RÚSSIA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1771 Mensagem por FoxHound » Seg Dez 26, 2011 9:30 am

URSS/20 anos: Espaço pós-soviético continua em processo de redefinição
*** José Milhazes, para a Agência Lusa ***
Lisboa, 23 dez (Lusa) - A substituição da bandeira vermelha soviética pela tricolor russa no Kremlin de Moscovo, na noite de 25 de dezembro de 1991, há 20 anos, foi talvez um dos momentos mais simbólicos do século passado.
Começou assim uma nova era de redefinição do espaço ocupado pela União Soviética, que constitui um sexto da Terra.
Estónia, Letónia e Lituânia foram as últimas repúblicas a serem obrigadas a aderir à URSS, em 1939, e por isso estiveram na linha da frente da fuga quando o edifício chamado Império Soviético começou a ruir. Hoje, com maior ou menor sucesso, já fazem parte da União Europeia.
A Geórgia está a ter menos sucesso na aproximação à NATO e UE, em parte devido aos receios da Rússia, que já provocaram um conflito armado entre os dois países em 2008.
Quanto às restantes 12 repúblicas da ex-URSS: Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia, Uzbequistão continuam juntas na Comunidade de Estados Independentes, organização criada mais para gerir a desintegração da URSS do que para gerar um novo polo de integração.
Aqui, a Rússia, por razões históricas, geográficas, políticas e militares, tem tentado incentivar o processo de reunificação e de integração, mas com poucos êxitos.
Se para os dirigentes russos, isso significa recriar uma dimensão perdida, para os líderes dos restantes países trata-se da afirmação de Estados independentes e de um olhar de desconfiança face ao "irmão mais velho".
O exemplo da Ucrânia é o mais evidente. Não obstante Kiev ter apostado na viragem para a UE, Moscovo não desiste de a tentar mudar de rumo, recorrendo para isso ora a ameaças como o aumento do preço do gás, ora a benesses caso aceite integrar a União Aduaneira, composta pela Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia. A tentação de "não deixar escapar a Ucrânia" é tanto maior quanto mais sérias são as dificuldades com que se depara a UE.
Moscovo procura também não perder zonas de influência estratégicas como a Ásia Central e a Transcaucásia. Receando a continuação da presença dos Estados Unidos na região depois da retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão em 2014, o Kremlin tenta não permitir a criação de novas bases militares e fechar a já criada por Washington no Quirguistão.
No entanto, corre o sério risco de ver entrar pelo seu território a influência do islamismo extremista caso os talibãs recuperem posições no Afeganistão. A não ser que Moscovo espere que Pequim assuma com a Rússia um papel militar mais relevante na Ásia Central.
Porém, todos os planos de chefiar processos de integração ou de alargamento de zonas de influência podem cair por terra se Moscovo perder a corrida da modernização interna. A herança soviética está a chegar ao fim e os actuais dirigentes russos não têm sabido ou não querem aproveitar as boas oportunidades económicas, criadas pelo alto preço dos hidrocarbonetos no mundo, para modernizar as infraestruturas e fazer entrar a Rússia na fase da inovação.
Até agora, o dirigente russo não conseguiu realizar isso e, como pretende ocupar o Kremlin por mais 12 anos, pode acontecer que, no fim dos dois mandatos, se não inventar mais uma fórmula de continuação do poder, a Rússia se veja definitivamente afastada da locomotiva da inovação.
Lusa/fim
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1772 Mensagem por FoxHound » Seg Dez 26, 2011 9:32 am

