Bom, acredito que o Salazar seja único caso de um ditador que ficou tanto tempo no poder e nunca foi acusado de enriquecer. Quantos aos direitos humanos, bem ele é um ditador, existe algum que não mate seu povo para ficar no poder?tflash escreveu:Pura verdade e na minha opinião, o motivo pelo qual a história vai ser mais simpática com ele. No que toca a nacionalismo, equilíbrio das contas públicas e honestidade não há nada a dizer.gaia escreveu:Salazar não era corrupto , de uma grande seriedade e honestidade , morreu pobre e não favoreceu nem amigos ou família. Algo muito raro nos tempos actuais .
Noutras áreas é que é pior.
Salazar
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- marcelo l.
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Re: Salazar
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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- soultrain
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Re: Salazar
Vou dizer parte do que ele roubou à minha família. Um dos fundadores da Republica, deputado e um dos redactores da nossa primeira constituição Republicana. Um dos grandes Democratas deste país que foi preso e deportado para Timor.
Do Relatório nº. xxx, de xx/xx/1931 – do Inspector Roque Manoel de Arriaga - «Inquérito ao xxxxxxx» - dirigido ao Exmº. Sr. Director Geral de Assistência podemos concluir que xxx havia sido considerado arguido, mas o referido inspector entende como insuficientes os elementos «que competiriam à Polícia colher e averiguar, a fim de se estabelecer uma acusação mais formal neste assunto de natureza política (pelo que se limitou) a intimar o referido cidadão para comparecer (…)» e alegar por escrito o que entendesse.
Mais refere o inspector que através do documento escrito por xxx «verifica-se que não engeita as suas responsabilidades, se bem que declara não ter ouvido, na sessão a que presidiu, ataques directos à Dictadura».
conteúdo da «cópia da resposta do arguido xxx» (xx/xx/1931)
Ao dirigir-se ao Ministro do Interior refere que não compreende como o mesmo despachou depreendendo que ele se conformara «com os ataques à dictadura e à sua obra», e afirmando que presidiu à sessão, quando a exposição policial não o afirma.
«alguém o disse e é de lamentar que esse alguém não tivesse dito também a S.Exª. que eu sou, sempre fui e serei adversário intransigente da dictadura».
Prossegue ainda e afirma «Não ouvi ataques à dictadura, pelo menos directos, mas se os tivesse ouvido ou depreendido, pode V.Exª. estar certo de que os ouviria com o maior agrado e os teria aplaudido, que mais não fosse, de mim para mim».
..... ele traça em síntese a sua biografia de republicano, e refere o momento mais próximo da sua prisão de 98 dias sob o Sidonismo, após a qual destaca «fui para minha casa e só voltei à política quando eclodiu o 28 de Maio».
Portanto, «Estou na Republica porque defendo princípios que a razão me impõe. E desde que há incompatibilidade não hesito. Cidadão ou xxx? Perguntam-me? Respondo: - Cidadão. V.Exª. não tem que hesitar: - demitir-me; é mais do que o seu direito, é o seu dever, já que, perante a História, assumiu a tremenda responsabilidade de ser dictador. O futuro nos julgará»
xxxx foi enviado para Timor, mas, antes, em 31 de Janeiro de 1931 (antes mesmo da sua resposta escrita em Julho do mesmo ano) escrevia no ALJUBE o soneto
«Entre ferros …»
«Que importa a liberdade ter perdida
Se a hora da vitoria há-de chegar!?..
Que a Idea prosegue, sem parar
Quanto mais por chatins é perseguida !..
Nossa alma, em vão, em vão será batida,
Mas antes. com fervôr, se há-de abrasar
Que à insânia ruim fará voltar
A dôr, em dos dobrada. Devolvida!.
Que não se abate o coração d’um forte
Pois tem de resistir até à morte
P’la verdade e justiça – o idial! …
Tendo por norte o amor da causa publica
Que se cifra tão só numa Republica
Democrática, laica e liberal! …»
Do Relatório nº. xxx, de xx/xx/1931 – do Inspector Roque Manoel de Arriaga - «Inquérito ao xxxxxxx» - dirigido ao Exmº. Sr. Director Geral de Assistência podemos concluir que xxx havia sido considerado arguido, mas o referido inspector entende como insuficientes os elementos «que competiriam à Polícia colher e averiguar, a fim de se estabelecer uma acusação mais formal neste assunto de natureza política (pelo que se limitou) a intimar o referido cidadão para comparecer (…)» e alegar por escrito o que entendesse.
