Ministro da Integração prestará esclarecimentos para finalizar crise
Em pleno recesso parlamentar, ministro da Integração Nacional será ouvido na Comissão Representativa com uma oposição dividida
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, aposta que o depoimento de hoje à tarde no Congresso será suficiente para encerrar a crise política na qual está enredado desde o início da semana passada. “Eu terei tempo (amanhã) e estarei no local adequado não só para responder aos representantes do povo brasileiro. Estarei à disposição de toda a imprensa, caso ainda haja alguma pergunta a ser respondida”, disse, após reunião na Casa Civil para tratar de novas medidas de combate às chuvas.
A Integração Nacional designou um técnico para comparecer pessoalmente à liderança do PSB no Congresso na terça e ontem para explicar pontualmente todas as denúncias envolvendo o ministro. Bezerra conta também com uma oposição dividida. O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), promete pressionar o ministro, mas lideranças importantes da legenda, como o presidente tucano, Sérgio Guerra (PE), e os governadores Beto Richa (PR) e Antonio Anastasia (MG) sentem-se pouco à vontade em atacar um ministro do PSB.
Outro tucano que elogiou Bezerra foi Marconi Perillo. O governador de Goiás esteve ontem na sede do ministério para discutir os efeitos das chuvas que atingem o estado desde dezembro do ano passado. Os prejuízos chegam a R$ 31 milhões. Segundo ele, pelo menos sete cidades notificaram problemas — Luziânia, Itumbiara, Porangatu, Goiás Velho, Palmeiras de Goiás, Goiânia e Anápolis —, embora apenas a primeira tenha decretado estado de emergência. “Há uma boa vontade enorme por parte do governo federal em ajudar e que a liberação de recursos se dará de maneira rápida”, disse o governador.
A reunião começou em clima tenso. Bezerra chegou atrasado ao encontro, com a fisionomia fechada. Em tom dúbio, Perillo inquiriu o titular da Integração Nacional: “Ministro, o senhor está com o semblante tenso. Aconteceu algo demais?” Bezerra deu uma gargalhada, entendendo a ironia, e afirmou que não, que “estava atrasado por conta das diversas reuniões no Palácio do Planalto para discutir as ações de prevenção às chuvas”.
Primeira instância
O senador tucano Álvaro Dias (PR) tem consciência de que seu partido hesita em confrontar o ministro da Integração. Por isso, fez questão de ligar diretamente para Guerra para avisar que não será condescendente com o ministro da Integração Nacional. Segundo ele, recebeu o sinal verde do principal dirigente do PSDB. “Vou cumprir o meu papel de oposição, agirei como líder do partido no Senado. E acredito que o líder da Câmara (Duarte Nogueira, de São Paulo) atuará da mesma maneira”, declarou Dias.
Mesmo com tom acima do que seus correligionários, Álvaro Dias admitiu que não foi procurado pelo líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), para assinar a ação por improbidade administrativa contra Bezerra protocolada na terça-feira na Procuradoria-Geral da República. “Talvez ele queira conquistar os pontos políticos sozinho”, provocou o líder tucano. Ontem, a PGR encaminhou o processo para a procuradoria-geral da República no Distrito Federal, já que a denúncia é de improbidade administrativa e o foro para análise desse tipo de ação é a primeira instância.
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