URSS/20 anos: Discussões sobre fim do império soviético mantêm intensidade
*** José Milhazes, para a Agência Lusa ***
Moscovo, 23 dez (Lusa) - O 20.º aniversário do fim da União Soviética voltou a reacender com novas forças as discussões sobre as causas da desintegração do maior país do mundo a 25 de dezembro de 1991.
Rádios, televisões e jornais prepararam e transmitiram reportagens especiais sobre esse acontecimento, procurando explicar as razões que levaram ao fim da URSS, o papel que tiveram no processo personalidades políticas como Mikhail Gorbatchov, primeiro e último Presidente da URSS, e Boris Ieltsin, primeiro Presidente da Rússia independente.
Os autores do documentário "URSS: a derrocada de um império", transmitido pelo canal NTV, atribuíram as culpas fundamentalmente a Gorbatchov, acusando-o de ceder posições ao Ocidente e de gerir mal os processos internos na URSS.
Embora o antigo Presidente soviético seja um dos principais intervenientes nos acontecimentos, não tem direito a responder às acusações que lhe são feitas. As críticas de Gorbatchov aos atuais dirigentes russos também não contribuem para o aumento das suas possibilidades de se defender.
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, continua a considerar a desintegração da União Soviética "a maior tragédia geopolítica do séc. XX", esquecendo-se, tal como a maioria da atual élite russa, que jamais chegaria tão longe na estrutura do poder se o império continuasse a existir.
O lamento pode parecer que o regresso ao passado é tido como alternativa ao atual regime existente na Rússia. Por exemplo, Guennadi Ziuganov, dirigente do Partido Comunista da Federação da Rússia, apresenta a política do ditador comunista José Estaline um exemplo a seguir no séc. XXI. Como se nada no mundo tivesse mudado.
Apresentar essa alternativa depois das mudanças operadas nos setores económico, social e político na Rússia, significa admitir mergulhar o país numa nova guerra civil, como aquela que ocorreu entre 1917 e 1922.
O líder comunista apresenta a aposta na modernização do complexo militar-industrial como uma das formas de a Rússia acompanhar o progresso e competir no campo internacional. Vladimir Putin e o Presidente russo, Dmitri Medvedev, também não parecem estar contra a demonstração de força militar, apresentando o país como uma fortaleza rodeada de inimigos.
Os opositores desta ideia sublinham que a corrida aos armamentos foi uma das principais causas da desintegração da União Soviética.
Tanto mais que a atual direção russa continua a cometer outro erro que já fora fatal para a URSS: a manutenção de uma economia baseada quase exclusivamente nos altos preços mundiais do petróleo e do gás. Isto é tanto mais grave se se tiver em conta que a maior parte da herança industrial e tecnológica soviética está praticamente esgotada.
Perante uma forte onda de descontentamento da classe média e da juventude, que não se veem representadas no atual sistema político, Medvedev apresentou, na quarta-feira, uma série de reformas para permitir e aumentar a participação dos cidadãos.
Resta saber se Medvedev não está a imitar Mikhail Gorbatchov, numa das suas facetas mais negativas, ou seja, na reação tardia aos desafios colocados pela sociedade. E se as promessas não passam disso, sendo apenas lançadas para travar a crescente contestação das mais diferentes oposições.
Lusa/fim

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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1773 Mensagem por FoxHound » Seg Dez 26, 2011 9:36 am

Sôtchi paga caro pelas Olimpídas.
25/12/2011
Aleksandr Petrov, especial para Gazeta Russa
Projeto já começou de forma exorbitante, propondo Olimpíadas de Inverno na limitada região subtropical do país.
A contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 de Sôtchi começou na Rússia e já são visíveis os contornos básicos do projeto para a cidade do sul do país. Quase uma ironia, os jogos internacionais são os primeiros de inverno recebidos pela Rússia.
O projeto olímpico proposto pelo país era exorbitante desde o início. Pela primeira vez na história, as provas de inverno serão realizadas em uma região subtropical. Um resort de esqui completa o cenário, a 40 minutos de carro, no litoral do Mar Negro.
Mudança de valor
Um dos pontos fortes do projeto russo era o preço. Segundo o plano original, seria necessário investir 316,4 bilhões de rublos (aproximadamente R$ 21,4 bilhões na época), dos quais mais da metade seria proveniente de recursos do orçamento federal e o restante, do setor privado.
Mais tarde, o orçamento do projeto foi revisto e triplicou, subindo para quase 1 trilhão de rublos (R$ 58 bilhões), valor comparável ao das Olimpíadas de Pequim - consideradas as mais caras da história.
No entanto, dada a magnitude das obras que devem ser realizadas em curto prazo, o preço do projeto pode passar de excessivo a compreensível. Serão 11 instalações olímpicas: um complexo de esqui, uma pista de bobsled, um parque de snowboard, um centro de patinagem, uma rampa para salto de esqui, vários estádios de gelo e diversas outras instalações esportivas.
As instalações foram distribuídas, como nos Jogos Olímpicos de Inverno anteriores, em dois pólos, ou clusters, no jargão dos organizadores.
Um está localizado na planície do Imereti e vai sediar as provas de hóquei no gelo, patinação artística, curling e patinação de velocidade em pista curta. O outro, na região montanhosa de Krásnaia Poliana, vai ser palco das provas de esqui, bobsled, snowboard etc. Com a proximidade entre eles, pode-se passar d e uma paisagem montanhosa com temperaturas negativas a um clima subtropical costeiro de inverno ameno em minutos.
As instalações esportivas foram a parte mais simples do projeto. Quase todas serão inauguradas já em 2012. De acordo com o vice-primeiro-ministro Dmítri Kozak, elas sediarão em 2013 competições experimentais. Além disso, algumas delas, como o complexo de esqui Rosa Khútor, já estão em operação.
Desafio muito maior é deixar em ordem a infraestrutura da região. O que está sendo feito em Sôtchi e seus arredores leva a crer que nunca na história dos Jogos Olímpicos tenham sido realizadas obras tão grandiosas.
Onde mora o problema
Uma das chaves para o sucesso de quaisquer Jogos Olímpicos é uma infraestrutura de transportes bem desenvolvida. Mas, antes do início das obras de construção olímpicas, o sistema de transportes de Sôtchi estava em estado deplorável e o maior desafio da organização era ligar os dois clusters.
Para evitar um colapso no trânsito, decidiu-se pela construção de um viaduto combinado de estrada e ferrovia, com extensão de 48 km e um trajeto em túneis ao longo do rio. O orçamento do projeto ultrapassou os R$ 11 bilhões, e fez do viaduto de Sôtchi o mais caro do mundo.
Além disso, pretende-se construir um rodoanel que inclui 15 pontes e cinco túneis, numa extensão de mais de 10 km.
Há ainda outros projetos de menor visibilidade, mas não menos importantes.
Entre eles está a construção de uma ligação ferroviária para o transporte de quase 100 milhões de toneladas de carga, de um novo aeroporto (já em andamento), de seis novas usinas elétricas e 16 subestações, de instalações de purificação de água e a reforma do porto local.
A reforma do complexo hoteleiro também é imprescindível, e sem ela Sôtchi não conseguirá dar conta do fluxo de turistas durante os jogos. Por isso, já há projetos para a criação de novos hotéis, principalmente de três estrelas, que fornecerão à cidade mais 42 mil vagas. Após as Olimpíadas, muitos desses hotéis serão convertidos em habitações e negociados no mercado imobiliário.
http://gazetarussa.com.br/articles/2011 ... 14041.html




