brilhou pela discrição.
No mês seguinte ao anuncio do short list e da eliminação dos russos:
21/11/2008 - 12h57
Russos precisam largar o osso para negociar conosco, diz Mangabeira
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CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio
O ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) disse hoje que o Brasil quer fechar um acordo de cooperação com a Rússia de igual para igual na área de defesa. Segundo ele, o Brasil não quer comprar tecnologia com a Rússia, mas trocar informações.
"Estamos tentando estabelecer uma relação entre iguais. O objetivo com a Rússia é estratégico e não comercial", afirmou Mangabeira.
No entanto, Mangabeira diz que a Rússia não vê o Brasil como grande potência. "Essa idéia do Brasil [de troca de tecnologia] não está difundida no governo russo. A rússia não nos vê como grande potência, mas como potência regional."
Segundo ele, o acordo com a Rússia só avançará se o outro país mudar de postura. "Para avançar conosco, os russos precisam largar o osso."
Plano de Defesa
Mangabeira afirmou que a discussão do Plano Nacional de Defesa será concluída ainda neste mês.
Segundo ele, integrantes do governo vão se reunir em dezembro para decidir se o plano será divulgado ou não. "Não há pressa para divulgar logo. Tem que ser discutido o tempo que for necessário antes."
A agenda de discussão do plano começa na terça-feira, quando o ministro Nelson Jobim (Defesa) apresentará a proposta a parlamentares da Câmara e do Senado.
Na quinta-feira, Jobim tem uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Franklin Martins (Comunicação) para concluir o plano. Em seguida, Jobim convocará o Conselho de Defesa Nacional. O ministro estima aprovar o plano até 15 de dezembro.
Entre os pontos da proposta, Jobim disse que os mais importantes são a reestruturação das Forças Armadas e a discussão sobre o papel dos militares na sociedade.
"Na Constituição de 88, colocamos uma espécie de cápsula de minúcia ao Exército, trazendo o militares para dentro da categoria dos servidores. Agora temos que discutir isso e por isso a importância do plano."
Jobim disse que apesar de o plano levar em conta "conflitos assimétricos" entre governos e grupos terroristas que, segundo ele, predominam hoje no mundo. O ministro destacou que o plano fará intenso debate sobre a obrigatoriedade do serviço militar e o crescimento da indústria bélica.
Em seguida, no dia
24/11/2008, o Brasil fechava a aquisição dos 12 Mi-35 sem off sets...a montanha pariu um camundongo.
Brasil faz acordo de defesa com a Rússia
Na semana passada reuniu-se em Brasília a comissão intergovernamental Brasil-Rússia de cooperação econômica, comercial, científica e tecnológica, em preparação à visita de Medvedev
Sergio Leo escreve para o “Valor Econômico”
Sem alarde, o Brasil fechou o contrato de compra de 12 helicópteros de ataque MI-35 fabricados pela Rússia, a um custo estimado em cerca de US$ 300 milhões.
A compra põe fim a uma negociação de quase dois anos, equipará as Forças Armadas com verdadeiros tanques blindados aéreos que se destinarão à vigilância da Amazônia e é um exemplo do que não prevê o acordo de cooperação em matéria de defesa que os dois governos também assinarão durante a visita do presidente russo ao Brasil, Dmitri Medvedev, nesta semana. O governo quer mais, quer fabricar armamentos com a Rússia.
E não só com a Rússia. Em dezembro, chega ao país o presidente da França, Nicolas Sarkozy, com quem também será assinado acordo de cooperação em matéria de defesa. Como informou ao Valor o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, as negociações com os franceses estão até mais avançadas do que as com os russos.
Sarkozy entendeu que o Brasil não quer acordos de compra e venda de mercadorias, mas de aliança para fabricação de armamentos e pesquisas tecnológicas.
A Marinha brasileira discute com os franceses planos conjuntos na construção de submarinos, e o Exército negocia projetos de cooperação para tecnologias do chamado "combatente do futuro" das tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), com uso de sofisticados sistemas de informática e posicionamento por satélite para auxiliar o deslocamento, identificação e mobilização de soldados em campo de batalha.
A compra dos helicópteros russos é considerada, no governo, um negócio "atípico" e excepcional em relação ao que se pretende com a nova estratégia de alianças no setor de defesa.
