Futuro da Aviação de Patrulha

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Vinicius Pimenta
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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#61 Mensagem por Vinicius Pimenta » Ter Jan 24, 2012 11:41 am

papagaio escreveu:Vou tentar falar algo mais sobre este assunto.
No início dos anos 90, tive a oportunidade de assistir a uma palestra proferida por um Major do extinto 1° Grupo de Aviação Embarcada. Não lembro exatamente quando, mas acho que na época os P-16 estavam no osso e a Marinha ainda não possuía os A-4, mas posso estar enganado. Me impressionei com a vibração do cara, o cara sabia que voava uma aeronave no final de vida, mas falava com orgulho e também da determinação em recuperar aquela aviação da FAB. Eu achava, que a FAB jamais estivesse preocupada com um substituto pleno do P-16 (o P-95 não faz ASW), mas existiam oficiais preocupados com aquilo e os frutos a gente percebe agora, muitos anos depois. Por isso que falei num post anterior que graças a uns abnegados, a FAB recuperava esta capacidade, pude conhecer um destes caras pessoalmente.
Também tive a oportunidade de conhecer outros tripulantes do GAE, muitos possuíam a medalha de mérito marinheiro, que a Marinha concede pro cara que possui inicialmente 500 dias de operação no mar. Então falar que a FAB não tem doutrina, quando vários tripulantes do GAE possuíam literalmente centenas de dias de mar embarcados no falecido A-11 Minas Gerais, me desculpe, mas não tenho como concordar. Obviamente foi criado um GAP, entre a saída do P-16 e a chegada do P-3, foi perdido muito conhecimento, mas é o preço que se paga num país em que o assunto defesa é tratado de forma não tão prioritária.
Num post anterior falei que talvez um caminho que pudesse ser utilizado pelo Brasil é dos Italianos, que tem a trajetória da sua Aviação Naval com muitos pontos em comum com a MB (lá eles também eram proibidos pela Força Aérea de operar aviões). Mas um assunto a se pensar seriam os custos, porque o vôo em si, com tripulações da MB e FAB é até possível, mas será que os custos também seriam divididos, e se fosse, será que a Marinha teria interesse ? Uma coisa que muitas vezes é de difícil entendimento é que a Aviação é a razão de ser da FAB, mas a Aviação Naval é só uma parcela bem pequena dos diversos setores da MB (Submarinos, Aviação, Navios, Fuzileiros, ...) e a MB já definiu como prioridade, no meu ponto de vista de forma corretíssima, seus Submarinos. Orçamento na MB é cobertor muito curto.
Pessoal também é algo muito importante e que não se improvisa em aviação. A aeronave que voa hoje na Aviação Naval com a maior tripulação num vôo operativo, são os longevos SH-3, com dois pilotos e dois operadores de sensores. Imagina a Força Aeronaval receber uma aeronave que faz vôos operativos com mais de 20 tripulantes. A diferença é gritante demais.
Atualmente, julgo que seja o momento de se formar mais tripulantes, começar a testar a qualidade dos sensores (uma vez conversei com um Engenheiro que fazia avaliação de sensores que me falou algo que nunca esqueci: Um sensor nunca faz aquilo que o fabricante prometeu, muitos fazem menos, alguns fazem até um pouco mais, mas de modo geral nunca fazem o prometido).
Depois que se comece a apoiar os exercícios da Esquadra, comecem a usar o MAD atrás dos Tupis, comece a operar com os S-70, ...
Que tenham recursos, pois longos vôos de patrulha são caros, sonobóias são descartáveis e caríssimas de se operar.
Que estejam armados, dizem que há convênio com a Marinha para o Torpedo, que venha o Harpoon (que seria uma tremenda ameaça, exceto para uma Força centrada em Porta-Aviões). Aliás, não sei até hoje se Harpoon foi comprado ou não.
Num futuro médio, cerca de 15 anos, os sensores já vão estar com seu funcionamento intermitente e será a hora da substituição da aeronave. Até lá a EMBRAER já terá seu KC-390 amadurecido, talvez exista até alguma versão militar do E-190 e possa se pensar em substituir o P-3 por algo nacional.
Num mundo ideal, acho que a Aviação de Patrulha deveria ser da MB, mas num mundo real, Brasil particularmente, torço para que a FAB tenha uma carreira de sucesso com seus P-3.
Quem ganha com isso é o Brasil.
Minha opinião,
Abs.
Brilhante. Obrigado.