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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1774 Mensagem por P44 » Seg Dez 26, 2011 5:24 pm







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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1775 Mensagem por RobertoRS » Seg Dez 26, 2011 6:06 pm

Ouvi dizer que a Rússia está 140% focada em voltar aos tempos de glória. Confere isso, Arnaldo?! :twisted: :lol:




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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1776 Mensagem por FoxHound » Ter Dez 27, 2011 5:25 pm

Putin e Medvedev continuam frenética "dança de cadeiras".
Seja por excesso de confiança ou por falta de modéstia, mas o dueto Dmitri Medvedev e Vladimir Putin que governa a Rússia está convencido que irá continuar por muito tempo no poder e que a vitória de Putin nas presidenciais de Março de 2012 são “favas contadas”.
E se alguém tivesse dúvidas, hoje foi dado mais um passo importante para que elas desaparecessem. O dia começou com Vladimir Putin a dizer que “é impossível” a revisão dos resultados das eleições parlamentares de 04 de Dezembro e recomendou a oposição a queixar-se nos tribunais que tomarão as medidas adequadas para cada falsificação da contagem de votos.
Tendo em conta a “independência” dos tribunais russos, que consiste no facto de deles nada depender, pode-se imaginar as sentenças dos juízes a favor das queixas da oposição.
Além disso, Putin considera que a oposição não tem qualquer tipo de ideias e não imagina os seus dirigentes a realizarem “trabalho concreto”.
Claro que tinha de fazer de conta que deu ouvidos aos protestos daqueles milhares de cidadãos (na sua maioria jovens e membros da classe média), prometendo que, se for preciso urnas transparentes, arranja-se dinheiro para isso e sublinhando que não quer ganhar as eleições com trafulhices.
Tendo em conta a minha experiência como observador dos processos políticos, estou entre os que consideram que, em eleições presidenciais transparentes, Putin ficará em primeiro lugar. Mas, se não ganhar à primeira volta, vence à segunda porque irá defrontar o dirigente comunista Guennadi Ziuganov e, neste caso, a maioria dos russos, engolindo sapos ou não, vai optar por Putin. A não ser que tenham uma memória muito curta.
Neste momento, não existe qualquer político que consiga disputar a sério as presidenciais com Putin, porque o Kremlin fez a política de terra queimada em relação à oposição, impedido o desenvolvimento de um sistema político e partidário moderno e democrática.
É também verdade que a oposição está extremamente dividida, existindo dentro dela forças como o Partido Comunista ou o Liberal-Democrático que estão prontos a negociar a sua fidelidade com quer que esteja no poder, o importante é que paguem bem e garantam um bom nível de conforto aos dirigentes.
Porém, isso não dá a Putin e Medvedev o direito de, sem esperar a decisão do eleitorado russo, começar uma desenfreada “dança de cadeiras”, como já foi iniciado.
Hoje, Dmitri Medvedev nomeou para vice-primeiro ministro do Governo Vladislav Surkov, que deixa assim o cargo de vice-chefe da Presidência da Rússia.
Surkov, considerado o ideólogo e eminência parda do Kremlin, irá responder no Governo pela pasta da “modernização”. Nas estruturas presidenciais, ele era também vice-chefe da comissão para a modernização.
“Gosto muito desse trabalho”, respondeu Surkov à proposta de Medvedev.
“Espero que agora se dedique directamente a tudo isso, que esse trabalho seja mais visível e com um maior conteúdo”, frisou o Presidente russo, sublinhando que “todos as prerrogativas socioeconómicas estão concentradas no executivo”.
Viatcheslav Volodin, homem próximo de Putin, passou de dirigente do aparelho do Governo para vice-chefe da Administração Presidencial, sendo substituído no primeiro cargo por Anton Vaino, que ocupou até agora o cargo de vice-chefe do aparelho do Governo.
Djakhan Pollieva passou do cargo de assessora do Presidente da Rússia para dirigente do aparelho da Duma Estatal da Rússia.
Na semana passada, Serguei Ivanov, ligado ao clã dos “siloviki” (representantes dos serviços secretos nas altas estruturas do poder russo) passou de vice-primeiro-ministro para chefe da Administração Presidencial.
Serguei Narichkin, outro “silovik”, deixou a chefia da Administração Presidencial e foi eleito dirigente da Duma Estatal (câmara baixa) do Parlamento Russo, reforçando as posições de Putin num órgão onde o seu partido Rússia Unida está pior representado devido ao desaire eleitoral.
Apenas uma pergunta: quem irá realizar e quando serão realizadas as medidas apresentadas por Dmitri Medvedev para modernizar o sistema político russo? Será Vladimir Putin que irá derrubar a “vertical do poder” criada por ele depois de chegar ao Kremlin em 2000?
Por enquanto, a situação na Rússia não faz prever uma “primeira eslava”, mas o desprezo manifestado pelo poder em relação à oposição e à sociedade pode sair caro ao Kremlin, a julgar pela história.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1777 Mensagem por kurgan » Qua Dez 28, 2011 4:21 pm

28/12/2011 - 14h55
Rússia repreende EUA por violações dos direitos humanos :twisted:


MOSCOU (Reuters) - A Rússia tentou minar nesta quarta-feira a posição dos Estados Unidos em direitos humanos - o país costuma atuar como juiz mundial nesse área - ao divulgar seu primeiro relatório detalhando acusações de tortura, grampos telefônicos e abusos cometidos pelo governo norte-americano.

Criticando os EUA por adotar padrões duplos, a Rússia afirmou que o presidente Barack Obama não conseguiu fechar a prisão militar na Baía de Guantánamo e acusou a Casa Branca de proteger autoridades e funcionários da CIA de processos na Justiça.

O relatório do Ministério das Relações Exteriores "Sobre a situação dos direitos humanos em uma série de Estados do mundo" segue o exemplo da China em ressaltar os fracassos dos EUA para contrabalançar as críticas do Departamento de Estado norte-americano sobre abusos de direitos humanos na Rússia.

"A situação nos Estados Unidos está longe dos ideais proclamados por Washington", disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia no relatório de 63 páginas postado no site http://www.mid.ru. "O principal problema não resolvido é a odiosa prisão na Baía de Guantánamo."

"A Casa Branca e o Departamento de Justiça protegem funcionários da CIA e a autoridades do alto escalão responsáveis por violações flagrantes aos direitos humanos", afirma.

Todos os anos desde 1976, o Departamento de Estado norte-americano publica um relatório detalhado sobre a situação dos direitos humanos no mundo, em geral com uma severa análise sobre os abusos cometidos na China e na Rússia.

No relatório de abril os EUA criticaram a Rússia por "problemas de direitos humanos na sociedade e no âmbito do governo e abusos durante o ano".

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... manos.jhtm




Editado pela última vez por kurgan em Qua Dez 28, 2011 4:24 pm, em um total de 1 vez.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1778 Mensagem por kurgan » Qua Dez 28, 2011 4:22 pm

28/12/2011 - 15h59
Míssil intercontinental russo Bulavá está pronto para ser lançado


Moscou, 28 dez (EFE).- O míssil intercontinental russo Bulavá, projetado para manter a igualdade nuclear com os Estados Unidos, está pronto para entrar em funcionamento, anunciou nesta quarta-feira o Ministério da Defesa da Rússia.