Mais refere o inspector que através do documento escrito por xxx «verifica-se que não engeita as suas responsabilidades, se bem que declara não ter ouvido, na sessão a que presidiu, ataques directos à Dictadura».
conteúdo da «cópia da resposta do arguido xxx» (xx/xx/1931)
Ao dirigir-se ao Ministro do Interior refere que não compreende como o mesmo despachou depreendendo que ele se conformara «com os ataques à dictadura e à sua obra», e afirmando que presidiu à sessão, quando a exposição policial não o afirma.
«alguém o disse e é de lamentar que esse alguém não tivesse dito também a S.Exª. que eu sou, sempre fui e serei adversário intransigente da dictadura».
Prossegue ainda e afirma «Não ouvi ataques à dictadura, pelo menos directos, mas se os tivesse ouvido ou depreendido, pode V.Exª. estar certo de que os ouviria com o maior agrado e os teria aplaudido, que mais não fosse, de mim para mim».
..... ele traça em síntese a sua biografia de republicano, e refere o momento mais próximo da sua prisão de 98 dias sob o Sidonismo, após a qual destaca «fui para minha casa e só voltei à política quando eclodiu o 28 de Maio».
Portanto, «Estou na Republica porque defendo princípios que a razão me impõe. E desde que há incompatibilidade não hesito. Cidadão ou xxx? Perguntam-me? Respondo: - Cidadão. V.Exª. não tem que hesitar: - demitir-me; é mais do que o seu direito, é o seu dever, já que, perante a História, assumiu a tremenda responsabilidade de ser dictador. O futuro nos julgará»
xxxx foi enviado para Timor, mas, antes, em 31 de Janeiro de 1931 (antes mesmo da sua resposta escrita em Julho do mesmo ano) escrevia no ALJUBE o soneto
«Entre ferros …»
«Que importa a liberdade ter perdida
Se a hora da vitoria há-de chegar!?..
Que a Idea prosegue, sem parar
Quanto mais por chatins é perseguida !..
Nossa alma, em vão, em vão será batida,
Mas antes. com fervôr, se há-de abrasar
Que à insânia ruim fará voltar
A dôr, em dos dobrada. Devolvida!.
Que não se abate o coração d’um forte
Pois tem de resistir até à morte
P’la verdade e justiça – o idial! …
Tendo por norte o amor da causa publica
Que se cifra tão só numa Republica
Democrática, laica e liberal! …»
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
NJ
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Re: Salazar
E não roubou?
Roubou a vida a muitos, a dignidade a milhões e a vida condigna à maioria.
Com o Banco de Portugal cheio de ouro Nazi, os portugueses morriam não só à mão da PIDE mas de fome e sem cultura.
Roubou-nos ainda o avanço democrático, a educação e a felicidade.
Acha pouco? Nem o Alves dos Reis roubou tanto.
Roubou a vida a muitos, a dignidade a milhões e a vida condigna à maioria.
Com o Banco de Portugal cheio de ouro Nazi, os portugueses morriam não só à mão da PIDE mas de fome e sem cultura.
Roubou-nos ainda o avanço democrático, a educação e a felicidade.
Acha pouco? Nem o Alves dos Reis roubou tanto.
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Re: Salazar
Soul, eu não discordo uma virgula do que escreveu. O que escrevi foi no contexto pessoal. O que é muito grave é que graças à mediocridade e roubalheira que tomou de assalto a democracia, o Salazar seja visto como exemplo a seguir, já depois de morto e enterrado.
São as cavalgaduras que tomaram conta de Portugal, que estão a limpar a imagem dele. Não tenha dúvidas!
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Re: Salazar
marcelo l. escreveu:Bom, acredito que o Salazar seja único caso de um ditador que ficou tanto tempo no poder e nunca foi acusado de enriquecer. Quantos aos direitos humanos, bem ele é um ditador, existe algum que não mate seu povo para ficar no poder?tflash escreveu: Pura verdade e na minha opinião, o motivo pelo qual a história vai ser mais simpática com ele. No que toca a nacionalismo, equilíbrio das contas públicas e honestidade não há nada a dizer.
Noutras áreas é que é pior.
Isso realmente é verdade. Ele cultivava tanto a virtude da pobreza que fez um país cheio de pobres.
Como muito bem disse o soultrain:
Ao fim de meio século conseguiu fazer de Portugal o país mais atrasado, mais inculto e mais pobre da Europa ocidental, no meio de uma das épocas de maior desenvolvimento internacional de sempre.
Triste sina ter nascido português