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#62 Mensagem por Carlos Lima » Ter Jan 24, 2012 5:24 pm

Seria legal se pudessemos fabricar as sonobóias no Brasil.

E valeu pela história papagaio [100] [009]

[]s
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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#63 Mensagem por sapao » Ter Jan 24, 2012 9:40 pm

Vinicius Pimenta escreveu:Pode até explicar, mas não sei se justifica. Leigamente falando, temos o seguinte raciocínio:

Já compramos os P-3 há 13 anos. Só a modernização já dura 7. E ainda vamos levar ainda 2 ou 3 anos pro esquadrão ficar operacional. Acho que já temos ciência do número de pessoal necessário há muito tempo. Quantos pilotos a FAB formou nesse período? Só no ano passado ingressaram 70 cadetes. Quantos se formam por ano? 20? Em 13 anos formamos quantos? 260? Quantas baixas (idade, evasão pro mercado civil, problemas de saúde, etc) temos por ano em média? Quantos pilotos já tínhamos no Orungan? Enfim, sei lá...

Ainda acho que desativar um esquadrão de patrulha, justamente em época de pré-sal, é complicado.
Vinicius,
assim como as outra forças o cobertor é curto na FAB tambem!
Vamos por partes: mesmo que eu forme em media 100 cadetes por ano, tenho que distribui-los entre a caça, helicoptero, transporte, reconhecimento, busca e resgate e a patrulha.
Quantos A-29, H-60, 725, CASA, KC-390, C-130, C-95M, R-99 e afins temos voando por ai?

Temos que levar em conta tambem alguns gargalos: o oficial que chega na unidade tem que ser formado, logo ele vai ficar alguns anos sendo um trabalho para o esquadrão e não uma solução; pois alem das horas necessarias ele ainda não vai completar a escala de vôo por não estar operacional!
Mas isso é natural, pois é o ciclo de vida do piloto: chega aluno, vira piloto, sai instrutor e depois vai embora.
O problema é que em uma unidade que está implantando um aeronave, esse ciclo não tem ainda uma continuidade, porque a grande maioria dos seus pilotos é aluno.
Como resolver isso? Pego pilotos experientes em outra aeronave e na missão para que a transição seja mais suave, pois vai ocorrer apenas uma adaptação a maquina.
Só que se eu pego os pilotos experientes para voar, isso quer dizer que os sem experiencia não voam. Pelo menos nessa fase de transição.
Fora isso tudo, eu ainda tenho que mandar gente carregar o piano na AFA, em Fortaleza, fazer curso de especialização e gente que sai da area operacional pela progressão na carreira.

Agora vamos ao P-3: o cara que fez o curso dele há 13 anos atrás, por motivo de antiguidade nem no esquadrão deve estar mais pois uma unidade só suporta 1 Tenente Coronel, que é o comandante.
O restante do pessoal mais antigo está pronto mas sem voar devido ao atraso da maquina, portanto eles são a prioridade para implantar o projeto.
Só que como são antigos, não podem ficar muito mais tempo então eu preciso de massa de manobra (pilotos experientes e novos) para que haja um fluxo normal como citei acima nos proximos anos.
Em resumo, não adianta so colocar piloto novo porque ele não vai conseguir atingir a operacionalidade ou ter a experiencia necessária antes do pessoal que adquiriu o conhecimento necessário saia da unidade.
Na outra ponta não havia gente com experiencia suficiente; e não ia adiantar direcionar cadetes pois provavelmente eles não iam ter a experiencia necessaria (se eu coloco mais pilotos na unidade tenho que dar mais horas para ela, e isso nem sempre é possivel) e estaria prejudicando as demais aviações.
Com isso houve a necessidade de alocar tambem pessoal experiente dentro de um escalonamento de antiguidade e experiencia para que não hajam mais gargalos no futuro.