"A decisão corresponde agora aos dirigentes políticos e militares do país", afirmou uma fonte militar à agência oficial "RIA Novosti".

O presidente russo, Dmitri Medvedev, confirmou ontem que os testes com o Bulavá, míssil capaz de superar qualquer escudo antimísseis, haviam terminado, mas não estabeleceu prazos para sua entrada em serviço na Armada.

Os testes com este míssil marinho, que começaram em 2004, sofreram vários revezes nos últimos anos que causaram a demissão de vários responsáveis pelo projeto e estiveram a ponto de jogar por terra o programa, no qual o Ministério gastou grande parte de seu orçamento.

De 18 testes, 11 foram considerados bem-sucedidos, quatro deles no último ano, todos realizados no submarino nuclear de última geração "Yuri Dolgoruki", que também está pronto para entrar em operação.

O míssil R30 3M30 Bulavá-30 (SS-NX-30, segundo a classificação da Otan), projeto lançado em 1988, tem alcance de oito mil quilômetros e foi projetado para ser utilizado em submarinos nucleares russos de última geração.

A Rússia acredita que os Bulavá e os Topol, míssil intercontinental terrestre, permitirão ao país manter a paridade nuclear com os EUA pelo menos durante o próximo meio século.

No projeto, a Rússia também planeja construir oito submarinos exclusivamente para transportar os Bulavá.

Os militares russos sustentam que esses mísseis são capazes de burlar todos os sistemas de defesa conhecidos até agora, inclusive o escudo antimísseis americano.

Fabricados pelo Instituto de Tecnologia Térmica de Moscou, os Bulavá podem levar até dez ogivas nucleares.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... ncado.jhtm




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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1779 Mensagem por Penguin » Qua Dez 28, 2011 5:35 pm

Na minha visão há dois empecilhos para o regresso da Grande Rússia:

1) Questão demográfica: A Rússia possui menos da metade da população dos EUA, além de crescer menos. A Rússia possui menor população e menor crescimento populacional comparado com os grandes países em desenvolvimento (BRICS + Indonésia).

2) A Rússia investe em P&D em relação ao PIB 1/3 do que investe EUA, UE e Japão. Menos do que China. Bom documento - visão geral: http://unesdoc.unesco.org/images/0018/0 ... 883por.pdf




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1780 Mensagem por RobertoRS » Qua Dez 28, 2011 7:52 pm

kurgan escreveu:28/12/2011 - 14h55
Rússia repreende EUA por violações dos direitos humanos :twisted:
A banca paga e a banca recebe. :lol:




Se não houver campo aberto
lá em cima, quando me for
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1781 Mensagem por FoxHound » Qui Dez 29, 2011 11:22 am

Moscovo acusa Portugal de discriminação e aponta aumento de julgamentos por pedofilia
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo divulgou um relatório sobre a violação dos direitos humanos pela União Europeia e os Estados Unidos, onde cita Portugal por não ter transposto a diretiva sobre o direito de livre circulação e residência.
Baseando-se em dados da Agência Europeia para Direitos Fundamentais do Homem, a diplomacia russa acusa Portugal de estar entre os países europeus que não colocou a sua legislação em conformidade com a diretiva de 2004 sobre o direito de circulação livre e residência dos cidadãos da UE e dos elementos das suas famílias no território dos países membros.
Na esfera do emprego, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) russo, citando dados da mesma agência, considera que 24 por cento dos brasileiros são discriminados em Portugal.
Baseando-se em dados da Associação Europeia para a Prevenção de Acidentes e a Segurança, a diplomacia russa considera que Portugal, Áustria, Holanda e Bélgica se encontram entre os países da UE "onde é evidente o aumento de casos de julgamentos ligados à violência sexual em relação às crianças, nomeadamente por parte de representantes da Igreja Católica e de altos funcionários públicos".
Mas as críticas mais duras são feitas em relação aos Estados Unidos e NATO. A diplomacia russa acusa os Estados Unidos de continuarem a violar os direitos humanos tanto no próprio território, como quando atuam no estrangeiro.
"A situação nos Estados Unidos está longe dos ideais proclamados por Washington. A atual administração continua a empregar a maioria dos métodos de controlo da sociedade e de ingerência na vida privada dos americanos empregues pelos serviços secretos de Washington durante a era de Bush, sob o pretexto da "guerra contra o terrorismo", sublinha o relatório.
O MNE russo considera que, no conflito líbio, registaram-se violações dos direitos humanos cometidos tanto pelas partes beligerantes, como pela NATO.
"Sérias críticas merecem as ações da coligação da NATO na Líbia do ponto de vista da observação das normas do Direito Internacional, nomeadamente do Humanitário", frisa o documento.
Este relatório é uma resposta às críticas feitas por Washington e Bruxelas às violações dos direitos humanos na Rússia, nomeadamente no campo político.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1782 Mensagem por FoxHound » Qui Dez 29, 2011 11:23 am