Os brasileiros negociaram a instalação de centros completos de manutenção para os novos helicópteros, para evitar os problemas já identificados na vizinha Venezuela, onde o abastecimento de peças depende de estoques limitados e encomendas a Moscou. Mas a compra é uma operação estritamente comercial, sem o chamado offset, compensações comerciais concedidas pelo fornecedor de equipamentos.
O objetivo declarado das conversas com Paris e Moscou - explicitado por Mangabeira Unger em recente ronda pela Europa - é evitar a excessiva dependência de fornecedores de alguma parte do globo e buscar aproveitar a reestruturação das Forças Armadas para incentivar o desenvolvimento tecnológico do setor de armamentos no país.
Essa foi a razão, segundo explicou o governo brasileiro ao russo, pela qual os jatos Sukhoi foram excluídos da licitação para o projeto FX de compra de novos jatos para a Força Aérea Brasileira. Os russos foram os únicos a não oferecer transferência de tecnologia no pacote de venda.
Além do anúncio da compra dos helicópteros, está prevista para a visita de Medvedev a assinatura de um dos três acordos que pautarão a cooperação dos dois países em matéria de defesa. Em agosto já havia sido assinado outro, pelo gabinete de Segurança Institucional da Presidência, do ministro general Jorge Félix, com a ex-KGB russa, de proteção de informações confidenciais.
O acordo desta semana é de cooperação técnico-militar e prevê troca e intercâmbio de pessoal, aquisição de equipamentos, transferência de tecnologia e até co-produção.
Há um terceiro acordo em fase de finalização, sobre propriedade intelectual. As autoridades brasileiras esperam que o acordo permita às indústrias dos dois países conhecer melhor o que é produzido e comercializado nos dois mercados, abrindo caminho para que as empresas brasileiras façam contatos e encontrem oportunidades de negócios com os russos.
Não é fácil, a Rússia, especialmente na esfera militar, ainda tem a arrogância de grande potência, mas há forte interesse da indústria bélica brasileira, em campos como a fabricação de blindados, por exemplo.
Toda essa movimentação é vista com mau humor por tradicionais exportadores brasileiros, como os de carne, que lamentam a falta de resultados do governo brasileiro nos esforços para abrir ao Brasil maior espaço nas cotas de importação russas, grande parte delas reservadas a exportadores europeus e americanos.
Na semana passada reuniu-se em Brasília a comissão intergovernamental Brasil-Rússia de cooperação econômica, comercial, científica e tecnológica, em preparação à visita de Medvedev. E a discussão sobre agricultura levou apenas a queixas da parte brasileira pela falta de empenho dos russos em avançar no tema de cooperação agrícola.
A visita de Medvedev será acompanhada dos anúncios pomposos dessas ocasiões, como a meta de elevar o comércio bilateral dos US$ 5 bilhões de 2007 para US$ 10 bilhões em 2010. Mas a crise financeira mundial, que chegou pesadamente à Rússia, obscurece as perspectivas comerciais com o país - a queda nos preços do petróleo já fez Medvedev adiar anúncios de investimentos que faria nesta semana, na Venezuela, e praticamente concentrou as expectativas nos negócios do campo militar.
As reservas internacionais da Rússia, de quase US$ 600 bilhões em agosto, caíram para pouco mais de US$ 450 bilhões e continuam caindo no ritmo de mais de US$ 20 bilhões por semana, o crédito secou, começaram as demissões nos setor automotivo e o governo já anunciou pacotes bilionários de salvamento, como no Ocidente. Tudo isso reduz a atratividade da cooperação econômica com o país, mas não afetou, até agora, os planos em matéria de defesa.
As autoridades brasileiras dizem considerar normal a aproximação entre Rússia e Venezuela, que farão exercícios militares juntos, no Caribe, nesta semana. Enquanto Chávez apresenta a aliança como uma resposta ao "Império" americano, os próprios russos minimizam essa volta às Américas, que insistem em classificar como um ressurgimento do interesse puramente econômico na região.
Combinado com a decisão dos países sul-americanos de, pela primeira vez, estabelecerem um Conselho de Defesa que exclui a grande potência ao Norte, esse movimento tem, porém, forte implicações geopolíticas. Mesmo que os presidentes Lula e Medvedev, amanhã, digam o contrário.