Na hora de fechar as contas, se viu que não havia como manter as 2 unidades operando; e tendo em vista a autonomia e o raio de ação do P-3, viu-se que realmente o Cardeal estaria sem efetivo e ainda sendo redundante.
Lembre-se que o esquadrão foi fechado, mas a BASC continua lá e ainda pode receber e operar um P-3 deslocado por varias semanas se necessário for.

Sei que muita gente fica chateada pela historia da unidade.
Tambem não gosto de ver uma unidade ser fechada (1 e 2 ELO, por exemplo), mas pode ter certeza que se houvesse outra maneira teria sido feito diferente.




Editado pela última vez por sapao em Qua Jan 25, 2012 3:20 am, em um total de 2 vezes.
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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#64 Mensagem por sapao » Ter Jan 24, 2012 9:46 pm

GDA_Fear escreveu: Tendo em vista que a MB operava S2 Tracker e operações marítimas incluindo anti-submarino fica a cargo da MB não vejo sentido a FAB ter o dever de dar operacionalidade para os P-95, assim como não vejo sentido a mesma operar MI-35 ao invés do EB.
-A MB nunca operou o S-2 Tracker.
-A missão de ataque de superficie e anti-submarino é missão da FAB a ser realizada pela aviação de Patrulha, segundo a sua Doutrina Basica. Se está escrito, cumpra-se.
-Defesa Aerea contra helicopteros e Ataque estrategico com helicopteros deve ser realizados com o que? Esquilo? A FAB já havia sentido essa necessidade há mais de 30 anos atrás, sendo que o MI-35 veio cumprir esse lacuna.




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#65 Mensagem por Vinicius Pimenta » Qua Jan 25, 2012 1:06 am

sapao escreveu:Vinicius,
assim como as outra forças o cobertor é curto na FAB tambem!
Vamos por partes: mesmo que eu forme em media 100 cadetes por ano, tenho que distribui-los entre a caça, helicoptero, transporte, reconhecimento, busca e resgate e a patrulha.
Quantos A-29, H-60, 725, CASA, KC-390, C-130, C-95M, R-99 e afins temos voando por ai?

Temos que levar em conta tambem alguns gargalos: o oficial que chega na unidade tem que ser formado, logo ele vai ficar alguns anos sendo um trabalho para o esquadrão e não uma solução; pois alem das horas necessarias ele ainda não vai completar a escala de vôo por não estar operacional!
Mas isso é natural, pois é o ciclo de vida do piloto: chega aluno, vira piloto, sai instrutor e depois vai embora.
O problema é que em uma unidade que está implantando um aeronave, esse ciclo não tem ainda uma continuidade, porque a grande maioria dos seus pilotos é aluno.
Como resolver isso? Pego pilotos experientes em outra aeronave e na missão para que a transição seja mais suave, pois vai ocorrer apenas uma adaptação a maquina.
Só que se eu pego os pilotos experientes para voar, isso quer dizer que os sem experiencia não voam. Pelo menos nessa fase de transição.
Fora isso tudo, eu ainda tenho que mandar gente carregar o piano na AFA, em Fortaleza, fazer curso de especialização e gente que sai da area operacional pela progressão na carreira.

Agora vamos ao P-3: o cara que fez o curso dele há 13 anos atrás, por motivo de antiguidade nem no esquadrão deve estar mais pois uma unidade só suporta 1 Tenente Coronel, que é o comandante.
O restante do pessoal mais antigo está pronto mas sem voar devido ao atraso da maquina, portanto eles são a prioridade para implantar o projeto.
Só que como são antigos, não podem ficar muito mais tempo então eu preciso de massa de manobra (pilotos experientes e novos) para que haja um fluxo normal como citei acima nos proximos anos.
Em resumo, não adianta so colocar piloto novo porque ele não vai conseguir atingir a operacionalidade ou ter a experiencia necessária antes do pessoal que adquiriu o conhecimento necessário saia da unidade.
Em resumo, não havia gente suficiente com experiencia suficiente; e não ia adiantar direcionar cadetes poisprovavelmente eles não iam ter a experiencia necessaria (se eu coloco mais pilotos na unidade tenho que dar mais horas para ela, e isso nem sempre é possivel) e estaria prejudicando as demais aviações.
Com isso houve a necessidade de alocar tambem pessoal experiente dentro de um escalonamento de antiguidade e experiencia para que não hajam mais gargalos no futuro.