Putin gostaria de oferecer aos russos "eleições presidenciais limpas"
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, disse hoje que gostaria de oferecer aos russos como prenda de Ano Novo eleições presidenciais livres.
"Eleições limpas em 2012", disse Putin quando os jornalistas lhe perguntaram que prenda colocaria junto da árvore dos russos.
Putin, que se candidata pela terceira vez ao cargo de Presidente da Rússia, considerou que os russos, caso venha a vencer as eleições, não irão ver nele um "Putin-2".
"As pessoas mudam, cada pessoa deve corresponder às exigências dos dias de hoje e de amanhã".
O dirigente russo disse também que não conversou com o actual Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, sobre a possibilidade de ocupar o cargo de Presidente interino até às eleições de 04 de março de 2012.
Putin frisou que a lei não o obriga a deixar de ocupar o cargo de primeiro-ministro durante a campanha eleitoral.
O primeiro-ministro russo defendeu também a necessidade de diálogo com a oposição, mas reconheceu não saber ainda de que forma.
"Deve existir diálogo, mas estou a pensar sob que forma", disse.
Quanto à participação em debates eleitorais, Putin comentou: "não sei, não é que tenha medo, mas o problema é que a oposição não está ocupada com trabalho concreto".
"É preciso dizer que gosto do trabalho no Governo. É muito concreto. Claro que o Governo é responsável pela situação social e económica do país", continuou.
"Está-se mesmo junto do forno", frisou Putin.
O primeiro-ministro russo mostrou-se também preocupado com a situação económica na União Europeia, mas acrescentou esperar que as autoridades russas consigam evitar a influência negativa da crise.
"Alguns países (da Europa) escorregaram para a recessão, isso é oficial e preocupa-nos muito. O nível do desemprego aumentou bruscamente, sendo de 17 por cento na Grécia e de 22,8 em Espanha. Isso são números acima de tudo. Nós temos o menor número: 6,3 por cento", concluiu.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1783 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Dez 29, 2011 1:28 pm

FoxHound escreveu:Moscovo acusa Portugal de discriminação e aponta aumento de julgamentos por pedofilia
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo divulgou um relatório sobre a violação dos direitos humanos pela União Europeia e os Estados Unidos, onde cita Portugal por não ter transposto a diretiva sobre o direito de livre circulação e residência.
Baseando-se em dados da Agência Europeia para Direitos Fundamentais do Homem, a diplomacia russa acusa Portugal de estar entre os países europeus que não colocou a sua legislação em conformidade com a diretiva de 2004 sobre o direito de circulação livre e residência dos cidadãos da UE e dos elementos das suas famílias no território dos países membros.
Na esfera do emprego, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) russo, citando dados da mesma agência, considera que 24 por cento dos brasileiros são discriminados em Portugal.
Baseando-se em dados da Associação Europeia para a Prevenção de Acidentes e a Segurança, a diplomacia russa considera que Portugal, Áustria, Holanda e Bélgica se encontram entre os países da UE "onde é evidente o aumento de casos de julgamentos ligados à violência sexual em relação às crianças, nomeadamente por parte de representantes da Igreja Católica e de altos funcionários públicos".
Acho que é meu dever repor um pouco a verdade sobre os factos e só os factos. Sim é verdade que houve um aumento do número de julgamentos por pedofilia, mas isso é o resultado dos acontecimentos que aconteceram na Casa Pia. A Casa Pia é uma instituição de acolhimento para jovens (muitas vezes órfãos) e que também dá formação a muitos outros. O que aconteceu foi que houve denúncias por parte de miúdos que havia abusos nessa instituição graças a uma rede muito bem montada, desde essa data e porque estavam envolvidos figuras públicas, este tipo de crimes ficou muito mais sobre o foco do público, esse tipo de crimes começou a ser mais fortemente combatido e as próprias vitimas e respectivos pais ficaram com mais força para apresentar queixa (antigamente isso seria uma vergonha e em vez de se procurar punir os culpados, escondia-se o crime).

Será que aconteceu o mesmo noutros países? será que aconteceu por exemplo na Rússia que é um país onde os colégios de reinserção social ainda são geridos como unidades militares? Duvido.

Segunda acusação feita pelos russos, a descriminação de emigrantes (nomeadamente de brasileiros). Portugal é o país que melhor insere os seus emigrantes, é um país onde os casamentos entre cidadãos nacionais e estrangeiros é prática comum e é um país onde não há ataques a estrangeiros por serem estrangeiros. Será que o mesmo acontece na Rússia? Eu sei que não!

Sabem o que é que os russos podem fazer com este relatório? O mesmo que eu digo aos norte-americanos para fazerem com o seu, envolve baixar as calças e auto-sodomizarem-se com o bloco de folhas do dito relatório! :twisted: [003]




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1784 Mensagem por FoxHound » Qui Dez 29, 2011 1:45 pm

cabeça de martelo escreveu:
FoxHound escreveu:Moscovo acusa Portugal de discriminação e aponta aumento de julgamentos por pedofilia
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo divulgou um relatório sobre a violação dos direitos humanos pela União Europeia e os Estados Unidos, onde cita Portugal por não ter transposto a diretiva sobre o direito de livre circulação e residência.
Baseando-se em dados da Agência Europeia para Direitos Fundamentais do Homem, a diplomacia russa acusa Portugal de estar entre os países europeus que não colocou a sua legislação em conformidade com a diretiva de 2004 sobre o direito de circulação livre e residência dos cidadãos da UE e dos elementos das suas famílias no território dos países membros.
Na esfera do emprego, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) russo, citando dados da mesma agência, considera que 24 por cento dos brasileiros são discriminados em Portugal.
Baseando-se em dados da Associação Europeia para a Prevenção de Acidentes e a Segurança, a diplomacia russa considera que Portugal, Áustria, Holanda e Bélgica se encontram entre os países da UE "onde é evidente o aumento de casos de julgamentos ligados à violência sexual em relação às crianças, nomeadamente por parte de representantes da Igreja Católica e de altos funcionários públicos".
Acho que é meu dever repor um pouco a verdade sobre os factos e só os factos. Sim é verdade que houve um aumento do número de julgamentos por pedofilia, mas isso é o resultado dos acontecimentos que aconteceram na Casa Pia. A Casa Pia é uma instituição de acolhimento para jovens (muitas vezes órfãos) e que também dá formação a muitos outros. O que aconteceu foi que houve denúncias por parte de miúdos que havia abusos nessa instituição graças a uma rede muito bem montada, desde essa data e porque estavam envolvidos figuras públicas, este tipo de crimes ficou muito mais sobre o foco do público, esse tipo de crimes começou a ser mais fortemente combatido e as próprias vitimas e respectivos pais ficaram com mais força para apresentar queixa (antigamente isso seria uma vergonha e em vez de se procurar punir os culpados, escondia-se o crime).

Será que aconteceu o mesmo noutros países? será que aconteceu por exemplo na Rússia que é um país onde os colégios de reinserção social ainda são geridos como unidades militares? Duvido.

Segunda acusação feita pelos russos, a descriminação de emigrantes (nomeadamente de brasileiros). Portugal é o país que melhor insere os seus emigrantes, é um país onde os casamentos entre cidadãos nacionais e estrangeiros é prática comum e é um país onde não há ataques a estrangeiros por serem estrangeiros. Será que o mesmo acontece na Rússia? Eu sei que não!

Sabem o que é que os russos podem fazer com este relatório? O mesmo que eu digo aos norte-americanos para fazerem com o seu, envolve baixar as calças e auto-sodomizarem-se com o bloco de folhas do dito relatório! :twisted: [003]
Cabeça isso nada mais é para consumo interno, os americanos tambem fazem a mesma coisa é para dar ao público interno uma espécie de satisfação coisa que os público americano adora como tambem o público russo gosta,por que na pratica tanto os EUA e os seus aliados e quanto os russos e seus aliados estão se lixando um para o outro sabem que não vão poder mudar nada em termos de inflûencia nesses países nada mais e nada menos de dizer indiretamente "Você faz a sua podridão como eu tambem faço", o que significa que ninguem tem moral.
Para você ter uma idéia ninguem nos EUA e seus aliados sabem desses relatorios criticos feito por russos e chineses sobre o comportamento deles em relação aos direitos humanos e afins por que não interessa mostrar isso para o público deles, como tambem na russia e na china as criticas do ocidente em relação a eles tambem são omitidas, falo isso por que tenho costume de ver canais de televisão extrangeiros ou seja acesso de comunicação para grande massa.




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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?