Na hora de fechar as contas, se viu que não havia como manter as 2 unidades operando; e tendo em vista a autonomia e o raio de ação do P-3, viu-se que realmente o Cardeal estaria sem efetivo e ainda sendo redundante.
Lembre-se que o esquadrão foi fechado, mas a BASC continua lá e ainda pode receber e operar um P-3 deslocado por varias semanas se necessário for.

Sei que muita gente fica chateada pela historia da unidade.
Tambem não gosto de ver uma unidade ser fechada (1 e 2 ELO, por exemplo), mas pode ter certeza que se houvesse outra maneira teria sido feito diferente.
Brilhante. Obrigado. Vivendo e aprendendo.

Enfim, lamentável o preço a pagar por conta de erros cometidos no passado.




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#66 Mensagem por sapao » Qua Jan 25, 2012 3:22 am

E isso estamos falando somente de pilotos, que no meu entender seria o menor dos gargalos.
Multiplica isso pelos operadores de RADAR, de equipamentos, pelos mecanicos de vôo, pessoal de solo (eletrica, eletronica, armamento) e vai ver que o gargalo é maior ainda.




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#67 Mensagem por Túlio » Qua Jan 25, 2012 9:33 am

Não haveria como aumentar o número de vagas para a AFA? A FAB está crescendo em número de vetores e ainda há a questão da evasão de pilotos experientes, não vejo outra solução. Assim de memória lembro o caso da Força Aérea Indiana, que num dado momento cresceu muito rápido e não tinha pilotos experientes em quantidade suficiente, o que resultou em montes de acidentes, inclusive com perdas humanas...




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#68 Mensagem por GDA_Fear » Qua Jan 25, 2012 10:21 am

Não só na FAB mas nas FAs em geral, perdemos pilotos engenheiros todos os anos para empresas privadas que realmente pagam bem, o que não acontece com as FAs




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#69 Mensagem por Túlio » Qua Jan 25, 2012 10:26 am

Pois é, não vejo outra maneira - já que me parece difícil que as FFAA possam competir com a iniciativa privada em salários, ao menos em um momento de crescimento com o atual - além de formar mais e mais gente, já levando em conta que vai perder vários para o setor privado... 8-]




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#70 Mensagem por sapao » Qua Jan 25, 2012 12:14 pm

Túlio escreveu:Não haveria como aumentar o número de vagas para a AFA? A FAB está crescendo em número de vetores e ainda há a questão da evasão de pilotos experientes, não vejo outra solução. Assim de memória lembro o caso da Força Aérea Indiana, que num dado momento cresceu muito rápido e não tinha pilotos experientes em quantidade suficiente, o que resultou em montes de acidentes, inclusive com perdas humanas...
Como eu disse Tulio, acredito que o piloto seja o menor dos gargalos.
O maior entrave está no pessoal tecnico, esse sim é materia escassa hoje em dia na FAB.




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#71 Mensagem por sapao » Qua Jan 25, 2012 12:25 pm

Túlio escreveu:Pois é, não vejo outra maneira - já que me parece difícil que as FFAA possam competir com a iniciativa privada em salários, ao menos em um momento de crescimento com o atual - além de formar mais e mais gente, já levando em conta que vai perder vários para o setor privado... 8-]
O problema Tulio, é que eu formo mais gente tenho que ter mais horas/aeronaves. E isso não acontece assim!
Porque se eu simplesmete aumentar o numero de pilotos eu vou estar diluindo a quantidade atual entre mais gente, fazendo com que a geralçao futura voe menos e consequentemente tenha menos experiencia.
No fim vai dar no mesmo: quem quiser sair vai sair e quem ficar mesmo assim vai ter pouco experiencia.

Não vejo outra maneira do que um aumento do sálario, de que maneira que junto com o salario indireto (saude, odontologia, moradia, previdencia) possa ser mais atrativa a vida na caserna do que na empresa privada.
E issso estou falando de todos: hoje um sargento recem-formado ganhando perto dos R$ 2.000,00 trabalhando com aeronaves se sente muito atraido para um mercado de trabalho que pode pagar 3, 4 vezes mais como o de off-shore. Isso se ele não quiser fazer concurso para outra area publica.
E cada vez mais dificil você encontrar um graduado novo que pense em seguir carreira, todo mundo fazendo faculdade ou estudando para outras areas.
E isso vai ser um problema que só vai ser sentido daqui a 15, 20 anos quando houver um GAP nesses quadros.