#1785 Mensagem por FoxHound » Qui Dez 29, 2011 3:08 pm

Mal-entendido ou provocação?
Moscou exige um pedido de desculpas oficial e a investigação completa do incidente com o embaixador russo Vladimir Titorenko no Qatar. Ele foi espancado pela polícia no aeroporto de Doha ao se recusar a entregar correspondência confidencial. As relações diplomáticas entre os dois países e um importante contrato para a produção de gás natural na Península russa de Yamal estão sob ameaça.

A Primavera Árabe como é chamada pelos liberais ocidentais ameaça se transformar em um boom islâmico de larga escala na África do Norte. Radicais religiosos já obtiveram um sucesso considerável nas eleições na Tunísia e no Egito. Obviamente que esses sucessos "motivam" seus colegas em outros países da região. No entanto, os islamitas não são a única força que quer tomar a situação sob controle.

O Ocidente vê o Norte de África como uma área de seus interesses estratégicos e tenta extrair o máximo de benefícios econômicos e geopolíticos da mudança de regimes. A posição da Rússia, que sempre defendeu a solução pacífica do conflito político interno na Líbia e na Síria, é para o Ocidente como que um osso na garganta. Para além disso, a intenção de Moscou de desenvolver projetos de energia com os países da região está longe de agradar a todos. Teria estado isso relacionado com o espancamento do embaixador da Rússia na Qatar? Afinal, é impossível explicar o incidente nos termos de relações civilizadas entre os países. Vladimir Titorenko compartilhou em entrevista à Voz da Rússia a sua versão dos fatos:

Tais ações não ocorrem por acaso. Através da análise da sua técnica de execução ficou claro que se tratou de uma tarefa encomendada tanto por estrangeiros, como por forças no Qatar. Isso porque, nos últimos 2 - 3 anos, do ponto de vista econômico, o desenvolvimento da parceria entre a Rússia e o Qatar no setor energético foi realmente grande. Em novembro do ano passado foram fechados acordos verbais para a realização de importantes projetos de investimento no campo da energia. Pelos vistos, isso não agradou a determinados países. Corporações como a ExxonMobil, Chevron, Shell e outras, principalmente dos EUA e Inglaterra, que vêem a Rússia como um concorrente.

A correspondência confidencial não chegou a ser violada, porém a saúde do diplomata foi afetada. Ele está em tratamento nos Emirados Árabes Unidos. O médico afirmou que Titorenko está com descolamento da retina ocular e traumatismo craniano. Porém o mais interessante é outro fato. O embaixador afirma que as ações dos policiais foram encabeçadas por um homem de aspecto europeu. Ora, de acordo com funcionários do aeroporto, a ordem para confiscar a maleta da correspondência veio do primeiro-ministro do Qatar, Hamad bin Jassem. Essa pessoa possui estreitas relações com os EUA (no Qatar existe uma base militar dos EUA) e a Inglaterra, onde ele possui seus interesses econômicos.

Obviamente que esses fatos estão longe de ser pura coincidência. Os EUA e a Inglaterra não estão interessados em que a posição da Rússia na região se reforce. Ainda mais depois de Moscou e Doha terem estado tão próximos de assinar uma série de grandes contratos. Um deles – para produzir gás natural liquefeito na península russa de Yamal, no valor de vários bilhões de dólares. De acordo com Vladimir Titorenko, a realização desse projeto seria um grande avanço nas relações entre os dois países e traria muitas vantagens.

No entanto, o incidente com o embaixador não deve estragar as relações da Rússia com o Qatar e outros países da região. No final de contas, o bom senso deverá prevalecer, diz a Elena Melkumian, doutora em Ciências Políticas:

Recentemente aconteceu a reunião ministerial quando o chanceler russo Sergei Lavrov esteve nos Emirados Árabes Unidos onde assinou o acordo que estabelece um diálogo estratégico entre o Conselho de Cooperação do Golfo com a Rússia. Isto mostra a intenção desses países de desenvolver relações com Moscou.

O incidente poderia ser considerado um lamentável mal-entendido se, um mês antes, não tivesse surgido nos jornais do Qatar uma série de artigos anti-russos. Neles se dizia que a posição de Moscou sobre a solução pacífica dos conflitos na região é contrária à opinião de personalidades árabes e que isso poderia levar a ataques terroristas contra a embaixada da Rússia. É claro, ninguém irá considerar este ponto de vista como a posição oficial de Doha. Além disso, a Rússia está pronta a aceitar um pedido de desculpas das autoridades do Qatar, o que é comum nas relações internacionais, e dar esse incidente por terminado. Porém, Doha não está com pressa de fazer isso, e conseqüentemente, vão se complicando as relações diplomáticas com Moscou.
http://portuguese.ruvr.ru/2011/12/27/62956527.html




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