Mas enfim: o que isso tem a ver com a Patrulha?
Com a expansão nos proximos 20 anos da industria do Petroleo & Gás não só off-shore, mas tambem no Maranhão, Amazonas Amapá e mais alguns outros locais a serem descobertos; com a FAB, EB e MB voando modelos semelhantes ao voados na aviaçao civil (725=225 e S-92/S-76=H-60) vai ser dificil segurar o pessoal. Esse ano mesmo já tenho escutado muito neste sentido, e como já tem os primeiros saindo fico achando que não vai demorar muito para sentirmos essa tendência...
Mas isso é o que eu acho.

ps: o salario de um comandante tambem gira em torno de 3, 4 vezes o salario de um Tenente/Capitão.




Editado pela última vez por sapao em Qua Jan 25, 2012 2:22 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#72 Mensagem por papagaio » Qua Jan 25, 2012 1:46 pm

Só como curiosidade, muitos pilotos de Sikorsky S-92 no Rio de Janeiro, são ex-pilotos de SH-3 da Marinha.
Esses ainda cumpriram todo seu período na MB e depois na reserva foram pra iniciativa privada.
Realmente temo pelas gerações se formando hoje, acho que se o salário for realmente bom, muita gente jogue a toalha numa antiguidade de Capitão e demande a iniciativa privada.
Problema de difícil solução.
Abs,




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#73 Mensagem por Vinicius Pimenta » Qua Jan 25, 2012 2:02 pm

A falta de mão de obra qualificada é um problema nacional, está por todas as áreas. Temos vagas sobrando. Existe mão de obra sobrando, mas com zero capacitação, uma horda de analfabetos funcionais.

Como as empresas privadas estão se virando? Por três vias: 1- pegar gente desqualificada e capacitá-las profissionalmente; 2- aumentar salários para segurar profissionais e roubar dos concorrentes e; 3- contratação de mão de obra do exterior.

As Forças Armadas fazem a primeira parte, mas não pode fazer as outras. Salários dependem do governo e não existe opção de contratar estrangeiros, pois a Constituição Federal nem permite. Mesmo que fosse possível, não seriam oferecidos salários atrativos para o estrangeiro qualificado.

É difícil.




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#74 Mensagem por Túlio » Qua Jan 25, 2012 2:08 pm

Era disso que eu falava, formar mais gente. Sei lá, duplicar a AFA, quadruplicar a EEAer, vai saber, algum jeito se vai ter de arranjar ou, no miraculoso dia em que se tiver muitos aviões e helicópteros, tanto em terra quanto embarcados, não se terá quem os pilote nem quem lhes faça a manutenção...

Porque esperar grandes aumentos salariais com os governos que vêm e vão é sonhar com o impossível, duvido que em algum dia se ganhe para trabalhar na FAB metade do que em uma empresa privada, aliás, este problema me parece mundial, nem os EUA estão livres do pesadelo de gastar uma nota preta num homem para que, alguns anos após, o investimento se perca com ele indo trabalhar numa empresa que nada investiu em sua formação mas até por isso pode lhe pagar várias vezes mais do que na Força...




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Re: Futuro da Aviação de Patrulha

#75 Mensagem por Vinicius Pimenta » Qua Jan 25, 2012 2:59 pm

Mas aí também não quadruplica a evasão? As proporções vão se manter.

É caro formar um piloto. Se botar na ponta do lápis deve passar de R$ 1 milhão fácil, fácil.

A quadruplicar a formação, não seria interessante ver se não vale mais a pena tentar atacar os pontos que favorecem à evasão?

Talvez botar pra funcionar a lei que obriga a pessoa a permanecer por X anos na Força ou pagar os custos de formação. Hoje em dia ninguém respeita isso. Pior, ganha na justiça o direito de não pagar.

Tem gente que já entra pensando em sair, pensando na formação gratuita de qualidade e depois no mercado privado. E o prejuízo é nosso.




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